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DEPARTAMENTO DE MEDICINA VETERINÁRIA TRABALHO ... - Upis

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<strong><strong>DE</strong>PARTAMENTO</strong> <strong>DE</strong> <strong>MEDICINA</strong> <strong>VETERINÁRIA</strong><br />

<strong>TRABALHO</strong> <strong>DE</strong> CONCLUSÃO DO CURSO<br />

<strong>DE</strong> <strong>MEDICINA</strong> <strong>VETERINÁRIA</strong><br />

Área de Inspeção Sanitária e Controle de Qualidade<br />

Acadêmico: Rodrigo Cavallare Vieira<br />

Orientador: Profa. Fabiana Elias<br />

Supervisor: Méd. Vet. Daniela dos Santos Anelli Fernandes<br />

Brasília – DF<br />

Junho, 2005<br />

1


<strong>DE</strong>DICATÓRIA<br />

Dedico o presente trabalho ao meu avô Osvaldo, pois ele me mostrou que<br />

nossa vida pode mudar rapidamente, porém, por maiores que sejam as<br />

dificuldades, sempre devemos lutar por nossos sonhos.<br />

Dedico também à minha família que me apoiou todos esses anos, meu pai,<br />

mesmo longe, parecia estar sempre perto, minha mãe, pelos “puxões de orelha”<br />

nas horas certas, minhas avós queridas sempre preocupadas e cuidando de mim,<br />

ao meu irmão Daniel que sempre sabia perturbar na hora certa, às minhas irmãs<br />

Daniela e Térsia por me darem sobrinhas lindas que com certeza serviram de<br />

inspiração, ao Waldir que sempre me ajudou como pode. À tia Vera, sempre com<br />

seu bom humor e alto astral, aos meus primos que estão longe, mas moram no<br />

meu coração sempre e aos meus amigos, os quais posso também chamar de<br />

irmãos: David e Guto, que sempre me divertiram tirando o estresse advindo do<br />

trabalho.<br />

O importante é frisar que sem essas pessoas, sem dúvida, os caminhos<br />

teriam sido muito mais difíceis e nunca seriam tão divertidos. Obrigado por tudo,<br />

de coração.<br />

2


AGRA<strong>DE</strong>CIMENTOS<br />

É difícil agradecer todas as pessoas que contribuíram para engrandecer<br />

este trabalho de conclusão. Tarefa mais difícil ainda é agradecer as pessoas que<br />

contribuíram na minha formação, pois sem dúvida, fizeram parte deste trabalho<br />

também.<br />

Quero começar primeiro agradecendo a Deus, pois sem ele nenhum dos<br />

objetivos teria sentido, às minha duas orientadoras, Fabiana e Rose por me<br />

apoiarem e sempre estarem dispostas a me ajudar a hora que fosse, aos meus<br />

amigos de faculdade que sempre me ajudaram em tudo e principalmente à Lena,<br />

Rafael e Roberta que me ajudaram muito com esse trabalho, juntamente com<br />

minha prima Amanda, sempre retirando minhas redundâncias do texto. Obrigado,<br />

não vou esquecer nunca.<br />

Agradeço aos meus amigos Diego e Marina que conseguiram o lugar para<br />

que fosse feito o estágio. Eu não conseguiria encontrar um melhor.<br />

Agradeço a todos os funcionários que me receberam muito bem e com<br />

muito carinho no frigorífico Fricarmo. Principalmente a Médica Veterinária Daniela,<br />

a Alessandra que me enviava tudo o que eu pedia para finalização do trabalho, ao<br />

Eurípedes filho que me deixou muito a vontade para colocar meus pontos de vista<br />

e também ao senhor Eurípedes por me aceitar e dar oportunidade de mostrar<br />

meu trabalho.<br />

Agradeço em especial à Médica Veterinária Maria Auxiliadora Gorga Luna<br />

por me ensinar bastante e por despertar meu interesse pela área de inspeção e<br />

controle de qualidade.<br />

Queria agradecer também aqui professores que contribuíram com minha<br />

formação, pois eles fazem parte, mesmo que indiretamente deste trabalho.<br />

Soraya, Rafael, Hélio, László, Tury, Andrea, Adriana, Rita, Flávio, Carlos, Eliane,<br />

Alexander, Alessandra e desculpem-me os outros que esqueci de escrever aqui,<br />

mas nem por isso, menos importantes.<br />

Agradeço também aos funcionários da faculdade: Rubinho, Alexandre e<br />

senhor Humberto que sempre procuravam ajudar no que podiam e a Renata e<br />

Luciana da biblioteca sempre me entregando os livros certos para que eu<br />

pudesse concluir o trabalho.<br />

3


SUMÁRIO<br />

<strong>DE</strong>DICATÓRIA.................................................................................................. III<br />

AGRA<strong>DE</strong>CIMENTOS........................................................................................ IV<br />

LISTA <strong>DE</strong> TABELAS........................................................................................ VII<br />

LISTA <strong>DE</strong> FIGURAS......................................................................................... VIII<br />

1. INTRODUÇÃO............................................................................................. 1<br />

1.1. CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL <strong>DE</strong> ESTÁGIO.................................... 1<br />

2. ATIVIDA<strong>DE</strong>S <strong>DE</strong>SENVOLVIDAS................................................................ 1<br />

3. CISTICERCOSE............................................................................................ 5<br />

3.1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.................................................................. 5<br />

3.2. <strong>DE</strong>SCRIÇÃO DAS ALTERAÇÕES OBSERVADAS............................... 15<br />

3.3. PROCEDIMENTO REALIZADO............................................................. 16<br />

3.4. DISCUSSÃO.......................................................................................... 18<br />

4. TUBERCULOSE........................................................................................... 24<br />

4.1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.................................................................. 24<br />

4.2. <strong>DE</strong>SCRIÇÃO DAS ALTERAÇÕES OBSERVADAS............................... 33<br />

4.3. PROCEDIMENTO REALIZADO............................................................. 36<br />

4.4. DISCUSSÃO.......................................................................................... 39<br />

5. PRÁTICAS <strong>DE</strong> CONTROL<strong>DE</strong> <strong>DE</strong> QUALIDA<strong>DE</strong>.......................................... 43<br />

5.1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.................................................................. 43<br />

5.1.1 INTRODUÇÂO.............................................................................. 43<br />

5.1.2 BOAS PRÁTICAS <strong>DE</strong> FABRICAÇÃO........................................... 44<br />

5.1.3 ANÁLISE <strong>DE</strong> PERIGOS E PONTOS CRÍTICOS <strong>DE</strong><br />

CONTROLE (APPCC).......................................................................................<br />

5.1.4 PROCEDIMENTO PADRÃO <strong>DE</strong> HIGIENE OPERACIONAL<br />

46<br />

(PPHO).............................................................................................................. 48<br />

5.2. PROCEDIMENTO REALIZADO............................................................. 50<br />

5.3. DISCUSSÃO.......................................................................................... 51<br />

6. CONCLUSÃO............................................................................................... 55<br />

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................. 56<br />

4


LISTA <strong>DE</strong> TABELAS<br />

Tabela 1 - Número de casos de cisticercose e tuberculose encontrados em<br />

animais no DIF sob supervisão do SIF 137 no frigorífico<br />

Fricarmo – Cidade Ocidental – GO, no período de nov. de 2004<br />

a abril de 2005............................................................................... 3<br />

Tabela 2 - Número animais infectados com tuberculose ou cisticercose por<br />

mês, durante o período de nov. de 2004 a abril de 2005 no<br />

frigorífico Fricarmo – Cidade Ocidental – GO, sob supervisão do<br />

SIF 137.......................................................................................... 3<br />

Tabela 3 - Diferenças gerais entre a Taenia solium e a Taenia saginata em<br />

cada fase do ciclo evolutivo – Alvarez; Epidemiologia aplicada<br />

às doenças transmitidas por alimentos – convênio FSP/USP -<br />

São Paulo – SP, 2000................................................................... 6<br />

Tabela 4 - Número de casos de cisticercose encontrados em animais<br />

abatidos sob supervisão do SIF 137 no frigorífico Fricarmo –<br />

Cidade Ocidental – GO, no período de nov. de 2004 a abril de<br />

2005...............................................................................................<br />

Tabela 5 - Freqüência de infecção e agentes etiológicos mais encontrados<br />

em cada espécie...........................................................................<br />

Tabela 6 - Principais exames diagnósticos realizados no homem e no<br />

bovino para a caracterização da tuberculose................................<br />

Tabela 7 - Número de casos de tuberculose encontrados em animais<br />

abatidos sob supervisão do SIF 137 no frigorífico Fricarmo –<br />

Cidade Ocidental – GO, no período de nov. de 2004 a abril de<br />

2005...............................................................................................<br />

15<br />

26<br />

30<br />

33<br />

5


LISTA <strong>DE</strong> FIGURAS<br />

Figura 1 - Número de casos de cisticercose e tuberculose encontrados<br />

em animais abatidos sob supervisão do SIF 137 no frigorífico<br />

Fricarmo – Cidade Ocidental – GO, no período de nov de 2004<br />

a abril de 2005............................................................................<br />

Figura 2 - Número animais infectados com tuberculose ou cisticercose<br />

por mês, durante o período de nov. de 2004 a abril de 2005 no<br />

frigorífico Fricarmo – Cidade Ocidental – GO, sob supervisão<br />

do SIF 137..................................................................................<br />

Figura 3 - Micrografia eletrônica de uma Taenia saginata, escolex............<br />

Figura 4 - Imagem 3D baseada em fotografias da Taenia solium..............<br />

Figura 5 - Micrografia de proglote grávido, Taenia saginata............... 7<br />

Figura 6 - Fotografia de um cisto calcificado no m. masseter de um<br />

bovino.........................................................................................<br />

Figura 7 - Fotografia de um cisto vivo no m. masseter de um bovino......... 16<br />

Figura 8 - Fotografia da linha de inspeção no matadouro frigorífico........... 17<br />

Figura 9 - Fotografia dos cortes feitos em uma carcaça condenada<br />

parcialmente no DIF, carne para conserva, mar. 2005...............<br />

Figura 10 - Micrografia eletrônica do Mycobacterium tuberculosis...............<br />

Figura 11 - Micrografia de reação inflamatória granulomatosa.....................<br />

Figura 12 - Fotografia de lesões caseosas em linfonodo..............................<br />

4<br />

4<br />

6<br />

7<br />

16<br />

18<br />

25<br />

29<br />

34<br />

6


Figura 13 - Fotografia de nódulos calcificados (complexo primário)............. 35<br />

Figura 14 - Fotografia de lesões típicas de tuberculose miliar...................... 35<br />

7


1 – INTRODUÇÃO<br />

1.1 - Caracterização do local de estágio.<br />

O matadouro frigorífico Fricarmo – E.D. Frigorífico LTDA situa-se na<br />

rodovia GO 09 Km 12 – Fazenda Mesquita zona rural, Cidade Ocidental – GO.<br />

É classificado como matadouro frigorífico tipo exportação, sob o SIF 137, Junto ao<br />

Serviço de Informações Gerenciais do Serviço de Inspeção Federal (SIG-SIF) que<br />

apresenta os dados ao Serviço de Inspeção de Produtos Agropecuários no qual<br />

está inserida a Superintendência Federal de Agricultura do Distrito Federal<br />

(SIPAG/SFA/DF) que transmite os dados, disponibilizando-os para o<br />

Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (DIPOA) do Ministério<br />

da Agricultura e Abastecimento.<br />

O estabelecimento exerce atividades de abate, desossa para venda de<br />

cortes “in natura” destinados ao consumo humano, além de produção de<br />

subprodutos como farinha de osso para ração animal.<br />

O frigorífico dispõe de instalações e equipamentos sanitariamente<br />

adequados, sendo a maioria (90%) de aço inoxidável. Possui uma equipe de<br />

profissionais que são gerenciados pelo controle de qualidade da indústria.<br />

A supervisão do controle de qualidade está sob a responsabilidade da<br />

Médica Veterinária Daniela dos Santos Anelli Fernandes que busca atender todas<br />

as exigências e normas a serem cumpridas.<br />

8


2 – ATIVIDA<strong>DE</strong>S <strong>DE</strong>SENVOLVIDAS.<br />

O presente trabalho descreve as atividades realizadas no período de 23 de<br />

fevereiro de 2005 a 29 de abril de 2005 completando uma carga horária de 580<br />

horas do estágio supervisionado obrigatório.<br />

O estágio se baseou principalmente na área de controle de qualidade da<br />

indústria, que possui programas de segurança alimentar (BPF, APPCC e PPHO),<br />

com manuais de acordo com a lei e planilhas para controles diários fazendo um<br />

controle mais efetivo.<br />

De acordo com o Codex Alimentarius (O Codex Alimentarius é um<br />

Programa Conjunto da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a<br />

Alimentação - FAO e da Organização Mundial da Saúde – OMS), a indústria se<br />

encaixa no padrão exportação. O estágio teve a supervisão da médica veterinária<br />

Daniela dos Santos Anelli Fernandes.<br />

Ao ocupar o cargo de monitor do controle de qualidade, foi permitido o<br />

acesso e adquirido conhecimento de todos os setores da indústria. Ligando<br />

diretamente a supervisão à produção e finalização da matéria prima,<br />

acompanhada desde sua chegada à indústria até sua expedição.<br />

O Diretor-presidente da indústria estava arrendando outro matadouro<br />

frigorífico, o Frigovieira, que também se chamará Fricarmo, porém com a razão<br />

social de Agroeste Agropecuária Centro Oeste LTDA, localizado a 8 km de<br />

distância, tornando possível acompanhar todo o processo de rotulagem que serão<br />

usados nas embalagens desse novo frigorífico.<br />

Acompanhou-se também, a Inspeção do Serviço de Inspeção Federal (SIF)<br />

número 137 cujo encarregado nas duas primeiras semanas era o Médico<br />

Veterinário Alexander Dornelles que, posteriormente, foi substituído pela Médica<br />

Veterinária Valéria Burmeister Martins.<br />

Neste período, as atividades acompanhadas foram referentes ao controle<br />

de qualidade e inspeção sanitária de carcaças e carnes.<br />

Neste trabalho, serão abordadas duas patologias, as quais são comuns e<br />

requerem cuidados especiais na inspeção de carcaças: a tuberculose e a<br />

cisticercose.<br />

9


Dessa forma será traçada uma linha epidemiológica da região e será<br />

descrita como e porque essas patologias causam tantos problemas.<br />

Serão discutidos também os destinos dados pelo Departamento de<br />

Inspeção Final (DIF) que é uma área separada na sala de matança para que o<br />

veterinário examine essas carcaças. Um pouco mais superficialmente serão<br />

discutidos assuntos sobre controle de qualidade como: Boas Práticas de<br />

Fabricação (BPF), Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) e<br />

Procedimento Padrão de Higiene Operacional (PPHO).<br />

O número total de casos de cisticercose e tuberculose no período de<br />

novembro de 2004 até abril de 2005, chega ao número de 495 animais<br />

equivalente a um percentual de 5,10% de um total de 9.593 animais que<br />

passaram pelas linhas de inspeção. Esses resultados são considerados normais<br />

quando comparados à situação geral do Brasil. Estes podem ser divididos em<br />

categorias conforme demonstrado nas tabelas (1 e 2) e nos gráficos (1 e 2).<br />

