BIBLIOTECA E CIDADANIA ESCOLA E SAMBA: SILÊNCIO ... - Sesc
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20% da população do bairro situa-se entre 5 e 19 anos (IBGE, 2000). São<br />
gerações formadas e em formação com enorme presença da mídia, principalmente<br />
a televisão, que apresenta as culturas juvenis às quais jovens<br />
tendem a se sentir ligados sob pena de estarem “fora do contexto”.<br />
Nestas culturas juvenis, que têm características próprias de como se<br />
comportar, formas de vestir, falar e objetos a consumir, a música tem muita<br />
importância. O que a mídia veicula é o que está na moda ou passa a<br />
ser moda. Curtir a música da moda é curtir a música da sua geração. Isto<br />
constitui uma demarcação identitária. Outro aspecto das culturas juvenis<br />
é seu não apego à tradição (HERSCHMANN, 2000). Para os jovens, seu<br />
ser e fazer está ligado ao presente, e o mercado captou perfeitamente este<br />
aspecto (DAYRELL, 2003; REGUILLO, 2003; SANSONE, 2003 e 2004).<br />
A mescla, o hibridismo são constantes, assim como a aceitação do novo.<br />
Ainda outro aspecto das culturas juvenis refere-se ao fato de os jovens não<br />
ficarem presos a territorialidades, o que lhes permite mais e diferentes<br />
contatos, trocas culturais que relativizam sua relação com o local. Desta<br />
forma, ao contrário de seus pais e avós, os estudantes da Escola Azul têm<br />
na construção de sua identidade muitos outros elementos. Isso significa<br />
uma ruptura ou impossibilidade de participação na cultura do samba?<br />
No bairro de Oswaldo Cruz sempre houve rodas de samba, algumas<br />
delas atraindo gente de vários lugares da cidade, como a do “Buraco<br />
do galo”, por exemplo. Atualmente, contudo, em termos de faixa<br />
etária, nota-se uma insignificante presença de jovens abaixo dos 20<br />
anos de idade. Mas, na maior festa do bairro, o “Pagode do Trem”,<br />
um evento organizado por sambistas “de raiz” que ganhou projeção<br />
na mídia, aglutinam-se milhares de pessoas de todas as idades e de<br />
vários lugares da região metropolitana. É uma atividade que a cada<br />
ano cresce mais. A população do bairro tem orgulho da festa e participa<br />
maciçamente, embora a Escola Azul, enquanto instituição, não<br />
tenha nenhum envolvimento. Esta atividade resgata, na compreensão<br />
de seus organizadores e também dos moradores, a tradição do samba<br />
e chama atenção para a identidade e a potencialidade do bairro. É<br />
uma festa que afirma a cultura do samba no bairro e na cidade.<br />
Como tenho observado nas rodas de samba, nos ensaios de escola de<br />
samba, no Pagode do Trem, entre outros eventos, há uma aproximação<br />
de muitos jovens situados acima da faixa etária de 20 anos que eram ou<br />
são funkeiros, charmeiros, rappers e passam a participar da cultura do<br />
SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.4 nº13 | p. 46-77 | mAio > AgoSto 2010<br />
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