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Revista Palavra 2012 - Sesc

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mesmo projeto de folders e catálogos para empre-<br />

sas. Ilustrações que se assemelham a padrões têx-<br />

teis ou papel de parede para quarto de crianças.<br />

Uma forma de arte rupestre, sem a magia desta,<br />

embora a maior influência seja oriunda das artes<br />

plásticas exibidas em galerias, ou em revistas especializadas.<br />

Essa transferência de uma pintura, ou<br />

objeto de arte que se autojustifica, egotista em suas<br />

subjetividades, que renuncia as questões de forma<br />

e fundo, que vulgariza a representação figurativa,<br />

enfim, são hieróglifos pictóricos que resultam estranhos<br />

em uma ilustração, e, principalmente, no olhar<br />

de uma criança. São textos muitas vezes escritos<br />

realmente para crianças e adolescentes, mas suas<br />

imagens são supostamente para adultos, ou para os<br />

exegetas de literatura e imagens narrativas.<br />

Esse alinhamento automático citado anteriormente<br />

em geral cria conceitos polarizados e estigmatizados.<br />

Em uma margem, a ilustração “renascentista” ou<br />

“clássica”; em outro polo, no olimpo da modernidade,<br />

a ilustração contemporânea. Quase sempre uma<br />

transferência, um enxerto, do que está sendo aceito<br />

no momento como contemporâneo em artes plásticas.<br />

Chapeuzinho Vermelho (SANDRONI, L. e OLIVEIRA, R., 2002)<br />

A obra de um artista meteórico como Basquiat<br />

(1960-1988) exerce, sem dúvida, grande<br />

influência na ilustração de livros para crianças.<br />

Aqui no Brasil, inclusive. É um fenômeno clássico<br />

desta transferência de códigos de linguagens.<br />

Aquilo que resulta – de uma forma aceita<br />

pelas galerias – como imagem contemporânea<br />

não necessariamente será contemporâneo, ou<br />

principalmente adequado ao universo da ilustração<br />

para crianças e jovens. Acrescente-se ainda a<br />

este fenômeno a frequente referência como sendo<br />

uma ilustração, mas que, na verdade, pertence<br />

ao gênero do cartum, caricatura e quadrinhos.<br />

Essa questão significativa de conceituação do que<br />

seja ilustração, e os gêneros há pouco citados,<br />

infelizmente foge ao escopo deste estudo. Estamos<br />

apenas refletindo sobre os ruídos importados da<br />

pintura e do design.<br />

Esses distanciamentos – eu diria até: excessiva or-<br />

denação, pureza linear e pictórica de artistas que<br />

ilustram livros como se fossem projetos de comunicação<br />

visual, imersos em uma postura quase sacerdotal<br />

do design – acrescidos do uso indiscriminado<br />

Julho <strong>2012</strong> REVISTA PALAVRA • quarenta e três<br />

Imagem: Editora Cia. das Letrinhas

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