Tabela 1 - Número de casos de cisticercose e tuberculose encontrados em<br />

animais no DIF sob supervisão do SIF 137 no frigorífico Fricarmo –<br />

Cidade Ocidental – GO, no período de nov. de 2004 a abril de 2005.<br />

Patologia N° de Casos %<br />

Cisticercose Viva 151 30,5<br />

Cisticercose calcificada 154 31,1<br />

Tuberculose caseosa 93 18,8<br />

Tuberculose calcificada 96 19,4<br />

Tuberculose miliar 1 0,2<br />

TOTAL 495 100<br />

Fonte: Registros do Serviço de Inspeção Federal n° 137 locado no DF pelo<br />

DIPOA, Ministério da Agricultura e Abastecimento.<br />

10


Tabela 2 - Número animais infectados com tuberculose ou cisticercose por mês,<br />

durante o período de nov. de 2004 a abril de 2005 no frigorífico<br />

Fricarmo – Cidade Ocidental – GO, sob supervisão do SIF 137.<br />

Patologia nov/04 dez/04 jan/05 fev/05 mar/05 abr/05<br />

Cisticercose Viva 10 18 38 35 23 27<br />

Cisticercose calcificada 8 36 26 24 23 37<br />

Tuberculose caseosa 0 6 26 30 23 8<br />

Tuberculose calcificada 20 10 20 7 20 19<br />

Tuberculose miliar 0 0 0 0 1 0<br />

TOTAL 38 70 110 96 90 91<br />

Fonte: Registros do Serviço de Inspeção Federal n° 137 locado no DF pelo<br />

DIPOA, Ministério da Agricultura e Abastecimento.<br />

19%<br />

total de casos entre Nov/04 e Abr/05<br />

19%<br />

0%<br />

31%<br />

31%<br />

Cisticercose Viva<br />

Cisticercose calcificada<br />

Tuberculose caseosa<br />

Tuberculose calcificada<br />

Tuberculose miliar<br />

Fonte: Registros do Serviço de Inspeção Federal n° 137 locado no DF pelo<br />

DIPOA, Ministério da Agricultura e Abastecimento.<br />

Figura 1 – Número de casos de cisticercose e tuberculose encontrados em<br />

animais abatidos sob supervisão do SIF 137 no frigorífico Fricarmo –<br />

Cidade Ocidental – GO, no período de nov de 2004 a abril de 2005.<br />

11


40<br />

35<br />

30<br />

25<br />

20<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

nov/04<br />

Casos de Cisticercose e Tuberculose no SIF<br />

137<br />

dez/04<br />

jan/05<br />

fev/05<br />

mar/05<br />

abr/05<br />

Cisticercose Viva<br />

Cisticercose<br />

calcificada<br />

Tuberculose caseosa<br />

Tuberculose<br />

calcificada<br />

Tuberculose miliar<br />

Fonte: Registros do Serviço de Inspeção Federal n° 137 locado no DF pelo<br />

DIPOA, Ministério da Agricultura e Abastecimento.<br />

Figura 2 – Número animais infectados com tuberculose ou cisticercose por mês,<br />

durante o período de nov. de 2004 a abril de 2005 no frigorífico<br />

Fricarmo – Cidade Ocidental – GO, sob supervisão do SIF 137.<br />

12


3.1 - Revisão bibliográfica<br />

3 - Cisticercose<br />

Os agentes da cisticercose no homem são a Taenia saginata (ver figura 3) e a<br />

Taenia Solium (ver figura 4), mas foi demonstrado que a Taenia asiatica ou de Taiwan, que tem o<br />

suíno como principal hospedeiro intermediário, é geneticamente diferente das outras Taenias,<br />

porém pode ser relacionada com a Taenia saginata (PALMER; SOULSBY & SIMPSON, 1998).<br />

Os vermes adultos das Taenias têm como hospedeiros definitivos os humanos e outros<br />

animais, já na infecção por metacestódeos (estágio larval) variam os hospedeiros infectados (ver<br />

tabela 3) (PALMER; SOULSBY & SIMPSON, 1998).<br />

A Taenia saginata tem como hospedeiros intermediários o bovino, alce e outros<br />

ruminantes selvagens; a Taenia solium tem como hospedeiros intermediários os suínos<br />

domésticos e selvagens, humanos e cães; já a Taenia asiatica tem como hospedeiros<br />

intermediários os suínos domésticos e selvagens além dos bovinos, cabras e macacos. No caso<br />

da Taenia saginata, cisticercos maduros podem ser encontrados ainda no fígado de suínos que<br />

foram alimentados com rações contaminadas por ovos (PALMER; SOULSBY & SIMPSON, 1998).<br />

O gênero Taenia pertence à família Taenidae, classe Cestoidea e ordem Cyclophyllidea. O<br />

homem adquire a Taenia ao ingerir carne contaminada pelos cistos, sendo ela crua ou mal cozida.<br />

Quando os bovinos ou os suínos ingerem os ovos junto com o pasto ou a água, desenvolvem<br />

cisticercos em seus tecidos (REY, 1991).<br />

A importância do complexo teníase-cisticercose para a saúde pública é que o homem<br />

pode se tornar além de hospedeiro definitivo, hospedeiro intermediário. É o que se denomina de<br />

cisticercose humana. (REY, 1991).<br />

O complexo teníase-cisticercose, determinado pela Taenia saginata, apresenta<br />

distribuição cosmopolita, estando amplamente difundido na maioria dos países em que há criação<br />

bovina (PAWLOWSKI, 1982; SOULSBY, 1974; WASHINGTON, 1975).<br />

Tabela 3 – Diferenças gerais entre a Taenia solium e a Taenia saginata em cada fase do ciclo<br />

evolutivo – Alvarez; Epidemiologia aplicada às doenças transmitidas por alimentos –<br />

convênio FSP/USP - São Paulo – SP, 2000.<br />

Fase evolutiva Taenia solium Taenia saginata<br />

Escólex Globoso<br />

Com rostro<br />

Com dupla fileira de acúleos<br />

Quadrangular<br />

Sem rostro<br />

Sem acúleos<br />

13


Proglotes Ramificações uterinas pouco<br />

numerosas, de tipo dendrítico<br />

Saem passivamente com as<br />

fezes<br />

Cysticercus C. cellulosae<br />

Apresenta acúleos<br />

Ramificações uterinas muito<br />

numerosas, de tipo<br />

dicotômico<br />

Saem ativamente no intervalo<br />

das defecações<br />

C. bovis<br />

Não apresenta acúleos<br />

Cisticercose humana Possível Não comprovada<br />

Ovos Indistinguíveis Indistinguíveis<br />

Fonte: Alvarez; Epidemiologia aplicada às doenças transmitidas por alimentos. São Paulo, SP,<br />

2000.<br />

Fonte: ROCHE, 2003.<br />

Figura 3 – Micrografia eletrônica de uma Taenia saginata, escolex.<br />

Fonte: American Museum of Natural History, 1998.<br />

14


Figura 4 – Imagem 3D baseada em fotografias da Taenia solium.<br />

O ciclo de vida desses agentes varia. A Taenia saginata, tem um período pré-patente que<br />

varia entre 87 e 100 dias. Proglotes grávidos (ver figura 5) separam-se individualmente do terço<br />

final do verme por um período de 3 a 10 dias, às vezes mais. Alguns se locomovem<br />

espontaneamente até o ânus e região perianal, onde se desprendem; outros são eliminados<br />

passivamente com as fezes, geralmente em sua superfície, ou podem ser fragmentados<br />

parcialmente no intestino. Os ovos são liberados no interior do intestino, na pele ou no piso. Sua<br />

liberação se dá quando, a partir de uma abertura formada por pressão dos ovos no útero e de<br />

contrações musculares de proglotes em movimento, segmentos se desprendem de vermes<br />

adultos. Essa produção pode variar entre 100.000 e 1.000.000 de ovos por dia. Periodicamente,<br />

um segmento de proglotes maduros (grávidos), com um comprimento variável, é perdido. Vermes<br />

adultos podem chegar até 30 anos de sobrevivência (PALMER; SOULSBY & SIMPSON, 1998).<br />

Fonte: Public health concern, 2002<br />

Figura 5 – Micrografia de proglote grávido, Taenia saginata.<br />

A Taenia asiatica tem a eliminação de ovos semelhante à Taenia saginata. Onde há uma<br />

íntima associação entre os hospedeiros intermediários (suíno) e humanos dentro de habitações<br />

sem higiene (PALMER; SOULSBY & SIMPSON, 1998).<br />

Já na Taenia solium, a produção de ovos em pessoas infectadas não é bem conhecida.<br />

Sabe-se que o período pré-patente é de cerca de 9 a 10 semanas. Proglotes grávidos que contêm<br />

em média 50.000 ovos, não deixam o hospedeiro espontaneamente, mas sim passivamente<br />

através das fezes em cadeia, em média 5 a 6 por dia (PALMER; SOULSBY & SIMPSON, 1998).<br />

Os ovos da Taenia saginata não possuem resistência prolongada a ambientes secos,<br />

porém, se eles estiverem em rios, esgotos, pastagens, entre outros, os ovos podem durar várias<br />

semanas ou até meses. Os ovos podem chegar ao hospedeiro por diferentes caminhos. Eles são<br />

aderentes podendo se fixar em mãos e dedos e assim passar para a boca dos bezerros quando as<br />

mãos dos tratadores são sugadas; sistemas de pastos ao redor de habitações humanas sem<br />

sanidade; quando trabalhadores defecam indiscriminadamente nos pastos contaminando<br />

suprimentos de água, silos, alimentos de animais confinados, possibilitando um surto de<br />

cisticercose com vários bovinos infectados ao mesmo tempo; a não eliminação de ovos de<br />

tenídeos nas estações de tratamento de esgoto e a irrigação ou fertilização de pastagens com<br />

15


esses efluentes contaminados e disseminação através de insetos dos depósitos fecais para o<br />

gado na pastagem (PALMER; SOULSBY & SIMPSON, 1998).<br />

Presume-se que o suíno possa comer cadeias inteiras de proglotes em fezes humanas,<br />

ingerindo números massivos de ovos. Outros meios de dispersão de ovos (insetos, aves,<br />

depósitos fecais) não têm sido examinados para a Taenia solium (PALMER; SOULSBY &<br />

SIMPSON, 1998).<br />

Na Taenia saginata, depois de ingeridos os ovos, são produzidos metacestódeos nos<br />

músculos esqueléticos, cardíacos e ocasionalmente em órgãos internos. Os metacestódeos são<br />

infectivos de 8 a 10 semanas. Os locais mais evidentes para a localização dos cistos são:<br />

masseteres, coração, diafragma e língua. No entanto, toda a musculatura pode estar afetada. Os<br />

cistos parecem ser mais viáveis na musculatura esquelética que em outros músculos ativos. Após<br />

um período de nove meses, um número grande de cisticercos está morto e calcificado, porém,<br />

algumas infecções (ex: neonatal) podem durar períodos prolongados. Uma forte imunidade<br />

anticorpo-mediada é adquirida pelo gado contra a re-infecção (PALMER; SOULSBY & SIMPSON,<br />

1998).<br />

No caso da Taenia asiatica, os metacestódeos desenvolvem-se primeiramente no fígado,<br />

preferencialmente no parênquima à superfície deste órgão. No omento, pulmões e serosa do cólon<br />

são encontrados até 30% dos cistos. Rapidamente ocorre o desenvolvimento da forma larval. Os<br />

metacestódeos maduros são observados precocemente de 27 a 43 dias e podem sobreviver até<br />

79 dias após a infecção (PALMER; SOULSBY & SIMPSON, 1998).<br />

Na Taenia solium os metacestódeos são infectivos até 10 semanas após a infecção, a<br />

qual ocorre principalmente, no músculo esquelético e cardíaco, podendo ocorrer também no<br />

cérebro. O tempo de sobrevivência em suínos não é conhecido, isso não é fator importante na<br />

transmissão, já que, os suínos são abatidos mais jovens que bovinos (PALMER; SOULSBY &<br />

SIMPSON, 1998).<br />

A infecção de humanos pelo verme adulto da Taenia saginata depende do consumo de<br />

carnes cruas ou mal cozidas. A teníase é comum em algumas partes da África e América Latina,<br />

onde não há inspeção sanitária, tratamento das carcaças contaminadas por<br />

congelamento/resfriamento e a carne é consumida sem suficiente cocção, contribuindo para<br />

aumentar a prevalência de pessoas infectadas pela tênia (FERREIRA; FORONDA &<br />

SCHUMAKER, 1998).<br />

No caso da Taenia asiatica, a infecção por vermes adultos se dá pela ingestão de carnes<br />

cruas ou mal passadas, vísceras de suínos e de animais selvagens (PALMER; SOULSBY &<br />

SIMPSON, 2003).<br />

A Taenia solium aparece preferencialmente em certos tipos de culturas alimentares,<br />

incluindo, por exemplo, a ingestão de carnes cruas, métodos de cozimento como fumegação,<br />

grelhas, entre pedras quentes como na Indonésia e consumo de “delicacy de measly pork<br />

(tomatillo)” no México, pois possibilitam a ingestão de metacestódeos viáveis (FERREIRA;<br />

FORONDA & SCHUMAKER, 2003).<br />

16


Muitas comunidades rurais não fazem inspeção de carnes, em outras, há apenas inspeção<br />

pós-mortem pela palpação de cistos na língua. Existem ainda carnes desviadas da inspeção oficial<br />

para que seja vendida de forma barata, porém ilegal, através de cadeias não oficiais, livrando-as<br />

da condenação (PALMER; SOULSBY & SIMPSON, 1998).<br />

Algumas comunidades no Oriente Médio consomem carne de cães e nesses casos, os<br />

mesmos, podem atuar como hospedeiros intermediários e consequentemente, como fonte de<br />

infecção, com cistos encontrados principalmente no cérebro e também presente em outros tecidos<br />

(PALMER; SOULSBY & SIMPSON, 1998).<br />

O homem não é considerado um hospedeiro para metacestódeos da Taenia saginata e<br />

nem da Taenia asiatica, porém, para a Taenia solium, o homem atua como hospedeiro<br />

intermediário quando ingerem ovos que são eliminados por um carreador humano. É possível<br />

também que estes possam se auto-infectar, por peristaltismo reverso e vômito seguido de<br />

incubação interna de ovos, porém, isso é motivo de muita discussão entre pesquisadores. Os<br />

metacestódeos ocorrem na musculatura, no tecido subcutâneo e ocasionalmente nas vísceras,<br />

mas são muito mais evidentes no cérebro, na medula espinhal e nos olhos (PALMER; SOULSBY<br />

& SIMPSON, 1998).<br />

Essa transferência de homem para homem é muito comum em áreas onde as condições<br />

sanitárias não são adequadas, o suprimento de água é deficiente e o ciclo homem - suíno -<br />

homem ocorre. Ocorre também infecção homem-homem mesmo em países não endêmicos<br />

quando imigrantes ou viajantes contaminam alimentos (FERREIRA; FORONDA & SCHUMAKER,<br />

2003).<br />

Higiene pessoal deficiente com transmissão fecal-oral de ovos ou com contaminação do<br />

alimento é importante na cisticercose humana. Então os fatores de risco principais para a infecção<br />

por metacestódeos são: a eliminação de proglotes, consumo freqüente de carne suína sem o<br />

cozimento adequado, higiene deficiente e presença, no habitat, de uma pessoa infectada ou<br />

eliminando proglotes. Pode ocorrer também a contaminação por vegetais adubados com fezes<br />

humanas ou ainda pelo uso de água contaminada. Moscas podem carregar ovos presentes em<br />

fezes para os alimentos em casos onde ocorre defecação indiscriminada (FERREIRA; FORONDA<br />

