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Pedagogia dos monstros - Apresentação

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concebido como sendo constituído de “máquinas” que<br />

se definem não por qualquer caráter essencial mas simplesmente<br />

porque produzem: o que interessa são só<br />

seus efeitos. Como tal, não há qualquer distinção entre<br />

“máquinas” biológicas, humanas, mecânicas, eletrônicas,<br />

naturais, sociais, institucionais... As máquinas se caracterizam<br />

pelos fluxos que circulam entre elas: certas máquinas<br />

emitem fluxos que são “interrompi<strong>dos</strong>” por<br />

outras máquinas, as quais, por sua vez, produzem outros<br />

fluxos, que são “interrompi<strong>dos</strong>”, etc. Ao conceber<br />

o mundo como sendo formado por máquinas, Deleuze<br />

e Guattari rejeitam qualquer distinção entre sujeito<br />

e objeto, entre cultura e natureza, entre interioridade<br />

e exterioridade. Diferentemente da subjetividade da<br />

“teoria do sujeito”, as máquinas de Deleuze e Guattari<br />

não são caracterizadas pelo que são, mas pelo que fazem.<br />

Não há qualquer tentativa, entretanto, de fazer remontar<br />

as ações a qualquer suposta origem — justamente<br />

o gesto fundador da “teoria do sujeito”. Tal como em<br />

Nietzsche, não se deve ir atrás do “fazedor”, mas apenas<br />

do “fazer” e do “feito”. Nenhum ponto fixo, nenhuma<br />

substância, nenhuma essência, nenhuma<br />

origem, nenhum centro. Apenas linhas, fluxos, intensidades,<br />

energias, conexões, combinações. Com Deleuze<br />

e Guattari, a teorização pós-estruturalista livra-se<br />

não apenas do “sujeito”, mas de todo o vocabulário<br />

que torna possível falar sobre ele, substituindo-o por<br />

uma linguagem completamente nova, constituída de<br />

entes e seres que lhe são completamente estranhos: máquinas<br />

desejantes, corpos sem órgão, agenciamentos...<br />

Se com Foucault aprendemos que o “sujeito” é<br />

um artifício da linguagem, com Deleuze e Guattari<br />

aprendemos que o “sujeito” é um artifício — ponto.<br />

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