ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA EFEITOS ... - Unicid
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<strong>ODONTOLOGIA</strong><br />
<strong>MESTRADO</strong> <strong>EM</strong> <strong>ORTODONTIA</strong><br />
<strong>EFEITOS</strong> DA CONSISTÊNCIA DA DIETA SOBRE O CRESCIMENTO<br />
MANDIBULAR <strong>EM</strong> RATOS: ANÁLISE HISTOMORFOMÉTRICA<br />
FERNANDA DA SILVA GUERREIRO<br />
São Paulo<br />
2009
<strong>ODONTOLOGIA</strong><br />
<strong>MESTRADO</strong> <strong>EM</strong> <strong>ORTODONTIA</strong><br />
<strong>EFEITOS</strong> DA CONSISTÊNCIA DA DIETA SOBRE O CRESCIMENTO<br />
MANDIBULAR <strong>EM</strong> RATOS: ANÁLISE HISTOMORFOMÉTRICA<br />
FERNANDA DA SILVA GUERREIRO<br />
Dissertação apresentada à Universidade<br />
Cidade de São Paulo – UNICID, para<br />
obtenção do título de Mestre em Ortodontia.<br />
Orientadora: Profa. Dra. Rívea Inês Ferreira<br />
São Paulo<br />
2009
Ficha elaborada pela Biblioteca Prof. Lúcio de Souza. UNICID<br />
G934e<br />
Guerreiro, Fernanda da Silva.<br />
Efeitos da consistência da dieta sobre o<br />
crescimento mandibular em ratos: análise<br />
histomorfométrica / Fernanda da Silva<br />
Guerreiro --- São Paulo, 2009.<br />
78 p.; anexos.<br />
Bibliografia<br />
Dissertação (Mestrado) - Universidade<br />
Cidade de São Paulo. Orientadora Profª.<br />
Dra. Rívea Inês Ferreira. Co-Oreintador<br />
Prof. Dr. Péricles Diniz<br />
1. Hábitos alimentares. 2. Mandíbula. 3.<br />
Desenvolvimento ósseo. 4. Remodelação<br />
óssea. I. Ferreira, Rívea Inês. II. Titulo.<br />
Black 4
FOLHA DE APROVAÇÃO<br />
Guerreiro FS. Efeitos da consistência da dieta sobre o crescimento mandibular<br />
em ratos: Análise histomorfométrica. [Dissertação] São Paulo: Universidade<br />
Cidade de São Paulo, 2009.<br />
São Paulo, ____/____/_____<br />
BANCA EXAMINADORA<br />
1)............................................................................................................................<br />
Julgamento: .......................................................Assinatura:.................................<br />
2)............................................................................................................................<br />
Julgamento: .......................................................Assinatura:.................................<br />
3)............................................................................................................................<br />
Julgamento: .......................................................Assinatura:.................................<br />
Resultado: .............................................................................................................
DEDICATÓRIA<br />
Dedico esta minha conquista aos meus pais, Carlos Alberto e Regina, pela<br />
orientação e determinação demonstradas ao longo da minha vida.<br />
Ao meu esposo Filipe por ser o meu maior incentivador, me apoiando e<br />
aconselhando sempre.<br />
A todos os meus colegas de trabalho e colaboradores pela compreensão e<br />
pela organização da minha vida profissional, possibilitando mais esta<br />
conquista.<br />
A minha sobrinha Maria Luiza por ter iluminado e alegrado ainda mais o meu<br />
caminho.
Primeiramente a Deus, nossa fonte de inspiração e fé.<br />
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS<br />
Agradeço à minha orientadora, Prof a Dr a Rívea Inês Ferreira pela dedicação,<br />
atenção e experiência transmitida que muito contribuiu para esta<br />
dissertação e também para minha vida acadêmica.<br />
Sou imensamente grata ao meu Co-orientador e amigo Prof. Dr. Péricles<br />
Diniz pela ideia inicial, incentivo, paciência nos momentos difíceis,<br />
orientação e insistência na perfeição mesmo quando sabíamos que era<br />
impossível alcançá-la.<br />
Serei Grata também a Profa. Dra. Sandra Regina Paulon Avancini e ao Prof.<br />
Dr. Eduardo Cargnim Ferreira pela valiosa contribuição a pesquisa e por<br />
disponibilizar tempo e imenso conhecimento que foi de grande valia para a<br />
formação desta dissertação.<br />
A estagiária Lauren Bohrer pela disponibilidade em aprender e a ajudar no<br />
que foi preciso, Muito Obrigada!<br />
Agradeço também aos professores: Flávio Vellini Ferreira, Flávio Augusto<br />
Cotrim-Ferreira, Karyna Martins do Valle-Corotti, Ana Carla Raphaelli<br />
Nahás, Daniela Gamba Garib Carreira, Hélio Scavone Junior que me
acompanharam e orientaram todo o percurso e agradeço em especial ao<br />
Prof. Dr. Paulo Eduardo Guedes Carvalho por suas valiosas orientações.<br />
Aos meus colegas do mestrado: Ana Maria, Patrícia, Tatiana, Elizângela,<br />
Mariana, Bárbara, Sérgio, Luiza, Alessandro, Lawrence, Rui, Hassan, Khaled<br />
e Gustavo pela amizade e companheirismo durante este período de<br />
aprendizado.
Guerreiro FS. Efeitos da consistência da dieta sobre o crescimento mandibular<br />
em ratos: Análise histomorfométrica. [Dissertação] São Paulo: Universidade<br />
Cidade de São Paulo, 2009.<br />
RESUMO<br />
Este estudo teve como finalidade investigar a associação entre hipofunção<br />
mastigatória e padrão de crescimento e estrutura óssea interna da mandíbula.<br />
A amostra foi composta de 24 ratos Wistar (Albinus norvegicus) machos com<br />
21 dias de idade. Os animais foram divididos aleatoriamente em dois grupos<br />
(12 ratos por grupo), de acordo com a consistência da dieta: sólida (Grupo<br />
Controle - GC) ou em pó (Grupo Experimental - GE). Após 50 dias do<br />
experimento, os animais foram submetidos à eutanásia e suas mandíbulas,<br />
removidas, separadas em duas metades e processadas para análise<br />
histomorfométrica. Um examinador qualificado procedeu às avaliações por<br />
duas vezes. Foram avaliados: o crescimento mandibular por meio de<br />
mensurações lineares e angulares executadas em fotografias, a densidade<br />
óssea, estimada na região do ramo mandibular, com base em uma escala de<br />
densidade em alumínio registrada nas radiografias digitais obtidas das<br />
hemimandíbulas esquerdas e a área de tecido ósseo cortical e trabecular na<br />
região de segundo molar do lado esquerdo em cortes seriados de 5 µm,<br />
corados por tricrômico de Cason. As medidas relativas aos dois grupos foram<br />
comparadas pelo teste Mann-Whitney (α = 0,05). Os resultados mostraram que<br />
a consistência da dieta mais macia promoveu mandíbulas com dimensões
macroscópicas menores, apresentando ramo mandibular mais curto e<br />
comprimento do corpo mandibular menor. Houve influência da consistência da<br />
dieta sobre a curvatura da base da mandíbula, em que as médias da medida<br />
de profundidade foram significativamente maiores no GC. Observou-se<br />
decréscimo da densidade mineral relativa no ramo mandibular, em que a média<br />
do GC foi de 1,25 densidade equivalente (d.p. = 0,07) e do GE, 1,04 (d.p. =<br />
0,04), a diferença foi de 0,21, e menor área de osso trabecular e cortical na<br />
área de osso basal da região de molar, em que o GC apresentou média igual a<br />
3,16 mm² (d.p. = 0,21 mm²) e o GE, 2,36 mm² (d.p. = 0,16 mm²), a diferença<br />
foi de 0,8 mm². Conclui-se que a hipofunção mastigatória, induzida pela dieta<br />
em pó, poderia ser associada a dimensões macroscópicas, medidas de<br />
densidade óssea mineral e área de osso cortical e trabecular basal<br />
significativamente reduzidas em mandíbulas de ratos.<br />
Palavras-chave: Hábitos alimentares; Mandíbula; Desenvolvimento ósseo;<br />
Remodelação óssea.
Guerreiro FS. Effects of diet consistency on the mandibular growth in rats:<br />
Histomorphometric analysis. [Dissertação] São Paulo: Universidade Cidade de<br />
São Paulo, 2009.<br />
ABSTRACT<br />
The purpose of this study was to investigate the association between<br />
masticatory hypofunction and the growth pattern and internal bone structure of<br />
the mandible. The sample was composed of 24 male Wistar rats (Albinus<br />
norvegicus) 21 days old. The animals were randomly divided into two groups<br />
(12 rats per group), according to the consistency of the diet: solid (Control<br />
Group - GC) or powdered (Experimental Group - GE). After 50 days of the<br />
experiment, the animals were submitted to euthanasia and their mandibles were<br />
removed, separated into two halves and processed for histomorphometric<br />
analysis. A qualified examiner performed the evaluations twice. The following<br />
characteristics were assessed: mandibular growth by means of linear and<br />
angular measurements taken from photographs, bone density, estimated in the<br />
mandibular ramus region, based on an aluminum stepwedge recorded on the<br />
digital radiographs obtained from the left hemimandibles and the area of the<br />
cortical and trabecular bone tissue in the region of the second molar on the left<br />
side, in 5 µm-thick serial cuts, stained with Cason’s trichrome. The means with<br />
reference to the two groups were compared by the Mann-Whitney test (α =<br />
0.05). The results showed that the consistency of the softer diet promoted<br />
mandibles with smaller macroscopic dimensions, presenting a shorter
mandibular ramus and shorter length of the mandibular body. The consistency<br />
of the diet had an influence on the curvature at the base of the mandible, in<br />
which the means of the depth measurement were significantly higher in GC. A<br />
decrease in relative mineral density was observed in the mandibular ramus, in<br />
which the mean value of equivalent density for GC was 1.25 (s.d. = 0.07) and<br />
for GE, 1.04 (s.d. = 0.04), the difference was 0.21, and a smaller trabecular and<br />
cortical bone area in the basal bone area of the molar region, in which GC<br />
presented a mean equal to 3.16 mm² (s.d. = 0.21 mm²) and GE, 2.36 mm²<br />
(s.d. = 0.16 mm²); the difference was 0.8 mm². It was concluded that the<br />
masticatory hypofunction induced by the powdered diet could be associated<br />
with the significantly reduced macroscopic dimensions, mineral bone density<br />
means and cortical and trabecular basal bone area in rat mandibles.<br />
Key words: Food habits; Mandible; Bone development; Bone remodeling.