& SCHUMAKER, 2003).<br />

O ciclo de vida da Taenia solium na transferência humano - suíno - humano ocorre<br />

primeiramente quando cadeias de proglotes passam nas fezes, depois os proglotes ou ovos são<br />

ingeridos com as fezes pelos suínos e ocorre a eclosão no duodeno, o embrião hexocanto agora<br />

livre, atravessa a parede intestinal e pelos vasos da mucosa atinge a circulação. Pela veia porta,<br />

vai do fígado, ao coração, aos pulmões, à grande circulação e estabelece-se em seus pontos<br />

prediletos, onde origina o cisticerco (FERREIRA; FORONDA & SCHUMAKER, 2003).<br />

O embrião torna-se vesiculoso, cresce e sua parede originará por brotação o escolex<br />

invaginado (“pipoca”) medindo de 6 a 20 mm. O cisticerco atinge sua maturidade em 60 a 80 dias<br />

e depois de oito meses, em média, sofre degeneração e calcificação. Moscas que contém esses<br />

ovos também podem ser ingeridas pelos suínos. Os metacestódeos são ingeridos em carnes<br />

cruas ou mal passadas (PALMER; SOULSBY & SIMPSON, 1998).<br />

17


Já na transferência humano-humano o ciclo ocorre na transferência de ovos fecal-oral<br />

como por mãos contaminadas, pessoas contaminadas manipulando alimento de outras,<br />

contaminação de vegetais por água irrigatória ou do adubo utilizado e até através de moscas que<br />

transferem ovos das fezes para os alimentos. Resultando em infecção acidental ou oral de<br />

pessoas infectadas com vermes adultos (FERREIRA; FORONDA & SCHUMAKER, 2003).<br />

Pode ocorrer também ingestão de ovos em solos infectados no caso de crianças<br />

praticando geofagia (PALMER; SOULSBY & SIMPSON, 1998).<br />

Nos países em desenvolvimento, são observadas freqüências elevadas de parasitoses<br />

intestinais e teciduais associadas, resultando em um grande impacto em termos de morbidade e<br />

mortalidade (FONTBONNE et al., 2001).<br />

Segundo McGavin, 1995, o cisticerco é uma larva com porção caudal sólida e uma porção<br />

proximal semelhante à vesícula.<br />

Tanto a Taenia solium quanto a Taenia saginata passam por um estágio larval de<br />

cisticerco em seus hospedeiros intermediários, em suínos, o Cysticercus cellulosae e nos bovinos<br />

o Cysticercus bovis (PARDI et al., 2001).<br />

Os cisticercos se alojam preferencialmente no coração e língua, onde aparecem como<br />

pequenos cistos acinzentados. Histologicamente há deslocamento das miofibras pelo cisto, mas<br />

pouca miosite. Pode haver alguns linfócitos e macrófagos ao redor do cisto, que se localiza no<br />

interstício e não na miofibra. Com o tempo, o sistema imunológico do hospedeiro mata o cisticerco<br />

por reação inflamatória (MCGAVIN, 1995).<br />

Quando estão vivos, a vesícula que contém a larva é transparente contendo<br />

líquido e um pequeno ponto amarelado (escólex). Microscopicamente o infiltrado inflamatório tem<br />

vários eosinófilos em sua forma aguda caracterizando uma parasitose e, na sua forma crônica, o<br />

infiltrado é granulomatoso que pode assim fazer com que a estrutura cística desapareça<br />

(PALMER; SOULSBY & SIMPSON, 1998).<br />

O Cysticercus cellulosae requer maior atenção da saúde pública, pois os ovos da Taenia<br />

solium provocam a cisticercose intra-ocular e a neurocisticercose onde são comprometidos o<br />

cérebro, a medula e seus anexos (PARDI et al., 2001).<br />

Sessenta a noventa por cento de pessoas que são infectadas por cisticercose,<br />

apresentam metacestódeos no sistema nervoso central (parênquima cerebral, meninges, espaço<br />

subaracnóideo, ventrículos e medula espinhal). A apresentação clínica nestes casos é variável,<br />

dependendo da intensidade da infecção, localização dos cistos e viabilidade dos cistos em relação<br />

ao nível de resposta imune do hospedeiro. Normalmente estão presentes nestes casos de um a<br />

cinco cistos, porém, já foram descritos 1000 (PALMER; SOULSBY & SIMPSON, 1998).<br />

Os cistos vivos podem causar compressão na circulação encefálica e causar sintomas<br />

imediatos como acidentes vasculares circulatórios (AVC) e outros, dependendo da localização do<br />

mesmo. Cistos que estão morrendo, costumam atrair células inflamatórias, agravando ainda mais<br />

a lesão. Em alguns pacientes, pode haver envolvimento difuso do parênquima. Isso ocorre mais<br />

em mulheres jovens e crianças. O que é chamado de “encefalite da cisticercose”. Mesmo quando<br />

18


totalmente curado, com as lesões totalmente resolvidas ou mineralizadas, algumas cicatrizes<br />

podem causar convulsões (PALMER; SOULSBY & SIMPSON, 1998).<br />

A hidrocefalia causada na neurocisticercose é sempre a mais grave das alterações, devido<br />

a ocorrerem lesões como cistos, granulomas, calcificações, entre outras. Ela pode ocorrer devido<br />

a uma compressão no ducto mesencefálico ou obstrução da drenagem do líquido céfaloraquidiano<br />

feita por um cisto. No caso da hidrocefalia cerca de 50% dos portadores morrem em<br />

dez anos, a despeito de qualquer tratamento (PARDI et al., 2001).<br />

Há casos que citam até nove Taenia solium e também outras de várias espécies no<br />

intestino de um mesmo ser humano. Por vezes a infecção se passa despercebida com pobre<br />

sintomatologia. A Taenia solium pode atingir até 10 metros de comprimento e viver oito anos no<br />

intestino do homem. Uma vez no intestino, a Tênia solta de cinco a seis proglotes por semana,<br />

expedidos com as fezes. Além de ocorrer por vezes, vômito e mal estar gástrico, a sintomatologia<br />

mais freqüente traduz-se por crises convulsivas, hipertensão endocraniana (cefaléia, vômitos,<br />

alterações no fundo de olho), demência (hidrocefalia), formas meningíticas, mielorradiculopatias,<br />

hemiparesia e alteração de movimentos. O tratamento cirúrgico é freqüente e o medicamentoso é<br />

variado, incluindo uso de corticóides (PARDI et al., 2001).<br />

Já na neurocisticercose, os sinais mais comuns são convulsões que são registradas em<br />

cerca de 50% dos pacientes com cisticercose. Esta foi descrita em 50% dos casos de epilepsia de<br />

início tardio em áreas endêmicas (PALMER; SOULSBY & SIMPSON, 1998).<br />

No caso da Teníase (Taenia saginata e Taenia asiática), o sintoma mais evidente é a<br />

migração espontânea das proglotes do ânus e da região perianal, causando prurido durante<br />

aproximadamente cinco minutos, sendo comuns náuseas e dores abdominais, além de<br />

emagrecimento progressivo, aumento de apetite, diarréia ou constipação e vômitos (PALMER;<br />

SOULSBY & SIMPSON, 1998).<br />

Foram feitos testes em animais, infectando-os com milhares de ovos que causaram, por<br />

vários dias, fraqueza muscular e relutância em se movimentar, relacionadas, possivelmente ao<br />

encistamento muscular e mais raramente, morte por miocardite (PALMER; SOULSBY &<br />

SIMPSON, 1998).<br />

A inspeção de carnes serve como diagnóstico da cisticercose em animais. Em humanos,<br />

os cistos podem ser palpados e também pode ser feita a biópsia para diferenciação de tumores,<br />

abscessos, entre outros, quando a cisticercose é disseminada. Os cistos quando calcificados<br />

podem ser diferenciados em exame radiológico (PALMER; SOULSBY & SIMPSON, 1998).<br />

Já na neurocisticercose, o diagnóstico pode ser feito por tomografia computadorizada, que<br />

é útil na localização e mostra também a intensidade da lesão diferenciando os cistos vivos dos<br />

transicionais e mortos. Além disso, pode ser feita a ressonância magnética que é mais usada para<br />

identificação de cistos vivos, pois revela o proescólex dentro deles, cistos degenerados ou ainda<br />

rodeados por células inflamatórias. Os cistos calcificados são melhores visualizados na tomografia<br />

(FERREIRA; FORONDA & SCHUMAKER, 2003).<br />

19


O imunodiagnóstico pode ser feito com ELISA (Enzyme-Linked Immuno Sorbent Assay) ou<br />

Teste de imunoadsorção enzimática. Porém, este deve ser associado com os métodos anteriores<br />

(PALMER; SOULSBY & SIMPSON, 1998).<br />

É descrito ainda por Vaz (1994), vários meios de diagnóstico da cisticercose e teníase<br />

humana, como: Técnicas de precipitação, reação de fixação complemento, hemaglutinação<br />

passiva, imunofluorescência indireta, radioimunoensaio, testes imunoenzimáticos, imunoblot e<br />

estudo antígeno heterólogo.<br />

Como tratamanto para as Tênias podem ser usados o Praziquantel, Niclosamide e<br />

Albendazole. O Ricobendazole não elimina o cisticerco, mas pode matá-lo e assim ele será<br />

calcificado (PALMER; SOULSBY & SIMPSON, 1998 e FERREIRA; FORONDA & SCHUMAKER,<br />

2003).<br />

Como medidas de controle, devem-se fazer um trabalho educativo junto à população com<br />

práticas dos princípios básicos de higiene pessoal, vermifugação sistemática dos trabalhadores<br />

rurais (vaqueiros, trabalhador da suinocultura) e a fiscalização da carne que visa diminuir a<br />

comercialização e consequentemente o consumo de carnes contaminadas por cisticercos (PARDI<br />

et al., 2001).<br />

Deve-se também impedir o acesso de suínos às fezes humanas, latrinas e esgotos;<br />

enfatizar a necessidade de saneamento rigoroso e higienização das instalações; investir em<br />

educação em saúde promovendo mudanças de hábitos, como a lavagem das mãos após defecar<br />

e antes de comer; investigar os contatos e fontes de infecção; avaliar os contatos com sintomas<br />

(BENENSON, 1995).<br />

Segundo Palmer, Soulsby e Simpson (1998), o controle da Taenia solium é preferível ao<br />

tratamento. Uma terapia mais efetiva pode ter seqüelas neurológicas adversas e o tratamento não<br />

tem êxito em todos os casos. O controle pode ser multifacetado, envolvendo a saúde pública e<br />

autoridades veterinárias. Recomenda-se que as pessoas mudem a dieta, reduzindo o consumo de<br />

carnes mal-cozidas, além disso, recomenda-se também, que ocorra a retenção de carcaças<br />

suspeitas no resfriamento, pois o mesmo é letal para o cisto.<br />

3.2 - Descrição das alterações observadas.<br />

Nas carcaças observadas durante o período de novembro de 2004 a abril de 2005, os<br />

cisticercos, em sua maioria, eram encontrados no coração e masseteres, poucos eram<br />

encontrados nas carcaças e língua. A quantidade de cisticercos vivos e calcificados foi semelhante<br />

(151 vivos para 154 calcificados). E essa zoonose ocorreu em 62% dos animais que foram para o<br />

departamento de inspeção final (DIF) estes dados estão demonstrados na tabela 4.<br />

Tabela 4 – Número de casos de cisticercose encontrados em animais abatidos sob supervisão do<br />

SIF 137 no frigorífico Fricarmo – Cidade Ocidental – GO, no período de nov. de<br />

2004 a abril de 2005.<br />

20


Patologia N° de Casos %<br />

Cisticercose Viva 151 49,5<br />

Cisticercose calcificada 154 51,5<br />

TOTAL 305 100<br />

Fonte: Registros do Serviço de Inspeção Federal n° 137 locado no DF pelo DIPOA, Ministério da<br />

Agricultura e Abastecimento.<br />

As alterações observadas foram pequenos cistos acinzentados ou amarelados podendo<br />

estar calcificados ou não (ver figura 6). Os vivos tinham a cápsula transparente e em seu interior<br />

um líquido translúcido com um pequeno nódulo amarelado, referente ao escólex (ver figura 7).<br />

Essas características conferem com a literatura consultada.<br />

Figura 6 – Fotografia de um cisto calcificado no m. masseter de um bovino.<br />

21


Figura 7 – Fotografia de um cisto vivo no m. masseter de um bovino.<br />

3.3 - Procedimento realizado<br />

As carcaças e as vísceras passam por auxiliares de inspeção, nas linhas de inspeção,<br />

para a realização dos cortes em busca dos cistos.<br />

Ao todo são 08 auxiliares procurando lesões de enfermidades como a aftosa, tuberculose<br />

e cisticercose. Os auxiliares são divididos por órgãos ou áreas, ou seja, um auxiliar para os pés,<br />

um para o coração, um para pulmão, um para fígado e baço, um para traquéia, um para cabeça,<br />

um para linfonodos anteriores, um para linfonodos posteriores (ver figura 8), um agente de<br />

inspeção sanitária para auxiliar o veterinário e o veterinário do serviço de inspeção federal (SIF),<br />

que faz a inspeção final e dá destinos para as carcaças.<br />

Figura 8 – Fotografia da linha de inspeção no matadouro frigorífico.<br />

Se um animal for para o departamento de inspeção final, o veterinário do SIF ou o agente<br />

de inspeção faz cortes especiais para tentar achar mais cistos. Estes cortes são feitos nos<br />

músculos subescapulares (no caso de cisticercose viva), no diafragma, músculos na região do<br />

externo (esôfago e peitoral), além de ser feita uma busca mais detalhada no coração, cabeça<br />

(masseteres), língua e pulmão.<br />

Carcaças com até 3 (três) cistos, independentemente se eles estavam vivos, em transição<br />

ou calcificados, recebem o carimbo “CONGELAMENTO” e é realizado um corte transversal nos<br />

músculos extensores dos pés (não necessário para legislação) para o caso dos carimbos<br />

apagarem, diferentemente de quando vão para conserva, no qual, são realizados três cortes<br />

22


transversais (Não é necessário para legislação). Depois são levadas para a câmara de seqüestro<br />

onde ficam 10 dias à -20ºC até -15ºC para tratamento por frio. Depois disso as carcaças são<br />

liberadas para consumo.<br />

Carcaças com mais de 3 (três) cistos são condenadas parcialmente, indo para a conserva,<br />

onde a carne será picada em cubos e sofrerá um alto aquecimento, após isso ela será enlatada.<br />

Neste destino, além dos 3 cortes transversais, são feitos cortes nas principais carnes como filé,<br />

picanha, entre outras e cortes em forma de “C” nos músculos na altura do fêmur e costelas (ver<br />

figura 9).<br />

Figura 9 – Fotografia dos cortes feitos em uma carcaça condenada parcialmente no DIF,<br />

carne para conserva, Mar. 2005.<br />

Se a infestação estiver muito intensa com vários cistos vivos encontrados em uma<br />

pequena área do tamanho da palma da mão, por exemplo, as carcaças são enviadas para a<br />

graxaria, sendo reutilizada para a produção de subprodutos para consumo animal.<br />

