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BIBLIOTECA E CIDADANIA ESCOLA E SAMBA: SILÊNCIO ... - Sesc

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pode ser definido como uma configuração determinada de elementos<br />

representacionais) faça parte do estado do mundo que<br />

ele representa. “Fazer parte” no sentido em que a estruturação e<br />

a individualização dos fatos não podem ser feitas independentemente<br />

da estrutura fixa particular em que consiste o pensamento.<br />

É claro que esse tipo de requerimento impõe um constrangimento<br />

muito forte simultaneamente sobre o que pode valer como pensamento<br />

ou representação (a saber, uma estrutura fixa particular) e sobre<br />

o que pode valer como verificador ou falsificador do pensamento (a<br />

saber, certo estado determinado das coisas no mundo). Nós poderíamos<br />

descartá-lo como um constrangimento excessivamente forte. É,<br />

por exemplo, o que faz Austin em seu artigo intitulado “Verdade”.<br />

Contudo, essa maneira tipicamente wittgensteiniana (do primeiro Wittgenstein,<br />

pelo menos) de conceber a relação entre os dois itens (pensamento<br />

e mundo) aponta para um ponto extremamente importante.<br />

Parece difícil, de fato, dar conta do caráter essencialmente composto<br />

dos pensamentos, em contraste ao caráter não essencialmente<br />

composto das sentenças, sem admitir esse tipo de constrangimento<br />

enquanto requisito filosófico forte. Voltemos agora ao ponto anteriormente<br />

adiado.<br />

Há duas maneiras ligadas (entre si) de entender esse ponto:<br />

i) Cada pensamento tem uma estrutura própria que o individualiza<br />

em virtude da estrutura na qual ele representa ou não adequadamente<br />

um estado de coisas determinado no mundo.<br />

ii) Mas cada pensamento só tem essa estrutura própria em virtude<br />

da estrutura globalmente inferencial do pensamento em geral.<br />

Pode-se encontrar esse tipo de distinção, por exemplo, no Capítulo<br />

3 do livro de Travis intitulado Les liaisons ordinaires: Wittgenstein sur la<br />

pensée et le monde 14 . Essa distinção nos parece bastante iluminadora.<br />

A ideia é a seguinte: cada pensamento é essencialmente composto<br />

no sentido em que ele tem partes que, combinadas de uma maneira<br />

determinada, representam um estado determinado do mundo. Mas<br />

14 Cf. Travis, 2003. Existe uma versão inglesa alterada da mesma série de conferências<br />

sob o título Thought’s Footing: A Theme in Wittgenstein’s Philosophical<br />

Investigations, Oxford, Clarendon Press, 2006.<br />

SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.4 nº13 | p. 128-151 | mAio > AgoSto 2010<br />

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