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BIBLIOTECA E CIDADANIA ESCOLA E SAMBA: SILÊNCIO ... - Sesc

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sentença “Der Schnee ist weiss” e do objeto referido (a neve), dois elementos<br />

intermediários intangíveis (o significado da sentença e o fato),<br />

para dar conta do fato de que uma sentença não pode ser verdadeira<br />

apenas em virtude de si mesma (ibid., p. 1 e seguintes). A rejeição da<br />

proposição como significado da sentença, eventualmente de sentenças<br />

distintas, significa a rejeição da ideia de que deveriam existir, além<br />

da entidade linguística perceptível e dos objetos do mundo, sombras,<br />

isto é, entidades misteriosas que tivessem paradoxalmente uma função<br />

semântica bem determinada. “Se eu posso transpor uma figura<br />

de linguagem de Wittgenstein, proposições foram projetadas como<br />

sombras das frases” (ibid., p. 10).<br />

A segunda razão de contestar a legitimidade da tríade, através do<br />

item b (o pensamento), é justamente vinculada à função semântica<br />

determinada das sombras. Wittgenstein iniciou esse tipo de crítica nos<br />

anos 1930 e a ampliou nas Investigações filosóficas, em parte contra<br />

sua primeira abordagem do problema da intencionalidade na época<br />

do Tractatus 21 . Mas foi Travis quem desenvolveu essa crítica acerca de<br />

uma maneira de conceber o papel semântico do pensamento, que<br />

ele chama de “platonista”. A concepção platonista do pensamento é,<br />

citando Travis:<br />

A ideia segundo a qual existem estruturas — itens abstratos especificáveis<br />

— que fazem tudo que elas fazem ao responder às questões a<br />

respeito de quando haveria verdade de maneira completamente independente<br />

(...) de qualquer influência exterior. A respeito de tais questões,<br />

notavelmente, não importa saber como tais itens relacionam-se<br />

conosco, ou como são por nós relacionados em nossa lida com o mundo<br />

(Travis, 2000, pp. 14-15).<br />

Uma sombra, segundo essa concepção, é, eu cito ainda, “uma forma<br />

especificável que tem que ter uma representação — uma maneira<br />

especificável para uma representação de representar — que não<br />

admite [vários] entendimentos” (ibid., p. xii). Reconhecemos aqui a<br />

concepção do segundo item da tríade desenvolvida nesta seção, isto<br />

21 Cf. Moore, in: J. Klagge & A. Nordmann, 1993, p. 59; Wittegenstein, 1958,<br />

§§94-97 e 428.<br />

SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.4 nº13 | p. 128-151 | mAio > AgoSto 2010<br />

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