3.4 - Discussão<br />

A inspeção sanitária de carnes deve se dedicar em especial à detecção das cisticercoses<br />

para prevenir e ao mesmo tempo indicar a prevalência de teníases humanas. Os progressos na<br />

detecção e tratamentos realizados em carnes com cisticerco vêm dando maior garantia à saúde<br />

pública e minimizando os prejuízos econômicos.<br />

23


Santos (1976), melhorou o diagnóstico da cisticercose bovina com um corte especial do<br />

coração na rotina de inspeção na cidade de Barretos. Expondo porções musculares mais<br />

profundas no miocárdio provando o contrário das estatísticas vigentes na época.<br />

A localização interna (0,72%) foi maior que a externa (0,28%), aumentando assim a<br />

eficácia do exame com corte especial pós-morte no coração. O mesmo autor com exame<br />

sistemático pós-morte do esôfago em bovinos constatou um aumento na eficiência da detecção de<br />

carcaças monocisticercósicas, em 4,35%, sendo este um acréscimo de 4,83%, quando<br />

computados também achados pluricisticercóides (SANTOS, 1993)<br />

Na inspeção sistemática do diafragma, Santos (1993) propôs uma técnica que permitiu,<br />

sem objeções da natureza comercial, um aumento de 2,5% na detecção de achados<br />

monocisticercósicos da inspeção pós-morte elevando-se para 3,18%, quando considerados<br />

também os casos de animais pluricisticercósicos.<br />

Mas segundo Del Brutto et al., 2001, no Brasil, o seu diagnóstico e o processo de<br />

vigilância não são padronizados, o que dificulta a caracterização de sua importância<br />

epidemiológica. Além da necessidade de se articularem critérios epidemiológicos, clínicos,<br />

sorológicos, radiológicos e histológicos para o estabelecimento do diagnóstico, ressaltam-se a<br />

inexistência de estudos sistematizados e comparáveis para o estabelecimento de sua distribuição<br />

nas diferentes regiões do país, da mesma forma, em outros países endêmicos, não se dispõem de<br />

estimativas precisas da freqüência da cisticercose humana.<br />

Já Gemmel et al. (1983), Onyong et al. (1996) e Chapman et al. (1998), acham que a<br />

sensibilidade do método é baixa, principalmente em infecções leves porque rotineiramente o<br />

diagnóstico da cisticercose bovina é baseado na inspeção visual, após cortes específicos na<br />

musculatura, por isso vários testes imunológicos têm sido propostos para esta finalidade.<br />

Minozzo et al., 2004, acham que o desenvolvimento de um método diagnóstico confiável<br />

poderia servir como alternativa ou aperfeiçoamento da inspeção nos matadouros, em<br />

investigações epidemiológicas ou na rastreabilidade deste agente patogênico.<br />

Palmer, Soulsby e Simpson (1998), dizem que a inspeção detecta somente uma<br />

proporção de infecções e é particularmente inadequada nas infecções leves. Os poucos cortes<br />

que podem ser feitos sem depreciar a carcaça, podem deixar passar despercebida a infecção,<br />

além dos cistos poderem não estar presentes no local de infecção. Dessa forma a inspeção da<br />

carne encontra cerca 32-38% de animais infectados. Cerca de 78% das carcaças infectadas com<br />

mais de 20 cistos foram detectadas, mas somente 31% destas com poucos cistos foram<br />

detectadas.<br />

Na fiscalização da carne, o que é visado, é reduzir o possível, a comercialização ou<br />

consumo da carne contaminada por cisticercos, além de orientar o produtor sobre medidas de<br />

aproveitamento condicional como a salga, congelamento, graxaria, conforme a intensidade da<br />

infecção, reduzindo assim perdas financeiras, porém, com segurança para o consumidor (PARDI<br />

et al., 2001).<br />

24


Segundo o Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal<br />

(RIISPOA) 1952, sobre a destinação da carcaça com cisticercose, diz, o artigo 176, que serão<br />

condenadas todas as carcaças com infestações intensas pelo Cysticercus bovis (BRASIL, 1952).<br />

A seção (§) 1 fala que: Entende-se por infestação intensa a comprovação de um ou mais<br />

cistos em incisões praticadas em várias partes de musculatura e numa área correspondente à<br />

palma da mão.<br />

Segundo a seção 2, fazem-se aproveitamento condicional nos seguintes casos:<br />

1- Infestação discreta ou moderada (neste caso deve ser removida e condenada<br />

todas as partes com cisto) e o restante tratado por salmoura por 21 dias.<br />

2- Quando o número de cistos for maior que o mencionado no item anterior, mas<br />

a infecção não alcance a generalização, a carcaça será destinada à<br />

esterilização pelo calor.<br />

3- Podem ser aproveitadas para consumo as carcaças que apresentem um<br />

único cisto calcificado, após a remoção e condenação dessa parte.<br />

OBS: As carcaças podem ser tratadas pelo frio (15 dias a -10ºC ou 10 dias a -15ºC)<br />

No estabelecimento acompanhado, as carcaças não eram levadas para salmoura, pois,<br />

não havia empresas próximas à indústria que fizessem esse processo, sendo assim, teriam que<br />

ser guardadas várias carcaças contaminadas para que fossem enviadas de uma só vez, ficando<br />

inviável economicamente. Assim, todas as carcaças que tinham um aproveitamento condicional,<br />

eram levadas para a conserva.<br />

Palmer, Soulsby e Simpson (1998) aconselham a retenção e refrigeração das carcaças<br />

suspeitas, porém, falam da manutenção por -10ºC durante 48 horas, dizendo ser letal para o cisto,<br />

indo assim de encontro ao que é sugerido no RIISPOA e por outros autores, os quais os<br />

veterinários do SIF 137 seguem perfeitamente.<br />

Porém existem riscos de que os cistos não sejam eliminados com apenas dois dias de<br />

resfriamento.<br />

Os Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Minas Gerais, Espírito Santo e Goiás<br />

são considerados como áreas endêmicas de neurocisticercose, observando-se presença<br />

ocasional nos Estados da Bahia, Maranhão, Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte<br />

(AGAPEJEV, 1996). Mas isso pode acontecer devido à inspeção sanitária em algumas regiões<br />

não serem tão eficientes quanto em outras.<br />

Independente do acréscimo na identificação da cisticercose bovina por uso de melhores<br />

técnicas de diagnóstico, vem-se registrando um expressivo aumento estatístico da quantidade de<br />

indivíduos infectados. Espera-se ainda, que o problema se agrave mais, à medida que os sistemas<br />

de confinamento passam a ser mais comuns (PARDI, 2001).<br />

A prevalência da T. saginata pode ser dividida em três grupos: 1- altamente endêmica, em<br />

países ou regiões com prevalência, na população humana, acima de 10%; 2- moderada<br />

prevalência, com taxa de infecção entre 0,1 e 10% e baixa prevalência, com taxa de infecção<br />

inferior a 0,1% ou mesmo livres da endemia (PAWLOWSKI & SCHULTZ, 1972). Países da<br />

25


América do Sul são considerados de moderada prevalência (GEMMELL et al., 1983; FLISSER et<br />

al., 1997).<br />

Em um estudo científico da prevalência da cisticercose bovina em matadouros-frigoríficos<br />

do Distrito Federal durante o período de Janeiro de 1999 até Junho de 2003, onde foram abatidos<br />

765.928 bovinos, foram diagnosticados um total de 5.769 animais (0,75%) com cisticercose, 2.143<br />

animais (37,15%) apresentaram cisticercos calcificados e 3.626 bovinos (62,85%) apresentaram<br />

cisticercos vivos (SANTOS et al., 2003).<br />

No período de 23 de fevereiro a 29 de abril de 2005, durante o estágio no matadouro<br />

frigorífico Fricarmo na Cidade Ocidental – GO onde o serviço de inspeção responsável é o SIF 137<br />

do Distrito Federal, o número de casos dentro deste período, chegou a 305 casos, sendo que 151<br />

de cisticercoses vivas e 154 de cisticercoses calcificadas (dados demonstrados na tabela 4),<br />

gerando assim, neste matadouro-frigorífico, um equilíbrio de prevalências e discordando dos<br />

resultados achados no trabalho de Santos et al. (2003), feito em todo o Distrito Federal que achou<br />

resultados maiores para cisticercose viva que para calcificada.<br />

Segundo Vaz (1994), pesquisadora do Instituto Adolpho Lutz, a cisticercose é considerada<br />

a mais freqüente e grave das infecções parasitárias do sistema nervoso do homem.<br />

A Taenia saginata também é freqüentemente encontrada em associação por Giardia<br />

intestinalis conforme Junod (1967), Batko & Kacka (1969).<br />

O fato de alguns autores não admitirem a infecção do homem pelo Cysticercus bovis, ou<br />

de a considerarem não grave, pode levar os consumidores a negligenciarem o cozimento<br />

adequado da carne bovina, os inspetores veterinários a não darem a devida atenção em relação<br />

ao exame “post-mortem” de bovinos, considerando-o até mesmo supérfluo e, os médicos, a<br />

catalogarem casos de cisticercose humana como devidos unicamente ao Cysticercus cellulosae,<br />

sem que haja uma identificação morfológica segura. Tais considerações podem gerar problemas<br />

graves de saúde pública em nosso país, principalmente pelas elevadas prevalências da<br />

cisticercose por Taenia saginata (Cysticercus bovis) constatadas nos animais devidamente<br />

inspecionados (PARDI et al., 2001).<br />

Por estas razões, alerta-se para a necessidade de, nas campanhas para o controle e<br />

erradicação do complexo teníase-cisticercose, dar-se igual atenção ao controle do complexo<br />

teníase-cisticercose suína e ao complexo teníase-cisticercose bovina, sob pena de estar fadado a<br />

um sucesso parcial (PARDI et al., 2001).<br />

Estatísticas confiáveis mostram que atualmente há predominância do Cysticercus bovis e<br />

da Taenia saginata em relação ao Cysticercus cellulosae e a Taenia solium. Tanto que em<br />

estabelecimentos inspecionados pelo Serviço de Inspeção Federal, a cisticercose suína situa-se,<br />

em média, entre 0,5 e 1%, enquanto que a cisticercose bovina, em média, está acima de 5%, nos<br />

estados onde a inspeção veterinária é executada de forma mais adequada a prevalência pode<br />

chegar a 10% ou mais. Esses índices são ainda maiores se forem analisados os dados da<br />

propriedade, podendo chegar a 100% em alguns lotes isoladamente (PARDI et al., 2001).<br />

A fim de avaliar detalhes de técnicas, de regulamentação e também da evolução da<br />

cisticercose em bovinos e suínos no ano de 1952, Pardi, Duarte e Rocha, publicaram os registros<br />

26


sistemáticos dos achados de inspeção post mortem em um matadouro-frigorífico da cidade de<br />

Barretos (SP), incluindo a procedência dos animais, lote por lote, os respectivos proprietários, a<br />

localização e a natureza dos casos (larvas vivas ou calcificadas), além dos destinos dados às<br />

carcaças, vísceras e órgãos. Nessas condições na inspeção de 1.381.449 bovinos, o índice de<br />

afetados com cisticercose foi de 1,93%, dentre os quais, 20 (vinte) carcaças e vísceras sofreram<br />

condenação total, por apresentarem cisticercose maciça. As anotações relativas às procedências<br />

foram encaminhadas ao SIG-SIF da SIPAG/SFA/DF, com vistas às providências profiláticas.<br />

27


4.1 - Revisão Bibliográfica<br />

4 - TUBERCULOSE<br />

Os padrões microbiológicos para alimentos, são estabelecidos pelo Ministério da Saúde,<br />

através da Portaria n° 1, de 28.1.1987 e fixam os limites de tolerância para diversos produtos<br />

cárneos (BRASIL, 1987).<br />

No grupo das zoonoses mais comuns encontradas em matadouros frigoríficos, estão a<br />

tuberculose e a cisticercose.<br />

Tuberculose é uma doença infecto-contagiosa que afeta mamíferos e aves, constituindo<br />

um sério problema para saúde humana e animal. Apesar de o agente causador ter sido<br />

descoberto no final do século XIX, o quadro geral da tuberculose bovina e humana tem-se<br />

agravado principalmente em países subdesenvolvidos (BAPTISTA et al., 2004).<br />

A atualidade da questão da tuberculose não é uma coisa sobre a qual se debata, pois os<br />

avanços tecnológicos e no conhecimento de seu controle, não têm sido suficientes parar ir de<br />

encontro, significativamente, à sua morbidez e mortalidade, principalmente em países<br />

subdesenvolvidos (BRASIL, 1995).<br />

A tuberculose está no grupo de zoonoses mais comuns de serem adquiridas por<br />

manipuladores da carne. Ela pode ser causada no homem pelo Mycobacterium tuberculosis,<br />

Mycobacterium avium e o Mycobacterium bovis que são transmitidos direta ou indiretamente para<br />

outros homens e animais (BAUER et al., 1992). Quando é causada pelo Mycobacterium bovis,<br />

pode provocar no homem as mesmas formas clínicas e lesões patológicas advindas do<br />

Mycobacterium tuberculosis (PARDI et al., 2001).<br />

Em 1970 foi proposta a separação do Mycobacterium bovis, que fazia parte até a presente<br />

data, como uma espécie ou variante, do Mycobacterium tuberculosis e era denominado<br />

Mycobacterium tuberculosis subespécie bovis ou M. tuberculosis variação bovis (GRANGE &<br />

COLLINS, 1987).<br />

Alguns fatores estão modificando dramaticamente a epidemiologia da tuberculose no<br />

homem, como é o caso da Síndrome da Imunodeficiência Humana (AIDS), por exemplo, que fez<br />

notar-se, que os casos de tuberculose ativa têm aumentado e têm aparecido cepas multidrogaresistentes,<br />

devido a um tratamento inadequado ou até mesmo incompleto (FESTENSTEIN &<br />

GRANGE, 1991; DABORN & GRANGE, 1993; COLLINS, 1994; FONTAINE, 1994; BETTS &<br />

WEISSENBACHER, 1994; MINISTÉRIO DA SAÚ<strong>DE</strong>, 1995; ZACARÍAS et al., 1996).<br />

A grande preocupação atual, é que a tuberculose se torne uma doença incurável como<br />

resultado de aparecimento de cepas resistentes às drogas antituberculosas (ZACARÍAS et al.,<br />

1994).<br />

Trata-se de um bacilo Gram positivo (G+), álcool ácido resistente (BAAR) possuindo assim<br />

grande quantidade de lipídeos e ácido micólico (ver figura10). São aeróbios restritos, intracelulares<br />

facultativos e resistem a uma temperatura de 36-37ºC para o Mycobacterium bovis e M.<br />

tuberculosis e 42-44ºC para o Mycobacterium avium. É uma doença que se encontra na lista B da<br />

28


organização mundial de saúde (OMS) e seus agentes etiológicos, Mycobacteruim spp. são<br />

divididos em grupos ou complexos. O complexo tuberculosis é mais comum em primatas e é<br />

composto pelo Mycobacterium tuberculosis e o Mycobacterium bovis. Já o complexo MAIS, tem<br />

como componentes o Mycobacterium avium, o Mycobacterium intracellulari e o Mycobacterium<br />

scrofulaceum, daí vem seu nome (CARTER, 1988).<br />

Podem ocorrer reações cruzadas do Mycobacterium bovis com o Mycobacterium avium.<br />

Além disso, o Mycobacterium avium ocorre geralmente em animais imunossuprimidos (CARTER,<br />

