BIBLIOTECA E CIDADANIA ESCOLA E SAMBA: SILÊNCIO ... - Sesc
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Cabe ainda lembrar a Revista do Livro, que, criada em 1956, representou<br />
um importante instrumento de divulgação de artigos e ensaios<br />
sobre o livro. Essa publicação foi interrompida em 1970, sendo relançada<br />
depois pela Fundação Biblioteca Nacional sob a direção de<br />
Eduardo Portella. Em 1962 é criado o Serviço Nacional de Bibliotecas<br />
no Ministério da Educação e Cultura, que foi incorporado em 1968<br />
ao Instituto Nacional do Livro. A partir daí, registra-se um incremento<br />
das ações na área, em especial com o fortalecimento da malha de<br />
bibliotecas por meio da assinatura de convênios com os municípios.<br />
Uma outra ação que influenciou as bibliotecas foi o estabelecimento<br />
da política de coedições, em detrimento da aquisição de livros. Essas<br />
obras abasteciam anualmente os acervos dessas instituições.<br />
A Reforma do Ensino do 1º e 2º graus, estabelecida na Lei nº<br />
5.692/71, influenciou mais uma vez a política de bibliotecas. Com<br />
ela ocorre o fenômeno da escolarização dessas instituições, devido ao<br />
fortalecimento dos livros didáticos e da obrigatoriedade da pesquisa<br />
escolar. Como não havia – e ainda não há – bibliotecas na maioria<br />
das escolas brasileiras, as bibliotecas públicas ocuparam este espaço,<br />
em franco detrimento de sua função precípua de atender a todos os<br />
segmentos da sociedade. Assim, as bibliotecas públicas perderam seu<br />
foco, transformando-se em mais um espaço para a educação formal<br />
quase que exclusivamente. Um ciclo fechado: comprava-se acervo<br />
voltado ao atendimento escolar, pois era seu público prioritário, e<br />
afastavam-se outros grupos da leitura. Os profissionais transformaram-<br />
-se em explicadores, ajudando na elaboração das pesquisas escolares.<br />
É interessante notar que os professores não receberam a devida capacitação<br />
para solicitar as pesquisas aos estudantes. Assim, era comum<br />
encontrar pesquisas em nível de doutorado para alunos de 1º grau.<br />
Reflexo desse quadro foi a invasão das mães nesses espaços. Penalizadas<br />
pela quantidade e complexidade das pesquisas, tornavam-se<br />
extensão dos alunos, elaborando elas mesmas os trabalhos escolares.<br />
Outra característica negativa foi a redução das pesquisas a simples<br />
cópias de verbetes das enciclopédias. Cabe observar que as bibliotecas<br />
públicas devem participar efetivamente da educação formal como<br />
parceira, e não como uma continuação canhestra das salas de aula.<br />
Hoje, vemos exemplos internacionais de trabalhos voltados para o<br />
apoio escolar em bibliotecas públicas, mas é apenas uma das ativi-<br />
28 SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.4 nº13 | p. 10-45 | mAio > AgoSto 2010