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Para um pensamento do sul : diálogos com Edgar Morin - BVS-Psi

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Assim, acreditamos que é urgente e necessário ressignificar o paradig-<br />

ma educacional vigente a partir de <strong>um</strong> novo metassistema, mais rico e sig-<br />

nificativo, para tratar a problemática.<br />

Isso porque entendemos que a crise educacional atual é de natureza<br />

paradigmática, envolven<strong>do</strong>, portanto, aspectos ontológicos, epistemológicos<br />

e meto<strong>do</strong>lógicos <strong>do</strong> fazer em educação. é fruto de <strong>um</strong>a crise muito<br />

mais ampla, que envolve também outros aspectos, relaciona<strong>do</strong>s não<br />

apenas ao indivíduo, mas também à sociedade e ao planeta, <strong>com</strong>o <strong>um</strong><br />

to<strong>do</strong>. Assim, não podemos continuar oferecen<strong>do</strong> <strong>um</strong> conjunto de práticas<br />

formalistas e fragmenta<strong>do</strong>ras da realidade, das dimensões <strong>do</strong> ser, <strong>do</strong> conhecer<br />

e <strong>do</strong> fazer, que vem <strong>com</strong>prometen<strong>do</strong> a qualidade da educação e<br />

o desenvolvimento integral <strong>do</strong> aluno, dificultan<strong>do</strong>, assim, seu acoplamento<br />

estrutural <strong>com</strong> a realidade. é <strong>um</strong>a prática educacional arrogante e prepotente,<br />

de natureza positivista, que ignora a subjetividade h<strong>um</strong>ana, as<br />

emergências cognitivo-emocionais e auto-eco-organiza<strong>do</strong>ras ocorrentes<br />

em sala de aula, e que continua culpan<strong>do</strong> nossas crianças e jovens por não<br />

ass<strong>um</strong>irem suas próprias dificuldades e in<strong>com</strong>petências. Tais propostas<br />

vêm provocan<strong>do</strong> sofrimento no aluno, tanto o de educação básica, <strong>com</strong>o<br />

média, tecnológica ou superior, ao oferecer práticas contrárias às suas necessidades<br />

vitais, que negam sua maneira de pensar, sentir, conhecer, se<br />

expressar, ignoran<strong>do</strong> suas emoções, seus sentimentos e afetos. São práticas<br />

fundamentadas em belas teorias e planos pedagógicos aparentemente<br />

inova<strong>do</strong>res, mas ontológica e epistemologicamente equivocadas,<br />

ao separar mente e corpo, vida e educação, não ten<strong>do</strong> nada a ver <strong>com</strong> o<br />

que acontece na sala de aula.<br />

Ao separar aprendizagem e vida, vida e educação, além de dificultar o<br />

acoplamento estrutural <strong>do</strong> sujeito aprendente <strong>com</strong> sua realidade, tais práticas<br />

prejudicam o desenvolvimento <strong>do</strong>s processos de autoria e de autonomia<br />

<strong>do</strong>s alunos, bem <strong>com</strong>o a possibilidade de sua emancipação e inserção<br />

social, <strong>com</strong>prometen<strong>do</strong> a relação <strong>do</strong> indivíduo <strong>com</strong> o seu meio e <strong>com</strong> o triângulo<br />

da vida, representa<strong>do</strong> pelas relações indivíduo-natureza-sociedade.<br />

Mas, qual é o problema? Por que abordar essa questão neste espaço de<br />

interlocução tão privilegia<strong>do</strong>?<br />

é que tais inquietudes e dificuldades vêm provocan<strong>do</strong> <strong>do</strong>r e sofrimento<br />

nos alunos ao atingir o âmago <strong>do</strong> processo de construção <strong>do</strong> conhecimento<br />

e ao dificultar seus processos de desenvolvimento integral<br />

e sua inserção social. Sabemos que to<strong>do</strong> conhecer é inseparável <strong>do</strong> ser,<br />

<strong>do</strong> fazer e <strong>do</strong> viver/conviver. é, portanto, inseparável da ontogenia <strong>do</strong>s<br />

sujeitos aprendentes, inseparável de seus processos de desenvolvimento,<br />

em <strong>um</strong> senti<strong>do</strong> mais amplo.

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