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Para um pensamento do sul : diálogos com Edgar Morin - BVS-Psi

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sua colonização, cujo modelo é o capitalismo aplica<strong>do</strong> nos EuA e na Europa.<br />

Nós sempre nos vemos <strong>com</strong>o se fôssemos <strong>um</strong> cidadão <strong>do</strong>s EuA e da Eu-<br />

ropa amanhã — Complexo de vodka Orloff — sem imaginar <strong>um</strong> modelo<br />

ou circunstância própria. Não teríamos <strong>com</strong>o construir o colonialismo, o<br />

imperialismo e as próprias possibilidades planetárias em termos de recursos<br />

não renováveis. A Terra não suportaria o tipo de cons<strong>um</strong>o <strong>do</strong>s EuA<br />

e da Europa, reproduzi<strong>do</strong>s em escala mundial em to<strong>do</strong> o Terceiro Mun<strong>do</strong>.<br />

Então, teríamos que repensar o desenvolvimento não só porque nós temos<br />

as nossas características, <strong>com</strong>o também porque não é possível se desenvolver<br />

<strong>com</strong> <strong>um</strong> cons<strong>um</strong>o que o planeta não suportaria (aquecimento mais<br />

rápi<strong>do</strong> <strong>do</strong> planeta, mais lixo e mais poluição).<br />

c) Autossustentação: é o princípio <strong>do</strong> desenvolvimento <strong>do</strong> país (ou região)<br />

buscan<strong>do</strong> recursos internamente, não dependen<strong>do</strong> de fora para estimulá-lo.<br />

No Brasil ainda se fala que o nosso desenvolvimento será muito<br />

estimula<strong>do</strong> pelo <strong>com</strong>ércio exterior, pela venda fora <strong>do</strong> Brasil. Mas já existe<br />

<strong>um</strong>a corrente que fala em estimular o merca<strong>do</strong> interno. vamos criar <strong>um</strong>a<br />

situação em que a gente produza e cons<strong>um</strong>a, em que o dínamo <strong>do</strong> crescimento<br />

econômico esteja no Brasil.<br />

d) Consciência ecológica: essa consciência não significa pura e simplesmente<br />

<strong>um</strong>a consciência política, mas <strong>um</strong>a consciência na qual reside<br />

o próprio desenvolvimento, que passa a ter <strong>um</strong>a importância no cálculo<br />

econômico. Então, onde entra esse custo? Essa é <strong>um</strong>a crítica que a visão<br />

da economia alternativa tem da economia convencional burguesa. Ela não<br />

calcula o desgaste <strong>do</strong> meio ambiente <strong>com</strong>o perda a ser reparada, pois<br />

ela tem a perspectiva <strong>do</strong> produtor individual capitalista, cujo <strong>pensamento</strong><br />

é: o que for lucro é lucro, o que for prejuízo a gente socializa. E, às vezes,<br />

pode ser até pior.<br />

Portanto, temos a oportunidade de propor algo diferente, tanto para os<br />

nossos pares <strong>do</strong> Sul quanto para os formula<strong>do</strong>res das políticas <strong>do</strong> Norte.<br />

Estamos nessa encruzilhada: ou fazemos algo agora ou perderemos o bonde<br />

da história.

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