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BIBLIOTECA E CIDADANIA ESCOLA E SAMBA: SILÊNCIO ... - Sesc

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maneira especial de pensar na referência (Bedeutung) – que depende<br />

do fato de que um termo singular tenha uma referência e que se mostra<br />

quando precisamos sua referência 29 – um pensamento sem valor<br />

de verdade não é, segundo essa concepção, um pensamento mesmo,<br />

não há razões, neste caso, para negar a possibilidade de sentidos “fregeanos”<br />

de re, isto é, de sentidos que sejam existencialmente dependentes<br />

do objeto referido 30 . Ou melhor, não faz sentido, neste caso,<br />

conceber o Sinn como uma entidade intermediária entre a expressão<br />

linguística singular e sua referência, ou entre a mente e os particulares<br />

no mundo. Vale a pena aqui mostrar uma longa citação de Evans:<br />

Em vista disto, pode-se apreciar a atitude das pessoas que persistem<br />

em considerar erroneamente um sentido fregeano como sendo necessariamente<br />

um intermediário entre o pensador e o referente, como<br />

sendo algo que deve, de certo ponto de vista, se interpor ou de alguma<br />

forma tornar indireto aquilo que poderia ser direto. Não mais do que<br />

uma maneira de pensar num objeto tem de se interpor diante do ato<br />

de pensar num objeto ou de tornar o ato de pensar num objeto indireto,<br />

uma maneira de dançar é suscetível de se interpor diante do ato<br />

de dançar ou de tornar o ato de dançar em qualquer maneira indireto<br />

(EVANS, 1985, pp. 302-3. Tradução nossa).<br />

De maneira geral, o problema do contato do pensamento com o<br />

mundo torna-se um problema de tipo transcendental apenas se e enquanto<br />

nós tentarmos sair do domínio do sentido para encarar uma<br />

maneira mais direta para o pensamento ser à propos do seu objeto.<br />

Se não existe tal maneira, como mostra Wittgenstein (1995, p. 258 e<br />

seguintes), através da sua crítica da ideia de uma ostensão privada nas<br />

Investigações filosóficas, o problema da conexão entre os três itens da<br />

tríade torna-se novamente apenas um truísmo: um pensamento vale<br />

como pensamento particular apenas se ele for um pensamento acerca<br />

29 É a concepção do sentido defendida por G. Evans em “Understanding Demonstratives”<br />

(1981) e em The Varieties of Reference, 1982, pp. 22-30. Cf.<br />

também McDowell, 1977, pp. 159-185.<br />

30 Sobre a noção de sentido de re, cf. Evans, 1981, 1982; McDowell, 1984,<br />

pp. 283-294; 2005, pp. 42-65.<br />

146 SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.4 nº13 | p. 128-151 | mAio > AgoSto 2010

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