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Revista Palavra 2012 - Sesc

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gosto do jovem prevalecendo e o livro como um item<br />

de entretenimento importante”, opina a editora e pesquisadora<br />

Luciana Figueiredo, da Cátedra Unesco de<br />

Leitura, apontando a autora Thalita Rebouças e sua<br />

série de livros “Fala sério”, voltados para o público<br />

adolescente, como um desses exemplos.<br />

A pesquisadora Luciana Figueiredo, que acredita<br />

haver realmente uma mudança no perfil do escritor,<br />

resultado de uma transformação presente na própria<br />

sociedade, afirma: “Esse é um fenômeno geral; com<br />

a literatura não é diferente. A sociedade está mudando.<br />

As redes sociais têm mudado o comportamento<br />

das pessoas. O autor precisa estar antenado<br />

e quem quer falar com o público tem que estar nas<br />

redes sociais e estimular esse contato.”<br />

Para a escritora Rosa Amanda Strausz, a divul-<br />

gação que escritores como Thalita Rebouças vêm<br />

desenvolvendo junto ao público é importante para<br />

superar dois dos principais problemas do autor nacional:<br />

conseguir investimento das editoras e lugar<br />

de destaque nas livrarias, embora a obra ainda não<br />

seja consagrada. “São raríssimos os brasileiros que<br />

chegam a fazer sucesso espontâneo. Um exemplo é<br />

a Thalita Rebouças, que hoje tem um bom trabalho<br />

de marketing por parte da editora. Mas ela só começou<br />

a ter esse investimento depois que vendeu, sem<br />

folheto, sem propaganda, sem espaço comprado na<br />

livraria, sem nada, na cara limpa, alguns milhares<br />

de exemplares”, afirma.<br />

Observando a questão do ponto de vista de quem<br />

escreve, a autora, vencedora do prêmio Jabuti em<br />

1991, com quatorze livros dedicados ao público infantojuvenil,<br />

não traça um panorama tão otimista<br />

para a literatura atual. Apesar de concordar com<br />

o fato de haver maior profissionalização do setor,<br />

Rosa ainda destaca uma série de problemas, grandes<br />

obstáculos que afetam, principalmente, quem<br />

está começando. “Para receber algum investimento<br />

por parte da editora, o autor precisa provar que seus<br />

Além das compras feitas pelo<br />

Governo, séries estrangeiras como<br />

Harry Potter, que chegou às livrarias<br />

nacionais em 2000, estimularam<br />

adolescentes a devorarem livros e<br />

procurarem publicações com o<br />

mesmo clima aventureiro<br />

do bruxinho inglês.<br />

livros vendem. E, até chegar lá, há um bocado de<br />

ralação, de trabalho duro. As editoras arriscam muito<br />

pouco naquilo que não conhecem”, lamenta.<br />

Rosa também vê a aquisição de livros pelas escolas<br />

públicas com ressalvas, pois, embora esta tenha<br />

ajudado a profissionalizar o setor, limitou o destino<br />

de algumas obras. Para exemplificar a questão,<br />

cita um de seus livros, Uólace e João Victor, que<br />

chegou à televisão e virou um dos episódios da série<br />

“Cidade dos Homens”. “Sabe como meu livro<br />

se transformou em um dos episódios? A Benedita,<br />

filha da atriz Regina Casé, leu por recomendação<br />

da escola e o apresentou à mãe. Até aquele momento,<br />

a editora não achava que aquele fosse um<br />

livro para livraria – só para uso escolar”, reclama.<br />

Julho <strong>2012</strong> REVISTA PALAVRA • onze

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