1988).<br />

Fonte:NYS departament of health, 2005.<br />

Figura 10 – Micrografia eletrônica do Mycobacterium tuberculosis.<br />

A relação entre espécies afetadas, freqüência de infecção e agente etiológico mais comum<br />

pode ser observada na tabela (Tabela 5).<br />

Tabela 5 - Freqüência de infecção e agentes etiológicos mais encontrados em cada espécie.<br />

ESPÉCIE FREQUÊNCIA M. bovis M. tuberculosis M. avium<br />

Bovino Comum +++ + ++<br />

Suíno Comum +++ ++ +++<br />

Ovino Rara +++ - ++<br />

Caprino Rara +++ - ++<br />

Cães Rara ++ +++ +<br />

Gatos Rara +++ ++ +<br />

Eqüinos Rara +++ + +<br />

Fonte: CARTER, 1988 e THOEN, 1988.<br />

Nota: (-) Nunca descrito<br />

(+) Eventualmente<br />

(++) Ocorre muitas vezes<br />

(+++) Ocorre na maioria das vezes<br />

O Mycobacterium spp. pode sobreviver fora de um hospedeiro ou no meio ambiente por<br />

muito tempo, podendo chegar a dois anos ou mais em condições favoráveis (DUFFIELD &<br />

YOUNG, 1985; MORRIS; PFEIFFER & JACKSON, 1994). É resistente a diversos desinfetantes<br />

químicos, com exceção de fenol, formol, cresol e álcool, pois eles desnaturam proteínas (ALHAJI,<br />

29


1976; VASCONCELLOS, 1979; COMISION NACIONAL <strong>DE</strong> ZOONOSIS, 1982; GRANGE &<br />

COLLINS, 1987; FANNING & EDWARDS, 1991; MOTA & NAKAJIMA, 1992 e DANKNER et al,<br />

1993).<br />

A fonte de infecção da doença são animais doentes e os portadores sãos bovinos,<br />

bubalinos, humanos, animais silvestres. A via de eliminação se dá pela tosse, espirro,<br />

expectoração, corrimento nasal, leite, urina, fezes, secreções vaginais e uterinas e sêmen, já a via<br />

de transmissão ocorre por via inalatória (aerossóis em suspensão no ar – Gotículas de Pflugge) e<br />

via digestiva. As portas de entrada são: mucosa respiratória, mucosa digestiva (GARCIA &<br />

MARTINS, 2005).<br />

A patogenia dessa doença começa no animal infectado (reservatório), que através das<br />

fezes e de descarga respiratória principalmente ou ainda através do leite (nem todas as vacas<br />

eliminam, só 1 a 2%), urina, descarga genital ou sêmen, faz a eliminação da bactéria (CARTER,<br />

1988).<br />

Se a transmissão ocorrer por exposição a aerossóis, geralmente ocorre um envolvimento<br />

dos linfonodos pulmonares e pulmões, mas quando os animais são expostos por ingestão de<br />

alimentos ou água (via digestiva) a bactéria se desenvolve primeiramente no tecido linfóide e<br />

gastro-intestinal (THOEN, 1988).<br />

A defesa muco-ciliar que é composta pelo muco e por células epiteliais ciliadas, no<br />

sistema respiratório superior, defende o organismo contra uma infecção inalatória por<br />

Mycobacterias. Contudo, pequenas partículas como gotículas de água ou poeira, passam pelas<br />

células ciliadas e chegam aos brônquios, bronquíolos e depois aos espaços alveolares. (THOEN &<br />

CHIODINI, 1995).<br />

O tamanho estimado dos bronquíolos terminais é de 20 µm comparados com apenas 1-4<br />

µm do microorganismo infectante. A bactéria fica livre dentro dos alvéolos ou pode ser fagocitada<br />

por macrófagos. Independente disso a bactéria começa a se multiplicar. 10 a 14 dias após a<br />

infecção, os macrófagos começam a liberar a interleucina que age sobre os linfócitos T que fazem<br />

com que eles produzam linfocinas que tem a função de ativar os macrófagos, atraindo mais<br />

macrófagos para a região e atraindo também os linfócitos T helpers que agem sobre os linfócitos<br />

T. Aparecem linfócitos T citotóxicos por ação ainda das interleucinas e estes destroem os<br />

macrófagos infectados liberando enzimas lisossomais destruindo o tecido do hospedeiro causando<br />

uma necrose caseosa (THOEN & CHIODINI, 1995).<br />

Garcia & Martins (2005), também diz que a primeira resposta é inespecífica e ineficiente,<br />

com o passar dos dias, macrófagos derivados de monócitos do sangue se acumulam no foco<br />

inflamatório. Inicialmente estes macrófagos "não treinados" são incapazes de destruir os bacilos,<br />

não conseguindo completar a fagocitose. Com o passar dos dias há o desenvolvimento de uma<br />

resposta imunológica mediada por células T e os macrófagos tornam-se eficientes na destruição<br />

dos bacilos. Muitos macrófagos sofrem modificações, sendo chamados de células epitelióides,<br />

devido à sua vaga semelhança com as células epiteliais. Alguns macrófagos fundem-se entre si,<br />

dando origem às células gigantes do tipo Langhans. Em torno deste acúmulo de células, há<br />

linfócitos e fibroblastos. A este arranjo nodular damos o nome de granuloma. Com o aparecimento<br />

30


do fenômeno da hipersensibilidade (10 a 14 dias), ocorre uma forma peculiar de necrose no centro<br />

do granuloma, chamada de necrose caseosa.<br />

Os sintomas pulmonares no homem são compatíveis com o de doenças infecciosas,<br />

geralmente crônicas, pois, pode ser acompanhado um quadro de febre, emagrecimento, fadiga,<br />

dor no tórax, suores noturnos, astenia (fraqueza orgânica, debilidade) e tosse com expectoração<br />

podendo evoluir a escarros sanguíneos (ROSEMBERG et al., 1990; DAVID; BRUM & PRIETO,<br />

1994 e MINISTÉRIO DA SAÚ<strong>DE</strong>, 1994).<br />

Nos bovinos, a evolução da doença dependerá de outros fatores, como doenças<br />

intercorrentes, carência mineral, condições climáticas extremas ou qualquer outro fator de<br />

estresse que diminua a imunidade do animal, permitindo assim, que as bactérias que estavam<br />

antes restritas ao complexo primário, chegam à circulação sanguínea e se disseminem pelo<br />

organismo atingindo assim diversos órgãos (VASCONCELLOS, 1979; MORRIS; MOTA &<br />

NAKAJIMA, 1992 e PFEIFFER & JACKSON, 1994).<br />

A doença pode se apresentar de duas formas: uma generalizada que é causada por<br />

micobactérias do grupo mamífero e provoca emagrecimento progressivo, pneumonia e lesões<br />

calcificadas em vários órgãos (rara nas criações comerciais de suínos) (BIBERSTEIN & ZEE,<br />

1990) e a outra forma que é a localizada, que é causada por micobactérias atípicas<br />

(Mycobacterium avium, Mycobacterium intracellulare, Mycobacterium fortuitum e Mycobacterium<br />

scrofulaceum) e ocorre mais em suínos (JUBB, KENNEDY & PALMER, 1992).<br />

Esta enfermidade se caracteriza por uma lesão do tipo granuloma, com aspecto nodular<br />

denominada de “tubérculo” (VASCONSELLOS, 1979; COMISION NACIONAL <strong>DE</strong> ZOONOSIS,<br />

1982; MOTA & NAKAJIMA, 1992 e FLAMAND et al., 1994).<br />

A lesão histológica inicial é um tubérculo, no qual se encontram macrófagos, células<br />

epitelióides e pouco ou muitas células gigantes com uma zona de linfócitos na periferia. Lesões<br />

mais avançadas apresentam também a proliferação de tecido fibroso (ver figura 11)<br />

(DUNGWORTH, 1991).<br />

31


Fonte: GARCIA & MARTINS, 2005.<br />

Figura 11 – Micrografia de reação inflamatória granulomatosa.<br />

O tubérculo, na tuberculose localizada, tem uma forma bem estruturada, podendo ser<br />

contadas quatro camadas. A primeira é o centro, com uma necrose caseosa (calcificada algumas<br />

vezes – nas células danificadas depositam-se sais de cálcio), na segunda, ao redor do centro,<br />

podem ser encontradas células epiteliais e gigantes, na terceira encontra-se neutrófilos e linfócitos<br />

(T, Th, Tc) e na quarta, é encontrado tecido fibroso circundando tudo (deposição de fibroblastos<br />

para que o tubérculo não aumente seu tamanho) (THOEN & CHIODINI, 1995).<br />

A tuberculose pode se disseminar de várias formas, uma delas é um tubérculo próximo a<br />

um vaso sanguíneo, alvéolo, entre outros que acaba se desprendendo e migrando. Outra forma<br />

ocorre por ação de enzimas lisossomais que formam um canal no tubérculo desembocando no<br />

vaso sanguíneo. O que causa a chamada “tuberculose miliar” que é a formação de pequenos<br />

tubérculos disseminados por vários órgãos do hospedeiro. A tuberculose também pode ser<br />

dividida em dois tipos: Aberta, na qual o agente causador é eliminado para o meio externo e a<br />

fechada, na qual, o agente causador não tem nenhuma via de eliminação (THOEN & CHIODINI,<br />

1995).<br />

Abrahão (1999), fez uma pesquisa baseada em várias referências bibliográficas e<br />

elaborou um resumo sobre os principais exames diagnósticos realizados no homem e no bovino<br />

(Tabela 6).<br />

Tabela 6 – Principais exames diagnósticos realizados no homem e no bovino para a<br />

caracterização da tuberculose.<br />

32


Exames Diagnósticos Homem Bovino<br />

Exame clínico Importante. Valor relativo – foco<br />

localizado – animal<br />

clinicamente sadio.<br />

Radiológico Bastante utilizado. Apenas para animais de<br />

alto valor zootécnico.<br />

Imunológico PPD RT23 – Técnica de<br />

Mantroux – indica contato<br />

prévio com o bacilo de Koch.<br />

Histopatológicos Investigação das formas<br />

extra pulmonares.<br />

Bacteriológicos: Baciloscopia<br />

Cultura<br />

Identificação<br />

(provas bioquímicas)<br />

Teste de sensibilidade aos<br />

tuberculostáticos<br />

Fonte: ABRAHÃO, 1999<br />

Método mais importante para<br />

diagnóstico e controle de<br />

tratamento.<br />

Resistência bacteriana nos<br />

casos crônicos de<br />

tuberculose.<br />

Tuberculinização<br />

comparada – fontes de<br />

infecção – base do<br />

diagnóstico da tuberculose<br />

bovina<br />

PPD bovino<br />

PPD aviário.<br />

Exame post mortem<br />

Material de biópsia das<br />

lesões.<br />

Exame post mortem.<br />

Não realizado, porque se<br />

recomenda o abate do<br />

bovino tuberculina-positivo.<br />

O diagnóstico clínico da tuberculose é difícil devido aos sinais respiratórios,<br />

emagrecimento e aumento de linfonodos só serem significantes em casos onde a enfermidade<br />

está mais avançada, além de poderem ser confundidos com sinais clínicos de outras patologias<br />

(RIET-CORREA & GARCIA, 2001).<br />

No caso do diagnóstico “in vivo”, a única forma confiável é a tuberculinização, prova que<br />

consiste em inocular, intradermicamente a tuberculina, que é uma proteína extraída do cultivo de<br />

Mycobacterium. Se o animal produzir uma reação de hipersensibilidade tipo IV no local onde foi<br />

inoculada a tuberculina, ele está infectado. Podem ser feitos ainda, testes confirmatórios. (RIET-<br />

CORREA & GARCIA, 2001).<br />

Na inspeção realizada em frigoríficos, diversas doenças (actinobacilose, actinomicose,<br />

entre outras) apresentam lesões similares à tuberculose. Para diferenciá-las é necessário um<br />

exame histológico (RIET-CORREA & GARCIA, 2001).<br />

A actinobacilose se caracteriza por presença de granulomas duros, com conteúdo<br />

purulento nos tecidos moles, nas regiões da cabeça e pescoço principalmente. Deve ser realizado<br />

o estudo histológico das lesões para diferenciar de outras enfermidades com lesões<br />

macroscópicas semelhantes como a tuberculose (MÉN<strong>DE</strong>Z, 2001).<br />

33


A actinomicose se caracteriza pela tumefação na maioria dos casos na mandíbula.<br />

Diferentemente da actinobacilose, ela não afeta ossos e os abscessos que atingem os linfonodos<br />

da cabeça não ficam tão duros e nem perdem a mobilidade (RIET-CORREA, 2001).<br />

O diagnóstico diferencial da enfermidade deve ser feito por um exame histopatológico,<br />

pois as lesões comparadas às de outras linfadenites bacterianas são muito semelhantes (GOMES,<br />

2004).<br />

O tratamento se dá pela combinação de rifampicina + isoniazida + pirazinamida que é o<br />

chamado esquema tríplice de tratamento da tuberculose humana, mas deve ser revisto, pois a<br />

bactéria tem se demonstrado resistente à pirazinamida (DANKNER et al., 1993).<br />

Nos animais, o tratamento quimioterápico é muito difícil de ser realizado, uma vez que, a<br />

duração e o custo do tratamento são grandes, além da freqüente reincidência da doença quando o<br />

tratamento é interrompido e da possibilidade do surgimento de novas cepas multidrogaresistentes.<br />

Sendo assim, só se justifica tratamento de animais raros e de alto valor genético<br />

(FONSECA, 1982; NAZÁRIO; MARTINI & CAMBRIA, 1987; FLAMAND et al., 1994 e O’REILLY &<br />

DABORN, 1995).<br />

Como profilaxia, não se deve criar bovinos, suínos, cães, gatos, eqüinos e aves em<br />

promiscuidade; cuidado com rações com cama e fezes de aves; pessoas doentes e ex-doentes<br />

recentes não devem conviver nem trabalhar com animais e/ou produtos de origem animal para<br />

não infecta-los e desse modo disseminar a doença (DUNGWORTH, 1991). Além de se fazer o<br />

diagnóstico precoce com aplicação da prova tuberculínica intradérmica e do sacrifício dos animais<br />

tuberculina-positivos. A BCG (Bacille de Calmette et Guérin) não é aplicada em bovinos devido ao<br />

baixo efeito protetor nessa espécie além de interferir no teste tuberculínico. (GRANGE &<br />

COLLINS, 1978; DABORN & GRANGE, 1993; COLLINS, 1994; PINHEIRO, 1994 e O’REILLY &<br />

DABORN, 1995).<br />

No homem as principais medidas são procura de novos casos, tratamento em si e<br />

principalmente a vacinação com a BCG para crianças e a nova vacina gênica que está em testes,<br />

além da ingestão de leite fervido ou pasteurizado. (WIESNER, 1973; ROSEMBERG et al. 1990;<br />

DAVID; BRUM & PIETRO, 1994; MINISTÉRIO DA SAÚ<strong>DE</strong>, 1994 e O’REILLY & DABORN, 1995).<br />

Vários autores como O’reilly e Bauer (1995), dizem que os animais infectados devem ser<br />

eliminados e não tratados.<br />

De acordo com a Associação Americana de Saúde Pública (1960); Bauer et al. (1992) e<br />