LISTA DE TABELAS<br />
Tabela 5.1 - Análise do erro do método para as medidas macroscópicas.<br />
Tabela 5.2 - Análise do erro do método para as medidas de densidade e área<br />
microscópicas.<br />
Tabela 5.3 – Análise comparativa dos valores médios relativos às<br />
mensurações executadas em fotografias.<br />
Tabela 5.4 – Análise comparativa dos valores médios para as mensurações<br />
de densidade radiográfica relativa e de área de tecido ósseo basal na região<br />
de molares.<br />
46<br />
47<br />
50<br />
54
LISTA DE GRÁFICOS<br />
Gráfico 5.1 – Valores médios (mm) nos grupos Controle e Experimental para<br />
as medidas mandibulares sagitais.<br />
Gráfico 5.2 – Valores médios (mm) nos grupos Controle e Experimental para<br />
as medidas mandibulares verticais.<br />
Gráfico 5.3 – Valores médios (mm) para as medidas que avaliaram as<br />
curvaturas mandibulares e o tamanho da cabeça da mandíbula nos grupos<br />
Controle e Experimental.<br />
Gráfico 5.4 – Valores médios entre os grupos controle e experimental nas<br />
medidas de densitometria do Ramo Mandibular (alumínio equivalente).<br />
Gráfico 5.5 - Valores médios entre os grupos controle e experimental nas<br />
medidas de área de osso basal (mm²) na região de segundo molar.<br />
48<br />
48<br />
49<br />
52<br />
53
LISTA DE FIGURAS<br />
Figura 2.1 - Pontos biométricos faciais: 9 – Ponto timpânico; 10- Ponto<br />
nasomaxilar; 11 - Ponto alveolar do incisivo superior; 12 - Ponto Próstio;<br />
13 - Ponto incisivo superior; 14 - Ponto cúspide mesiovestibular do<br />
primeiro molar superior.<br />
Figura 2.2 - Pontos biométricos mandibulares: 21 - Ponto incisivo inferior;<br />
22 - Ponto infradental (Id); 23 - Ponto alveolar do incisivo inferior (Iia); 24 -<br />
Ponto Mentoniano (Me); 25 - Ponto mandibular alveolar (Ma); 26 - Ponto<br />
da cúspide mesiovestibular do primeiro molar inferior; 28 - Ponto<br />
coronóide (Cr); 29 - Ponto condílio (Co); 30 - Ponto Gônio (Go); 31 - Ponto<br />
tangente goníaca (GoT).<br />
Figura 2.3 - Pontos cefalométricos mandibulares (MAKI et al., 2002).<br />
Figura 4.1 – Esquema do procedimento padrão para eutanásia de<br />
roedores (AVMA, 2001).<br />
Figura 4.2 - Pontos biométricos fotográficos.<br />
Figura 4.3 - Medidas mandibulares sagitais A.<br />
Figura 4.4 - Medidas mandibulares sagitais B.<br />
Figura 4.5 - Medidas mandibulares verticais.<br />
Figura 4.6 - Medida angular. 35<br />
Figura 4.7 – Representação da região de ramo a ser analisada para as informações<br />
de densidade do conteúdo mineral.<br />
Figura 4.8 - Representação das regiões de interesse para o estudo<br />
histológico.<br />
8<br />
9<br />
13<br />
30<br />
32<br />
33<br />
34<br />
35<br />
37<br />
39
Figura 4.9 – Representação do uso do programa PTGui Pro®. 40<br />
Figura 4.10 – Esquema do corte histológico na área de molares. 1- área<br />
de osso cortical e trabecular de interesse; 2- incisivo mandibular; 3- canal<br />
mandibular.<br />
Figura 4.11 – Demonstração do alinhamento dos pontos mais<br />
proeminentes da região lingual e a demarcação da linha que passa pelo<br />
teto do canal mandibular.<br />
Figura 4.12 – Representação da área de interesse para a mensuração da<br />
área de tecido ósseo após a região acima do canal mandibular ser<br />
excluída.<br />
Figura 4.13 – Representação da imagem pronta para a análise. As áreas<br />
de tecido não ósseo foram excluídas e foi incorporada a imagem da escala<br />
micrométrica de comprimento total de 2 mm.<br />
Figura 4.14 – Representação do uso do programa Scion Image ® para<br />
calibração da escala de 2mm.<br />
Figura 4.15 - Representação da seleção da região de interesse para a<br />
mensuração de área através do programa Scion Image ® .<br />
Figura 5.1 – Fotografias originais mostrando as diferenças macroscópicas<br />
(em amarelo) que o olho humano detecta nas medidas de Altura do Ramo<br />
I e II e Comprimento do Corpo Mandibular.<br />
Figura 5.2 - Exemplo de cortes histológicos já preparados para análise de<br />
mensuração de área que mostram a nítida diferença de tamanho entre os<br />
grupos Controle e Experimental.<br />
40<br />
41<br />
41<br />
42<br />
42<br />
43<br />
51<br />
55
SUMÁRIO<br />
1 INTRODUÇÃO 1<br />
2 REVISÃO DE LITERATURA 5<br />
3 PROPOSIÇÃO 25<br />
4 MATERIAL E MÉTODOS 27<br />
4.1 SELEÇÃO DA AMOSTRA 28<br />
4.2 PROTOCOLOS 29<br />
4.2.1 Protocolo para eutanásia 29<br />
4.2.2 Protocolo para remoção das mandíbulas 30<br />
4.2.3 Protocolo para o estudo morfométrico da mandíbula 31<br />
4.2.3.1 Pontos biométricos mandibulares 32<br />
4.2.3.2 Medidas mandibulares lineares 33<br />
4.2.4 Protocolo para o estudo da densitometria óssea 36<br />
4.2.5 Protocolos para estudo da quantidade de osso cortical e osso<br />
trabecular na região de molar<br />
4.3 TRATAMENTO ESTATÍSTICO 44<br />
4.3.1 Análise do Erro do Método 44<br />
4.3.2 Avaliação Comparativa 44<br />
5 RESULTADOS 45<br />
5.1 ERRO DO MÉTODO 46<br />
5.2 AVALIAÇÃO COMPARATIVA ENTRE OS GRUPOS CONTROLE E<br />
EXPERIMENTAL<br />
6 DISCUSSÃO 56<br />
6.1 RELEVÂNCIA CIENTÍFICA 57<br />
6.2 AVALIAÇÃO COMPARATIVA DO ESTUDO MORFOMÉTRICO 59<br />
6.3 ANÁLISE DA DENSIDADE ÓSSEA RELATIVA NO RAMO<br />
MANDIBULAR E ÁREA MÉDIA NA REGIÃO DE SEGUNDOS MOLARES<br />
37<br />
48<br />
61
6.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />
7 CONCLUSÕES 67<br />
REFERÊNCIAS 69<br />
ANEXO 75<br />
63
1 INTRODUÇÃO
1 INTRODUÇÃO<br />
Evidências antropológicas têm mostrado que a maloclusão é um<br />
fenômeno relativamente recente. Hábitos de dieta modernos, caracterizados<br />
pelo consumo de alimentos processados e mais macios, que acompanharam a<br />
industrialização, podem contribuir para diminuição da harmonia oclusal e o<br />
concomitante aumento das dismorfias craniofaciais (ABED et al., 2007; HE;<br />
KILIARIDIS, 2003). As alterações dentoesqueléticas são deformantes quando<br />
de intensidade moderada a severa, trazendo problemas de ordem funcional<br />
(comprometimento da fonação, respiração e mastigação) e estética aos<br />
pacientes. Estas maloclusões esqueléticas são de difícil tratamento e, quando<br />
severas, geralmente necessitam de correção por meio de tratamento<br />
combinado orto-cirúrgico (PRECIOUS; DUGUET, 1995).<br />
O estímulo funcional fornecido pelo processo de mastigação<br />
vigoroso de alimentos mais duros ou fibrosos parece ser indispensável ao<br />
crescimento mandibular normal (MAKI et al., 2002; MAVROPOULOS et al.,<br />
2004). Alguns estudo têm mostrado que dietas pastosas e/ou líquidas podem<br />
retardar ou inibir o desenvolvimento dos músculos mastigatórios e o<br />
crescimento mandibular, devido a uma redução na demanda funcional<br />
(KANTOMAA et al., 1994; KILIARIDIS, 1986; KITAGAWA et al., 2004;<br />
KUBOYAMA; MORIYA, 1995; LANGENBACH et al., 2004; PANCHERZ, 1980).<br />
Este fato poderia ser explicado pela teoria da matriz funcional, que sugere que<br />
o crescimento craniofacial é resultado da ação de elementos epigenéticos<br />
sobre os ossos faciais (MOSS; SALENTIJN, 1969a). Segundo esta teoria, o<br />
complexo craniofacial é formado por componentes funcionais (tecidos moles e<br />
esqueléticos associados), que executam funções específicas como a
mastigação e a respiração. Cada componente craniano funcional é composto<br />
por uma matriz funcional e uma unidade esquelética que a suporta e/ou<br />
protege. Assim, toda alteração de posição espacial, tamanho ou forma da<br />
unidade esquelética é secundária a uma modificação primária ocorrida na<br />
matriz funcional. Existem dois tipos de matrizes funcionais: as periostais e as<br />
capsulares. As matrizes periostais seriam os músculos, vasos sanguíneos,<br />
nervos ou glândulas, enquanto que as capsulares seriam as cavidades<br />
neurocraniana e oronasal. A teoria ainda propõe que os ossos do complexo<br />
craniofacial cresceriam em resposta a maiores exigências impostas por suas<br />
matrizes funcionais.<br />
Embora existam evidências clínicas e científicas que suportem essa<br />
teoria (ITO; MITANI; KIM, 1988; MCFADDEN; MCFADDEN; PRECIOUS, 1986;<br />
ULGEN et al., 1997), não está claro como acontece a transdução do estímulo<br />
das matrizes funcionais para o tecido ósseo. Algumas teorias tentam explicar o<br />
fenômeno da mecanotransdução, em que um estímulo físico é convertido em<br />
um estímulo biológico, desencadeando uma resposta adaptativa dos tecidos<br />
(TURNER; PAVALKO, 1998). Quando o tecido ósseo é submetido a cargas<br />
mecânicas, surgem áreas de tensão e compressão no osso, que provocam um<br />
deslocamento do fluido tissular através da rede lacunocanalicular da matriz<br />
óssea (BURGER; KLEIN-NULEN, 1999; KNOTHE TATE; KNOTHE, 2000;<br />
KNOTHE TATE; KNOTHE; NIEDERER, 1998; KNOTHE TATE; NIEDERER;<br />
KNOTHE, 1998; KNOTHE TATE et al., 2000). Acredita-se que este fluxo de<br />
fluido tissular seja responsável por estimular os osteócitos, constituindo-se no<br />
primeiro passo do processo de mecanotransdução. As áreas do tecido ósseo<br />
submetidas à compressão estariam associadas à deposição óssea e áreas do
tecido ósseo submetidas à tensão estariam associadas à reabsorção óssea. A<br />
estimulação dos osteócitos pelo fluxo de fluido tissular produziria mediadores<br />
químicos como as prostaglandinas (WESTBROEK et al., 2000), óxido nítrico<br />
(BAKKER et al., 2002) e AMPcíclico (NOMURA; TAKANO-YAMAMOTO, 2000),<br />
que coordenariam a ação de osteoblastos e osteoclastos.<br />
O crescimento horizontal da mandíbula e alongamento do corpo<br />
mandibular estão associados com o deslizamento antero-posterior do ramo<br />
mandibular. Segundo Graber (1966) e Petrovic (1972), o processo mastigatório<br />
forneceria o estímulo funcional para o crescimento mandibular, pois durante a<br />
mastigação são produzidas cargas de compressão na borda posterior do ramo<br />
mandibular e cargas de tensão na borda anterior. Esta distribuição de cargas<br />
resulta na arquitetura do ramo mandibular, onde a borda posterior é côncava e<br />
a borda anterior é plana ou ligeiramente convexa. Assim, estímulo para<br />
deposição óssea é gerado na borda posterior, enquanto que um estímulo à<br />
reabsorção óssea é gerado na borda anterior do ramo mandibular. O estresse<br />
mecânico aplicado influencia na forma e volume dos ossos pelo mecanismo de<br />
modelação óssea.<br />
Visto que a maior demanda funcional da mandíbula está associada à<br />
mastigação e, por conseguinte, esta deve influenciar diretamente no<br />
crescimento mandibular, torna-se relevante investigar os efeitos da hipofunção<br />
mastigatória sobre o crescimento mandibular. Deste modo, o presente estudo<br />
teve por objetivo investigar os efeitos da introdução de uma dieta em pó, para<br />
induzir a hipofunção mastigatória, sobre o crescimento e desenvolvimento da<br />
mandíbula em ratos. Sobretudo, sobre os efeitos nas curvaturas da mandíbula<br />
e sobre o volume de tecido ósseo basal na região de molares.
2 REVISÃO DE LITERATURA
2 REVISÃO DE LITERATURA<br />
Com base em avaliações antropológicas e evidências experimentais,<br />
acredita-se que fatores ambientais, especialmente a consistência física dos<br />
alimentos incluídos na dieta, afetam o desenvolvimento do aparelho<br />
mastigatório. Com o objetivo de correlacionar os efeitos da consistência da<br />
dieta e o crescimento do sistema mastigatório, Beecher e Corruccini, em 1981,<br />
dividiram 90 ratos em três grupos. Grupo I: dieta sólida comercial; Grupo II:<br />
dieta pastosa e Grupo III: dieta umedecida. O experimento teve duração de<br />
quatro meses e, após a eutanásia, foram executadas medidas de comprimento<br />
maxilar e mandibular. Os resultados mostraram que o grupo da dieta sólida<br />
apresentou medidas maiores em todas as dimensões avaliadas, observando-se<br />
ossos maxilares menores em ratos que se alimentaram com dietas mais<br />
macias.<br />
Alterações de hábitos dietéticos que aconteceram durante as últimas<br />
décadas têm sido reportadas como grandes colaboradoras para a formação de<br />
ossos maxilares menores em humanos (HANIHARA et al.,1981). Em seu<br />
trabalho, Kuroe e Ito, em 1990, discutiram sobre os efeitos da função<br />
mastigatória em diferentes idades, em ratos que se alimentavam com dieta<br />
líquida, comparados aos que se alimentavam com dieta sólida (grupo controle).<br />
Cento e sessenta ratos com duas semanas de idade foram separados em dois<br />
grupos: dieta sólida e dieta líquida. Os animais foram submetidos à eutanásia<br />
com 3, 12, 20 e 60 semanas de idade e tiveram suas mandíbulas removidas<br />
cuidadosamente. Fotografias superiores e laterais foram obtidas das cabeças<br />
das mandíbulas e fotografias de uma vista inferior foram tiradas das fossas<br />
mandibulares. Os resultados mostraram que o crescimento anteroposterior e o
diâmetro lateral das cabeças das mandíbulas foram consideravelmente<br />
menores no grupo da dieta líquida. A fossa mandibular apresentou-se menor e<br />
mais elíptica na segunda semana em ambos os grupos. O diâmetro<br />
anteroposterior aumentou e tornou-se mais alongado e elíptico, na 20ª semana.<br />
Não foi observada diferença significativa na fossa mandibular entre os dois<br />
grupos após a 20ª semana. Os autores concluíram que pouco estímulo<br />
funcional da mastigação, causado por dieta líquida em ratos, tem efeitos<br />
distintos no desenvolvimento da cabeça da mandíbula e da fossa mandibular.<br />
Os efeitos foram significantes apenas na cabeça da mandíbula.<br />
Com o objetivo de investigar a influência da consistência da dieta<br />
sobre as medidas transversais do complexo craniofacial, Maltagliati, em 1994,<br />
estudou 40 ratos no período de crescimento. Os animais foram divididos em 2<br />
grupos: dieta sólida e dieta em pó. Foram realizadas radiografias das cabeças<br />
dos animais anestesiados. As medições na região transversal maxilar foram<br />
realizadas em negatoscópio por meio de um paquímetro digital calibrado. Os<br />
resultados não mostraram diferenças estatisticamente significantes para as<br />
medidas. Assim, concluiu-se que a consistência física da dieta isoladamente<br />
não afeta, de maneira relevante, o crescimento craniofacial e dos arcos<br />
dentários no sentido transversal.<br />
Ulgen et al. (1997) investigaram a influência da hipofunção<br />
mastigatória no crescimento do crânio, da maxila e da mandíbula, comparando<br />
dois grupos de 21 ratos em crescimento: um com função mastigatória normal e<br />
outro com hipofunção mastigatória induzida pelo alimento triturado e misturado<br />
com água. Para tanto, realizaram mensurações biométricas diretamente nos<br />
animais adultos. Ao final do experimento, com 90 dias, os animais tiveram suas
cabeças dissecadas. Os pontos biométricos usados nesse estudo foram<br />
baseados em pontos cefalométricos e antropométricos avaliados em estudos<br />
anteriores e estão representados nas Figuras 2.1 e 2.2. As medidas de altura<br />
da face anterior, altura facial anterior inferior, altura do ramo mandibular, altura<br />
do corpo mandibular, comprimento pré-maxilar e comprimento maxilar foram<br />
significantemente menores no grupo com hipofunção mastigatória. Esse estudo<br />
mostrou ainda que não há diferença significante entre hipofunção mastigatória<br />
e função mastigatória normal no crescimento do crânio, mas a função reduzida<br />
afeta o crescimento e o desenvolvimento do esqueleto maxilofacial.<br />
Figura 2.1 - Pontos biométricos faciais: 9 – Ponto timpânico; 10- Ponto<br />
nasomaxilar; 11 - Ponto alveolar do incisivo superior; 12 - Ponto Próstio; 13 -<br />
Ponto incisivo superior; 14 - Ponto cúspide mesiovestibular do primeiro molar<br />
superior.
