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BIBLIOTECA E CIDADANIA ESCOLA E SAMBA: SILÊNCIO ... - Sesc

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exemplo, o não favorecimento de processos de interculturalidade<br />

(CANDAU, 1998b) e pode ter implicações negativas para a autoestima<br />

dos alunos. O que é selecionado e sistematizado para ser transmitido?<br />

Como é selecionado?<br />

Forquin comenta as relações que podem existir nas sociedades contemporâneas<br />

entre o “campo escolar” e o “campo social”, que chamam<br />

atenção para o “aspecto arbitrário, o caráter ‘socialmente construído’<br />

das cartografias cognitivas que subjazem à configuração das<br />

matérias ensinadas” (FORQUIN, 1992, p. 40). Assim, o modo como<br />

são selecionados, classificados, transmitidos e avaliados os saberes<br />

tende fortemente a corresponder à maneira como está organizado o<br />

poder dentro de uma sociedade e é uma forma de garantir o controle<br />

social dos comportamentos individuais. Quando reflito acerca da<br />

relação cultura do samba e escola, penso no questionamento desta<br />

construção.<br />

Investiguei a cultura escolar/cultura da escola, o contexto social<br />

de referência dos alunos, em particular a cultura do samba, procurando<br />

observar suas relações em uma escola situada num bairro<br />

com tradição de samba, na cidade do Rio de Janeiro. A observação<br />

de campo com inspiração na pesquisa etnográfica 4 , em que<br />

o pesquisador é o principal instrumento de coleta, foi o caminho<br />

escolhido.<br />

Busquei colher os dados do campo através da observação direta,<br />

com o objetivo de estabelecer um certo grau de interação com a<br />

situação estudada. Tal procedimento nos põe diante da possibilidade<br />

de envolvimento e da assunção dos significados do grupo em<br />

4 Uma etnografia é um esquema de pesquisa de que fazem uso os antropólogos<br />

para uma descrição profunda, interpretando a vida, o senso comum<br />

(BOGDAN e BIKLEN, 1994), a cultura de um determinado grupo social. No<br />

caso dos pesquisadores da educação, o que se tem como objetivo é o processo<br />

educativo. Desse modo, segundo Marli André (2002), os enfoques diferentes<br />

podem eximir os pesquisadores da educação de algumas exigências<br />

da etnografia, como a permanência por longo período em campo e contatos<br />

com outras culturas. A autora conclui que na educação se faz pesquisa do<br />

“tipo etnográfico e não etnografia no seu sentido estrito” (ANDRÉ, 2002, p.<br />

28). Reconhecendo estas limitações, assumo que realizei um estudo de caso<br />

de inspiração etnográfica.<br />

SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.4 nº13 | p. 46-77 | mAio > AgoSto 2010<br />

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