Educação em Rede - Sesc
Educação em Rede - Sesc
Educação em Rede - Sesc
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Esse aspecto é de fundamental importância para uma melhor compreensão do<br />
que ocorre no cenário educacional das classes de EJA, pois essas são constituídas de<br />
educandos de distintas faixas etárias, histórias, vivências escolares e com muitos já<br />
inseridos no mercado de trabalho. Desse modo, é muito difícil elaborar um currículo<br />
formal que dê conta de todas essas variáveis, o que, na maior parte das vezes, acaba<br />
não ocorrendo mesmo.<br />
Os currículos utilizados atualmente nas classes regulares, <strong>em</strong> muitas situações,<br />
são também os mesmos <strong>em</strong> que as classes de EJA se baseiam. Entretanto, perceb<strong>em</strong>os<br />
que nas turmas <strong>em</strong> que t<strong>em</strong>os um certo “padrão” de aluno, os currículos n<strong>em</strong><br />
s<strong>em</strong>pre dão conta das particularidades; nas salas de jovens e adultos o cenário não<br />
será diferente, principalmente pelo fato de esses alunos possuír<strong>em</strong> especificidades<br />
mais acentuadas do que nas classes regulares.<br />
Dessa maneira, ao concebermos diretrizes curriculares para essa modalidade<br />
de ensino, dev<strong>em</strong>os nos utilizar de alguns princípios e recursos, baseados principalmente<br />
na teoria crítica da aprendizag<strong>em</strong>, a fim de que o processo de escolarização<br />
seja o mais próximo possível da realidade dos nossos alunos, tornando-o mais rico<br />
e significativo para suas vidas.<br />
A seguir, indicar<strong>em</strong>os com mais detalhes a necessidade de valorizarmos tais<br />
princípios. Começando com a importância de trabalharmos com o multiculturalismo.<br />
no caso específico do multiculturalismo crítico, a idéia é que, se a escola não acolher co-<br />
nhecimentos e valores subjugados e não confrontá-los com os saberes dominantes, di-<br />
ficilmente poderá constituir-se <strong>em</strong> ambiente estimulador da criação de conhecimentos<br />
significativos e relevantes para o aluno e para a sua luta <strong>em</strong> prol da transformação social<br />
(mOreirA, 1999, p. 89).<br />
Segundo Moreira (1999), o trabalho através do multiculturalismo crítico é bastante<br />
significativo para os alunos, já que proporciona um ambiente estimulador e<br />
probl<strong>em</strong>atizador do conhecimento, fazendo com que os saberes populares e os dominantes<br />
sejam confrontados, e, dessa forma, criando-se novos saberes e, assim,<br />
promovendo-se a transformação social dos educandos. Esse processo pode ser considerado<br />
uma aprendizag<strong>em</strong> significativa, além de proporcionar o reconhecimento<br />
de que nenhuma cultura é completa, precisando haver esse diálogo intercultural<br />
para seu crescimento. Esse diálogo é importante, pois a cultura é um campo de<br />
luta e um espaço constituidor de diversas identidades, tornando-se fundamental<br />
<strong>Educação</strong> <strong>em</strong> <strong>Rede</strong> Currículos <strong>em</strong> EJA: saberes e práticas de educadores<br />
113<br />
Reconhecer a<br />
identidade do<br />
aluno: fator<br />
fundamental<br />
para a construção<br />
de um currículo<br />
<strong>em</strong> EJA