Correa & Correa (1992), os profissionais e funcionários de abatedouros, devem evitar contato<br />

direto com lesões pulmonares e cutâneas; Os técnicos e ordenhadores devem evitar contatos com<br />

o pó dos estábulos; pessoas que trabalham com aves devem evitar inalação da poeira de aviários<br />

suspeitos de contaminação e principalmente os criadores devem ser instruídos do significado<br />

econômico, importância junto à saúde pública e da necessidade de se fazer à prevenção da<br />

doença.<br />

Na verdade, o que ocorre no Brasil é um fenômeno social complexo. A população<br />

consome o leite cru por julgá-lo “mais forte e mais saudável”, compra carne de açougues<br />

clandestinos por serem mais baratas e os pequenos criadores burlam as leis para sobreviver.<br />

34


Enquanto que as autoridades competentes reconhecem a gravidade do problema, mas,<br />

frequentemente, se omitem, alegando falta de recursos financeiros (ANTENORE, 1998).<br />

4.2 - Descrição das alterações observadas<br />

Durante o período de novembro de 2004 a abril de 2005, passaram pelo departamento de<br />

inspeção final (DIF), 190 animais com tuberculose representando 1,98 % do total.<br />

Dividindo em tipos, foram 93 casos de tuberculose caseosa, 96 casos de tuberculose<br />

calcificada e um caso apenas de tuberculose miliar (tabela 7).<br />

Tabela 7 - Número de casos de tuberculose encontrados em animais abatidos sob supervisão do<br />

SIF 137 no frigorífico Fricarmo – Cidade Ocidental – GO, no período de nov. de<br />

2004 a abril de 2005.<br />

Patologia N° de Casos %<br />

Tuberculose caseosa 93 48,95<br />

Tuberculose calcificada 96 50,52<br />

Tuberculose miliar 1 0,53<br />

TOTAL 190 100<br />

Fonte: Registros do Serviço de Inspeção Federal n° 137 locado no DF pelo DIPOA, Ministério da<br />

Agricultura e Abastecimento.<br />

Geralmente, os linfonodos mais afetados eram os mediastinais, os inguinais e os<br />

poplíteos.<br />

Essa zoonose foi observada em 38% dos animais que passaram no departamento de<br />

inspeção final (DIF) e que estavam infectados com algum agente.<br />

A tuberculose caseosa se localiza geralmente nos linfonodos e é caracterizada por<br />

numerosos nódulos de 1 a 3 cm de diâmetro que, ao corte, apresenta um centro constituído de<br />

material amorfo, amarelo-acinzentado (necrose caseosa) rodeado por uma cápsula de tecido<br />

conjuntivo, podendo estar localizada no complexo primário (a associação do foco primário aos<br />

linfonodos satélites da sua região dá-se o nome de Complexo Primário) ou em vários órgãos do<br />

corpo do animal (ver figura 12).<br />

35


Fonte: Fabiana Elias.<br />

Figura 12 – Fotografia de lesões caseosas em linfonodo.<br />

A tuberculose calcificada também se localiza normalmente dentro dos linfonodos e é<br />

caracterizada por uma substância amarelada e fétida, porém, sua consistência é mais sólida.<br />

Geralmente ela está localizada em um único ponto do corpo do animal (ver figura 13).<br />

Fonte: GARCIA & MARTINS, 2005.<br />

Figura 13 – Fotografia de nódulos calcificados (complexo primário).<br />

Já a tuberculose miliar é disseminada através do sangue para todo o organismo do<br />

animal. É o tipo mais grave da doença. É mais comum no fígado e pulmão e se caracteriza por<br />

lesões focais distribuídas por todo órgão sendo classificada como multifocal e aleatória (ver figura<br />

14).<br />

36


Fonte: UFRGS.<br />

Figura 14 – Fotografia de lesões típicas de tuberculose miliar.<br />

Em bovinos, lesões de tuberculose localizadas no baço ou meninges indicam infecção<br />

congênita. (RIET-CORREA & GARCIA, 2001).<br />

4.3 - Procedimento realizado<br />

É papel privativo do Médico Veterinário a inspeção nos frigoríficos e industrialização da<br />

carne e subprodutos, além da notificação obrigatória dos casos positivos ao Ministério (CORREA<br />

& CORREA, 1992 e LANGENEGGER et al., 1991).<br />

Portanto, como já foi dito na cisticercose, a carcaça do animal passa pelas linhas de<br />

inspeção onde os auxiliares olham os linfonodos principais atrás de alterações suspeitas. Caso<br />

houvesse alguma suspeita, a carcaça era encaminhada para o departamento de inspeção final<br />

(DIF) onde seria examinada pelo agente sanitário ou pelo veterinário do serviço de inspeção<br />

federal (SIF) e seria dado o destino para a mesma.<br />

No caso da tuberculose localizada em uma única região do animal, calcificada, sem<br />

reação ou com aspecto de processo resolvido, o destino será a retirada do órgão e gânglios<br />

regionais infectados e liberação da carcaça.<br />

Em lesões discretas, localizadas, calcificadas ou caseosas encapsuladas, sem evidências<br />

de reações recentes o aproveitamento se tornaria condicional, sendo enviada a carcaça para a<br />

conserva onde ocorre o tratamento pelo calor e condenação dos órgãos.<br />

No caso da tuberculose estar disseminada pelo organismo (tuberculose miliar) ou estar em<br />

vários pontos do corpo do animal (vários linfonodos), febre ante-mortem, ou indicações de reinfecções,<br />

o destino é a graxaria para utilização como subproduto para o consumo animal.<br />

Segundo o Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal<br />

(RIISPOA) no Decreto n° 30.691, de 29 de março de 1952, no capítulo III (Inspeção post-mortem),<br />

seção I, artigo 196:<br />

37


A condenação total da tuberculose deve ser feita nas seguintes casos:<br />

1 - quando no exame "ante-mortem" o animal estava febril;<br />

2 - quando a tuberculose e acompanhada de anemia ou caquexia;<br />

3 - quando se constatarem alterações tuberculosas nos músculos, nos tecidos intramusculares,<br />

nos ossos (vértebras) ou nas articulações ou, ainda, nos gânglios linfáticos que drenam a linfa<br />

dessas partes;<br />

4 - quando ocorrerem lesões caseosas concomitantemente em órgãos torácicos e abdominais,<br />

com alteração de suas serosas;<br />

5 - quando houver lesões miliares de parênquimas ou serosas;<br />

6 - quando as lesões forem múltiplas, agudas e ativamente progressivas, considerando-se o<br />

processo nestas condições quando há inflamação aguda nas proximidades das lesões, necrose de<br />

liquefação ou presença de tubérculos jovens;<br />

7 - quando existir tuberculose generalizada.<br />

§ 1º A tuberculose é considerada generalizada quando além das lesões dos aparelhos<br />

respiratórios, digestivo e seus gânglios linfáticos, são encontradas lesões em um dos seguintes<br />

órgãos: baço, rins, útero, ovários, testículos, cápsulas supra-renais, cérebro e medula espinhal ou<br />

suas membranas. Tubérculos numerosos uniformemente distribuídos em ambos os pulmões,<br />

também evidenciam generalização.<br />

§ 2º A rejeição parcial é feita nos seguintes casos:<br />

1 - quando partes de carcaça ou órgãos apresentam lesões de tuberculose;<br />

2 - quando se trate de tuberculose localizada em tecidos imediatamente sob a musculatura,<br />

como a tuberculose da pleura e peritônio parietais, neste caso a condenação incidirá não apenas<br />

sobre a membrana ou parte atingida, mas também sobre a parede torácica ou abdominal<br />

correspondente;<br />

3 - quando parte de carcaça ou órgãos se contaminaram com material tuberculoso, por contato<br />

acidental de qualquer natureza;<br />

4 - as cabeças com lesões tuberculosas devem ser condenadas, exceto quando correspondam<br />

as carcaças julgadas em condições de consumo e desde que na cabeça as lesões sejam<br />

discretas, calcificadas ou encapsuladas, limitadas no máximo a dois gânglios, caso em que serão<br />

consideradas em condições de esterilização pelo calor, após remoção e condenação dos tecidos<br />

lesados;<br />

5 - devem ser condenados os órgãos cujos gânglios linfáticos correspondentes apresentem<br />

lesões tuberculosas;<br />

6 - intestino e mesentério com lesões de tuberculose são também condenados, a menos que as<br />

lesões sejam discretas, confinadas a gânglios linfáticos e a respectiva carcaça não tenha sofrido<br />

qualquer restrição; neste caso os intestinos podem - ser aproveitados como envoltório e a gordura<br />

para fusão, depois de remoção e condenação dos gânglios atingidos.<br />

§ 3º Após esterilização pelo calor podem ser aproveitadas as carcaças com alterações de<br />

origem tuberculosa, desde que as lesões sejam discretas, localizadas, calcificadas ou<br />

encapsuladas e estejam limitadas a gânglios ou gânglios e órgãos, não havendo evidência de uma<br />

38


invasão recente do bacilo tuberculoso, através do sistema circulatório, feita sempre remoção e<br />

condenação das partes atingidas. Enquadram-se neste parágrafo os seguintes casos:<br />

1 - quando houver lesão de um gânglio linfático cervical e de dois grupos ganglionares viscerais<br />

de uma só cavidade orgânica, tais como: gânglios cervicais, brônquicos e mediastinais ou então<br />

gânglios cervicais e hepáticos e mesentéricos;<br />

2 - nos gânglios cervicais, um único grupo de gânglios viscerais e num órgão de uma só<br />

cavidade orgânica, tais como: gânglios cervicais e bronquiais no pulmão ou então nos gânglios<br />

cervicais e hepáticos e no fígado;<br />

3 - em dois grupos de gânglios viscerais e num órgão de uma única cavidade orgânica, tais<br />

como: nos gânglios brônquicos e mediastinais e nos pulmões ou nos gânglios hepáticos e<br />

mesentéricos e no fígado;<br />

4 - em dois grupos de gânglios viscerais da cavidade torácica e num único grupo da cavidade<br />

abdominal ou então num só grupo de gânglios linfáticos; viscerais da cavidade torácica e em dois<br />

grupos de cavidade abdominal, tais como: gânglios brônquicos, mediastinais e hepáticos ou então<br />

nos brônquios, hepáticos e mesentéricos;<br />

5 - nos gânglios linfáticos cervicais, num grupo de gânglios viscerais em cada cavidade<br />

orgânica, tais como: cervicais, brônquicos e hepáticos;<br />

6 - nos gânglios cervicais e num só grupo de gânglios viscerais em cada cavidade orgânica,<br />

com focos discretos e perfeitamente limitados no fígado, especialmente quando se trata de suínos,<br />

pois as lesões tuberculosas do fígado são nesta espécie consideradas primárias e de origem<br />

alimentar.<br />

§ 4° Carcaças que apresentem lesões de caráter mais grave e em maior número do que as<br />

assinaladas no parágrafo anterior, não se enquadrando, porém, nos casos enumerados para<br />

condenação total, a juízo da Inspeção Federal poderão ser utilizadas para preparo de gorduras<br />

comestíveis, desde que seja possível remover as partes lesadas.<br />

§ 5º O aproveitamento condicional, por esterilização pelo calor, pode ser permitido, depois de<br />

removidas e condenadas as partes ou órgãos alterados, em todos os demais casos. Quando não<br />

houver no estabelecimento industrial instalações apropriadas para a esterilização pelo calor, tais<br />

casos são considerados de rejeição total.<br />

§ 6º Em nenhuma hipótese e seja qual for a natureza da lesão tuberculosa, as carcaças<br />

correspondentes poderão servir para comércio internacional.<br />

Todos os casos são anotados em uma planilha para que, ao final do mês, sejam passados<br />

os dados ao SIG-SIF e conseqüentemente à SIPAG/SFA/DF.<br />

4.4 - Discussão<br />

Com o surgimento da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS), vêm se<br />

observando um crescente aumento, tanto nos países já desenvolvidos, como nos que estão em<br />

fase de desenvolvimento, no número geral de infecções de tuberculose, aumentando<br />

consequentemente a morbidade e a mortalidade da patologia (THOEN, 1994).<br />

39


Por isso foi feita uma declaração em Genebra, por parte da Organização Mundial de<br />

Saúde (OMS) (1993), que colocava a tuberculose em “estado de emergência” em todo o mundo<br />

(ABRAHÃO, 1999).<br />

A informação epidemiológica sobre a tuberculose causada pelo Mycobacterium bovis na<br />

América Latina é escassa. Em São Paulo, Corrêa e Corrêa (1974), a partir de material colhido de<br />

pacientes com diagnóstico clínico de tuberculose, foram isoladas 200 estirpes de Mycobacterium<br />

spp. e destes, sete (3,5%) eram classificados como Mycobacterium bovis.<br />

Locais com prevalência muito alta destes agentes, contribuem para a infecção de<br />

humanos imunodeficientes, mesmo sendo o Mycobacterium tuberculosis o agente que mais causa<br />

a doença, o Mycobacterium bovis, em algumas regiões, pode ser tão importante quanto ele. Estes<br />

casos se dão principalmente a bovinos infectados, os quais transmitem no leite não pasteurizado<br />

ou mal fervido, a infecção. Da mesma forma a comercialização de carnes e subprodutos<br />

provenientes de animais com lesões, causa a contaminação da população em geral (SCHWARTZ<br />

et al. 2002).<br />

Os mais recentes trabalhos sobre prevalência da tuberculose bovina no Brasil foram<br />

realizados por LEITE et al. (1978), FILIZZOLA et al. (1982), OLIVEIRA et al. (1986) e MARGATHO<br />

et al. (1989). A prevalência varia muito entre os trabalhos e em geral eles chamam mais atenção<br />

para um controle mais efetivo da doença.<br />

Segundo Carter (1988), a inspeção de rotina só consegue detectar cerca de 47% das<br />

lesões macroscópicas detectáveis na tuberculose, por isso a prevalência da doença deve ser<br />

duplicada para se ter um resultado um pouco mais correto. Ele ainda dizia que se observados<br />

cuidadosamente pelo menos seis pares de linfonodos, a inspeção seria capaz de identificar até<br />

95% dos animais com lesões macroscópicas.<br />

A aptidão leiteira de algumas raças pode ser fator predisponente da doença (BAPTISTA et<br />

al., 2004).<br />

Segundo o estudo realizado por MOTA et al. (1992), nos búfalos onde a reação à<br />

tuberculina foi mais acentuada e foram sacrificados, encontrou-se, na necropsia uma maior<br />

freqüência de linfonodos do trato respiratório aumentados com aspecto granulomatoso que<br />

rangiam ao corte (som característico da tuberculose). Esse maior acometimento dos linfonodos<br />

respiratórios sugere que a transmissão via respiratória seja mais importante que a oral em búfalos.<br />

