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ENTREVISTA WESLEY PERES E NEREU AFONSO DA SILVA<br />
Um lugar ao sol no<br />
meio literário<br />
Na expectativa para o lançamento de seus livros – previsto para o mês de julho<br />
–, os vencedores do Prêmio SESC de Literatura 2006 falam de suas obras, da<br />
exposição que o prêmio dá ao trabalho deles e de projetos futuros. Na categoria<br />
romance, mais uma vez um goiano levou o 1º prêmio: Wesley Peres,<br />
com “Casa entre vértebras”. Na categoria conto, Nereu Afonso da Silva levou a<br />
melhor com o livro “Correio Litorâneo”. Ator e escritor nascido em São Paulo, atualmente está<br />
na França onde escreve e atua para companhias de teatro. Ambos terão os livros publicados e<br />
distribuídos pela editora Record e direito a 10% do valor de capa da obra.<br />
Nesta edição, o Prêmio bateu um recorde: 601 inscritos em todo o país.<br />
JSB - Na edição passada do concurso,<br />
outro goiano, o André de Leones,<br />
venceu o prêmio. Foi um estímulo à sua<br />
participação?<br />
Wesley Peres - Conheci o André por conta<br />
do prêmio. Foi ele quem me incentivou.<br />
Estava desanimado a inscrever o livro, pois<br />
achava que um romance com uma estrutura<br />
não convencional seria ignorado pela banca.<br />
Na época da inscrição, o próprio André imprimiu<br />
e levou até o SESC Goiânia. Inscreveu no<br />
último dia, enquanto eu viajava em lua-demel.<br />
Então, eu não estava estimulado, até por<br />
conta de uma certa superstição estatística<br />
“dois goianos vencerem dois anos seguidos?!”<br />
Não acreditava.<br />
JSB - A visibilidade desta premiação<br />
já resultou em possibilidades de novos<br />
trabalhos? Qual o seu próximo projeto<br />
literário?<br />
8<br />
WESLEY PERES<br />
SESC BRASIL MAIO 2007<br />
Wesley Peres - Ainda é cedo, mas veja: o<br />
André está aí, participando do projeto “Amores<br />
Expressos”, ao lado de Sérgio Sant’anna e<br />
Cia. E isso é resultado da visibilidade que o<br />
prêmio e a publicação pela Record deram ao<br />
seu excelente “Hoje está um dia morto”. Já o<br />
meu próximo projeto literário é o lançamento<br />
do livro de poemas “Palimpsestos”, pela Editora<br />
da Universidade Federal de Goiás, previsto<br />
para maio. Também continuo trabalhando, há<br />
cerca de um ano, em outro romance.<br />
JSB - Como foi o processo de criação<br />
do seu romance “Casa entre vértebras”.<br />
Quanto tempo levou? Fale um pouco<br />
sobre o livro.<br />
Wesley Peres - Em 2003 publiquei o “Rio<br />
revoando” pela Editora da Escola de Comunicação<br />
e Artes (ECA) da USP. É um conjunto de<br />
poemas, mas que contém alguns prosemas<br />
(textos-limite entre a prosa e a poesia). Um<br />
desses é “Carta de um homem derivado de<br />
suas águas”. A matriz do “Casa entre vértebras”<br />
está lá. É narrado em primeira pessoa, por um<br />
personagem que não é nomeado. O romance<br />
gira em torno das tentativas desse personagem-narrador<br />
de escrever uma carta para<br />
uma certa Ana, a quem promete fazer uma<br />
carta em que só falasse de si. São tentativas<br />
fracassadas, pois ele fala de um turbilhão de<br />
coisas: sobre a beleza e o horror da infância,<br />
sobre a morte, sobre o seu amor estranho por<br />
ela. Penso que o livro, que levei quase quatro<br />
anos para escrever, é uma história de amor<br />
narrada por um homem que tenta se enviar<br />
para Ana em palavras.<br />
NEREU AFONSO DA SILVA<br />
JSB - Você acha que o prêmio cumpre o<br />
seu papel de estimular autores iniciantes?<br />
Nereu Afonso da Silva - Acredito que<br />
sim. Pelo menos, eu me senti muito instigado<br />
a enviar meus originais a uma instituição que<br />
se compromete a receber, avaliar, selecionar<br />
e, sobretudo, a divulgar trabalhos de autores<br />
iniciantes do Brasil para o Brasil.<br />
JSB - Faz diferença ter um livro publicado<br />
e distribuído por uma editora como<br />
a Record?<br />
Nereu Afonso da Silva - Sim. Ser reconhecido<br />
pelo Prêmio SESC e editado pela<br />
Editora Record é uma oportunidade para<br />
que um autor iniciante gere curiosidade em<br />
um vasto número de leitores. Mas isso não resolve<br />
tudo. Porque a partir do momento em<br />
que esse leitor virar a primeira página e ler a<br />
primeira linha, ele precisará de outros motivos<br />
para continuar interessado. E, nesse caso, é o<br />
texto, que poderá capturá-lo e envolvê-lo, intelectualmente<br />
e emocionalmente.<br />
JSB - Existe uma temática principal no<br />
livro “Correio Litorâneo”?<br />
Nereu Afonso da Silva - O que eles têm<br />
em comum é a evocação, mais ou menos sutil,<br />
de notícias publicadas nesse jornal fictício,<br />
chamado “Correio Litorâneo”. Com relação aos<br />
temas, costumo dizer que os contos de “Correio<br />
Litorâneo” fazem parte desse tipo de narração<br />
da vida cotidiana onde uma pincelada<br />
de humor e uma pitada de drama dão voz à<br />
sabedoria, ao crime, à solidão, ao amor, à falta<br />
de amor... e à morte.