Revista Palavra 2012 - Sesc
Revista Palavra 2012 - Sesc
Revista Palavra 2012 - Sesc
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
A escritora Ana Letícia Leal, que estreou na literatura<br />
juvenil em 2006 com Meninas inventadas e<br />
já publicou mais duas obras, também vê a compra<br />
de livros escolares pelo Governo como um fator limitador.<br />
“É a melhor e a pior coisa. A melhor, porque<br />
estimula a produção e dá muito dinheiro para<br />
quem consegue chegar lá. A pior porque enquadra<br />
a produção em alguns parâmetros, desencorajando<br />
editores de publicarem o que o PNBE (Programa<br />
Nacional Biblioteca da Escola, desenvolvido desde<br />
1997) não vai querer”, afirma.<br />
Apesar de a literatura infantojuvenil brasileira ainda<br />
estar longe do mundo ideal de quem sonha em viver<br />
da escrita, a tendência é ela continuar crescendo.<br />
Hoje existe uma preocupação com a<br />
formação dos chamados mediadores<br />
de leitura, figuras fundamentais na<br />
construção do leitor.<br />
Há uma série de projetos preocupados em investir<br />
na formação de leitores e mediadores de leitura, visando<br />
a desenvolver o gosto dos pequenos pelos livros.<br />
Um exemplo é o programa Agentes de Leitura,<br />
do Ministério da Cultura, em parceria com governos<br />
estaduais e municipais, que vem formando jovens<br />
com o intuito de desenvolver o hábito de ler em<br />
comunidades carentes. Com um livro embaixo do<br />
braço, lá vão eles bater na casa das famílias cadastradas<br />
no projeto, reunindo todos os integrantes em<br />
torno de histórias. O programa começou em 2005 e<br />
vem se espalhando pouco a pouco pelo país. A intenção<br />
é formar quatro mil agentes. “Há muito mais<br />
doze • julho <strong>2012</strong> REVISTA PALAVRA<br />
políticas de incentivo à leitura do que décadas atrás.<br />
Hoje existe uma preocupação com a formação dos<br />
chamados mediadores de leitura, figuras fundamentais<br />
na construção do leitor. E a formação de bibliotecas<br />
públicas”, afirma Rosa, lembrando a própria<br />
história. Graças a acervos públicos, ela conseguiu<br />
ler todos os livros que sua ansiedade de leitora pedia,<br />
mas seu dinheiro não permitia comprar.<br />
A Cátedra Unesco de Leitura, um centro especia-<br />
lizado em pesquisa, ensino e extensão sobre leitura<br />
e formação do leitor vinculada à Pontifícia<br />
Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio),<br />
vem contribuindo para isso. Criou uma biblioteca<br />
especializada em livros sobre leitura e literatura<br />
infantojuvenis. São 20 mil exemplares disponíveis<br />
para consulta, que pertenciam ao acervo da professora<br />
Eliana Yunes, uma especialista no tema.<br />
As mudanças no panorama vêm fazendo alguns<br />
pesquisadores, editores e autores repensarem os limites<br />
que definem o que é literatura infantojuvenil.<br />
“O mercado assume que a literatura juvenil é centrada<br />
basicamente em termos de quantidade de texto.<br />
Se for romance ou novela, logo é classificado como<br />
juvenil, enquanto os livros ilustrados são geralmente<br />
associados ao universo infantil. Porém, quando nos<br />
aprofundamos nas obras, vemos que essas classificações<br />
são falhas e carecem de depuração”, afirma<br />
Isabel Coelho, editora da Cosac Naify. Ela também<br />
defende que de nada adiantaria incluir rótulos de<br />
acordo com a faixa etária do leitor. “Estamos em<br />
uma era ainda difícil de ser compreendida, pois a<br />
informática avança, os limites entre os suportes ficam<br />
cada vez mais tênues. Tenho a sensação de que<br />
o público de crianças e jovens busca informação. E