Durante o período de estágio, a maior parte das lesões também se localizava nos linfonodos do<br />

trato respiratório.<br />

Com uma confirmação de diagnóstico, os animais devem ser encaminhados para o abate<br />

sanitário que é ou imediatamente após a matança ou em uma sala de abate sanitário, visando um<br />

programa de eliminação do plantel, desinfecção das instalações e vazio sanitário em seguida para<br />

que não haja problemas de recidivas.<br />

A desinfecção constitui-se de remoção de objetos que possam abrigar o Mycobacterium<br />

como estruturas de madeira, por exemplo, a incineração delas, remoção de resíduos sólidos,<br />

lavagem de paredes e pisos e por fim uma desinfecção física por calor. O período de vazio<br />

sanitário deve ser de mais ou menos 5 meses (SCHWARTZ et al., 2002).<br />

40


Indivíduos com AIDS, quando tem uma diminuição na resistência celular imunomediada<br />

pelo M. tuberculosis, desenvolvem doença em proporção mais elevada que outros indivíduos, com<br />

doenças pulmonares mais abundantes e são mais aptos a transmitir o Mycobacterium para os<br />

demais (SAMUELSON et al., 1994).<br />

Se for separada, a infecção por Mycobacterium, por espécies, pode-se dizer que o M<br />

tuberculosis tem a infecção que passa de pessoa para pessoa através de partículas de tosse ou<br />

poeira contendo a bactéria. Cada pessoa com tuberculose aberta, até ser diagnosticada,<br />

normalmente já contaminou em média cinco outras pessoas. Cães, gatos, papagaios e canários<br />

podem ser considerados fontes individuais de contaminação quando em contato com o homem<br />

(BAUER et al., 1992).<br />

Já com o M. bovis a contaminação ocorre através de leites crus ou subprodutos crus do<br />

leite e também animais silvestres. A via de infecção é digestiva. O contato com material infectado<br />

em abatedouros ou indústrias de carnes leva à tuberculose cutânea. A tuberculose pulmonar<br />

ocorre por inalação de poeiras e gotículas. Em estábulos contaminados onde crianças brincam ou<br />

pessoas manuseiam animais doentes podem ter a tuberculose ocular no caso de alguma lesão no<br />

olho devido à batida da cauda das vacas (BAUER et al., 1992).<br />

O consumo de ovos não cozidos suficientemente ou consumo de carne e leite<br />

contaminado pode levar a uma infecção com o M. avium. Não se pode afastar a possibilidade de<br />

contaminação por carne de suínos e nem através das vias aéreas. Mas o mais freqüente é a<br />

contaminação através de contato com aves infectadas (BAUER et al., 1992).<br />

Possíveis métodos para limitar a distribuição da infecção originada de animais silvestres<br />

para o gado incluem o uso de vacinas (BCG ou a vacina gênica que está em teste). A<br />

pasteurização ajudou a eliminar o problema de contaminação do leite de vacas infectadas<br />

(O’REILLY et al., 1995).<br />

Porém Segundo Antenore (1998), a população prefere consumir o leite cru por achá-lo<br />

mais forte e saudável que o pasteurizado. A população mais humilde, pensa que ao passar pelo<br />

processo de pasteurização, o leite perde as vitaminas e minerais, não fazendo quase efeito como<br />

alimento nutritivo.<br />

Além disso, Grange & Collins (1978); Daborn & Grange (1993); Collins (1994); Pinheiro<br />

(1994) e O’reilly & Daborn (1995), estão em acordo quando dizem que a imunidade transmitida na<br />

vacina, seja ela a BCG, como a gênica que ainda está em testes, não consegue dar ao animal um<br />

status de imune, pois não tem efeito total, mas sim, parcial.<br />

41


5.1 - Revisão bibliográfica<br />

5.1.1 – Introdução<br />

5 - PRÁTICAS <strong>DE</strong> CONTROLE <strong>DE</strong> QUALIDA<strong>DE</strong><br />

Nesta parte do trabalho de conclusão de curso serão abordados programas de controle de<br />

qualidade que devem ser utilizados nas indústrias alimentícias para que se tenha um maior<br />

controle das atividades dentro da indústria, bem como uma melhor qualidade e sempre em níveis<br />

semelhantes entre os produtos todos os dias.<br />

Os estabelecimentos industriais de carnes e derivados têm exigências especiais de<br />

estrutura e produção, de ordem higiênico-sanitárias, visando manter condições favoráveis no<br />

sentido de evitar contaminações entre outros efeitos que causem danos ao produto e<br />

consequentemente ao consumidor (PARDI et al., 2001).<br />

Os microorganismos que afetam os alimentos mudando sua estrutura podem ser<br />

classificados em: Benéficos e Maléficos. Dentro dos maléficos podem ser classificados dois<br />

grupos: Deteriorantes e patogênicos. Os dois alteram a qualidade do produto, porém, os<br />

deteriorantes são mais competitivos que os patogênicos, isso faz com que eles se mantenham<br />

vivos no alimento enquanto que os patogênicos são eliminados (SILVA & FAVARIN, 1999).<br />

Os alimentos podem ser classificados em três grupos: Pouco ácidos (pH maior que 4,5),<br />

ácidos (pH entre 4,0 e 4,5) e muito ácidos (pH menor que 4,0). As carnes e derivados tem um pH<br />

de 5,5 até 6,4, o que a classifica como pouco ácida, que é o nível de pH ideal, tanto das bactérias<br />

patogênicas quanto deteriorantes e também de alguns bolores e leveduras (PARDI et al., 2001).<br />

Existem fatores, intrínsecos e extrínsecos, que podem afetar a qualidade do produto, tais<br />

como: Atividade de água, potencial de redox, conteúdo de nutrientes, constituintes microbianos,<br />

estrutura biológica, microbiota do alimento, umidade relativa e temperatura (PARDI et al., 2001).<br />

5.1.2 – Boas Práticas de Fabricação<br />

As Boas Práticas de Fabricação (BPF) são utilizadas para que possa ser feito um melhor<br />

controle sobre os procedimentos de fabricação gerando alimentos inócuos para o consumidor.<br />

Esse programa, para o frigorífico, abrange desde a contratação de funcionários (treinamento e<br />

higiene) até a chegada do produto no varejo. Ele é imprescindível para que seja possível a<br />

introdução de outra prática de controle de qualidade como, por exemplo, a Análise de Perigos e<br />

Pontos Críticos de Controle (APPCC) (INPPAZ, 2004 e FDA, 2004).<br />

As BPF’s no início têm como prioridade os cuidados com higiene do pessoal envolvido,<br />

bem como o controle das condições físicas e biológicas dos ambientes de trabalho. Sendo assim,<br />

cada setor da indústria tem uma programação específica, na qual se possa higienizar<br />

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corretamente o ambiente, equipamentos, do instrumental em geral, as mãos, botas e aventais dos<br />

funcionários (PARDI et al., 2001).<br />

As instalações devem ter uma adequada área externa, que possibilite a limpeza, onde não<br />

deve ser cultivados alimentos e nem criados animais e uma área interna que não permita a<br />

entrada de pragas, poeira ou emanações que contaminem o produto (BRASIL, 1997).<br />

A água da indústria deve ser potável. Ao estabelecer normas e padrões de potabilidade da<br />

água, a Portaria n° 56/77, do Ministério da Saúde (Brasil, 1977), com base no decreto n° 79.367,<br />

de 9 de março de 1977, definiu como água potável “aquela cuja qualidade a torna adequada ao<br />

consumo humano”.<br />

Deve ser feita a cuidadosa fiscalização da água a partir das fontes originais, evitando a<br />

contaminação de lençóis superficiais de 6 em 6 meses ou menos (PARDI et al., 2001).<br />

Para a higienização do ambiente, equipamentos e utensílios, a água deve ter até 1 parte<br />

por milhão (ppm) de cloro em sua composição (BRASIL, 1997). Esse parâmetro deve ser aferido<br />

antes de ser iniciada a produção e durante a mesma, de 2 em 2 horas (PARDI et al., 2001).<br />

Os estabelecimentos devem dispor de rede de esgotos, ligadas a tubos coletores sendo<br />

eles ligados ao sistema geral de escoamento. A rede deve ter canalizações com retentores para o<br />

aproveitamento ou depuração de gordura, resíduos e corpos flutuantes, o qual deve ser mantido<br />

em bom funcionamento com capacidade suficiente para suportar cargas máximas de efluentes<br />

produzidos na indústria. (BRASIL, 1997 e PARDI et al., 2001).<br />

Na lavagem, detergência e sanitização, deve-se saber que o uso de materiais que podem<br />

contaminar os alimentos, como madeira, são proibidos na parte interna da indústria, o aço inox é o<br />

material indicado para utilização dentro da indústria (BRASIL, 1997).<br />

Com uma boa higiene, ocorre um aumento na vida útil da carne fresca e processada<br />

obtendo-se assim um produto final satisfatório com menos rejeições, reclamações e devoluções<br />

(PARDI et al., 2001).<br />

O funcionário de uma indústria alimentícia deve estar livre de enfermidades infecciosas<br />

para que este, não as transmita para a carne, chegando assim ao consumidor. Deverão ser feitos<br />

exames de sangue, fezes, urina entre outros (BRASIL, 1997).<br />

O funcionário deve ainda receber instruções sobre higiene básica tais como: modo de usar<br />

o banheiro, lavagem das mãos e botas para entrar na indústria, unhas curtas, barba feita, cabelos<br />

cortados, uso do uniforme corretamente, a não utilização de perfumes ou maquiagens assim como<br />

uso de adornos (PARDI et al., 2001).<br />

O recebimento da matéria prima é outro ponto que deve ser observado, pois todo o<br />

processo pode ser afetado por ele. É importante o tempo de jejum e de dieta hídrica, assim como<br />

o repouso para que a carne não endureça. Para isso os animais ficam em currais de descanso em<br />

torno de 24 horas, podendo ser reduzido para 6 horas quando a viagem não durar mais que 2<br />

horas (BRASIL, 1952).<br />

Em uma indústria de alimentos, é essencial o combate a artrópodes, roedores e pássaros,<br />

já que os produtos são extremamente atrativos para os mesmos, sendo necessário um combate<br />

cuidadoso, avaliando cada um separadamente, pois alguns desses animais são portadores de<br />

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actérias patogênicas como a Salmonella spp. , além de protozoários como o Toxoplasma gondii<br />

(PARDI et al., 2001).<br />

5.1.3 – Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC).<br />

A análise de perigos e pontos críticos de controle (APPCC) é um sistema que tem como<br />

objetivo a segurança do alimento visando sua inocuidade, analisando as etapas do processo<br />

produtivo e identificando possíveis perigos de contaminação aos alimentos (PARDI et al., 2001).<br />

O APPCC está baseado em sete princípios, são eles: (PARDI et al., 2001)<br />

respectivas.<br />

1- Análise de perigos e identificar medidas preventivas<br />

2- Identificar os pontos críticos de controle (PCC’s).<br />

3- Estabelecer limites críticos para medidas preventivas.<br />

4- Monitoramento dos PCC’s.<br />

5- Ações corretivas em casos de desvio dos limites críticos.<br />

6- Verificações para avaliar a adequação do sistema.<br />

7- Registro de controles.<br />

Para desenvolver o plano APPCC, é importante que, em todas as etapas do processo,<br />

exista uma equipe com um excelente treinamento teórico e prático na composição e elaboração<br />

dos produtos. Em determinadas ocasiões, pode-se recorrer ao auxílio de especialistas em perigos<br />

microbiológicos ou em outros fatores que tragam riscos à saúde pública (PARDI et al., 2001).<br />

Para a implantação do princípio 1, a equipe deve conduzir uma análise de perigos<br />

potenciais e identificar cada etapa do processo onde possam ocorrer perigos significativos,<br />

classificando-os, analisando se há medidas corretivas ou não e anotando-os para incluí-los no<br />

plano (PARDI et al., 2001).<br />

No princípio 2, deve ser feita a identificação de cada PCC. Um PCC é definido como<br />

ponto, etapa, procedimento ou operação do processo de fabricação onde se possam aplicar<br />

medidas preventivas de controle, para eliminar ou reduzir um perigo até um nível aceitável para<br />

que não existam danos à saúde, à qualidade do produto ou mesmo danos econômicos. Os PCC’s<br />

devem ser descritos e documentados detalhadamente (BRASIL, 1997 e PARDI, 2001).<br />

O princípio 3, visa estabelecer um limite crítico para que ele seja<br />

seguido em cada medida preventiva associada a um PCC. Cada PCC pode ter<br />

uma ou mais medidas preventivas que deverão assegurar a eliminação ou<br />

redução dos perigos para níveis favoráveis (PARDI et al., 2001).<br />

No princípio 4, deve-se estabelecer procedimentos para utilização de dados do<br />

monitoramento.<br />

São três os propósitos do monitoramento:<br />

1 – Essencial para a inocuidade dos alimentos, já que com ele é possível<br />

acompanhar todas as operações.<br />

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2 – O monitoramento é usado para detectar perdas de controle de PCC, sendo<br />

mais fácil a implantação de medidas corretivas.<br />

3 – O monitoramento dá uma documentação escrita que será usada no plano<br />

APPCC, por isso o ideal é que ele seja feito por tempo integral (PARDI et al.,2001).<br />

O princípio 5 é importante pois é possível, no plano APPCC a<br />

ocorrência de desvios e limites críticos previamente estabelecidos, sendo<br />

necessário um plano de ações corretivas corrigindo as falhas e assegurando o<br />

controle do PCC (PARDI et al., 2001).<br />

Se ocorrer um problema, o estabelecimento deve desviar o produto da linha de produção<br />

normal, retendo-o e aplicando as medidas corretivas com realização de provas apropriadas<br />

(PARDI et al., 2001).<br />

O princípio 6 é fundamental para que a garantia da operação seja adequada. Ele é<br />

constantemente avaliado, corrigido, otimizado e tem como objetivos a comprovação e adequação<br />

dos limites críticos, assegurando que o APPCC está sendo eficiente e adequado e comprovando a<br />

confiabilidade do plano em reavaliações periódicas, envolvendo uma revisão no local, nos<br />

fluxogramas e PCC’s (PARDI et al., 2001).<br />

O princípio 7 diz que todo plano APPCC aprovado, deve ter seus registros arquivados em<br />

um local de fácil acesso, de preferência na própria indústria e nele devem incluir a relação nominal<br />

dos integrantes da equipe com suas responsabilidades, descrição do produto produzido e seu uso,<br />

diagrama fluxo para todo o processo, indicando os PCC’s, perigos associados a cada PCC com<br />

suas medidas preventivas, limites críticos, sistemas de monitoração, ações corretivas para os<br />

desvios e os procedimentos de verificação e registros do APPCC (PARDI et al., 2001).<br />

5.1.4 – Procedimento Padrão de Higiene Operacional (PPHO).<br />

O PPHO garante a higiene incondicional dos setores, equipamentos, utensílios e<br />

processos realizados na indústria, incluindo monitoramento antes que seja iniciado o turno,<br />

durante intervalos e logo após a finalização das atividades de produção. Esse procedimento é<br />

exigido em alguns países para que tenham uma garantia maior na compra do produto (FDA,<br />

2002).<br />

O Instituto Panamericano de Proteccíon de alimentos (INPPAZ), 2004, fala que o PPHO<br />

deve descrever o procedimento de limpeza pré-operacional, operacional e ainda como deve ser<br />

feita a monitoração e registro desses procedimentos.<br />

Segundo o Food and Drug Administration (FDA) (2002), devem ser feitos relatórios em um<br />

documento próprio, descrevendo não conformidades, ações corretivas e preventivas, bem como a<br />

hora da ocorrência.<br />

Rotineiramente, deve-se avaliar processos inclusos no PPHO para prevenir a<br />

contaminação ou adulteração do mesmo. Os processos devem também ser revisados sempre que<br />

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ocorra alguma mudança na indústria ou quando se notar que ele não está atingindo o seu objetivo<br />

