Educação em Rede - Sesc
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adultos. A referida experiência ocorreu <strong>em</strong> uma turma de 2ª etapa (na época Ensino<br />
Supletivo), no ano de1997, na Escola Estadual Serafini Costaperária, com atendimento<br />
no Ensino Fundamental regular e EJA Fundamental, localizada no bairro Jardim<br />
Felicidade I, Macapá (AP).<br />
Apresento as dificuldades que um professor enfrenta quando não possui uma<br />
formação especial acerca do processo de ensino-aprendizag<strong>em</strong> que vai desenvolver.<br />
Estou me referindo também a todos os alunos e alunas, independent<strong>em</strong>ente do ensino:<br />
Fundamental, Médio, EJA ou Superior, já que o educador deve estar preparado<br />
para planejar, pesquisar, estudar e ter compromisso com a formação dos alunos.<br />
Era uma turma de senhores e senhoras com um nível de escolarização baixo,<br />
caracterizado por pouca ou nenhuma leitura de livros, jornais ou revistas. O conhecimento<br />
de mundo era o que prevalecia, mas foi por mim esquecido! S<strong>em</strong> apoio<br />
da escola e s<strong>em</strong> orientação pedagógica, enfrentei esse desafio. O único material<br />
didático utilizado foi o livro de 1ª a 4ª séries do Ensino Fundamental, dos quais eram<br />
extraídos os conteúdos, que, por sua vez, eram passados no quadro e copiados pelos<br />
alunos. Na época eu não exercitava leituras de outros livros, jornais ou revistas.<br />
No entanto, hoje reflito: eles eram privados de entrar <strong>em</strong> contato com os textos!!!<br />
A experiência vivida revela o perfil de uma aluna que ficou reprovada e hoje<br />
ainda vive sob condições socioeconômicas precárias. Com seus sete filhos, luta pela<br />
sua sobrevivência. Uma jov<strong>em</strong> senhora, aparent<strong>em</strong>ente com seus 35 anos de idade,<br />
vendedora de doces e salgados, não sabia resolver as quatros operações fundamentais<br />
da mat<strong>em</strong>ática. Onde se viu uma coisa dessas?! E então, eu pensava: essa<br />
senhora é atrasada mesmo! No fim, nota vermelha era o que ela recebia e a reprovação<br />
foi o seu resultado final.<br />
Refletindo, o professor deve valorizar o saber prévio do aluno e, <strong>em</strong> conjunto<br />
com a escola, olhar mais atentamente a experiência de vida que o educando<br />
da EJA possui, e tal conhecimento deve ser um compl<strong>em</strong>ento para o crescimento<br />
profissional desse educando; esses saberes dev<strong>em</strong> ser valorizados, sist<strong>em</strong>atizados e<br />
integrados ao saber escolar.<br />
Na realidade, a escola não dá valor a esse conhecimento, excluindo-o totalmente<br />
do currículo na medida <strong>em</strong> que não vê a importância do saber que o aluno trabalhador<br />
traz para a escola. “Os jovens e adultos trabalhadores traz<strong>em</strong> para o interior<br />
do espaço escolar uma multiplicidade e uma riqueza de saberes que quase nunca<br />
<strong>Educação</strong> <strong>em</strong> <strong>Rede</strong> Currículos <strong>em</strong> EJA: saberes e práticas de educadores<br />
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Recordações:<br />
compl<strong>em</strong>ento<br />
para uma prática<br />
inovadora