Pedagogia dos monstros - Apresentação
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O que proponho aqui, como uma primeira aproximação,<br />
é o esboço de um novo modus legendi: um<br />
método para se ler as culturas a partir <strong>dos</strong> <strong>monstros</strong><br />
que elas engendram. Ao fazer isso, violarei, parcialmente,<br />
dois <strong>dos</strong> sagra<strong>dos</strong> preceitos <strong>dos</strong> Estu<strong>dos</strong> Culturais:<br />
a compulsão da especificidade histórica e a<br />
insistência de que todo conhecimento é local, o mesmo<br />
valendo, portanto, para todas as cartografias desse<br />
conhecimento. Sobre o primeiro, apenas direi que,<br />
nos Estu<strong>dos</strong> Culturais, a história de hoje (disfarçada,<br />
talvez, como “cultura”) tende a ser fetichizada como<br />
um telos, como um determinante final de significado;<br />
depois de Paul De Man, depois de Foucault, depois<br />
de Hayden White, devemos ter em mente que a história<br />
é apenas um outro texto em uma procissão de<br />
textos e não uma garantia de qualquer significação singular.<br />
A mudança teórica e analítica que se distancia da<br />
longue durée e se aproxima das microeconomias (do<br />
capital ou do gênero) está freqüentemente associada à<br />
crítica foucaultiana; entretanto, críticos recentes são da<br />
opinião de que onde Foucault errou foi principalmente<br />
em seus detalhes, em suas minuciosas particularidades.<br />
Não obstante, sua metodologia — sua arqueologia das<br />
idéias, sua história do impensado — continua, com boa<br />
razão, a rota preferida de análise para a maior parte <strong>dos</strong><br />
críticos contemporâneos, quer eles trabalhem sobre a<br />
cibercultura pós-moderna, quer sobre a Idade Média.<br />
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