26.04.2013 Views

BIBLIOTECA E CIDADANIA ESCOLA E SAMBA: SILÊNCIO ... - Sesc

BIBLIOTECA E CIDADANIA ESCOLA E SAMBA: SILÊNCIO ... - Sesc

BIBLIOTECA E CIDADANIA ESCOLA E SAMBA: SILÊNCIO ... - Sesc

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

iNtRoDUÇÃo<br />

Ao refletirmos sobre o que faz uma sentença do discurso declarativo<br />

ser avaliada como verdadeira ou falsa, ou o que possibilita um enunciado<br />

científico que contenha termos teóricos (i.e. que não referem<br />

diretamente à experiência) ter, além disso, um teor empírico, parece<br />

quase inevitável distinguirmos três itens:<br />

a. O medium, isto é, a linguagem por meio da qual certo conteúdo<br />

informativo (eventualmente, empírico) é veiculado.<br />

b. O conteúdo proposicional, ou seja, aquilo que uma sentença do<br />

discurso declarativo diz. O que é chamado, na tradição analítica<br />

pós-fregeana, de proposição ou pensamento.<br />

c. O conteúdo representacional, isto é, o que é diretamente responsável<br />

no mundo para que o conteúdo proposicional seja verdadeiro ou falso,<br />

a saber, dependendo do que nós consideremos como os fazedo-<br />

res de verdade relevantes, fatos ou sequências ordenadas de objetos.<br />

É quase, e não totalmente, inevitável, porque se existem fortes argumentos<br />

a favor de uma distinção estrita entre os três itens do ponto de<br />

vista da análise do discurso informativo, existem também boas razões<br />

para contestar a legitimidade deste tipo de distinção, sobretudo no<br />

que diz respeito a b, e às vezes também a c 1 .<br />

Em primeiro lugar, serão apresentados argumentos a favor da distinção<br />

tripartida, isto é, a favor da ideia de que existem três itens diferentes,<br />

entre os quais há diferentes tipos de relações asseguradas no<br />

nível lógico-fundamental por uma relação de identidade estrutural.<br />

A fonte dessa ideia (contestável, mas significativa) será situada numa<br />

determinada concepção lógica dos pensamentos. Tendo-se localizado a<br />

fonte da distinção tripartida numa concepção dos pensamentos como<br />

estruturas determinadas, apresentar-se-ão, em segundo lugar, várias<br />

críticas possíveis daquela ideia, isto é, da ideia segundo a qual entidades<br />

intermediárias entre a linguagem e o mundo seriam filosoficamente<br />

requeridas.<br />

1 Pensa-se aqui nas teorias coerentistas do valor de verdade dos enunciados<br />

informativos, que não reconhecem a existência de uma norma externa de<br />

avaliação dos pensamentos. Para uma crítica forte do mito coerentista (e do<br />

mito correspondente do “dado”), cf. McDowell (1996) 1ª Aula.<br />

130 SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.4 nº13 | p. 128-151 | mAio > AgoSto 2010

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!