Figura 2.2 - Pontos biométricos mandibulares: 21 - Ponto incisivo inferior; 22 -<br />
Ponto infradental (Id); 23 - Ponto alveolar do incisivo inferior (Iia); 24 - Ponto<br />
Mentoniano (Me); 25 - Ponto mandibular alveolar (Ma); 26 - Ponto da cúspide<br />
mesiovestibular do primeiro molar inferior; 28 - Ponto coronóide (Cr); 29 - Ponto<br />
condílio (Co); 30 - Ponto Gônio (Go); 31 - Ponto tangente goníaca (GoT).<br />
A diminuição da demanda mastigatória induzida por uma dieta<br />
líquida ou pastosa causa uma redução do crescimento dos ossos e dos<br />
músculos do complexo craniofacial. Em 1998, Liu et al., com o intuito de testar<br />
a hipótese de que uma dieta líquida diminui o desempenho motor dos músculos<br />
da mandíbula e língua, realizaram um estudo com 36 ratos Wistar machos que<br />
foram divididos em dois grupos (dieta sólida e dieta líquida) até que<br />
completassem 50 dias de idade. Foram realizadas eletromiografias dos<br />
músculos masseter, pterigóideo medial, temporal, digástrico anterior,<br />
estiloglosso e genioglosso, enquanto os animais alimentavam-se naturalmente.<br />
Os autores demonstraram que o rendimento motor dos músculos da<br />
mastigação pode ser alterado em ratos que se alimentam com dieta líquida<br />
após o desmame. Os músculos elevadores da mandíbula que se<br />
desenvolveram sem o aprendizado da mastigação, devido à dieta líquida,
apresentaram-se ineficientes quando estimulados à função mastigatória<br />
normal.<br />
Com o propósito de estudar a relação entre a consistência da dieta e<br />
o crescimento da cabeça da mandíbula e, secundariamente, o efeito da<br />
extração dentária na cartilagem da cabeça da mandíbula, Endo et al., em 1998,<br />
analisaram 36 ratos Wistar machos com 3 semanas de idade, divididos em<br />
quatro grupos: (A) dieta sólida sem extração, (B) dieta sólida com extração, (C)<br />
dieta em pó sem extração e (D) dieta em pó com extração. As extrações foram<br />
realizadas quando os animais tinham 12 semanas de idade. As cabeças das<br />
mandíbulas foram removidas com 1, 4 e 8 semanas após a extração. Os<br />
resultados mostraram que as mensurações da cabeça da mandíbula foram<br />
significantemente menores nos grupos da dieta em pó (C e D). Nos grupos em<br />
que houve extração dentária (B e D), a espessura da zona hipertrófica da<br />
cartilagem condilar foi reduzida uma semana após o procedimento. A<br />
intensidade da marcação da fibronectina diminuiu na zona proliferativa após as<br />
extrações. No grupo B o decréscimo da intensidade da reação foi observado<br />
uma semana após as extrações. Os autores concluíram que a consistência da<br />
dieta e a extração dentária, durante o crescimento, afetam a morfologia da<br />
cabeça da mandíbula e a atividade celular da cartilagem da cabeça da<br />
mandíbula.<br />
A estimulação biomecânica é importante para o crescimento normal<br />
da cartilagem secundária. Em ratos, a mudança na consistência dos alimentos,<br />
de sólida para líquida, sugere a redução das forças articulares durante a<br />
mastigação. Com o propósito de estimar a influência das alterações funcionais<br />
no tamanho da cabeça da mandíbula, Kiliaridis et al. (1999) avaliaram as
alterações de consistência na dieta em diferentes partes da cartilagem da<br />
cabeça da mandíbula de ratos em crescimento. Quarenta ratos foram divididos<br />
em dois grupos – grupo da dieta sólida e grupo da dieta pastosa. O período do<br />
experimento foi de 28 dias. Após a eutanásia, as mandíbulas de dez animais<br />
de cada grupo foram fotografadas e medidas de largura e comprimento das<br />
cabeças dessas mandíbulas foram obtidas. As cabeças das mandíbulas dos<br />
outros animais foram preparadas para o estudo histológico e foram cortadas no<br />
plano sagital. Três cortes foram selecionados: as porções lateral, central e<br />
medial da cabeça da mandíbula. As medidas de largura e comprimento foram<br />
significativamente menores no grupo que recebeu alimentação pastosa. Neste<br />
grupo, os achados histológicos mostraram que a cartilagem da cabeça da<br />
mandíbula apresentou-se mais fina na porção anterior e mais espessa na<br />
porção posterior. Os autores demonstraram que pouca função mastigatória<br />
diminui o crescimento da cabeça da mandíbula, sua altura e espessura.<br />
Ademais, sugeriram que as alterações supracitadas podem ser efeito de<br />
alterações na distribuição das forças na área temporomandibular, devido à<br />
ausência de vigorosas forças mastigatórias.<br />
A diminuição da função mastigatória induzida por alterações na<br />
consistência dos alimentos gera diferenças no tamanho do ramo mandibular,<br />
que fica menor em suas dimensões vertical e anteroposterior, com<br />
envolvimento do ângulo e da cabeça da mandíbula. Em adição, alterações na<br />
forma do osso também têm sido observadas no plano transversal. Diferenças<br />
na estrutura interna do osso mandibular, ainda não muito claras, podem ser um<br />
fator importante a se considerar. Em seu estudo experimental em ratos, Bresin,<br />
Kiliaridis e Strid (1999) demonstraram que a hipofunção mastigatória causa
uma redução na massa óssea radiográfica do processo alveolar, na cabeça da<br />
mandíbula e na borda anterior do ramo. A redução da massa óssea foi<br />
associada a uma cortical mais fina e a uma diminuição da densidade óssea. O<br />
resultado encontrado pelos autores suporta a hipótese de que essa diferença<br />
na quantidade de osso e na densidade óssea podem ser dois mecanismos<br />
para ajustar a demanda mecânica local reduzida das funções mandibulares.<br />
Aparelhos funcionais são utilizados para o tratamento de<br />
maloclusões sagitais e verticais em indivíduos em crescimento. Os efeitos<br />
dentoesqueléticos dos vários aparelhos funcionais têm sido analisados por<br />
estudos clínicos e em animais. Bresin e Kiliaridis, em 2002, com o objetivo de<br />
analisar os efeitos da função mastigatória normal e reduzida na adaptação<br />
dentoesquelética com um aparelho tipo bite block, promoveram um estudo em<br />
que 52 ratos albinos machos foram divididos em dois grupos (dieta sólida e<br />
dieta pastosa), para desenvolver diferentes capacidades funcionais dos<br />
músculos da mastigação. Após duas semanas, foram instalados em metade<br />
dos animais de cada grupo aparelhos tipo bite block e a outra metade serviu<br />
como controle. Marcadores ósseos foram injetados nos animais ao início do<br />
experimento. Radiografias laterais foram executadas nos dias 0, 14, 28 e 42 e<br />
as imagens das mandíbulas foram sobrepostas na imagem formada pelo<br />
marcador ósseo. A redução da capacidade muscular resultou num crescimento<br />
do focinho para cima e um ramo mandibular mais curto, com menos aposição<br />
óssea na borda inferior da mandíbula. Os animais com o bite block além destes<br />
efeitos tiveram ainda, inibição da erupção dos molares superiores e intrusão<br />
dos molares inferiores, entretanto, o efeito sobre os dentes foi menor no grupo<br />
da dieta pastosa. O grupo da dieta pastosa com bite block também mostrou
diferenças na aposição óssea no ramo mandibular, quando comparados ao<br />
grupo da dieta sólida com bite block. Os autores sugerem que as<br />
características funcionais dos músculos da mastigação devem ser levadas em<br />
consideração para prever a eficiência dos aparelhos ortopédicos.<br />
Maki et al., em 2002, usaram a densitometria óssea<br />
computadorizada e a análise cefalométrica para investigar os efeitos da<br />
consistência física dos alimentos na morfologia e densidade mineral da<br />
mandíbula em ratos jovens. Trinta ratos Wistar machos com 21 dias de idade<br />
foram divididos aleatoriamente em três grupos: grupo controle (dieta sólida),<br />
grupo da dieta semi-pastosa e grupo da dieta em pó. Após seis semanas, todos<br />
os animais foram submetidos à eutanásia e tiveram suas mandíbulas<br />
removidas. Foram executadas radiografias das mandíbulas para análise<br />
cefalométrica lateral, medidas macroscópicas e de micro-densitometria óssea.<br />
Dos 15 pontos selecionados (Figura 2.3), o Go (Gônio), o ponto mais posterior<br />
do processo coronóide (Cr), o ponto mais posterior da cabeça da mandíbula<br />
(Condílio) e o ponto infra-dentário (Id) tiveram resultados significantemente<br />
menores no grupo com alimentação em pó. O conteúdo mineral foi reduzido no<br />
processo coronóide e ângulo da mandíbula apenas no grupo da dieta em pó.
