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BIBLIOTECA E CIDADANIA ESCOLA E SAMBA: SILÊNCIO ... - Sesc

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ção epistêmica especial (a de familiaridade ou qualquer relação equivalente)<br />

que torna o particular apreendido um constituinte próprio do<br />

conteúdo proposicional, ou “indiretamente”, por meio de um sentido<br />

que torna o conteúdo proposicional expresso um pensamento geral<br />

(ou puramente qualitativo). Se, por outro lado, essas duas maneiras<br />

da mente de entrar em contato com o mundo não são irredutíveis<br />

uma à outra, mas ao contrário, dois modos perfeitamente compatíveis<br />

por um pensamento de abordar os particulares no mundo (além de<br />

ser também acerca de propriedades instanciadas por estes particulares),<br />

é claro que o problema transcendental desaparece enquanto<br />

problema filosófico. Há sentido perguntar como um contato imediato<br />

ou direto da mente com os particulares no mundo é possível apenas<br />

se há sentido imaginar um contato que não seja imediato ou direto;<br />

tipicamente, segundo certas interpretações da noção fregeana de sentido,<br />

um contato por meio de uma condição descritiva ou propriedade<br />

identificadora 28 . Mas se um sentido, no sentido fregeano, não é um<br />

meio de identificar o objeto de maneira única que se interpõe entre o<br />

pensamento e seu objeto intencional, mas simplesmente uma maneira<br />

de o objeto ser dado ou apresentado enquanto referência de um<br />

termo singular (um aspecto, isto é, da referência e não uma segunda<br />

referência), fica óbvio que o problema das condições de possibilidade<br />

de um tal contato (“direto”), por contraste com outro tipo de contato<br />

(“indireto”), não pode ser um problema propriamente dito.<br />

Tudo depende, na verdade, da maneira de interpretar a distinção<br />

fregeana entre Sinn (sentido) e Bedeutung (significado ou referência)<br />

(FREGE, 1892, pp. 25-50). Se interpretarmos um Sinn como sendo,<br />

para Frege, uma maneira de especificar a refêrencia (Bedeutung), que<br />

não depende do fato de que a condição seja efetivamente satisfeita<br />

(se admitimos, em outras palavras, alguma coisa tal que pensamentos<br />

autênticos sem valor de verdade), um pensamento no sentido de<br />

Frege não pode ter um objeto singular no mundo como seu elemento<br />

constituinte. Se, por outro lado, interpretarmos um Sinn como uma<br />

28 Estou pensando aqui nas interpretações de J. Perry e D. Kaplan nos artigos<br />

já citados. Para uma interpretação semelhante, embora mais ontológica, da<br />

noção fregeana de sentido (como “propriedade identificadora”), cf. Chateaubriand,<br />

2001, Capítulo 11, pp. 375-407; 2007, pp. 199-215.<br />

SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.4 nº13 | p. 128-151 | mAio > AgoSto 2010<br />

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