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BIBLIOTECA E CIDADANIA ESCOLA E SAMBA: SILÊNCIO ... - Sesc

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da, estou pondo ênfase em que a escola deu mais importância ao tema<br />

que quis apresentar e não ao modo, ao processo que leva à educação.<br />

Para termos uma ideia da diferença entre teatralizar e lidar com os saberes<br />

da cultura do samba, aponto, por exemplo, a não existência da<br />

bateria, a “alma” de uma escola de samba. Outro aspecto fundamental<br />

é a construção do desfile pelos seus integrantes: são os compositores da<br />

escola de samba que fazem as letras, são seus membros que organizam<br />

o desfile. Em que medida a participação dos estudantes ocorreu?<br />

Através dos vídeos e entrevistas com diretoras e professoras, a participação<br />

dos alunos na idealização dos vários aspectos do “desfile<br />

ecológico” foi muito limitada, resumindo-se mais aos aspectos tarefeiros<br />

e a desfilar. Nas quatro edições, em nenhuma delas o desfile<br />

ecológico teve bateria, mestre-sala e porta-bandeira e passistas, alguns<br />

dos elementos fundamentais construídos pela cultura do samba para<br />

um desfile, a despeito do bairro ter numerosos integrantes de escolas<br />

de samba e blocos de carnaval, que dominam a arte de sambar, tocar<br />

instrumentos e demais aspectos da organização de um desfile.<br />

Chamo atenção para estes aspectos porque têm grande implicação:<br />

significa – na atividade realizada pela Escola Azul – que o mais importante<br />

é a apresentação do tema e não o modo como se educa. Esta é<br />

uma discussão conhecida no campo da educação. O tema ou o conteúdo<br />

é fundamental, mas sabe-se que também importa muito como<br />

se educa. Os saberes desenvolvidos na escola de samba, por exemplo,<br />

com relação à arte (combinação estética, equilíbrio das cores, angulação<br />

e perspectiva das alegorias etc.), podem ser aplicados inclusive<br />

de uma forma interdisciplinar, com os estudantes, num processo que<br />

constrói conhecimentos. Do mesmo modo, saber fazer versos, saber<br />

acompanhar uma melodia com instrumentos musicais são competências.<br />

Assim como organizar o coletivo para empreender uma ação é<br />

um saber desenvolvido na cultura do samba, entre outros tantos.<br />

Do modo como se fazia não havia preocupação com os saberes<br />

construídos pelos sambistas, no sentido de entender a cultura do<br />

samba como produtora de saberes, de conhecimento. Era entendê-la<br />

apenas como suporte ou atividade lúdica, passível de ser teatralizada.<br />

Neste caso, vejo uma conexão com os “Princípios Educativos do Meio<br />

Ambiente, do Trabalho, da Cultura e das Linguagens” (SME, 1996).<br />

Foi uma atitude e um esforço da escola no sentido de procurar esta-<br />

SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.4 nº13 | p. 46-77 | mAio > AgoSto 2010<br />

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