Figura 2.3 - Pontos cefalométricos mandibulares (MAKI et al., 2002).<br />
Langenbach et al., em 2003, afirmaram que as fibras musculares<br />
podem adaptar suas áreas transversais, afetando sua capacidade de produção<br />
de força. Isto tem sido mostrado quando há um aumento da atividade muscular,<br />
resultando em uma maior área transversa das fibras musculares. Os autores<br />
afirmaram ainda que a consistência dos alimentos é um fator importante de<br />
controle do crescimento ósseo da maxila e da mandíbula, bem como do tipo de<br />
composição das fibras dos músculos da mastigação. A eliminação das forças<br />
oclusais pela ingestão de alimentos macios tem resultado em atrofia dos<br />
músculos da mastigação e transição dos tipos de fibras musculares. Esse<br />
estudo abordou a influência da consistência dos alimentos nas fibras do<br />
músculo masseter. Para tanto, 12 ratos machos foram aleatoriamente divididos<br />
em dois grupos – um grupo recebeu alimentos com aumento na consistência<br />
(HF), os pellets foram ressecados ao forno para que ficassem mais duros, e o<br />
outro recebeu alimentos triturados e misturados com água (SF). O período<br />
experimental foi de 87 dias. Após a eutanásia, os músculos masseteres foram<br />
dissecados, fixados, desidratados e incluídos em parafina. Um dos dois<br />
músculos removidos de cada rato foi aleatoriamente escolhido, submetido a
cortes seriados (10 µm) e a tratamento de imunohistoquímica. Os autores<br />
detectaram uma diferença significante entre as fibras lenta e rápida, com o<br />
grupo de alimentação dura contendo fibras mais largas. Na região posterior e<br />
profunda do masseter, as fibras lentas foram significantemente menores no<br />
grupo de alimentação macia. A mudança na consistência dos alimentos induziu<br />
alterações no músculo masseter, contudo, as diferenças observadas no<br />
tamanho das fibras não podem ser designadas exclusivamente aos dois grupos<br />
experimentais, porque esse estudo não incluiu um grupo controle (dieta<br />
comercial sem alterações).<br />
Com o objetivo de avaliar a relação entre a morfogênese mandibular<br />
e a função mastigatória, Luca et al. (2003) dividiram 30 ratos Sprague-Dawley<br />
em 3 grupos: dieta sólida, dieta líquida e dieta elástica. A dieta elástica era<br />
composta pelos mesmos componentes das demais dietas, porém com gomas<br />
adicionadas. O objetivo da dieta elástica foi simular o modus operandi de certos<br />
aparelhos ortopédicos. O experimento foi de 28 dias e, após, foram realizadas<br />
radiografias laterais dos crânios e fotografias das hemimandíbulas. As imagens<br />
foram analisadas em duas dimensões, sagital e vertical. A análise fotográfica<br />
mostrou maior crescimento do ramo mandibular no grupo da dieta elástica e<br />
um maior alongamento do corpo mandibular nos ratos que ingeriram dieta<br />
líquida. Os autores concluíram que existe correlação entre função muscular e<br />
crescimento mandibular e que os clínicos devem levar em consideração o<br />
potencial dos músculos nas discrepâncias verticais e sagitais.<br />
A estrutura tridimensional interna dos ossos está em constante<br />
adaptação às condições funcionais. Os músculos provêem um importante<br />
estímulo mecânico para a neoformação óssea. Os aparelhos funcionais usados
na clínica ortodôntica, que estimulam o posicionamento mandibular para frente<br />
ou para trás, causam estresse dos tecidos moles faciais. O resultado das<br />
forças é, direta ou indiretamente, transmitido para os tecidos<br />
dentoesqueléticos, que acabam se adaptando à nova posição. Em seu estudo,<br />
Mavropoulos et al. (2004) investigaram o efeito das diferentes funções<br />
mastigatórias e demanda mecânica na adaptação microestrutural do osso<br />
alveolar mandibular em ratos. O efeito de dois fatores experimentais, a<br />
inserção de um aparelho bite block e a alteração na consistência da comida, foi<br />
investigado nos animais. Trinta e seis ratos albinos machos foram divididos em<br />
dois grupos. Esses animais alimentavam-se de dieta comercial normal (pellets)<br />
ou dieta macia. Após duas semanas, em metade dos animais de cada grupo foi<br />
inserido um bite block. Após quatro semanas, os animais foram submetidos à<br />
eutanásia e tiveram suas mandíbulas excisadas. Estas foram submetidas a<br />
exames radiográficos e microtomografia computadorizada para análise da<br />
densidade óssea mineral e de parâmetros de microestrutura óssea. A largura<br />
do processo alveolar também foi medida. A inserção do bite block leva a<br />
mandíbula a uma posição de abertura interincisal (nesse estudo, de 4 mm) e a<br />
um estiramento muscular. A tensão passiva tem sido estimada como sendo de<br />
0,3 N para uma abertura interincisal de 4 mm. Ambos os fatores experimentais<br />
levaram a uma modificação de forma e estrutura do processo alveolar em<br />
ratos. A inserção do bite block leva à aplicação de uma força leve e contínua na<br />
região de molares inferiores, o que foi associado a um aumento significante da<br />
densidade óssea no processo alveolar dos ápices das raízes desses dentes. A<br />
dieta macia e a conseqüente diminuição das forças aplicadas ao osso alveolar
durante a mastigação resultaram numa redução da densidade óssea mineral<br />
acompanhada por um decréscimo de volume e espessura do osso trabecular.<br />
A redução no recrutamento das fibras musculares causada pela<br />
diminuição das forças mastigatórias, induzida por alimentos de fácil<br />
mastigação, pode alterar as características morfológicas e histoquímicas dos<br />
músculos da mastigação. O propósito do estudo de Kitagawa et al., em 2004,<br />
foi investigar os efeitos histoquímicos de um longo período de tempo de dieta<br />
macia no músculo masseter, em ratos em crescimento. Doze ratos albinos<br />
machos foram divididos em dois grupos, um grupo recebeu dieta sólida (grupo<br />
controle) e o outro recebeu dieta em pó. A duração do experimento foi de seis<br />
meses. Foram avaliadas fibras do masseter das regiões superficial e profunda.<br />
Quando comparado com o grupo controle, houve uma diferença na quantidade<br />
e nos tipos de fibras encontradas nas duas regiões do músculo masseter<br />
analisadas. Entretanto, não houve diferença entre os grupos no tamanho das<br />
fibras. Os achados deste estudo mostraram que a alteração das atividades<br />
funcionais contribuiu para a seleção dos tipos de fibras e influenciou no uso das<br />
mesmas. Os autores sugerem que a alteração por um longo tempo da função<br />
mandibular, induzida pela dieta macia, pode levar a adaptações do músculo<br />
masseter.<br />
Em 2005, Mavropoulos et al., avaliaram a adaptação estrutural do<br />
osso mandibular quando submetido a diferentes funções mastigatórias e<br />
demandas mecânicas durante o crescimento. O efeito de dois fatores<br />
experimentais, a inserção de um bite block e alterações na consistência da<br />
comida, sobre a densidade óssea da mandíbula foi investigado em ratos em<br />
crescimento. Cinqüenta e dois ratos albinos foram divididos em dois grupos
iguais, um alimentava-se de comida dura e outro de comida macia. Após duas<br />
semanas, metade dos animais dos dois grupos teve inserido em seus molares<br />
superiores um bite block. O experimento teve a duração de quatro semanas e o<br />
grupo que restou (sem bite block) serviu como grupo controle. A dieta macia e<br />
a conseqüente redução das forças aplicadas à mandíbula durante a<br />
mastigação resultaram em uma diminuição da densidade óssea em todas as<br />
áreas estudadas. A inserção de um aparelho que causa uma abertura da<br />
mordida (bite block) resultou na aplicação de uma força constante nos molares<br />
inferiores, o que foi associado a um significante aumento da densidade óssea,<br />
em parte, do processo alveolar na região da força aplicada.<br />
Ainda em 2005, Sato et al., avaliaram a densidade óssea da<br />
mandíbula e examinaram a relação entre morfologia dentofacial e função<br />
mastigatória, por meio da tomografia computadorizada (TC) em crânios<br />
humanos. Também estudaram as mudanças na densidade óssea da mandíbula<br />
de ratos, em um experimento que diminuiu a função mastigatória. Os dados<br />
para o estudo em humanos foram obtidos de 27 crânios de homens japoneses<br />
contemporâneos (média de idade de 28 anos). A espessura da cortical óssea<br />
na região dos molares foi medida por valores de tomografia computadorizada,<br />
escala Hounsfield. Para o estudo experimental, uma lâmina de metal foi<br />
inserida entre os incisivos inferiores e superiores dos ratos (com seis semanas<br />
de idade), para que não houvesse toque entre os molares. Os ratos foram<br />
submetidos à com 2, 4 e 6 semanas e a densidade óssea da mandíbula foi<br />
medida na região do primeiro molar, por TC. No estudo em crânio humano,<br />
houve correlação negativa entre os valores de densidade na região vestibular<br />
do segundo molar e o ângulo formado entre o plano de Frankfort e os planos
mandibulares. Também foi encontrada significante correlação negativa entre o<br />
ângulo goníaco e os valores de densidade na face vestibular e base da<br />
mandíbula. No estudo em animais, a densidade óssea começou a declinar<br />
quatro semanas após o início do experimento de hipofunção mastigatória, em<br />
comparação ao grupo controle. Ao final do experimento, a densidade óssea da<br />
mandíbula havia declinado 11,6% na face vestibular, 16,7% na face lingual,<br />
12,3% na área de furca da raiz do molar e 38,1% no ápice radicular. A<br />
densidade óssea na cortical declinou, durante o período experimental, na face<br />
lingual. Os resultados suportaram a hipótese dos autores de que a adaptação<br />
funcional, que ocorre na mandíbula pelo estresse mecânico da mastigação, é<br />
perceptível não somente na área de inserção muscular, mas também no osso<br />
alveolar da região de molares.<br />
Cargas mecânicas parecem ter uma importante influência de<br />
regulação do crescimento sutural. Katsaros et al., alegando que a influência<br />
nos sítios de crescimento como as suturas ainda não está bem elucidada,<br />
desenvolveram um estudo, em 2006, para quantificar o efeito da redução da<br />
função mastigatória na aposição de osso em suturas do esqueleto facial<br />
anterior. Cinqüenta e seis ratos albinos machos com quatro semanas de idade<br />
foram aleatoriamente divididos em dois grupos: grupo da dieta sólida e grupo<br />
da dieta pastosa. Nos dias 0, 14 e 28, calceína foi injetada em todos os animais<br />
para marcar, com linhas fluorescentes, o nível de aposição óssea nas suturas<br />
internasal, nasopremaxilar e interpremaxilar. Após a eutanásia (42 dias de<br />
experimento), suas cabeças foram preparadas para análise em microscopia de<br />
fluorescência. Os valores foram analisados por um software de imagem (GNU ®<br />
Image Processor). Observou-se menos aposição óssea no grupo da dieta
pastosa do que no grupo da dieta sólida, em todas as suturas avaliadas. Os<br />
autores concluíram que a aposição óssea nas suturas do esqueleto facial<br />
anterior, em ratos em crescimento, foi significantemente afetada pela redução<br />
da função mastigatória.<br />
O aumento na função dos músculos da mastigação estaria<br />
associado a um padrão de rotação anti-horária da mandíbula e ao maior<br />
desenvolvimento da cabeça da mandíbula e do processo coronóide.<br />
Yonemitsu, Muramoto e Soma, em 2007, investigaram os efeitos das forças<br />
dos músculos da mastigação sobre o padrão facial vertical e as alterações na<br />
cabeça da mandíbula. Trinta e seis ratos Wistar machos participaram desse<br />
estudo. No grupo experimental, os animais tiveram os músculos masseteres<br />
ressecados bilateralmente para avaliação da influência da força mastigatória na<br />
morfologia óssea mandibular e da cabeça da mandíbula. Metade dos animais<br />
serviu como controle. Radiografias laterais das mandíbulas foram executadas<br />
para análise do padrão esquelético mandibular. Os resultados demonstraram<br />
cabeças das mandíbulas menores e altura do ramo mandibular inferior no<br />
grupo experimental, quando comparado ao grupo controle. As radiografias<br />
laterais mostraram que os animais do grupo experimental apresentaram uma<br />
tendência para maiores ângulos do plano mandibular. Concluiu-se que a<br />
atividade muscular do masseter está intimamente relacionada à morfologia<br />
mandibular durante o crescimento.<br />
Shimomoto et al. (2007) desenvolveram uma pesquisa para elucidar<br />
a relação entre estímulo oclusal e crescimento ósseo alveolar e mandibular,<br />
empregando o modelo de hipofunção oclusal em 10 ratos Wistar. Nessa<br />
pesquisa, foram utilizadas coberturas coronárias nos incisivos dos animais do
grupo experimental, de modo a eliminar o contato entre os molares. Ambos os<br />
grupos, experimental e controle, alimentaram-se de ração comercial em pó.<br />
