Educação em Rede - Sesc
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Como sab<strong>em</strong>os, o perfil do alunado dos cursos de <strong>Educação</strong> de Jovens e Adultos<br />
(EJA) é b<strong>em</strong> diversificado devido aos vários contextos de procedência de cada<br />
um. Há aqueles que estão ali porque provêm de várias reprovações e pela vontade<br />
dos pais, e não a sua, de que estud<strong>em</strong> naquele momento. Outros casos, mais motivadores,<br />
são aqueles de pessoas que passaram anos s<strong>em</strong> estudar porque tiveram<br />
que trabalhar na tenra idade e agora, por motivos trabalhistas ou por já exercer<strong>em</strong><br />
determinada profissão, desejam, realmente, estudar para aplicar os conhecimentos<br />
adquiridos <strong>em</strong> suas próprias vidas. Nesse grupo encontramos um campo fértil para<br />
unir a teoria à prática.<br />
A partir das reflexões de Cipriano Luckesi, Jussara Hoffmann e outros, o paradigma<br />
da avaliação t<strong>em</strong> se modificado e se mostrado mais diagnóstico-qualitativo,<br />
levando professores e alunos a se autoavaliar<strong>em</strong> e estabelecendo juízos de valor e<br />
uma consequente tomada de decisões. Aqui os conhecimentos prévios dos alunos<br />
são s<strong>em</strong>pre valorizados, e o conhecimento é construído <strong>em</strong> cima daquilo que já<br />
se sabe e pratica. Baseando-nos nessa pr<strong>em</strong>issa, inferimos que a avaliação deverá<br />
ser contínua, estabelecendo constantes reestruturações da prática docente e do<br />
currículo s<strong>em</strong>pre <strong>em</strong> favor da real, e não maquiada, aprendizag<strong>em</strong>. O teórico francês<br />
Charles Hadji, na sua avaliação desmistificada, apresenta a avaliação qualitativa<br />
centrada no aluno como prognóstica, ou seja, o professor, partindo das singularidades<br />
de cada um, já prevê resultados e antecipa (refaz) as suas práticas avaliativas.<br />
quanto ao aspecto dos conhecimentos prévios pensamos como Hoffmann<br />
(1998, p. 135):<br />
Há muito que refletir sobre cada momento de aprendizag<strong>em</strong> de um aluno: sobre suas con-<br />
cepções prévias, seu saber construído a partir de experiências de vida, sobre sua forma de<br />
expressar tais conhecimentos, sobre suas possibilidades cognitivas de entendimento das<br />
questões formuladas, sobre desejos e expectativas <strong>em</strong> termos do conhecer. refletir sobre<br />
essas diferenças e múltiplas dimensões do conhecimento é a tarefa do avaliador. não para<br />
encontrar respostas definitivas ou absolutas, mas para delinear caminhos, estratégias de<br />
aprendizag<strong>em</strong>, para formular novas perguntas que compl<strong>em</strong>ent<strong>em</strong> e enriqueçam suas hi-<br />
póteses iniciais, para desenvolver uma ação de reciprocidade com o seu aluno, no sentido<br />
de ensiná-lo e, ao mesmo t<strong>em</strong>po, aprender com ele.<br />
É nesse sentido que o educador estará s<strong>em</strong>pre revendo as suas práticas. Tendo<br />
por base aquilo que o aluno já sabe, seu perfil social, seu t<strong>em</strong>po para aprender.<br />
V<strong>em</strong>os aqui, claramente, que nenhum currículo poderá estar engessado, e sobretudo<br />
os de EJA, devido aos vários níveis cognitivos de seu público. O termo grade<br />
curricular cada vez mais deverá ser substituído por matriz ou proposta curricular,<br />
<strong>Educação</strong> <strong>em</strong> <strong>Rede</strong> Currículos <strong>em</strong> EJA: saberes e práticas de educadores<br />
203<br />
Avaliar: um ato<br />
político que<br />
poderá levar à<br />
transformação<br />
social