(FDA, 2002).<br />

Os estabelecimentos industriais de alimentos devem manter condições higiênicas<br />

favoráveis, evitando assim fontes de contaminações, devem também restaurar condições<br />

sanitárias e prevenir a reincidência (PARDI et al., 2001 e FDA, 2002).<br />

A lavagem é mais eficiente em superfícies lisas e para a lavagem pré-operacional, a<br />

equipe deve observar detalhes como a constituição do material, possibilidades desse material<br />

entrar em contato com o alimento entre outros (PARDI et al., 2001).<br />

A lavagem pode ser feita através de vários métodos, entre eles estão: A lavagem manual,<br />

lavagem por imersão, aspersão, em tanques de circulação, por spray, no local (automático), ultrasônica,<br />

sob alta pressão, por aparelhos e por espuma (PARDI et al., 2001).<br />

Geralmente, é muito difícil encontrar um detergente ideal, por isso são feitas as<br />

combinações entre eles. O detergente ideal teria que ter: uma solubilidade rápida e completa, não<br />

ser corrosivo, capaz de remover dureza da água, capacidade molhante e de penetração boa, ação<br />

emulsificante, ação de dissolução de resíduos sólidos, ser atóxico, ação enxagüante, ser<br />

econômico e estável na armazenagem (PARDI et al., 2001).<br />

Esses produtos de limpeza e desinfecção têm que ter uma aprovação prévia do órgão<br />

oficial competente, ser identificados e armazenados em locais adequados, fora da área onde<br />

exista manipulação ou qualquer contato com o alimento, salvo sob controle, quando for necessário<br />

para higienização do local (BRASIL, 1997).<br />

Segundo Pardi et al. (2001), deve-se manter na indústria o mínimo possível de tipos de<br />

detergentes, desinfetantes e métodos de limpeza. Dessa forma o controle se tornará mais fácil,<br />

conseguindo boa higiene sendo assim, mais econômico para a indústria.<br />

A sanitização complementa a ação da lavagem pré-operacional, devido sua função<br />

bactericida ou bacteriostática, reduzindo as chances de contaminação do produto. É preciso ter<br />

cuidado com ações residuais (PARDI et al., 2001).<br />

O desinfetante ideal deve ser eficiente contra todos os microorganismos patogênicos, não<br />

ser corrosivo para o material e para a pele, ter baixa toxidade, ter propriedades detergentes<br />

(facilitando a ruptura da tensão superficial dos líquidos), não apresentar gosto ou cheiro que<br />

alterem os alimentos (PARDI et al., 2001).<br />

A desinfecção pode ser feita por meios físicos ou meios químicos. Dentre os físicos, o<br />

calor é o mais antigo e eficiente, seja em forma de vapor, jatos sob pressão, líquido, entre outros<br />

(PARDI et al., 2001).<br />

Entre os químicos está o cloro, que é efetivo contra vários microorganismos, suas formas<br />

esporuladas e tem um baixo custo. Porém o cloro é corrosivo, irritante e não pode ser armazenado<br />

por tempo prolongado. Também podem ser usados o iodo, a amônia e os sanitizantes ácidos.<br />

Cada um com suas peculiaridades, seus prós e contras (PARDI et al., 2001).<br />

O RIISPOA aprovado pelo Decreto 30.691, de 29 de março de 1952 diz que são<br />

permitidos como acondicionamento, envoltório e embalagem de matérias-primas e produtos de<br />

origem animal, de acordo com a sua natureza, no caso da carne, alguns exemplos são:<br />

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- Estoquinete internamente e sacos de aniagem ou juta externamente, como envoltório de<br />

carnes frigoríficas destinadas ao consumo em natureza, bem como órgãos e vísceras.<br />

- Sacaria própria para carnes dessecadas.<br />

- Películas artificiais aprovadas pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem<br />

Animal (D.I.P.O.A.).<br />

Entre as películas, podemos citar alguns exemplos:<br />

- O polietileno de baixa densidade que é resistente e transparente, com permeabilidade<br />

baixa em relação ao vapor de água (PARDI et al., 2001).<br />

- Já o polietileno de alta densidade é de duas a três vezes mais impermeável que o de<br />

baixa (PARDI et al., 2001).<br />

- O polipropileno que tem uma transparência considerável e sua impermeabilidade é maior<br />

que a do polietileno de alta densidade (PARDI et al., 2001).<br />

- Cloreto de polivinil (PVC), que pode ser plastificado ou não (mais indicada para envolver<br />

alimentos), que é flexível, resistente à gorduras e óleos, guardando alimentos inclusive de odores<br />

fortes (PARDI et al., 2001).<br />

5.2 – Procedimento realizado<br />

O frigorífico Fricarmo possui os três programas de segurança de alimentos: BPF, APPCC<br />

e PPHO, devido aos diferentes países para onde seu produto é exportado terem diferentes<br />

exigências. Os três foram desenvolvidos pela Médica Veterinária Daniela dos Santos Anelli<br />

Fernandes que é a supervisora do controle de qualidade da indústria.<br />

Cada setor possui um monitor do controle de qualidade, que acompanha a produção do<br />

setor, faz os desvios, toma medidas necessárias para que a produção não saia do planejado e faz<br />

os registros em planilhas que são entregues à supervisora do controle de qualidade.<br />

Responsáveis por cada setor industrial:<br />

- Matança e curral: Joaquim Correia dos Reis<br />

- Miúdos: Francisco Silva<br />

- Embarque: Cairo Martins Marques<br />

- Graxaria: Isaías José dos Santos<br />

- Desossa: Willian Vieira Caixeta<br />

- Manutenção: Luis Carlos Vieira da Cunha Lima<br />

- Almoxarifado: Euripedes Gomes do Carmo Junior<br />

- Expedição de embalados: Pedro José Pereira<br />

- Sala de máquinas: Izaqueu Lourenço Jorge<br />

Antes de começar a produção, o monitor entra no seu setor e checa a higiene préoperacional.<br />

Durante a operação, o monitor acompanha o processo para assegurar que não haja<br />

nenhum ato não higiênico por parte dos funcionários e para garantir que os PCC’s sejam todos<br />

mantidos sob controle. Caso isso não ocorra, o monitor deverá tomar medidas necessárias para<br />

corrigir o problema, desviar o produto afetado e registrar em seu relatório a ocorrência indicando a<br />

47


hora. Se o monitor não conseguir resolver o problema, este deve chamar a supervisora. Devem<br />

ser tomadas, medidas preventivas para que o mesmo problema não reincida.<br />

Na indústria é feita educação sanitária com os funcionários, treinando-os para a realização<br />

dos procedimentos com higiene, mantendo a qualidade do produto. O combate às pragas é<br />

realizado por uma empresa terceirizada.<br />

5.3 – Discussão<br />

A prevenção constitui a forma mais segura de se ter um controle do processo na<br />

elaboração dos alimentos, tendo em vista a proteção do consumidor dos riscos causados por<br />

patógenos causadores de toxinfecção alimentar (PRÄNDL et al., 1994).<br />

Grande parte das doenças podem ser evitadas através da manutenção da higiene corporal<br />

e ambiental, visto que os microorganismos presentes no organismo e no ambiente podem agredir<br />

o homem (PRÄNDL et al., 1994).<br />

Brasil (1997), exigiu que cada estabelecimento no qual são inspecionados produtos de<br />

origem animal, habilitados ao comércio internacional, desenvolva, execute e mantenha escrito o<br />

manual do PPHO para serem lidos e revalidados. Com esta norma, estabeleceram-se parâmetros<br />

mínimos e diretrizes gerais a serem observados na execução do programa.<br />

O Programa de Procedimentos de Higiene Operacional visa a aplicação de medidas<br />

preventivas de controle sobre um ou mais fatores nas etapas do processo de fabricação e<br />

preparação do produto, para prevenir, reduzir a limites aceitáveis ou eliminar os perigos que<br />

contribuem para a perda da qualidade e que prejudiquem a saúde do consumidor (PARDI et al.,<br />

2001).<br />

Segundo Pardi et al. (2001), Para se desenvolver o APPCC, é necessária a formação de<br />

uma equipe multidisciplinar com conhecimento teórico e prático na composição e fabricação do<br />

produto, ser pessoas ligadas diretamente nas atividades diárias do estabelecimento e que<br />

conheçam os detalhes e limitações das operações e dos equipamentos com função de identificar<br />

os perigos potenciais; definir níveis de severidade e risco; recomendar controles, critérios e<br />

procedimentos de monitoramento e verificação; recomendar as ações corretivas apropriadas ao<br />

momento em que houver um desvio.<br />

Prändl et al. (1994), informa também que é necessário: Descrição do alimento e método<br />

de distribuição, identificação do uso específico e dos consumidores, desenvolvimento de um<br />

diagrama de fluxo, verificação do fluxograma de produção e principalmente a aplicação dos sete<br />

princípios do APPCC.<br />

Modernamente observa-se em todo o mundo um rápido desenvolvimento e<br />

aperfeiçoamento de novos meios e métodos de detecção de agentes de natureza biológica, física<br />

e química causadores de moléstias nos seres humanos e nos animais, passíveis de veiculação<br />

pelo consumo de alimentos, motivo de preocupação de entidades governamentais e internacionais<br />

voltadas à saúde pública (PARDI et al., 2001).<br />

48


Ao mesmo tempo, avolumam-se as perdas de alimentos e matérias-primas em<br />

decorrência de processos de deterioração de origem microbiológica, infestação por pragas e<br />

processamento industrial ineficaz, com severos prejuízos financeiros às indústrias de alimentos, à<br />

rede de distribuição e aos consumidores (BRASIL, 1997).<br />

As embalagens são muito importantes para garantir segurança e uma maior vida de<br />

prateleira para o alimento. Por isso as elas devem ser armazenadas de forma que não levem<br />

contaminação ao alimento. Porém embalagens secundárias não devem estar no setor onde há<br />

manipulação de alimentos sob o risco de contaminá-los (PARDI et al., 2001).<br />

Esse sistema além de melhorar o desempenho do controle de qualidade, torna mais eficaz<br />

o Serviço de Inspeção Federal.<br />

Destaca-se também a exigência dos Estados Unidos e da União Européia, em seus<br />

conceitos de equivalência de sistemas de inspeção, da aplicação de programas com base no<br />

Sistema de APPCC. Nos Estados Unidos, o sistema foi tornado mandatório, a partir de Janeiro de<br />

1997, para as indústrias cárneas com implantação gradativa (PRÄNDL et al., 1994).<br />

Os Médicos Veterinários estão conscientizando os donos de empresas alimentícias que<br />

essas devem produzir alimentos inócuos, saudáveis, sãos e seguros para a alimentação humana,<br />

prevenindo contaminação ou adulteração do produto nas diversas etapas de preparação da carne.<br />

Por isso deve ser entendido que o P.P.H.O deve ser um programa preparatório (PRÉ- APPCC)<br />

(PRÄNDL et al., 1994).<br />

Pardi et al. (2001), destaca que as Boas Práticas de Fabricação (BPF) são pré-requisitos<br />

fundamentais, constituindo-se na base higiênico-sanitária para implantação do Sistema APPCC.<br />

Quando o programa de BPF não é eficientemente implantado e controlado, PCC’s adicionais são<br />

identificados, monitorizados e mantidos no plano APPCC sem necessidade.<br />

Portanto, a implantação das BPF irá simplificar e viabilizar o plano de APPCC,<br />

assegurando sua integridade e eficiência, com o objetivo de garantir a segurança dos alimentos.<br />

O APPCC vem a ser um sistema preventivo de controle, com processo científico que<br />

representa o que há de mais moderno na atualidade, e que tem por finalidade construir a<br />

inocuidade nos processos de produção, manipulação, transporte, distribuição e consumo dos<br />

alimentos (FDA, 2005).<br />

O objetivo do APPCC é fornecer à Indústria as diretrizes básicas para apresentação,<br />

implantação, manutenção e verificação, assegurando que os produtos:<br />

a) sejam elaborados sem perigos à Saúde Pública;<br />

b) tenham padrões uniformes de identidade e qualidade;<br />

c) atendam às legislações nacionais e internacionais sob os aspectos sanitários de<br />

qualidade e de integridade econômica;<br />

d) sejam elaborados sem perdas de matérias-primas;<br />

e) sejam mais competitivos nos mercados nacional e internacional.<br />

Segundo FDA (2005), A temperatura da água nos esterilizadores deve ser mínima de<br />

82,5ºC, diferentemente do BRASIL (1997), que pede a temperatura mínima de 85°C. A<br />

temperatura da água nas pias e lavadores de carcaça de 40-45ºC, os funcionários deverão seguir<br />

49


o manual de boas práticas de fabricação; as instalações e equipamentos deverão estar de acordo<br />

com a s normas previstas no PPHO; a câmara de resfriamento: deve operar a uma temperatura de<br />

0ºC, as carcaças deverão permanecer em processo de resfriamento e maturação em tempo<br />

mínimo de 24 horas; o carregamento deve ser feito em boas condições higiênico-sanitárias e de<br />

acordo com as boas práticas de fabricação e PPHO.<br />

50


5 - CONCLUSÃO<br />

Este trabalho foi baseado em uma experiência de 9 semestres letivos no curso de<br />

medicina veterinária acrescidos de 2 meses de estágio na área de inspeção sanitária do frigorífico<br />

Fricarmo.<br />

O grande aprendizado que esta pequena experiência agrega à vida de um novo<br />

profissional, é que, muito mais do que trabalho, a Medicina Veterinária é de extrema importância<br />

para toda população. O sanitarista é essencial para a manutenção da saúde de cada um dos<br />

seres humanos e deve agir com bom senso e responsabilidade para que todas as pessoas<br />

possam viver melhor.<br />

Se a inspeção e o controle de qualidade trabalharem juntos, os alimentos,<br />

consequentemente, serão de melhor qualidade. A procura pelo aperfeiçoamento técnico e<br />

constante atualização dos conhecimentos é muito importante para que, a cada dia, o profissional<br />

se torne ainda mais qualificado e o controle seja mais efetivo.<br />

Além de questões preventivas, a inspeção e o controle de qualidade em matadourosfrigoríficos<br />

devem sempre ser observados de perto por Médicos Veterinários. Esta é a melhor<br />

maneira para que haja uma maior eficiência no controle de qualidade fazendo com que os animais<br />

contaminados não possam chegar à mesa da população.<br />

Pode se observar nesse trabalho que a porcentagem de animais doentes durante o<br />

estágio foi de 3,17% para cisticercose e 1,97% para tuberculose o que representa um índice<br />

moderado para alto de infecção por cisticercose e normal para tuberculose. Observa-se também<br />

que a época do ano onde mais se encontram animais infectados por cisticercose é Janeiro, esse<br />

fato pode ser devido às chuvas que ocorrem na região fazendo com que os ovos da Taenia<br />

resistam por mais tempo, já que eles têm preferência por ambientes úmidos (ver tabelas 1 e 2).<br />

51


7 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

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57


ANEXOS<br />

58


ANEXO 1 - Certificado de realização de Estágio Curricular Supervisionado em Medicina<br />

Veterinária, na área de Inspeção e controle de qualidade, realizado no E.D.<br />

Frigorífico LTDA, Cidade Ocidental, GO, no período de 23 de fevereiro a 29 de<br />

abril de 2005.<br />

59


ANEXO 2 - Planilhas do controle de qualidade.<br />

60


ANEXO 3 - Etiqueta modelo exportação e mercado interno.<br />

ANEXO 4 – Caixa modelo exportação e mercado interno.<br />

61


ANEXO 5 – Fluxograma de abate (PPHO).<br />

62


ANEXO 6 – Fluxograma de desossa (PPHO).<br />

63

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