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Pedagogia dos monstros - Apresentação

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78<br />

Wollstonecraft vai além de Rousseau, ao enfatizar<br />

que o exercício da liberdade depende de se ter os meios<br />

e as oportunidades para perseguir fins auto-escolhi<strong>dos</strong><br />

bem como para satisfazer obrigações sociais. Embora<br />

ela atribua o estado degenerado das mulheres à cultura<br />

e não à natureza, ela não contesta, entretanto, a<br />

avaliação de Rousseau sobre o perigo potencial à ordem<br />

social de um desejo feminino incontrolado nem<br />

questiona suas categorias de natureza e cultura. O argumento<br />

é, outra vez, o de que a corrupção deveria<br />

ser atribuída aos efeitos da sociedade e de que a natureza<br />

(das mulheres) é inerentemente virtuosa e racional.<br />

Wollstonecraft reproduz a visão iluminista da<br />

liberdade através da socialização: a mulher só pode se<br />

tornar mulher através da educação.<br />

Uma versão mais espetacularmente transgressiva<br />

deste argumento apareceu no mesmo momento pósrevolucionário<br />

que o Vindication de Wollstonecraft.<br />

Enquanto ela tentava recuperar as idéias de Rousseau,<br />

A filosofia na alcova (1795) do Marquês de Sade questionava<br />

seus próprios fundamentos. Sade não apenas<br />

se deleita no polimorfismo e na irracionalidade <strong>dos</strong><br />

prazeres, perversões, crueldades e desejos humanos;<br />

ele também condena vigorosamente o auto-engano e<br />

a hipocrisia daqueles virtuosos cidadãos que os negam.<br />

Eis aqui, pois, um outro tutor dirigindo-se à sua<br />

pupila — desta vez, o Dolmancé de Sade:<br />

Ah, Eugênia, chega de virtudes! Entre os sacrifícios<br />

que se podem fazer a essas falsas divindades existe<br />

um que valha um instante <strong>dos</strong> prazeres que se extrai<br />

em violá-los? Vem, minha doçura, a virtude<br />

não passa de uma quimera cuja adoração consiste

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