BIBLIOTECA E CIDADANIA ESCOLA E SAMBA: SILÊNCIO ... - Sesc
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Funda-se também, em 1810, a Real Biblioteca, atual Biblioteca Nacional,<br />
sendo aberta ao público em 1814. O acervo era europeu, sem<br />
nenhuma publicação brasileira. O acervo da Biblioteca foi composto<br />
basicamente da livraria do rei D. José, acrescido mais tarde por inúmeras<br />
doações. Esse acervo nuclear atravessou o Atlântico em três<br />
viagens, a última realizada em 1811 (FONSECA, 1979). Livros, documentos,<br />
pinturas, entre outros bens, compunham um dos mais preciosos<br />
acervos europeus, totalizando 60 mil itens. Aportou aqui, também,<br />
Joaquim dos Santos Marrocos, responsável pela Real Biblioteca, além<br />
de outros entendidos, que possibilitaram a introdução de técnicas de<br />
tratamento de acervo. Essa biblioteca, com exceção de boa parte dos<br />
documentos que retornaram a Portugal após a Independência, foi<br />
comprada, e bem comprada, pelo novo governo brasileiro por 800<br />
contos de réis, nos termos da Convenção Adicional de Amizade e<br />
Aliança. Assim, a partir de 1825 a Real Biblioteca passou a pertencer<br />
ao Brasil.<br />
Foi na Bahia, porém, que surgiu, em 1811, a primeira biblioteca pública.<br />
Essa biblioteca, reivindicada pelos cidadãos baianos ao Conde<br />
dos Arcos, era inspirada nas bibliotecas de subscrição que surgiram<br />
na Europa e nos Estados Unidos, no século XVIII. Para sua criação, foi<br />
apresentado o primeiro “plano para o estabelecimento de uma biblioteca”,<br />
segundo Edson Nery da Fonseca (1979), relatando de forma<br />
objetiva o que se pretendia com a nova instituição. Uma das metas<br />
era “remover o primeiro e maior obstáculo que se oferece à instrução<br />
pública, o qual consiste na falta de livros e notícias do estado das artes<br />
e das ciências na Europa”. O acervo inicial de quatro mil volumes<br />
foi formado por doações e por recursos obtidos com subscrições. Recebeu<br />
também obras em duplicata da Real Biblioteca. Foi na Bahia,<br />
também, que se publicou o primeiro catálogo de biblioteca brasileira,<br />
em 1818.<br />
A nova fase do Brasil independente é refletida no lançamento de<br />
diversos jornais e folhetins. Surgem também inúmeras tipografias e<br />
editoras. As mais expressivas são as casas Laemmert (1838) e Garnier<br />
(1844), na capital, que não apenas vendiam, como passaram a editar<br />
livros, e a Garraux, em São Paulo. Surge também uma brilhante safra<br />
de escritores: Machado de Assis, Martins Pena, Joaquim Manuel de<br />
Macedo, Gonçalves de Magalhães e tantos outros. Novas bibliotecas<br />
24 SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.4 nº13 | p. 10-45 | mAio > AgoSto 2010