Para um pensamento do sul : diálogos com Edgar Morin - BVS-Psi
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superior culminaria <strong>com</strong> o padrão ocidental da sociedade europeia, en-<br />
tão moderna e desenvolvida.<br />
Além dessas configurações estabelecidas e já diante de determinadas<br />
revisões sociológicas, a teoria da modernização também entende que,<br />
em da<strong>do</strong> momento histórico, a modernidade separa-se de suas origens<br />
europeias e das referências históricas <strong>do</strong> racionalismo ocidental para<br />
criar <strong>um</strong> padrão estiliza<strong>do</strong>, sem tempo e lugar, a ser apropria<strong>do</strong> <strong>com</strong>o<br />
parâmetro para os processos de desenvolvimento social em geral. vista<br />
desse ângulo, a modernização social alcançou <strong>um</strong>a existência autônoma,<br />
<strong>com</strong> processos que podem ser relativiza<strong>do</strong>s, tenden<strong>do</strong> a ser a<strong>do</strong>tada<br />
<strong>com</strong>o <strong>um</strong>a lógica, sobretu<strong>do</strong> em tempos de globalização, <strong>com</strong> assertivas<br />
e proposições, ou, ainda, <strong>com</strong>o ethos.<br />
Na direção da <strong>com</strong>preensão da modernidade e <strong>do</strong>s processos da dita<br />
modernização, <strong>Edgar</strong> <strong>Morin</strong>, de acor<strong>do</strong> <strong>com</strong> sua trajetória intelectual, tem<br />
postula<strong>do</strong> a necessidade de <strong>um</strong> <strong>pensamento</strong> <strong>com</strong>plexo, visto que a fragmentação<br />
<strong>do</strong> conhecimento, <strong>com</strong>o des<strong>do</strong>bramento dessa dinâmica expansionista,<br />
que cresce por meio da segmentação técnica, tem mina<strong>do</strong> o<br />
entendimento <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> e das coisas, sujeita<strong>do</strong> saberes e fazeres e, ainda,<br />
impedi<strong>do</strong> que a transdisciplinaridade se estabeleça <strong>com</strong>o racionalidade.<br />
De outro mo<strong>do</strong>, e diante da produção de saberes cada vez mais especializa<strong>do</strong>s<br />
e mais distantes <strong>do</strong>s grandes temas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, da vida, <strong>do</strong> planeta<br />
e da h<strong>um</strong>anidade, o autor tem busca<strong>do</strong> unir a cultura das h<strong>um</strong>anidades<br />
à cultura científica, fazen<strong>do</strong> <strong>com</strong> que ambas dialoguem, reavivan<strong>do</strong> as<br />
conexões e virtudes cognitivas entre as artes, literatura, ciência e poesia.<br />
Mas o princípio de conjunção, defendi<strong>do</strong> por <strong>Morin</strong>, apresenta-se de<br />
forma sistematizada também nos estu<strong>do</strong>s <strong>do</strong> início da década de 1990<br />
denomina<strong>do</strong>s O méto<strong>do</strong>, em que o autor propõe não <strong>um</strong> manifesto de desconstrução<br />
<strong>do</strong> méto<strong>do</strong> científico, <strong>com</strong>o Paul Feyerabend e Imre Lakatos,<br />
mas novas formas de <strong>com</strong>preensão <strong>do</strong> h<strong>um</strong>ano em suas determinantes<br />
universais bio-psico-sócio-culturais; delinean<strong>do</strong> <strong>um</strong>a meto<strong>do</strong>logia libertária<br />
capaz de abrigar, entre outros aspectos ditos contraditórios, o senso<br />
<strong>com</strong><strong>um</strong> menospreza<strong>do</strong> e a norma culta. Mas a religação de sonhos, mitos,<br />
saberes e fazeres tradicionais na meto<strong>do</strong>logia <strong>do</strong> <strong>pensamento</strong> <strong>com</strong>plexo é<br />
apreensível em <strong>um</strong> terreno de flexibilidade e sem os rigores que marcam<br />
o méto<strong>do</strong> científico, propriamente.<br />
Nesse antiméto<strong>do</strong>, por assim dizer, pode-se perceber <strong>com</strong>o <strong>um</strong> "<strong>pensamento</strong><br />
<strong>do</strong> Sul" está esboça<strong>do</strong> e implica os pressupostos para a convergência<br />
de to<strong>do</strong>s os <strong>pensamento</strong>s e para <strong>um</strong>a "maneira radicalmente <strong>com</strong>plexa de<br />
pensar". No vol<strong>um</strong>e Iv de O méto<strong>do</strong> — As ideias (a organização das ideias —