BIBLIOTECA E CIDADANIA ESCOLA E SAMBA: SILÊNCIO ... - Sesc
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Em terceiro lugar, voltaremos à fonte dos problemas filosóficos tratados<br />
nas duas primeiras partes, em especial à questão de saber como<br />
o contato do pensamento com o mundo é possível. Essa questão está<br />
no centro dos debates contemporâneos, em filosofia da linguagem, da<br />
lógica e em metafísica analítica, sobre a possibilidade de pensamentos<br />
singulares de re e o caráter realista ou não do esquema por meio do qual<br />
nos referimos na linguagem e em pensamento a indivíduos do mundo.<br />
Este artigo tentará mostrar que ela se apoia sobre falsas antinomias e que<br />
problemas transcendentais desse tipo não são problemas próprios.<br />
1 EStRUtURAS<br />
Uma boa maneira de entender o que faz com que essa distinção<br />
tripartida se justifique, em certa medida, é explicar como cada item se<br />
distingue e relaciona com os outros. A maneira mais comum de explicar<br />
a distinção e as relações entre os três itens, ao menos desde Frege,<br />
é a seguinte: a sentença enquanto entidade linguística expressa um<br />
conteúdo não linguístico, o pensamento ou conteúdo proposicional,<br />
que representa ou descreve um fato (possível ou atual) do mundo 2 .<br />
expressa representa/descreve<br />
(= deixa perceptível) (= especifica por meio de uma estrutura fixa determinada)<br />
sentença → pensamento → fato<br />
(entidade linguística) (entidade não linguística) (entidade não linguística)<br />
O primeiro conceito, de expressão, é um conceito multiforme. Mas<br />
quando bem compreendido, ele deixa entender em qual sentido o<br />
primeiro item se distingue e se relaciona com o segundo. Expressar<br />
pode querer dizer, tal como, por exemplo, no expressivismo romântico<br />
de Herder 3 , exteriorizar o interior (paradigmaticamente, um sentido<br />
por meio de um gesto) ou, ainda, deixar explícito o implícito – por<br />
2 Alternativamente, segundo certa versão subatômica da teoria da correspondência,<br />
sustentada, por exemplo, por Davidson, a relação relevante entre o<br />
portador dos valores de verdade e o mundo é a relação de satisfação por<br />
sequên cia ordenada (Davidson, 1969, pp. 748-764; 1977, pp. 247-253).<br />
3 Cf. Berlin, “Herder and the Enlightenment”, in: Wassermann, 1965.<br />
SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.4 nº13 | p. 128-151 | mAio > AgoSto 2010<br />
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