Após duas semanas de experimento, as capas foram removidas e o contato<br />
oclusal dos molares foi retomado. Durante as quatro semanas do experimento,<br />
os animais receberam semanalmente injeções de corantes vitais. Após a<br />
eutanásia, os animais tiveram suas mandíbulas dissecadas. Análise óssea<br />
histomorfométrica, incluindo índice de aposição mineral, foi realizada em cortes<br />
histológicos frontais na região de segundos molares mandibulares. A<br />
hipofunção oclusal suprimiu a aposição mineral e formação do osso alveolar na<br />
área estudada, bem como diminuiu significativamente os índices de aposição<br />
mineral e formação óssea na borda inferior e face vestibular do osso<br />
mandibular. No entanto, estes índices retornaram à normalidade quando os<br />
animais retomaram a função mastigatória normal, durante o período de<br />
crescimento.<br />
Tanaka et al., em 2007, analisaram o grau de mineralização do osso<br />
mandibular em ratos em crescimento que se alimentavam com dieta sólida ou<br />
pastosa. Para a pesquisa, foram utilizados 15 ratos Wistar machos. Após o<br />
desmame, 6 ratos alimentavam-se com dieta sólida e os outros 9 ratos, com<br />
dieta pastosa. Após 9 semanas, foram obtidas, por microtomografia<br />
computadorizada, reconstruções tridimensionais do osso cortical e trabecular<br />
das mandíbulas. O grau de mineralização foi estimado para o osso trabecular<br />
na cabeça da madíbula e para o osso cortical nas regiões posterior e anterior<br />
do ramo mandibular. Em ambos os grupos, os autores observaram um grau de<br />
mineralização significantemente menor no osso trabecular do que no osso<br />
cortical. No ramo mandibular, a região anterior mostrou um grau de
mineralização maior do que a posterior. Em ambas as regiões, o grupo da dieta<br />
pastosa apresentou um menor grau de mineralização do que o grupo da dieta<br />
sólida. No grupo da dieta sólida, o osso trabecular na cabeça da mandíbula<br />
apresentou maior grau de mineralização em comparação ao grupo da dieta<br />
pastosa. O estudo mostrou a importância da função mastigatória adequada<br />
para que haja desenvolvimento mandibular normal.<br />
Com a finalidade de investigar as diferenças relativa e absoluta no<br />
crescimento de ratos que ingerem comida sólida ou o alimento em pó, Abed et<br />
al., em 2007, dividiram aleatoriamente 36 ratos (Sprague-Dawley) em dois<br />
grupos: grupo da dieta sólida (HD) e grupo da dieta em pó (SD). O peso<br />
corporal e três radiografias (lateral, dorso-ventral e de tíbia) foram executadas a<br />
cada duas semanas (T1= 23 dias de idade até T5= 79 dias de idade). Nas<br />
imagens, foram determinados pontos padronizados e medidas lineares foram<br />
obtidas. As curvas de maturidade relativas foram elaboradas pelas medidas<br />
encontradas em T5. As diferenças de crescimento entre os grupos SD e HD<br />
foram calculadas como sendo absolutas ou relativas. O grupo HD teve peso<br />
significantemente maior em T5, mas nenhuma diferença no comprimento da<br />
tíbia foi observada. Oito das 20 medidas craniofaciais (40%) mostraram<br />
significantes diferenças de tamanho, com o grupo SD apresentando<br />
deficiências em relação ao grupo HD. Todas as medidas verticais mostraram<br />
crescimento menor no grupo SD. As medidas neurocranianas apresentaram-se<br />
como as mais maduras e as mandibulares, menos maduras. Os resultados<br />
desse estudo apóiam a idéia de que a função mastigatória é um importante<br />
determinante do padrão de crescimento craniofacial e seus efeitos são
modulados pelo potencial de crescimento relativo dos diferentes componentes<br />
craniofaciais.<br />
Considerando que a articulação temporomandibular (ATM) tem um<br />
papel importante na absorção dos impactos causados durante a mastigação,<br />
Sakurai et al., em 2007, analisaram a influência da força do músculo masseter<br />
no desenvolvimento do disco articular, utilizando para isso o modelo de<br />
ressecção bilateral. Trinta ratos Wistar com três semanas de idade foram<br />
selecionados. No grupo experimental, os animais tiveram os músculos<br />
masseteres ressecados cirurgicamente para que se pudesse avaliar a<br />
influência da força muscular na morfologia e composição do disco articular<br />
durante o crescimento. Nenhum procedimento cirúrgico foi realizado no grupo<br />
controle. Foram avaliadas as medidas de espessura do disco para o estudo<br />
das diferenças morfológicas, bem como a localização do colágeno tipo I e<br />
proliferação celular nos estudos de imunohistoquímica. A espessura do disco<br />
foi menor no grupo experimental em todas as regiões medidas, quando<br />
comparado ao grupo controle. Enquanto no grupo controle a localização do<br />
colágeno tipo I ficou concentrada na porção superior, no grupo experimental,<br />
concentrou-se principalmente nas bandas anterior e posterior do disco articular.<br />
Os resultados dos estudos de proliferação celular foram significativamente<br />
menores no grupo experimental. Os autores concluíram que a função do<br />
músculo masseter está intimamente relacionada à morfologia e composição do<br />
disco articular em ratos em crescimento.<br />
O estresse mecânico aplicado ao osso influencia no volume e<br />
estrutura por controlar sua remodelação. Sabe-se que a aplicação de um grau<br />
suficiente de força é necessária para manter a forma e o volume ósseo. Com o
objetivo de examinar os efeitos da hipofunção oclusal e a sua recuperação, na<br />
densidade óssea mineral na mandíbula (BMD) em ratos, por meio de<br />
tomografia computadorizada quantitativa periférica. Kunni et al., em 2008,<br />
dividiram 40 ratos Wistar em 2 grupos: Grupo da hipofunção, em que foi<br />
utilizado o método descrito por Warita e Soma (2004), inserindo-se uma capa<br />
de metal entre os incisivos do animal a fim de evitar o contato oclusal dos<br />
molares, e o Grupo da recuperação, estes animais tiveram a capa de metal<br />
removida e a oclusão reestabelecida após 4 semanas. Um terceiro grupo de 20<br />
ratos serviu como controle. Quatro ratos de cada grupo foram submetidos à<br />
eutanásia a cada 2 semanas e a BMD foi mensurada no osso cortical e<br />
trabecular na região de primeiro molar mandibular. Os resultados mostraram<br />
que em 6 a 8 semanas, no grupo da hipofunção, a densidade do osso<br />
trabecular decresceu nos lados vestibular e lingual, na região de furca e ápice<br />
radicular. No grupo da recuperação, a densidade nos lados lingual e vestibular<br />
retomou os níveis normais, quando comparado ao grupo controle. Entretanto, a<br />
densidade óssea nas regiões de furca e ápice radicular retomaram apenas 30 a<br />
50%, respectivamente. Em 6 a 8 semanas, a densidade óssea cortical foi<br />
reduzida na região lingual basal e lingual média no grupo da hipofunção.<br />
Nestas áreas, a densidade retomou os níveis de controle no grupo da<br />
recuperação em 6 semanas. Conclui-se que a retomada da função oclusal<br />
pode restaurar a densidade óssea mineral nos ossos cortical e trabecular.
3 PROPOSIÇÃO
3 PROPOSIÇÃO<br />
No que se refere à importância da consistência da dieta, embora<br />
diversos trabalhos tenham abordado os efeitos da demanda mecânica sobre o<br />
crescimento mandibular, ainda não está claro como essas cargas mecânicas<br />
influenciariam as curvaturas da mandíbula e o volume do tecido ósseo basal na<br />
região de molares. Portanto, o presente estudo experimental em ratos teve por<br />
objetivo avaliar a influência da hipofunção mastigatória induzida por dieta em<br />
pó sobre:<br />
• O crescimento vertical e horizontal da mandíbula;<br />
• A curvatura da borda posterior do ramo mandibular e da borda inferior da<br />
mandíbula;<br />
• O crescimento da cabeça da mandíbula;<br />
• A densidade óssea relativa no ramo mandibular;<br />
• O crescimento de tecido ósseo basal mandibular.
4 MATERIAL E MÉTODOS
4 MATERIAL E MÉTODOS<br />
Este estudo experimental foi desenvolvido em conformidade com as<br />
normas e os preceitos adotados pelo Comitê de Ética para Uso de Animais<br />
(CEUA) da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, tendo sido<br />
aprovado sob o protocolo PP00138 no Ofício nº 168/CEUA/PRPe/2007, em 20<br />
de novembro de 2007 (ANEXO).<br />
4.1 SELEÇÃO DA AMOSTRA<br />
A amostra foi composta por 24 ratos Wistar (Albinus norvegicus)<br />
machos com 21 dias de idade (desmame), provenientes do Biotério Central da<br />
UFSC. Os animais foram divididos aleatoriamente em dois grupos (12 ratos por<br />
grupo), de acordo com a consistência da dieta:<br />
1 – Grupo controle (GC): recebeu dieta sólida, ração comercial sem<br />
modificações - pellets (Nuvital-CR1-Nuvilab - BR);<br />
2 – Grupo experimental (GE): recebeu dieta em pó, que consistiu da ração<br />
comercial triturada e peneirada.<br />
Os animais foram mantidos em gaiolas apropriadas (3 animais por<br />
gaiola) no Biotério do Laboratório de Nutrição Experimental do Departamento<br />
de Nutrição da UFSC, que possui sistema de filtragem e exaustão do ar,<br />
controle de umidade e temperatura (22°C a 24°C) e ciclo claro/escuro de 12<br />
horas. Além da dieta fornecida, não houve qualquer material ou objeto que<br />
possa ter induzido o estímulo mastigatório. Para os dois grupos, a comida e a<br />
água (filtrada) foram renovadas diariamente. A limpeza das gaiolas foi realizada<br />
três vezes por semana. Os ratos foram pesados semanalmente com uma
alança de precisão calibrada (Marte – modelo AS2000), visando assegurar o<br />
ganho de peso normal para o crescimento e saúde dos animais.<br />
Após 50 dias de experimento, os animais com 71 dias de idade<br />
(maturidade sexual em machos desta espécie é atingida com 70 dias de<br />
idade 1 ) foram submetidos à eutanásia e, imediatamente depois, tiveram 1 suas<br />
mandíbulas cuidadosamente removidas e processadas. Todos os<br />
procedimentos estão relatados nos protocolos a seguir.<br />
4.2 PROTOCOLOS<br />
4.2.1 Protocolo para eutanásia<br />
Os animais foram submetidos à anóxia em uma câmara de gás CO2<br />
para eutanásia de roedores (Caixa de policarbonato não hermética), de acordo<br />
com o procedimento padrão para eutanásia de roedores descrito no artigo<br />
reportado pela American Veterinary Medical Association (AVMA), em 2001, e<br />
esquematizado na Figura 4.1.<br />
1 www.reitoria.ufsc.br/prpg/bioterio/especies.htm
Figura 4.1 – Esquema do procedimento padrão para eutanásia de<br />
roedores (AVMA, 2001).<br />
No período de 3 a 5 minutos, ocorre morte por parada respiratória<br />
(cilindro de CO2 com fluxo de 20% do volume da câmara/minuto). No entanto, é<br />
recomendável deixar o gás por mais um minuto após a morte aparente. Após,<br />
certificou-se da morte pela perda dos movimentos respiratórios e ausência de<br />
reflexo ao estímulo no globo ocular.<br />
4.2.2 Protocolo para remoção das mandíbulas<br />
As mandíbulas foram separadas dos tecidos moles de modo a<br />
permitir a remoção intacta do corpo e ramo mandibular, sem lesionar a<br />
cartilagem condilar. Após removidas, foram divididas em duas metades e<br />
acondicionadas em frascos devidamente identificados, contendo uma solução
fixadora de paraformaldeído a 4% tamponada (Phosphate Buffered Saline-<br />
PBS, pH 7.2 – Sigma, EUA), por 48 horas.<br />
4.2.3 Protocolo para o estudo morfométrico da mandíbula<br />
Foram realizadas fotografias das hemimandíbulas do lado esquerdo<br />
com o auxílio de uma câmera fotográfica digital (Nikon FX-35), incluindo-se no<br />
campo fotográfico uma escala milimetrada. As fotografias foram realizadas de<br />
forma padronizada, com o auxílio de um tripé, que mantinha a câmera<br />
fotográfica ortogonal à hemimandíbula posicionada sobre um fundo verde e<br />
tocando o maior número possível de pontos no plano, à distância de 40 cm da<br />
lente. As fotografias foram realizadas com 7 megapixel de resolução, sem o<br />
auxílio de zoom óptico ou digital e armazenadas no formato TIFF (Tagged<br />
Image File Format), 8 bits. As mensurações nas fotografias foram realizadas<br />
com o auxílio do software de imagem Scion Image® (NIH Image, EUA). Os<br />
pontos biométricos selecionados neste estudo são derivados de medidas<br />
biométricas e cefalométricas de estudos anteriores referenciados (MAKI et al.,<br />
2002; ULGEN et al., 1997).<br />
4.2.3.1 Pontos biométricos mandibulares (Figura 4.2)<br />
• Me (Mentoniano): ponto mais inferior do contorno da sínfise mentoniana<br />
• Iia (Ponto alveolar do incisivo inferior): ponto mais inferior do contorno do<br />
osso alveolar vestibular do incisivo inferior<br />
• Ma (Ponto mandibular alveolar): ponto mais profundo da parte superior<br />
da crista alveolar entre os incisivos inferiores e o primeiro molar
• Co (Condílio): ponto mais posterior e superior da cabeça da mandíbula<br />
• Go (Gônio): ponto mais posterior do contorno do ângulo mandibular<br />
• GoT (Tangente Goníaca): ponto mais inferior do contorno do ângulo<br />
