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BIBLIOTECA E CIDADANIA ESCOLA E SAMBA: SILÊNCIO ... - Sesc

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está colocado sobre o segundo item (o pensamento). Não é uma surpresa,<br />

então, que todo o peso da crítica da legitimidade desse tipo de<br />

distinção seja colocado também sobre o item b.<br />

2 ENtiDADES iNtERmEDiÁRiAS EStRANHAS: A CRÍtiCA DAS SomBRAS<br />

Há várias maneiras de contestar a legitimidade da tríade linguagem-<br />

-pensamento-mundo. Por exemplo, segundo as teorias coerentistas da<br />

verdade e da justificação, não é possível nem necessário recorrer a<br />

uma norma externa aos pensamentos (crenças) para determinar seu<br />

valor de verdade ou para justificá-los. A verdade é simplesmente uma<br />

questão de relação de coerência ou de consistência entre um pensamento<br />

(uma crença) singular e o sistema de pensamentos (de crenças)<br />

do qual ele faz parte. E nada pode valer como justificação (i.e. razão<br />

para sustentar) de um pensamento salvo outro pensamento (outra<br />

crença) 17 . Isso envolve, entre outras coisas, deixar de lado o mundo<br />

como entidade suscetível de desempenhar um papel na avaliação e<br />

justificação do conteúdo semântico das frases e, consequentemente,<br />

contestar a legitimidade da tríade 18 .<br />

Mas isto não é, a bem dizer, a razão mais convincente para contestá-la.<br />

Uma razão mais convincente poderia ser alegada: parece<br />

difícil negar que o mundo possa desempenhar um papel justificativo,<br />

ao menos no sentido em que nós, quando julgamos que tal ou tal<br />

é o caso, somos racionalmente responsáveis pelo conteúdo proposicional<br />

afirmado, na relação entre nosso juízo e o mundo. É esta<br />

relação normativa entre o pensamento e o mundo que é capturada<br />

pela noção de endividamento do pensamento ao mundo 19 . A razão<br />

mais convincente, portanto, tem a ver com a noção de pensamento<br />

enquanto entidade intermediária entre a linguagem e o mundo.<br />

Existem, de fato, várias razões para contestar a legitimidade daquela<br />

17 A respeito deste ponto, cf. Davidson, in: Lepore, 1986, pp. 307-319.<br />

18 Na verdade, em Davidson, o mundo (a experiência) ainda desempenha um<br />

papel, mas em sentido causal e não justificativo.<br />

19 Para uma defesa de um “empirismo mínimo” neste sentido com base na<br />

teoria do conteúdo integralmente conceitual da experiência perceptiva, cf.<br />

McDowell (1996) 3ª Aula.<br />

SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.4 nº13 | p. 128-151 | mAio > AgoSto 2010<br />

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