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BIBLIOTECA E CIDADANIA ESCOLA E SAMBA: SILÊNCIO ... - Sesc

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ária (a saber: o pensamento) seria requerida para assegurar a função<br />

representacional da linguagem. Na segunda parte, desenvolvemos argumentos<br />

contra a legitimidade e a necessidade de postular a existência<br />

de tais entidades, contestando, portanto, a legitimidade da tríade<br />

ela mesma.<br />

No primeiro caso, os argumentos apoiavam-se sobre o seguinte<br />

pressuposto: existe um abismo a ser atravessado por um terceiro item<br />

(o pensamento) entre a linguagem e o mundo. No segundo caso, embora<br />

a existência de um terceiro elemento não seja mais considerada<br />

legítima, a possibilidade de uma volta desse tipo de suposição é deixada<br />

em aberto enquanto a imagem que está por trás da formulação<br />

do problema filosófico não está ressaltada e explicitamente criticada.<br />

A imagem que está por trás do problema filosófico é aquela de, citando<br />

McDowell, “um abismo ontológico entre o tipo de coisa que nós<br />

podemos querer dizer (one can mean), ou em geral (...) pensar (think)<br />

e o tipo de coisa que pode ser o caso (that can be the case)” (McDO-<br />

WELL, 1996, p. 26). E o problema filosófico mesmo é o problema de<br />

saber como o pensamento pode entrar em contato com o mundo. Este<br />

problema é tipicamente transcendental, isto é, um problema acerca<br />

das condições de possibilidade de um tal contato.<br />

E, obviamente, não é suficiente dizer que o contato do pensamento<br />

com o mundo acontece por meio da linguagem, já que o mesmo<br />

problema reaparece, neste caso, a respeito da linguagem: por quais<br />

meios a linguagem pode entrar em contato com o mundo? Pretender<br />

resolver o problema da intencionalidade em termos linguísticos é<br />

simplesmente colocar o mesmo problema sob outra forma, já que a<br />

mesma ameaça de regresso ad infinitum reaparece no caso da relação<br />

entre a linguagem e o mundo por meio de um terceiro item:<br />

Em resposta à pergunta “O que p o instrui a fazer?”, não me resta<br />

senão dizê-lo, isto é, apresentar outro sinal. (...) Isto ainda significa:<br />

cedo ou tarde, há um salto do sinal para aquilo que é designado (WIT-<br />

TGENSTEIN, 2005, p. 52. Tradução nossa).<br />

É preciso, por conseguinte, erradicar a imagem que está por trás<br />

do suposto problema transcendental. A ideia que este artigo defende<br />

é a seguinte: o que está errado é a maneira de colocar o problema,<br />

SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.4 nº13 | p. 128-151 | mAio > AgoSto 2010<br />

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