mandibular<br />
• Cr (Coronóide): ponto mais superior do processo coronóide<br />
• Pr (Profundidade do ramo): ponto mais profundo na concavidade do<br />
ramo mandibular<br />
• Ic: ponto localizado na incisura entre o processo coronóide e a cabeça<br />
da mandíbula<br />
• Pb (Profundidade da base): ponto mais profundo da concavidade da<br />
base da mandíbula<br />
Go<br />
Co<br />
Pr<br />
GoT<br />
Cr<br />
Ic<br />
Pb<br />
Figura 4.2 - Pontos biométricos mandibulares.<br />
Ma<br />
Me<br />
Iia
4.2.3.2 Medidas mandibulares lineares<br />
Medidas sagitais (Figuras 4.3 e 4.4)<br />
2<br />
1. Co-Iia (comprimento mandibular I): distância entre os pontos<br />
Condílio e Iia;<br />
2. Go-Iia (comprimento de corpo): distância entre os pontos Gônio e<br />
Iia;<br />
3. Cr-Iia (comprimento mandibular II): distância entre os pontos<br />
Coronóide e Iia;<br />
4. Profundidade da concavidade do ramo: distância do ponto Pr em<br />
ângulo reto com a linha Co-Go;<br />
5. Tamanho da cabeça da mandíbula: distância do ponto Co em<br />
1<br />
ângulo reto com a linha Pr - Ic.<br />
Figura 4.3 - Medidas mandibulares sagitais A.<br />
3
4<br />
Figura 4.4 - Medidas mandibulares sagitais B.<br />
Medidas verticais (Figura 4.5)<br />
6. Profundidade da concavidade da base: distância do ponto Pb em<br />
ângulo reto com a linha GoT-Me;<br />
7. Co-GoT (altura do ramo I): distância entre os pontos Condílio e GoT;<br />
8. Cr-GoT (altura do ramo II): distância entre os pontos Coronóide e<br />
GoT;<br />
5<br />
9. Me-Ma (altura do corpo): distância entre os pontos Me e Ma.<br />
Em adição, foi obtida a 10ª medida, representada pelo ângulo<br />
goníaco, formado entre as retas que passam pelos pontos Co-Go e a tangente<br />
mandibular GoT-Me (Figura 4.6).<br />
As medições planejadas em fotomicrografias e fotografias foram<br />
executadas por um examinador calibrado, duas vezes, com um intervalo de 15
dias entre a primeira e a segunda mensuração. Os resultados foram utilizados<br />
para o cálculo do erro do método.<br />
Figura 4.5 - Medidas mandibulares verticais.<br />
Figura 4.6 - Medida angular.<br />
7<br />
10<br />
8<br />
6<br />
9
4.2.4 Protocolo para o estudo da densitometria óssea<br />
Para análise da densidade óssea nas hemimandíbulas do lado<br />
esquerdo fixadas, foram obtidas radiografias digitais por meio do sistema<br />
DenOptix ® (Dentsply International/Gendex ® Dental X-ray Division, Des Plaines,<br />
IL, EUA). Durante a aquisição das imagens radiográficas digitais, o aparelho de<br />
raios X GE 1000 ® (General Electric Co., Milwaukee, WI, EUA) funcionou em<br />
regime constante de 70 kVp e 10 mA, com filtração total de 2,5 mm de alumínio<br />
e tempo de exposição de 0,5 segundo (30 pulsos). Foi empregado um sensor<br />
de tamanho 4, com área ativa de 57 X 76 mm e, juntamente com as<br />
hemimandíbulas, foi exposta uma escala de densidade em alumínio. Para<br />
auxiliar no posicionamento do receptor de imagem e das hemimandíbulas, foi<br />
utilizado um suporte em acrílico, que propiciou a aquisição de imagens<br />
padronizadas, mantendo a distância fonte de radiação-receptor igual a 50 cm,<br />
bem como angulação vertical de 90º e horizontal de 0º.<br />
As imagens foram adquiridas sem alteração dos comandos padrões no<br />
software do sistema radiográfico digital. A leitura do sensor DenOptix ® foi<br />
executada com resolução de 300 dpi. Neste procedimento, o tamanho do pixel<br />
é de 85 µm e a resolução das imagens, equivalente a 6 pares de linhas por<br />
milímetro (GENDEX DENTAL X-RAY DIVISION, 1998). As imagens foram<br />
arquivadas em CD-R (compact disc-recordable), no formato TIFF (Tagged<br />
Image File Format), 8 bits. Esse procedimento garante que as imagens<br />
arquivadas tenham a mesma quantidade de informações que as originais, pois<br />
TIFF traduz-se em um formato de arquivo sem perda.<br />
Subsequentemente, as radiografias digitais foram analisadas pelo<br />
software de domínio livre Scion Image ® (NIH Image, EUA), que compara os
tons de cinza da região de interesse nas imagens obtidas com os degraus da<br />
escala de densidade em alumínio. A média do conteúdo mineral das amostras<br />
foi calculada na região do ramo mandibular, excluindo o incisivo inferior do<br />
campo de análise (Figura 4.7) e os resultados foram expressos em valores<br />
equivalentes à densidade da escala de alumínio.<br />
Figura 4.7 – Representação da região de ramo a ser analisada para<br />
as informações de densidade do conteúdo mineral.<br />
4.2.5 Protocolos para estudo da quantidade de osso cortical e osso trabecular<br />
na região de molares<br />
As hemimandíbulas do lado esquerdo foram fixadas em solução de<br />
paraformaldeído a 4% tamponada (PBS, pH 7.2), durante 48 horas, e
descalcificadas em solução de ácido nítrico a 5%, até que todo mineral fosse<br />
removido. A solução de ácido nítrico foi trocada todos os dias e a<br />
descalcificação durou 9 dias. A seguir, as amostras foram desidratadas em<br />
graduação alcoólica (93% e 100%), submetidas ao processo de clarificação em<br />
xilol e incluídas em parafina. Foram realizados cortes frontais longitudinais nas<br />
hemimandíbulas, de 5 µm de espessura, ao longo da região de molares (Figura<br />
4.8).<br />
Na região de segundo molar, foram analisados 5 cortes obtidos a<br />
partir do segundo molar (Figura 4.8). Os cortes histológicos foram corados com<br />
o tricrômico de Cason 2 . A seguir, foram obtidas fotomicrografias dos cortes<br />
histológicos, por meio de um microscópio óptico (Olympus BX41) ligado a um<br />
sistema de captura de imagem com uma câmera digital colorida refrigerada de<br />
3.3 megapixel (QCOLOR 3C – Q-imaging) por meio de um programa de<br />
captura (QCapture Pro 5.1 – Qimaging). Uma escala micrométrica de<br />
comprimento total equivalente a 2 mm foi incorporada ao campo a ser<br />
fotografado. As imagens foram realizadas com resolução de 640X512 pixels<br />
através da objetiva de aumento de 4X. As partes do corte histológico<br />
fotografadas foram unidas para formar uma única imagem por meio do<br />
programa PTGui Pro® (Figura 4.9) e, então, foram salvas no formato TIFF<br />
(Tagged Image File Format) sem compactação. Para o preparo inicial da<br />
imagem, foi utilizado o software de processamento de imagem Photoshop® CS<br />
(Adobe ®). A imagem foi movimentada até que os pontos mais proeminentes<br />
da região lingual (ponto superior e inferior) ficassem alinhados (Figuras 4.10 e<br />
4.11). Em seguida, foi demarcada uma linha paralela ao teto do canal<br />
2 http://stainsfile.info/StainsFile/stain/conektv/tri_cason.htm
mandibular (Figuras 4.10 e 4.11) e a imagem acima desta linha foi excluída<br />
(Figura 4.12). Através de ferramentas de seleção, todas as estruturas não<br />
ósseas foram excluídas (Figura 4.13), as imagens foram salvas no formato<br />
TIFF (Tagged Image File Format), 8 bits. Estas novas imagens foram então<br />
processadas com o auxílio do software de domínio livre Scion Image ® (NIH<br />
Image, EUA), para se estimar a quantidade de osso cortical e trabecular na<br />
região de interesse, pela mensuração da área de tecido ósseo (Figuras 4.14 e<br />
4.15). A área superior à linha demarcada não foi mensurada com o intuito de<br />
evitar a variabilidade da região dentária e obter-se dados da região de osso<br />
basal.<br />
estudo histológico.<br />
5 cortes<br />
Área de molares<br />
Área descartada<br />
Figura 4.8 - Representação das regiões de interesse para o
Figura 4.9 – Representação do uso do programa PTGui Pro®.<br />
Figura 4.10 – Esquema do corte histológico na área de molares. 1- área de<br />
osso cortical e trabecular de interesse; 2- incisivo mandibular; 3- canal<br />
mandibular.<br />
3<br />
1 2
Figura 4.11 – Demonstração do alinhamento dos pontos mais proeminentes da<br />
região lingual e a demarcação da linha que passa pelo teto do canal<br />
mandibular.<br />
Figura 4.12 – Representação da área de interesse para a mensuração da área<br />
de tecido ósseo após a região acima do canal mandibular ser excluída.
Figura 4.13 – Representação da imagem pronta para a análise. As áreas de<br />
tecido não ósseo foram excluídas e foi incorporada a imagem da escala<br />
micrométrica de comprimento total de 2 mm.<br />
Figura 4.14 – Representação do uso do programa Scion Image ® para<br />
calibração da escala de 2mm.
Figura 4.15 - Representação da seleção da região de interesse para a<br />
mensuração de área através do programa Scion Image ® .
4.3 TRATAMENTO ESTATÍSTICO<br />
4.3.1 Análise do erro do método<br />
A análise do erro do método consiste em avaliar a presença de erro<br />
sistemático no processo de medição e, na ausência do erro sistemático,<br />
quantificar o erro aleatório. Para avaliar o primeiro erro, foi comparada a 1ª com<br />
a 2ª mensuração utilizando-se o Teste de Wilcoxon. O erro aleatório foi obtido<br />
a partir da fórmula de Dahlberg ∑d 2<br />
i / 2n<br />
, onde di é a diferença entre a 1ª e<br />
a 2ª mensuração do i-ésimo indivíduo e n é o tamanho da amostra.<br />
4.3.2 Avaliação comparativa<br />
Pare esta análise, foram utilizados os valores obtidos na primeira<br />
mensuração. Foram estimados os valores de média e variância para todas as<br />
características avaliadas, segundo os grupos controle e experimental. Para<br />
avaliar se havia diferença significativa entre as medidas observadas em<br />
espécimes de cada um dos dois grupos, foi aplicado o teste de Mann-Whitney.<br />
O software utilizado foi o Stata versão 8.0. O nível de significância<br />
adotado nos testes foi de 5%.
5 RESULTADOS
5 RESULTADOS<br />
5.1 Erro do método<br />
Todas as mensurações apresentadas foram repetidas num intervalo de<br />
15 dias para a análise do erro do método. Todas as imagens analisadas foram<br />
renomeadas por um segundo operador, a fim de que o examinador que fizesse<br />
as mensurações não pudesse identificar o grupo. Para a medida da área de<br />
osso cortical e trabecular na região de molar foram feitas 5 mensurações (5<br />
cortes histológicos) de cada hemimandíbula e obtido o valor médio (média<br />
aritmética).<br />
A Tabela 5.1 apresenta a análise do erro do método para as medidas<br />
macroscópicas. Não houve diferença significativa entre a primeira e a segunda<br />
medição para todas as medidas. As que apresentaram maior erro aleatório<br />
médio foram a Altura do Ramo II (1,30 mm) e o Comprimento Mandibular I<br />
(0,25 mm). A maioria das medidas macroscópicas apresentou erro aleatório<br />
médio inferior a 0,07 mm.<br />
Tabela 5.2 - Análise do erro do método para as medidas macroscópicas.<br />
medição 1 Medição 2 Wilcoxon Erro Aleatório<br />
medida Média<br />
(mm)<br />
d.p.<br />
Média<br />
(mm)<br />
d.p. valor p<br />
Fórmula de<br />
Dahlberg<br />
Comprimento Mandibular I 23,28 0,49 23,21 0,44 0,5744 0,25mm<br />
Comprimento do Corpo<br />
Mandibular 22,01 0,81 22,04 0,83 0,0779 0,06mm<br />
Comprimento Mandibular II 20,15 0,98 20,21 0,99 0,7784 0,21mm<br />
Profundidade do Ramo 2,66 0,21 2,66 0,21 0,2089 0,01mm<br />
Tamanho da Cabeça da<br />
Mandíbula 4,81 0,20 4,84 0,25 0,8289 0,07mm<br />
Profundidade da Base 1,36 0,22 1,36 0,22 0,6758 0,01mm<br />
Altura do Ramo I 10,94 0,38 10,94 0,40 0,7616 0,04mm<br />
Altura do Ramo II 12,99 0,50 13,40 1,87 0,3810 1,30mm<br />
Altura do Corpo 4,39 0,24 4,38 0,24 0,9769 0,02mm<br />
Ângulo Goníaco 81,98 2,64 81,98 2,64 0,8959 0,01mm<br />
*Diferença significativa ao nível de 5%.
A Tabela 5.2 apresenta os resultados da análise do erro do método<br />
para as medidas de área microscópica e de densidade radiográfica do ramo<br />
mandibular. Não houve diferença significativa entre a primeira e a segunda<br />
medição, ao nível de 5%. Portanto, não se nota a presença do erro sistemático<br />
para ambas as medidas. O erro aleatório médio, estimado pela fórmula de<br />
Dahlberg, é de 0,0065 para densitometria em ramo mandibular e 0,0414 mm²<br />
para a área de osso cortical e trabecular na região de molar (área molar).<br />
Tabela 5.2 - Análise do erro do método para as medidas de densidade e área<br />
microscópica.<br />
medição 1 medição 2 Wilcoxon Erro Aleatório<br />
Fórmula de<br />
medida<br />
Densitometria ramo<br />
média d.p. média d.p. p valor Dahlberg<br />
mandibular (alumínio<br />
equivalente)<br />
Média da área<br />
1,14 0,12 1,14 0,12 0,2853 0,0065<br />
molar (mm²) 2,76 0,45 2,75 0,43 0,5506 0,0414 mm 2<br />
*Diferença significativa ao nível de 5%.<br />
5.2 Avaliação comparativa entre os grupos Controle e Experimental<br />
As medidas estimadas para o grupo da dieta em pó (GE) foram,<br />
em média, menores do que as obtidas para o grupo da dieta em “pellets”<br />
(GC). Os valores médios obtidos por mensurações macroscópicas nas<br />
fotografias das hemimandíbulas do lado esquerdo estão representados nos<br />
Gráficos 5.1 (sentido horizontal) e 5.2 (sentido vertical) e 5.3 (curvaturas<br />
mandibulares e tamanho da cabeça da mandíbula).
