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BIBLIOTECA E CIDADANIA ESCOLA E SAMBA: SILÊNCIO ... - Sesc

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A criação de bibliotecas populares me parece uma das atividades mais<br />

necessárias atualmente para o desenvolvimento da cultura brasileira.<br />

Não que essas bibliotecas venham a resolver qualquer dos dolorosos<br />

problemas da nossa cultura, o da alfabetização, por exemplo. Mas<br />

a disseminação, no povo, do hábito de ler, se bem orientada, criará<br />

fatalmente uma população urbana mais esclarecida, mais capaz de<br />

vontade própria, menos indiferente à vida nacional. Será talvez esse<br />

um passo agigantado para a estabilização de uma entidade racial, que,<br />

coitada! se acha desprovida de outras forças de unificação (ANDRA-<br />

DE, 1957, p. 7).<br />

Posteriormente, é criado o Departamento de Imprensa e Propaganda<br />

(DIP), que tinha como finalidade controlar todas as formas de<br />

expressão e comunicação, inclusive o livro. O DIP, dirigido com mão<br />

de ferro por Lourival Fontes, não podia deixar de ter uma visão diferente<br />

do grupo dos intelectuais do INL em relação a publicações e<br />

distribuição de livros. Para o DIP, o livro representava antes de tudo<br />

um importante meio de difundir a ideologia estado-novista. A dupla<br />

responsabilidade na área de cultura seria resolvida com o estabelecimento<br />

de uma divisão de campos de atuação: ao Ministério da<br />

Educação caberia a cultura “erudita”; ao DIP, a cultura popular. Essa<br />

divisão enfraqueceria a atuação do INL, mas, de qualquer forma, o<br />

INL controlou durante muito tempo o mercado editorial brasileiro,<br />

tanto por meio das coedições como por meio das compras para serem<br />

distribuídas nas bibliotecas. Influenciou, também, o desenvolvimento<br />

dos profissionais que trabalhavam nas bibliotecas, especialmente com<br />

publicações técnicas. Suely Braga da Silva, estudiosa da trajetória do<br />

INL durante o primeiro governo de Getúlio Vargas, desde a sua criação,<br />

em 1937, até 1945, observa:<br />

Quanto às bibliotecas, sabemos que apesar de serem consideradas por<br />

Capanema centros de formação de personalidade, de compreensão<br />

do mundo e de autoeducação, continuaram sendo até os nossos dias<br />

apenas locais onde as pessoas encontram livros. A ideia de biblioteca<br />

enquanto espaço vivo de trocas, de debates, de crescimento individual<br />

e coletivo dos membros da comunidade a que ela atende ainda não se<br />

consolidou em nossa sociedade (SILVA, 1995, p. 57).<br />

SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.4 nº13 | p. 10-45 | mAio > AgoSto 2010<br />

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