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Para um pensamento do sul : diálogos com Edgar Morin - BVS-Psi

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noologia), <strong>Morin</strong> defende, por exemplo, a linguagem natural 5 de diferentes<br />

sociedades, em contraposição aos postula<strong>do</strong>s científicos que defendem a<br />

linguagem formalizada <strong>com</strong>o instr<strong>um</strong>ento mais <strong>com</strong>petente para o desenvolvimento<br />

<strong>do</strong> <strong>pensamento</strong>. Nesse exemplo, o autor refuta o formalismo, inclusive<br />

citan<strong>do</strong> Roman Jakobson e Blaise grize em suas ponderações sobre<br />

a inferioridade da linguagem formal e seus impedimentos à capacidade de<br />

invenção, imaginação e criação h<strong>um</strong>anas.<br />

Na sintonia de <strong>um</strong>a resistência e optan<strong>do</strong> por outras vias de transformação<br />

da fragmentação, da especialização e da "disciplinarização"<br />

<strong>do</strong> conhecimento, formas também presentes na educação fundamental<br />

e universitária, o autor tem reforça<strong>do</strong> a abordagem sobre <strong>pensamento</strong>s<br />

hegemônicos e sujeita<strong>do</strong>s, ilustra<strong>do</strong>s nessa oportunidade, <strong>com</strong>o os <strong>pensamento</strong>s<br />

<strong>do</strong> Norte e <strong>do</strong> Sul, geograficamente relativos.<br />

O <strong>pensamento</strong> <strong>do</strong> Sul é <strong>um</strong> <strong>pensamento</strong> em potencial, a ser elabora<strong>do</strong> a<br />

partir de premissas extraídas <strong>do</strong>s diferentes "suis" <strong>do</strong> planeta, sem submetê-las,<br />

no entanto, a <strong>um</strong>a concepção única, <strong>com</strong>o pretende o <strong>pensamento</strong><br />

<strong>do</strong> Norte diante da necessidade de ordenar o que lhe parece fora da ordem<br />

e de onde parecem se destacar apenas o atraso e o subdesenvolvimento.<br />

Em sua progressão globalizante, o <strong>pensamento</strong> <strong>do</strong> Norte avança na direção<br />

de "devorar", conforme <strong>Morin</strong>, os "suis". Diante disso, o potencial <strong>pensamento</strong><br />

<strong>do</strong> Sul deve ser fortaleci<strong>do</strong> por meio da proteção das culturas locais,<br />

suas "artes de viver, saber e fazer", para que possa, sem rejeitar certos ditames<br />

e virtudes <strong>do</strong> <strong>pensamento</strong> <strong>do</strong> Norte, criticá-los, na medida da necessidade<br />

de sua autoelaboração enquanto <strong>pensamento</strong> <strong>com</strong>plexo e de ligação.<br />

Por meio da proposta de elaboração de <strong>um</strong> <strong>pensamento</strong> <strong>do</strong> Sul, o autor<br />

recusa a abreviação de <strong>um</strong> <strong>com</strong>plexo a <strong>um</strong> de seus elementos, <strong>com</strong>o<br />

seria a diversidade rica em tradições culturais e aspectos da realidade<br />

de diferentes "suis" reduzida a <strong>um</strong>a de suas imperfeições sociais, <strong>com</strong>o a<br />

violência, a corrupção ou os conflitos gera<strong>do</strong>s no cotidiano.<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, retrata as possíveis contribuições <strong>do</strong> Mediterrâneo para<br />

a elaboração de princípios capacita<strong>do</strong>s à conjunção, desde a Antiguidade.<br />

<strong>Para</strong> tanto, refere-se à diversidade politeísta <strong>do</strong>s faraós, no Egito, destacan<strong>do</strong><br />

a unidade dada pela supremacia divina <strong>do</strong> deus-sol, passan<strong>do</strong> pelo monoteísmo<br />

<strong>do</strong> cristianismo, <strong>do</strong> islamismo e <strong>do</strong> judaísmo, <strong>com</strong>o elemento que<br />

desponta na <strong>com</strong>preensão da unidade e universalidade h<strong>um</strong>anas, retomadas<br />

no Renascimento, que, a exemplo da democracia ateniense, oferece o debate<br />

<strong>com</strong>o meio para a sabe<strong>do</strong>ria, reaniman<strong>do</strong> a vontade de reflexão sobre o<br />

mun<strong>do</strong>, essa grande herança que nos permite, ainda hoje, problematizar a<br />

vida, o cosmos e a natureza.<br />

5. Linguagens naturais são as linguagens <strong>com</strong>uns aos membros de <strong>um</strong>a cultura e as linguagens correntes que servem aos<br />

diversos usos da vida cotidiana (MORIN, 2000, p. 214).<br />

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