24,00<br />
23,00<br />
22,00<br />
21,00<br />
20,00<br />
19,00<br />
18,00<br />
23,42<br />
23,04<br />
22,36<br />
21,67<br />
20,29<br />
20,03<br />
Comprimento Mandibular I Comprimento do Corpo Comprimento Mandibular II<br />
Controle<br />
Experimental<br />
Gráfico 5.1 – Valores médios (mm) nos grupos Controle e Experimental para<br />
medidas mandibulares sagitais.<br />
14<br />
12<br />
10<br />
8<br />
6<br />
4<br />
2<br />
0<br />
11,11<br />
10,77<br />
13,28<br />
12,76<br />
Altura do Ramo I Altura do Ramo II Altura do Corpo<br />
4,54<br />
4,24<br />
Controle<br />
Experimental<br />
Gráfico 5.2 – Valores médios (mm) nos grupos Controle e Experimental para as<br />
medidas mandibulares verticais.
6<br />
5<br />
4<br />
3<br />
2<br />
1<br />
0<br />
2,67<br />
2,66<br />
1,47<br />
Profundidade do Ramo Profundidade da Base Tamanho da Cabeça da<br />
Mandíbula<br />
1,24<br />
4,8<br />
4,83<br />
Controle<br />
Experimental<br />
Gráfico 5.3 – Valores médios (mm) para as medidas que avaliaram as<br />
curvaturas mandibulares e o tamanho da cabeça da mandíbula nos grupos<br />
Controle e Experimental.
Na Tabela 5.3 são apresentados os valores de média e desvio<br />
padrão das características avaliadas em fotografias, segundo os grupos<br />
Controle e Experimental, bem como o resultado do Teste de Mann-Whitney<br />
comparando estes grupos.<br />
Tabela 5.3 – Análise comparativa dos valores médios relativos às mensurações<br />
executadas em fotografias.<br />
Grupo Grupo<br />
Mann-<br />
Medida<br />
Controle Experimental Whitney<br />
média d.p. média d.p. p valor<br />
Comprimento Mandibular I 23,42 0,44 23,04 0,51 0,0567<br />
Comprimento do Corpo 22,36 0,63 21,67 0,83 0,0165*<br />
Comprimento Mandibular II 20,29 0,78 20,03 1,14 0,4288<br />
Profundidade do Ramo 2,67 0,22 2,66 0,20 0,6232<br />
Tamanho da cabeça da<br />
mandíbula 4,80 0,21 4,83 0,21 1,0000<br />
Profundidade da Base 1,47 0,20 1,24 0,19 0,0325*<br />
Altura do Ramo I 11,11 0,28 10,77 0,41 0,0375*<br />
Altura do Ramo II 13,28 0,39 12,76 0,47 0,0101*<br />
Altura do Corpo 4,54 0,16 4,24 0,21 0,0016*<br />
Ângulo Goníaco 81,06 2,83 82,91 2,18 0,1333<br />
*Diferença significativa ao nível de 5%.<br />
Houve diferença estatística entre os grupos com relação às<br />
seguintes características:<br />
• No sentido Sagital: Comprimento do Corpo Mandibular (Go-Iia)<br />
apresentou uma diminuição média de 0,69 mm no grupo experimental<br />
em relação ao grupo controle.<br />
• No sentido Vertical: Altura do Ramo Mandibular I (Co-GoT), ocorreu<br />
diminuição média de 0,34 mm, Altura do Ramo Mandibular II (Cr-GoT)<br />
apresentou decréscimo de 0,52 mm e a Altura do Corpo Mandibular
(Me-Ma) exibiu diminuição de 0,3 mm no grupo experimental em relação<br />
ao grupo controle.<br />
• Nas curvaturas mandibulares: A medida de profundidade da base da<br />
mandíbula apresentou, no grupo experimental, uma diminuição em<br />
média de 0,23 mm em relação ao grupo controle.<br />
Embora a maioria das diferenças estatisticamente significantes<br />
sejam de poucos décimos de milímetros, em algumas dessas medidas<br />
pode-se percebe-las ao observar a peça macroscopicamente, como<br />
exemplo as mensurações de altura do Ramo I e II e comprimento do corpo<br />
mandibular (Figura 5.1).<br />
Figura 5.1 – Fotografias originais mostrando as diferenças macroscópicas (em<br />
amarelo) que o olho humano detecta nas medidas de Altura do Ramo I e II e<br />
Comprimento do Corpo Mandibular.
Com relação à densidade óssea relativa na região do ramo<br />
mandibular, a média do grupo Controle foi de 1,25 degraus relativos à escala<br />
de densidade de alumínio (d.p. = 0,07) e do grupo Experimental, 1,04 (d.p. =<br />
0,04) representadas no Gráfico 5.4, a diferença é de 0,21, isto corresponde a<br />
uma diminuição de 16,2% na densidade óssea radiográfica. E com relação à<br />
área de tecido ósseo basal na região de segundo molar, o grupo Controle<br />
apresentou média igual a 3,16 mm² (d.p. = 0,21 mm²) e o grupo experimental<br />
2,36 mm² (d.p. = 0,16 mm²) representadas no Gráfico 5.5, a diferença é de 0,8<br />
mm² (Gráfico 5.5). Essa diferença corresponde a uma redução de 25, 31% na<br />
área de osso basal da mandíbula na região de molar (Figura 5.2).<br />
1,4<br />
1,2<br />
1<br />
0,8<br />
0,6<br />
0,4<br />
0,2<br />
0<br />
1,25<br />
1,04<br />
Controle Experimental<br />
Controle<br />
Experimental<br />
Gráfico 5.4 – Valores médios entre os grupos controle e experimental nas<br />
medidas de densitometria do Ramo Mandibular (alumínio equivalente).
3,5<br />
3<br />
2,5<br />
2<br />
1,5<br />
1<br />
0,5<br />
0<br />
3,16<br />
2,36<br />
Controle Experimental<br />
Controle<br />
Experimental<br />
Gráfico 5.5 - Valores médios entre os grupos controle e experimental nas<br />
medidas de área de osso basal (mm²) na região de segundo molar.
A Tabela 5.4 apresenta os valores de média e desvio padrão das<br />
medidas de densidade radiográfica do ramo mandibular e apresenta a área de<br />
tecido ósseo na região de molar por grupo. Os valores de p encontrados são<br />
inferiores a 0,0001, portanto, há diferença estatística entre as medidas do<br />
grupos Controle e Experimental. Para as duas medidas, o grupo da dieta em pó<br />
(GE) apresentou menores médias comparado ao grupo da dieta sólida (GC).<br />
Tabela 5.4 – Análise comparativa dos valores médios relativos às<br />
mensurações de densidade radiográfica relativa e de área de tecido ósseo<br />
basal na região de molares.<br />
Controle Experimental<br />
Mann-<br />
Whitney<br />
medida<br />
Densitometria no<br />
ramo<br />
(Alumínio<br />
média d.p. média d.p. p valor<br />
equivalente)<br />
Área molar média<br />
1,25 0,07 1,04 0,04 < 0,0001**<br />
(mm²) 3,16 0,21 2,36 0,16 < 0,0001**<br />
** diferença altamente significativa entre os grupos
Controle<br />
Experimental<br />
Figura 5.2 – Exemplo de cortes histológicos já preparados para análise de<br />
mensuração de área que mostram a nítida diferença de tamanho entre os<br />
grupos Controle e Experimental.
6 DISCUSSÃO
6 DISCUSSÃO<br />
6.1 Relevância Científica<br />
Mudanças nos hábitos de alimentação ao longo dos anos,<br />
caracterizadas principalmente pela introdução de alimentos processados mais<br />
macios e pela deglutição de alimentos mal triturados, induzindo uma<br />
hipofunção mastigatória, têm sido apontadas como importante fator causador<br />
de alterações no desenvolvimento do osso mandibular. Kameya, em 1980,<br />
mostrou em seus estudos que mudanças nos hábitos de dieta levam a<br />
alterações na morfologia maxilofacial, enquanto Kimura (1989) observou, em<br />
seu estudo antropológico, mandíbulas menores em crianças de décadas atuais.<br />
Portanto, é relevante elucidar essas alterações não somente na morfologia<br />
mandibular, mas também em seu conteúdo mineral e estrutura interna.<br />
Existem diversos estudos que avaliaram os efeitos da demanda<br />
mecânica sobre o tecido ósseo, mas a maioria deles enfocou os ossos do<br />
esqueleto axial e periférico. Há muitos fatores que fazem o osso mandibular ser<br />
considerado diferente. A mandíbula desenvolve-se, em sua maior parte, de<br />
forma intramembranosa, sendo endocondral nas cabeças da mandíbula.<br />
Possui um formato único que difere de modo significante dos ossos longos. As<br />
cabeças da mandíbula se articulam com o crânio e funcionam, sob<br />
circunstâncias normais, de forma simétrica e paralela. O processo alveolar da<br />
mandíbula suporta os dentes inferiores e as forças desenvolvidas durante a<br />
mastigação são transmitidas ao osso através dos dentes e ligamento<br />
periodontal, que funcionam de forma a absorver os impactos.<br />
Mudanças na consistência física dos alimentos foram introduzidas<br />
neste estudo para investigar os efeitos da hipofunção mastigatória sobre o osso
mandibular. Ratos de laboratório têm a vantagem de ser geneticamente<br />
homogêneos, o que reduz uma das muitas variações que acontecem em<br />
estudos clínicos. A consistência da dieta não parece interferir no crescimento<br />
normal, desde que não haja diferenças significantes de peso corporal dos<br />
animais no decorrer do experimento, fato que foi rigidamente controlado por<br />
aferições semanais.<br />
Os resultados deste estudo experimental mostraram que a<br />
consistência física dos alimentos pode influenciar na morfologia mandibular e<br />
em seu conteúdo mineral em ratos em crescimento. Embora os hábitos de<br />
alimentação e mastigação de ratos e humanos sejam distintos e não possam<br />
ser diretamente comparados, os resultados em estudos experimentais estão de<br />
acordo com estudos cefalométricos e antropológicos realizados em humanos<br />
(KAMEYA, 1980, KIMURA, 1989 e SATO et al., 2005).<br />
6.2 Avaliação comparativa do estudo morfométrico<br />
Buscou-se verificar as diferenças entre as médias do Grupo Controle<br />
(dieta sólida) e do Grupo Experimental (dieta em pó) e os resultados mostraram<br />
diferenças estatisticamente significantes para algumas medidas mandibulares<br />
macroscópicas. No sentido horizontal, foi o comprimento do Corpo Mandibular<br />
(Go-Me); no sentido vertical: Altura do Ramo I (Cr-GoT), Altura do Ramo II (Co-<br />
GoT) e Altura do Corpo Mandibular (Me-Ma); nas curvaturas mandibulares:<br />
Profundidade da Base da Mandíbula.<br />
Nos estudos de Kiliaridis et al. (1996) e Ulgen et al. (1997), em que<br />
foram avaliadas não somente as alterações da consistência da dieta no<br />
crescimento mandibular, mas também craniofacial como um todo, ambos
observaram que a hipofunção mastigatória afeta o crescimento e o<br />
desenvolvimento do esqueleto maxilofacial. Kiliaridis et al. (1996), concordando<br />
com os resultados do presente estudo, também reportaram que o comprimento<br />
do corpo mandibular e a altura do ramo mandibular, em parâmetros<br />
semelhantes, apresentaram menor crescimento no grupo da dieta macia e que<br />
isto pode ser um importante fator causal de alterações craniofaciais. Já Ulgen<br />
et al., em 1997, no trabalho tomado como referência para a seleção dos pontos<br />
e medidas empregados neste estudo, apresentaram resultados similares para<br />
as medidas de Altura do Ramo I (Co-GoT) e Altura do Corpo Mandibular (Me-<br />
Ma). Porém, no presente estudo, foram encontradas diferenças significantes<br />
também na medida de Altura do Ramo II (Cr-GoT), o que não aconteceu no<br />
estudo de Ulgen et al. (1997).<br />
O intuito de introduzir as medidas de profundidade deve-se ao fato<br />
de proporcionarem a investigação da influência da atividade muscular nas<br />
curvaturas ósseas das regiões posterior e inferior da mandíbula, o que teria<br />
efeito sobre o formato do referido osso. Obteve-se resultado significante<br />
apenas na medida de profundidade da base da mandíbula, o que poderia<br />
indicar que a modelação óssea e a forma da borda inferior da mandíbula seria<br />
influenciada pela atividade muscular. Este fato concorda com os estudos de<br />
Graber (1966) e Petrovic (1972), que afirmam que o estresse mecânico<br />
aplicado influencia na forma e volume dos ossos pelo mecanismo de<br />
remodelação óssea e que a modelação e remodelação ósseas são respostas<br />
distintas para a integração das demandas mecânica e metabólica.<br />
Segundo Meade et al. (1984) e Lanyon e Rubin (1984), os<br />
resultados do aumento do estímulo mecânico dinâmico no tecido ósseo
parecem influenciar o mecanismo de modelação óssea, através da deposição<br />
óssea na superfície periostal. A magnitude desta deposição parece ser<br />
proporcional à magnitude da intensidade e freqüência das cargas mecânicas.<br />
Burr et al. (1989) demonstraram que mudanças geométricas na arquitetura<br />
óssea em resposta a alterações na tensão mecânica ocorrem através da<br />
formação de osso trabecular. Parece certo que o controle do processo de<br />
modelação óssea é alcançado como um resultado do equilíbrio entre o efeito<br />
do potencial osteogênico derivado de estimulação mecânica e uma rede de<br />
efeitos reabsortivos controlados basicamente por hormônios (LANYON, 1984;<br />
RUBIN, 1984)<br />
Para a medida de tamanho da cabeça da mandíbula não se<br />
evidenciou diferença estatisticamente significante entre os grupos. Apesar<br />
disso, outros trabalhos, como os de Ito et al. (1988), Kantomaa et al. (1994),<br />
Kiliaridis et al. (1999) e Sakurai et al. (2007), mostraram que existe a influência<br />
da mastigação no crescimento e espessura da cartilagem da cabeça da<br />
mandíbula e na proliferação das células cartilaginosas. O reflexo dessas<br />
mudanças não foi detectado de forma significante no presente trabalho; talvez<br />
por tratar-se de um método de mensuração macroscópico e não microscópico,<br />
como nos achados histológicos citados acima. A alteração da consistência<br />
física dos alimentos não influenciou de forma significante a medida do ângulo<br />
goníaco, discordando dos achados de Yonemitsu, Muramoto e Soma (2007)<br />
que observaram uma tendência a maiores ângulos em animais que tiveram os<br />
músculos masseteres ressecados bilateralmente, sendo que existe uma grande<br />
diferença entre desinserção muscular e hipofunção mastigatória.
