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Pedagogia dos monstros - Apresentação

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— independente. Quanto a Drácula, Moretti percebe<br />

nele, por um lado, o medo relativamente aos vampirescos<br />

financiadores do capital monopolista e, por<br />

outro, à mãe castradora. Talvez, para tornar mais complexa<br />

a idéia de que em fábulas como essa uma coisa<br />

pode ser lida como diretamente estando no lugar de<br />

outra, ele sugere que esses significa<strong>dos</strong> são subordina<strong>dos</strong><br />

à presença literal do Conde, a seu status metafórico.<br />

É aí que está a importância de se transformar<br />

os me<strong>dos</strong> originais “de modo que os leitores não tenham<br />

que enfrentar aquilo que possa realmente amedrontá-los”.<br />

Em seu ensaio “Uma introdução ao filme<br />

de horror americano”, Robin Wood (1985) utiliza<br />

uma forma similar de argumento. A fórmula básica<br />

<strong>dos</strong> filmes de horror de Hollywood pós-Psicose, nos<br />

anos 60 e 70, argumenta ele, é a de que “a normalidade<br />

é ameaçada pelo Monstro” (p. 201). A figura do<br />

Monstro dramatiza “tudo aquilo que nossa civilização<br />

reprime ou oprime” — o que quer dizer, para ele,<br />

a sexualidade feminina, o proletariado, outras culturas<br />

e outros grupos étnicos, ideologias alternativas,<br />

homossexualidade e bissexualidade, crianças (p. 203).<br />

Minhas sínteses sacrificam, de forma inevitável, a<br />

sofisticação e as nuances dessas análises. Mesmo assim,<br />

ambos os ensaios flertam com um certo funcionalismo<br />

e um certo reducionismo. Para Moretti (1983), o medo<br />

provocado pelo horror de ficção é “um medo do qual<br />

temos necessidade: o preço que se paga para que se chegue,<br />

alegremente, a um acordo com um corpo social<br />

baseado na irracionalidade e na ameaça” (p. 108). Para<br />

Wood (1985), o horror de Hollywood é mais compensatório<br />

do que emancipatório. Ele desmascara o<br />

Monstro real como sendo a “ideologia dominante”,

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