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Revista Palavra 2012 - Sesc

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escola é um espaço necessário para instrumentalizar<br />

o sujeito e facilitar seu ingresso no trabalho. Mas pelo<br />

avanço das ciências humanas compreende-se como<br />

inerente a homens e mulheres a necessidade de manifestar<br />

e dar corpo às suas capacidades inventivas.”<br />

O escritor considerava que a escola tinha o papel<br />

fundamental não apenas de informar, mas também<br />

de oferecer ao aluno a possibilidade da invenção,<br />

da fantasia. E isso somente a leitura literária seria<br />

capaz de fomentar. Ele, que se definia como<br />

arte-educador, queria estender a todo o país o direito<br />

à leitura literária.<br />

No documentário A palavra conta, de Duto Sperry,<br />

lançado um ano depois do manifesto, na 8ª Flip, na<br />

Casa de Cultura de Paraty, é a fala de Bartolomeu<br />

que vai ali costurando os demais depoimentos:<br />

“É preciso que a educação, paralelamente ao livro<br />

O mundo é um grande livro<br />

sem texto e o trabalho do homem<br />

é legendar o mundo. Estamos aqui<br />

para legendar o mundo.<br />

Bartolomeu Campos de Queirós, no documentário<br />

A palavra conta, de Duto Sperry.<br />

didático, dê também o livro literário, livro que tenha<br />

fantasia, porque a literatura é feita de fantasia. A<br />

literatura não tem preconceito com nada. Tudo que<br />

penso, posso escrever. A fantasia não me pergunta<br />

se isso é real ou não. Tudo que quero é possível.”<br />

A EXPERIÊNCIA NO PROLER<br />

Amigos próximos ao escritor contam que seu entusiasmo<br />

pela mobilização de leitores Brasil afora já estava<br />

bastante evidente quando trabalhou no Programa<br />

Nacional de Incentivo à Leitura (Proler), vinculado à<br />

Fundação Biblioteca Nacional, na década de 1990.<br />

vinte e dois • julho <strong>2012</strong> REVISTA PALAVRA<br />

Cantadores, violeiros, contadores de história, professores,<br />

tomaram parte no programa, com o objetivo de<br />

levar o incentivo à leitura, das mais diversas formas,<br />

a centenas de municípios no Brasil.<br />

Durante quatro anos, Bartolomeu Campos de<br />

Queirós atuou no Proler, que chegou, na época,<br />

a se espalhar por cerca de 600 municípios<br />

em todas as regiões do país. O primeiro município<br />

visitado foi Vitória da Conquista, no interior<br />

da Bahia, terra do compositor Elomar Figueira de<br />

Mello, um dos convidados a colaborar. Ainda em<br />

sua caminhada pelo Nordeste, o Proler contou<br />

também com a participação de Ariano Suassuna.<br />

Depois de sua saída do programa, Bartolomeu<br />

Campos de Queirós procurou encontrar meios com<br />

os quais pudesse continuar a lidar com a promoção<br />

da leitura literária. Por volta de 2002, retomou contato<br />

com pessoas com as quais convivera em sua<br />

experiência no Proler. Começava a nascer a semente<br />

do Movimento por um Brasil Literário.<br />

Apesar de ter presidido a Fundação Clóvis Salgado,<br />

vinculada à Secretaria de Cultura do Estado de<br />

Minas Gerais, e de ter, no mesmo estado, integrado o<br />

Conselho Estadual de Cultura, tinha uma visão clara<br />

de que a difusão da leitura deveria ser feita, também,<br />

pela sociedade civil. Era o que movia sua vontade<br />

em articular um movimento que pudesse permear<br />

as mais diversas camadas sociais em prol da leitura<br />

e, principalmente, na divulgação dos livros de literatura,<br />

sempre convidando à imaginação, à fantasia.<br />

Pensava em um movimento que pudesse ser de todos<br />

e para todos.<br />

A ARTICULAÇÃO SE INICIA<br />

Em 2008, os anseios de Bartolomeu Campos de<br />

Queirós em continuar a caminhada pela promoção<br />

dos livros de literatura acabaram encontrando<br />

alento em um encontro definitivo para a criação do<br />

Movimento por um Brasil Literário. Áurea de Alencar<br />

era, na época, gerente de Educação, Arte e Cultura

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