6.3 Análise da densidade óssea relativa no ramo mandibular e área média na<br />
região de segundos molares<br />
A densidade óssea relativa na área do ramo mandibular selecionada<br />
neste trabalho indicou resultados altamente significantes (p
partes anatômicas que fazem parte do ramo mandibular. Provavelmente, a<br />
explicação reside no fato de que regiões do osso que sofrem influência direta<br />
dos músculos da mastigação e podem ser afetadas quando expostas à<br />
estimulação física imposta pela mastigação. Assim, o conteúdo mineral do osso<br />
mandibular pode ser reduzido quando os músculos da mastigação são<br />
afetados pela ingestão de dietas mais macias. Apesar de a área selecionada<br />
neste estudo para as mensurações de densidade englobar as regiões de<br />
inserção muscular e outras não afetadas diretamente pelos músculos, os<br />
resultados mostraram diferenças significantes também nas demais regiões do<br />
ramo mandibular, não afetadas diretamente pelos músculos. No entanto,<br />
medidas específicas precisariam ser realizadas para se afirmar que estas<br />
regiões estariam sendo afetadas secundariamente à ação dos músculos da<br />
mastigação e os resultados encontrados não refletiriam somente as alterações<br />
provocadas nas áreas de inserção muscular.<br />
Alguns trabalhos, como o de Sato et al. (2005), mostraram<br />
decréscimo de conteúdo mineral não somente nas áreas de inserção muscular,<br />
mas também na área de osso alveolar da região de molares. Já Mavropoulos et<br />
al. (2004) e Tanaka et al. (2007) mostraram redução da densidade mineral<br />
acompanhada pela diminuição do volume e espessura do osso trabecular em<br />
áreas do corpo mandibular, por meio de métodos de tomografia<br />
computadorizada. Ao mensurar espessura de cortical lingual e vestibular na<br />
região de molar, ambas apresentaram-se significativamente menores no grupo<br />
de animais que se alimentou de dieta mais macia, nos dois estudos<br />
supracitados.
Através dos resultados desses estudos surgiu a idéia de medir a<br />
área de tecido ósseo na região de molares, para avaliar se a porção óssea<br />
basal da mandíbula é afetada por estímulos mastigatórios assim como é a<br />
região alveolar. No presente estudo, não por métodos de imagens obtidas por<br />
raios X, mas por imagens reais de cortes histológicos da área de segundo<br />
molar mandibular, constatou-se que existem diferenças significantes entre os<br />
grupos e que o grupo da dieta em pó possui menor área de osso trabecular e<br />
cortical nesta região. A diferença de volume de tecido ósseo basal considerada<br />
alta e significativa (p
As análises dos resultados, a princípio, apenas autorizam fazer<br />
essas afirmativas, em termos de influência da consistência de dieta no<br />
crescimento mandibular, ou seja, existe maior crescimento mandibular no<br />
grupo que recebeu dieta mais consistente. Sob o ponto de vista de harmonia<br />
oclusal, pode e deve-se entender que a dieta consistente deve ser<br />
recomendada para o melhor desenvolvimento dos músculos da mastigação e,<br />
consequentemente, para uma função mais equilibrada e estável, o que<br />
influenciaria efetivamente nas dimensões finais do osso mandibular. Esta<br />
percepção está de acordo com trabalhos anteriores de Bouvier e Hylander, em<br />
1983; Beecher e Corruccini, em 1981; Kiliaridis, em 1996; Ulgen et al, em 1997;<br />
Bresin e Kiliaridis, em 1999; Maki et al, em 2002; Langenbach, em 2003;<br />
Kitagawa et al, em 2004; Mavropoulos et al, em 2004; Sato et al, em 2005;<br />
Mavropoulos et al, em 2005; Katsaros et al, em 2006; Yonemitsu et al, em<br />
2007; Abed et al, em 2007; Sakurai et al, em 2007; Shimomoto et al, em 2007;<br />
Tanaka et al, em 2007 e Kunni et al., em 2008.<br />
Os resultados encontrados neste estudo são importantes no que se<br />
refere à etiologia das maloclusões, porque o ortodontista, valendo-se destas<br />
constatações, poderia propor um melhor aconselhamento em termos de<br />
composição da dieta alimentar ao seu paciente. Ao propor uma abordagem<br />
multidisciplinar na atenção ao paciente infantil, talvez, as observações<br />
apresentadas fossem ainda mais pertinentes ao odontopediatra ou até mesmo<br />
ao médico pediatra, pois são profissionais com uma atuação mais marcante<br />
durante a infância.
Existem na literatura opiniões muito diversificadas a respeito da<br />
influência da atividade muscular mastigatória. Muitos trabalhos, como os de<br />
Henrikson et al. (1997), Ito et al. (1988) e Katsaros et al. (1994), defendem a<br />
sua interferência na morfologia facial. Para outros autores, como Kiliaridis<br />
(1986), Kuroe e Ito (1990) e Yamada e Kimmel (1991), a força muscular agiria<br />
como modificadora do padrão de crescimento. Assim, torna-se necessária uma<br />
abordagem mais ampla do assunto.<br />
Segundo a teoria da matriz funcional descrita por Moss e Salentijn,<br />
em 1969, e revisada posteriormente em uma série de 4 artigos publicados pelo<br />
próprio Dr. Moss em 1997, procura-se explicar o crescimento craniofacial<br />
através da ação de elementos epigenéticos sobre os ossos faciais. Estes<br />
cresceriam em resposta às maiores exigências impostas pelas matrizes<br />
funcionais, no caso da mandíbula, principalmente os músculos da mastigação.<br />
Trabalhos anteriores como os de Liu et al. (1998), Bresin e Kiliaridis (1999),<br />
Langenbach et al. (2003), Kitagawa et al. (2004) e Yonemitsu, Muramoto e<br />
Soma (2007), avaliando os efeitos da consistência da dieta sobre o<br />
crescimento mandibular em ratos em crescimento e valendo-se de uma<br />
metodologia semelhante à deste trabalho, concluíram que os músculos da<br />
mastigação são afetados principalmente no número e tipos de fibras<br />
musculares, o que modificaria o desenvolvimento de forças musculares e<br />
afetaria de forma significante a sua função.<br />
Parece claro que a opinião da maioria é de que a falta de solicitação<br />
funcional levaria a uma não utilização de todo o potencial geneticamente<br />
reservado para um determinado indivíduo, em locais sujeitos a estímulos<br />
externos, como é o caso da mandíbula.
Em outras palavras, uma atividade muscular maior poderia garantir a<br />
utilização total do potencial de crescimento geneticamente existente. Fato que<br />
foi verificado nesta pesquisa e em pesquisas anteriores, como as de Ulgen et<br />
al. (1997), Bresin e Kiliaridis (1999), Maki et al. (2002), Langenbach et al.<br />
(2003), Kitagawa et al. (2004), Mavropoulos et al. (2004), Sato et al. (2005),<br />
Katsaros et al. (2006), Yonemitsu, Muramoto e Soma (2007), Sakurai et al.<br />
(2007), Shimomoto et al. (2007), Tanaka et al. (2007), dentre outras. Na<br />
verdade, uma dieta pouco consistente determina alterações nas atividades<br />
musculares e estas vão deixar de dar sua contribuição ao avanço genético dos<br />
sítios de crescimento. Os sítios de crescimento mais sujeitos às solicitações<br />
funcionais estariam, portanto, mais suscetíveis às alterações. Observou-se, por<br />
meio dos resultados, que estes sítios são os que estão mais diretamente<br />
ligados aos arcos dentários, concordando com o que foi afirmado por Van Der<br />
Linden em 1990.<br />
No presente trabalho, procurou-se isolar os animais da influência de<br />
outros fatores, da melhor forma possível, para se estudar apenas a influência<br />
da consistência da dieta sobre o crescimento e a morfologia da mandíbula. As<br />
inferências que se pode fazer de investigações experimentais em animais,<br />
comparando-se com seres humanos, podem não ser muito conclusivas. No<br />
entanto, trabalhos experimentais trazem importantes informações que<br />
correlacionam fatores e os resultados são de grande valia para que estudos em<br />
humanos possam ser realizados com mais segurança, objetivando-se assim,<br />
uma análise real das alterações que poderiam ocorrer em seres com alto poder<br />
de adaptações.
7 CONCLUSÕES
7 CONCLUSÕES<br />
Nas condições impostas para o desenvolvimento do presente trabalho<br />
de investigação experimental em ratos, tendo em vista os resultados obtidos e<br />
com base no que foi discutido, julga-se válido concluir que:<br />
• A consistência da dieta alimentar, parece exercer, de maneira<br />
significativa, influência na morfologia final da mandíbula em ratos.<br />
• A diminuição da demanda mecânica induzida pela dieta em pó parece<br />
influenciar na curvatura da base da mandíbula e sugere uma diminuição<br />
desta medida.<br />
• Embora do ponto de vista macroscópico, a alimentação em pó não tenha<br />
influenciado de maneira significante o crescimento da cabeça da<br />
mandíbula, a hipofunção muscular pode ser associada a dimensões<br />
macroscópicas mandibulares e medidas de área de osso cortical e<br />
trabecular basal, na região de molares, significativamente reduzidas. A<br />
hipofunção muscular pode ser associada a dimensões macroscópicas<br />
mandibulares e medidas de área de osso cortical e trabecular basal, na<br />
região de molares, significantemente reduzidas.<br />
• A densidade óssea mineral relativa na região do ramo mandibular<br />
também se apresentou significativamente menor em animais com<br />
hipofunção mastigatória induzida pela dieta em pó.
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ANEXO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA<br />
Resultado de Solicitação de Protocolo<br />
Protocolo<br />
PP00138<br />
Título<br />
Efeitos da Consistência da Dieta sobre o Crescimento Mandibular<br />
Data de Entrada<br />
03/09/2007<br />
Resultado:<br />
Aprovado<br />
Data/Prazo<br />
07/11/2007<br />
Considerações<br />
Oficio nº 168/CEUA/PRPe/2007<br />
Do: Presidente da Comissão de Ética no Uso de Animais-CEUA<br />
Ao(à): Prof(a) Dr(a) Péricles Diniz, Departamento de Morfologia - CCB<br />
Prezado(a) Professor(a),<br />
Em relação ao protocolo de pesquisa sob sua responsabilidade o CEUA<br />
deliberou o seguinte:<br />
- APROVADO, por 1 (hum) ano, para a utilização de 36 ratos (Rattus<br />
norvegicus).<br />
Por ocasião do término desse protocolo, DEVERÁ SER APRESENTADO<br />
RELATÓRIO detalhado relacionando o uso de animais no Projeto desenvolvido<br />
aos resultados obtidos, conforme formulário ON LINE CEUA.<br />
Atenciosamente,<br />
Relatório Final previsto para (90 dias após término da vigência do protocolo ou no momento da<br />
apresentação de um novo protocolo)<br />
Data 20/02/2009<br />
Data 20/11/2007<br />
Parecer(es):