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BIBLIOTECA E CIDADANIA ESCOLA E SAMBA: SILÊNCIO ... - Sesc

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egião, que são colégios grandes, importantes e com ensino médio,<br />

recebendo alunos dos locais mais variados da região metropolitana<br />

do Rio de Janeiro, tinham grupos de alunos tocando samba. Como se<br />

pode perceber, o espaço escolar desses colégios estava atravessado<br />

por esse tipo de manifestação cultural. Minha hipótese era que em<br />

numerosos outros colégios se poderia constatar essa presença no espaço<br />

escolar e, muito possivelmente, isso ocorreria nos bairros com<br />

tradição de samba.<br />

Nasci no sul de Minas Gerais e cresci ouvindo calangos (sambas rurais)<br />

nas festas rurais, com os quais retomaria contato anos depois por<br />

meio de outra variação do gênero, o samba urbano do Rio de Janeiro<br />

e sua rica tradição. Portanto, a produção artística dos sambistas sempre<br />

me impressionou. Esses artistas, vistos frequentemente por segmentos<br />

sociais como pessoas pobres, negras, analfabetas ou de pouca<br />

escolaridade, carregam as marcas sociais que são estigmatizadas pelo<br />

preconceito. No entanto, com o passar do tempo têm alcançado o<br />

reconhecimento da sociedade por terem produzido várias obras clássicas<br />

da música popular brasileira. Como puderam produzi-las? “O<br />

samba é meu dom”, diria num samba Wilson das Neves (com Paulo<br />

César Pinheiro). A verdade é que esses “dons” amadureceram por longo<br />

tempo na cultura do samba.<br />

De qualquer modo, ao lado de autores como Tom Jobim e Chico<br />

Buarque de Hollanda, podemos dizer que estão Cartola, Ismael Silva,<br />

Noel Rosa, Candeia, Silas de Oliveira, Paulinho da Viola, Martinho da<br />

Vila, Wilson Moreira, Nei Lopes e outros tantos. Se o senso comum,<br />

com relação à escolaridade, tem como base a maioria dos sambistas<br />

atuantes até os anos de 1960, isso não se aplica na atualidade à maioria<br />

dos sambistas citados, por exemplo. Cartola frequentou somente<br />

as primeiras séries, mas vários dos que foram citados cursaram até o<br />

segundo grau ou chegaram à universidade 3 .<br />

Uma das questões que provocaram celeuma nestes últimos anos foram<br />

os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ministério da Educação<br />

(BRASIL, 1997). Um dos aspectos neles abordados, de especial rele-<br />

3 Em minha pesquisa para dissertação de mestrado, entrevistei dez sambistas,<br />

dos quais apenas os mais novos (dois na faixa dos 40 anos e uma na faixa dos<br />

20 anos) chegaram à universidade (LIMA, 2001).<br />

SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.4 nº13 | p. 46-77 | mAio > AgoSto 2010<br />

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