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Para um pensamento do sul : diálogos com Edgar Morin - BVS-Psi

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pode falar de crítica "descolonial" na América Latina sem referência a<br />

<strong>um</strong>a série de esforços de renovação teórica que apontam para a diversidade<br />

de saberes propostos por <strong>Morin</strong>, <strong>com</strong>o aqueles <strong>do</strong>s postcolonials<br />

studies, <strong>do</strong>s subalterns studies, <strong>do</strong>s gender studies, ou sem revisar Marx.<br />

Ou seja, o avanço da teoria crítica n<strong>um</strong> la<strong>do</strong>, o <strong>do</strong> Sul, se faz em paralelo<br />

às mudanças da teoria no outro la<strong>do</strong>, no Norte.<br />

Segun<strong>do</strong> nossa hipótese, os giros epistemológicos em curso têm<br />

origens diversas definidas pela colonização, mas articuladas por <strong>um</strong>a<br />

globalização que é produzida nos espaços da política e da tradução<br />

cultural e linguística que se formatam desde as origens da modernidade<br />

europeia. No Sul, o giro é conduzi<strong>do</strong> desde a práxis anticolonial e<br />

desde a crítica pós-colonial, que nasceu da reação contra a subalternidade<br />

hierárquica colonial; no Norte, o giro é produzi<strong>do</strong> desde o avanço<br />

da crítica antiutilitarista e antirreducionista, sobretu<strong>do</strong> sociológica, que<br />

passa a interrogar a subalternidade não somente a partir da exploração<br />

econômica, mas também a partir <strong>do</strong>s fatores culturais e morais, <strong>com</strong>o o<br />

provam as teorias da <strong>com</strong>plexidade, <strong>do</strong> <strong>do</strong>m e <strong>do</strong> reconhecimento, nos<br />

últimos anos.<br />

A tese epistêmica, por sua vez, sugere que o avanço simultâneo da<br />

crítica teórica nas três últimas décadas, no Sul e no Norte, é produzi<strong>do</strong><br />

por deslocamentos progressivos e cada vez mais acelera<strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />

imaginário da modernidade, passan<strong>do</strong>-se gradualmente de <strong>um</strong> olhar<br />

eurocêntrico para outro, "mundialocêntrico". A tese epistêmica propõe<br />

que a modernidade é <strong>um</strong> discurso que se gera, desde suas origens,<br />

por rupturas e deslocamentos entre as representações <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> e<br />

<strong>do</strong> futuro, desde o Leste e o Oeste, e entre imaginários diversos da<br />

colonização, que constituem importantes zonas linguísticas de contato<br />

no momento presente. Cada imaginário aponta para <strong>um</strong>a equação<br />

híbrida, <strong>com</strong>o são os casos de latinização, indianização, ocidentalização,<br />

orientalização, modernização, entre outros. Eles apontam sempre<br />

para deslocamentos epistêmicos que permitem se entender Norte e Sul<br />

<strong>com</strong>o metáforas de <strong>um</strong>a mesma coisa, que envolve as duas regiões de<br />

construção da colonialidade na modernidade. Isso significa que há <strong>um</strong>a<br />

articulação permanente entre os produtores <strong>do</strong> conhecimento das duas<br />

regiões, articulação que se expande progressivamente na conjuntura<br />

global <strong>com</strong> a ampliação de interioridades e exterioridades, permitin<strong>do</strong><br />

novas visibilidades teóricas nos espaços de produção da liberdade entre<br />

os ex-coloniza<strong>do</strong>s.<br />

A produção teórica pós-colonial e "descolonial" na Europa (Fanon,<br />

Memmi etc.), na América Latina (quijano, Escobar, Dussel, Lander etc.)<br />

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