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Revista Palavra 2012 - Sesc

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ARTIGO<br />

ILUSTRAÇÃO E PINTURA:<br />

OS ETERNOS CONFLITOS DA<br />

VIZINHANÇA E DA DISTÂNCIA<br />

CONCEITOS DE PINTURA E ILUSTRAÇÃO<br />

Temos uma vasta bibliografia sobre a análise crítica<br />

da pintura, da escultura e da arquitetura, mas somos<br />

muito carentes no campo da imagem impressa.<br />

Os propósitos estéticos da imagem reproduzida em<br />

série possuem seus questionamentos. Ela requer –<br />

sem dúvida – um método de abordagem diferenciado,<br />

no entanto, é difícil ignorar o longo trajeto das<br />

reflexões sobre as artes plásticas, especialmente<br />

sobre pintura.<br />

Em outras palavras, é impossível estudar a lin-<br />

guagem da ilustração de livros, que é o gênero de<br />

ilustração enfocado neste texto, sem fazer alusão<br />

à pintura e às suas sutis diferenças e semelhanças<br />

com a ilustração. A ilustração não é uma simplificação<br />

do erudito, tampouco é um kitsch da<br />

pintura – sem mencionar seu destino de imagem<br />

reproduzida, quase sempre em contradição e infiel<br />

ao que o ilustrador criou. O fato de o ilustrador<br />

utilizar comumente em seu trabalho o mesmo instrumental<br />

técnico e até o mesmo suporte de um<br />

pintor – aquarela, óleo, acrílico, guache e tela – faz<br />

com que seus aspectos configuracionais assemelhem-se<br />

a um pintor. No entanto, conceitualmente<br />

Rui de Oliveira<br />

existem diferenças fundamentais entre a ilustração<br />

e a pintura.<br />

AS DIFERENÇAS<br />

1 - A ilustração está sempre atrelada a um texto literário,<br />

excetuando os livros de imagens. Ao primeiro<br />

olhar, isso se assombra como um obstáculo que<br />

parece conspirar contra a liberdade e autoexpressão<br />

do ilustrador. Esta é a primeira diferença básica. A<br />

pintura pode estar ou não referenciada ao texto literário.<br />

Em alguns momentos, a pintura foi profundamente<br />

literária. Apenas citando um exemplo, é o<br />

caso dos pintores pré-rafaelitas, do final do século<br />

XIX. Muitos, inclusive, eram escritores e ilustradores,<br />

como Dante Gabriel Rossetti (1828-1882).<br />

Mesmo assim, apesar dessa condicionalidade à pa-<br />

lavra, a ilustração pode e deve assumir um cará-<br />

ter de transcendência do texto, o que não significa<br />

transgressão. Portanto, o critério único de avaliação,<br />

baseado na adequação à palavra, não explica toda a<br />

extensão da arte de ilustrar. Onde termina a palavra<br />

começa a arte da ilustração. Ela jamais é uma paráfrase<br />

do texto, tampouco espelho, ela é, na verdade,<br />

um prisma do texto. Ilustrar será sempre a arte de<br />

sugerir narrativas.

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