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BIBLIOTECA E CIDADANIA ESCOLA E SAMBA: SILÊNCIO ... - Sesc

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gosto muito de funk, gosto de música gospel, dança contemporânea,<br />

como eu faço: street dance, balé, pagode, samba...” (aluna negra da 7ª<br />

série); “Eu gosto muito de música negra, americana e brasileira” (aluna<br />

da 8ª série, branca); “Um pouquinho de cada coisa: funk, hip-hop, axé,<br />

samba, pagode, tudo” (outra aluna da 8ª série, branca); “Gosto de samba,<br />

funk, gosto de hip-hop” (aluna da 6ª série, negra). Uma aluna negra,<br />

da 7ª série, explica por que não gosta de samba: “Samba é do tempo da<br />

minha avó e pagode eu gosto porque canta músicas românticas”.<br />

6 CULtURA Do SAmBA, CULtURAS JUVENiS E mÍDiA<br />

Esses depoimentos trazem uma reflexão relacionada ao ponto de partida<br />

da pesquisa, que considerava a presença no bairro, e por extensão no<br />

espaço da escola, pelos seus alunos oriundos do bairro, de uma cultura<br />

do samba. Embora existam atores da escola nesta cultura, pela relação de<br />

várias professoras, diretoras e responsáveis com o samba, pouco observei<br />

neste aspecto com relação aos estudantes. Por que isto ocorre? Pude verificar<br />

que os alunos estão mais pautados no que se pode chamar de culturas<br />

juvenis. Estas são perceptíveis na maneira de vestir, nas poucas vezes<br />

em que verifiquei movimentos de dança no pátio e nas suas entrevistas.<br />

Os alunos da Escola Azul, tal como muitos outros em sua faixa etária, têm<br />

referências que vão muito além da família e que têm relação com gostos,<br />

preferências, comportamentos relacionados às culturas juvenis.<br />

Para estas, o samba mais tradicional (seja na forma de samba-enredo,<br />

seja no que se denomina “samba de raiz”) está pouco presente ou<br />

não é valorizado. Existe espaço quase que somente para o chamado<br />

“pagode”, designação dada pela indústria fonográfica e pela mídia<br />

para os sambas com estilos mais “românticos” ou coreografados, dos<br />

grupos que surgiram no final da década de 1980 e fizeram enorme<br />

sucesso nos anos 1990, como Raça Negra, Raça, Só Pra Contrariar,<br />

Negritude Jr, Molejo etc. Estes grupos têm ainda continuidade nos dias<br />

de hoje, embora sem o mesmo sucesso de antes.<br />

Mas o que vêm a ser as chamadas culturas juvenis? Para Reguillo, são um<br />

conjunto heterogêneo de expressões e práticas socioculturais cuja especificidade<br />

é definida pela atribuição que os próprios jovens fazem a uma<br />

certa corrente cultural (por exemplo, o movimento hippie, que pode ser<br />

SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.4 nº13 | p. 46-77 | mAio > AgoSto 2010<br />

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