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Pedagogia dos monstros - Apresentação

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<strong>dos</strong> constrangimentos que produzem a turvada compreensão<br />

da sociedade que têm os indivíduos comuns<br />

—, vê a sociedade como se vê um mecanismo de relógio,<br />

tornando-se apto, assim, a consertá-la.<br />

Esta rica e querida fórmula já não nos parece tão<br />

tranqüila. Poucos acreditam, hoje, numa visão transparente<br />

da sociedade, a qual, para começar, supõe uma<br />

concepção da sociedade como única e unificada. Além<br />

disso, a soberana posição de uma “consciência crítica”<br />

baseia-se no pressuposto da existência de uma teoria<br />

total da sociedade que se torna insustentável num contexto<br />

no qual as metanarrativas de qualquer gênero<br />

são olhadas com profunda desconfiança. A realização<br />

do sujeito ideal da pedagogia crítica depende, igualmente,<br />

da aceitação de uma epistemologia realista pela<br />

qual se supõe a existência de um referente último e<br />

“objetivo” — “a” sociedade —, acessível apenas a uma<br />

ciência crítica da sociedade e, espera-se, ao sujeito plenamente<br />

realizado da pedagogia crítica. No quadro<br />

da chamada “virada lingüística”, torna-se altamente<br />

questionável continuar sustentando que exista uma<br />

coisa chamada “a” sociedade.<br />

É, entretanto, ao seu próprio núcleo, à noção de<br />

“consciência crítica”, que se dirige o golpe mortal contra<br />

a pedagogia crítica. Os questionamentos dirigi<strong>dos</strong><br />

à chamada “filosofia da consciência” que está na origem<br />

dessa concepção partem de várias direções da teoria<br />

social contemporânea. Basicamente, a chamada<br />

“filosofia da consciência” — que atende também pelo<br />

nome de “teoria do sujeito” — pressupõe que o indivíduo<br />

humano é o centro e a origem do pensamento e da<br />

ação, que o ser humano é o soberano senhor de suas

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