Revista Palavra 2012 - Sesc
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A literatura como atividade política<br />
Na Cátedra Unesco de Leitura, sediada na Pontifícia<br />
Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), há<br />
uma vitrine que se chama Sítio de Leitura, na qual, a<br />
cada mês, ficam expostos autores que fazem parte do<br />
acervo da instituição. No mês de março, Bartolomeu<br />
Campos de Queirós era o autor escolhido, com livros<br />
como Indez, Ciganos e Minerações. Este último estava<br />
acompanhado de um cartão com palavras do escritor<br />
que diziam: “Eliana, fiquei feliz em sabê-la frente ao<br />
projeto de livros. Agora lhe mando Minerações, para<br />
lhe dizer que estou com saudade sua.” A dedicatória<br />
era para a professora Eliana Yunes, coordenadora<br />
da Cátedra Unesco e grande batalhadora pela leitura<br />
literária. Os dois conviveram durante longos anos e<br />
trocaram muitas ideias a respeito da mobilização para<br />
a leitura e a difusão do livro, incluindo a experiência<br />
de ambos no Proler, da Biblioteca Nacional. Um mês<br />
antes de morrer, Bartolomeu esteve na Cátedra e foi<br />
entrevistado pela própria Eliana para um vídeo que<br />
hoje está disponível na TV Cátedra, na internet, no endereço<br />
www.catedra.puc-rio.br.<br />
Nessa entrevista, ele explica como se descobriu<br />
escritor e também define o que é para ele o texto<br />
literário: “Se eu pensar em escrever para uma criança<br />
ou um jovem ou qualquer destinatário, o texto<br />
deixa de ser literário, pode ser talvez um texto<br />
panfletário.” E mais adiante afirma: “A literatura<br />
acontece quando escritor e leitor se encontram em<br />
uma obra que nunca será editada. O escritor tem<br />
que encontrar o leitor para se dizer e os dois juntos<br />
elaboram uma obra que não vamos nunca saber<br />
como é. Esta é a função da literatura.”<br />
A respeito do Movimento por um Brasil Literário,<br />
ele narra sobre a distribuição do documentário<br />
A palavra conta às secretarias municipais de<br />
Educação e de Cultura, e também de uma parceria<br />
com o governo de Minas Gerais, que teria colocado<br />
à disposição as contas de luz da Cemig (distribuidora<br />
de energia elétrica naquele estado) para textos<br />
literários que pudessem chegar às casas dos consumidores/leitores.<br />
Eis aí um exemplo da atuação<br />
desse articulador, que considerava a literatura uma<br />
atividade política. Quem sabe, suas ideias possam<br />
frutificar por muito tempo na difusão de ações pela<br />
promoção da leitura, como o Movimento por um<br />
Brasil Literário.<br />
Julho <strong>2012</strong> REVISTA PALAVRA • vinte e um<br />
Foto: Zé Gabriel/MBL.