Faculdade de Medicina Veterinária - Hospital Veterinário Montenegro
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Cláudia Freitas Estadiamento da Doença Renal Crónica em Felinos 2010<br />
Quanto à medição da pressão arterial é necessário ter em conta que o método indirecto<br />
Doppler utilizado neste estudo é fortemente influenciado pela experiência do operador, pelo<br />
temperamento do animal e pelo ambiente envolvente (Henik et al., 2005). Os valores <strong>de</strong><br />
pressão arterial sistólica variaram dum mínimo <strong>de</strong> 140 mmHg a um máximo <strong>de</strong> 160 mmHg,<br />
sendo a média <strong>de</strong> 148 mmHg. Apenas 16,7% (1/6) apresentava risco mo<strong>de</strong>rado (PA2sc),<br />
50% (3/6) tinham risco baixo (PA1sc), e em 33,3% (2/6) estava presente apenas risco<br />
mínimo (PA0sc) <strong>de</strong> lesões/complicações provocadas pela pressão arterial persistentemente<br />
elevada. Sendo assim, 66,7% (4/6) dos felinos apresentavam elevação da pressão arterial.<br />
No Projecto Epi<strong>de</strong>miológico da IRIS 47,8% dos gatos em estudo eram hipertensos no limite<br />
ou hipertensos (IRIS, 2004). Não foram observadas evidências <strong>de</strong> lesões/complicações nos<br />
órgãos-alvo (sc) nestes 6 felinos.<br />
I<strong>de</strong>almente estes animais <strong>de</strong>vem ser monitorizados regularmente, e o tratamento <strong>de</strong>ve ser<br />
adaptado <strong>de</strong> acordo com a sua resposta à terapêutica (IRIS, 2009b). O estadio e subestadio<br />
atribuídos também <strong>de</strong>vem ser reavaliados <strong>de</strong> acordo com as alterações verificadas.<br />
Por exemplo, se a terapia anti-hipertensiva (ou anti-proteinúrica) foi instituída, a classificação<br />
dos pacientes na reavaliação <strong>de</strong>ve reflectir a pressão arterial (ou UPC) actual em <strong>de</strong>trimento<br />
do estadio original, com a adição do símbolo (T) <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> indicar o sub-estadio, para<br />
<strong>de</strong>monstrar que este reflecte os efeitos da terapêutica aplicada (Elliott & Watson, 2010).<br />
Dos felinos em estudo, 48% (12/25) receberam terapêutica renoprotectora, nomeadamente,<br />
Fortekor® 5 mg, composto por benazepril, um inibidor da enzima <strong>de</strong> conversão da<br />
angiotensina (IECA). A administração <strong>de</strong> IECA’s reduz a magnitu<strong>de</strong> da proteinúria em seres<br />
humanos com nefropatia diabética, doença glomerular primária e várias outras doenças<br />
renais. Resultados semelhantes foram obtidos em cães e gatos. Diversos estudos têm<br />
<strong>de</strong>monstrado uma redução significativa do rácio UPC em felinos com DRC medicados com<br />
benazepril durante várias semanas, mesmo em gatos com valores inferiores a 0,2, ou seja,<br />
classificados como não protenúricos (Morar et al., 2009). Estes fármacos po<strong>de</strong>m reduzir a<br />
proteinúria por diversos mecanismos: (1) redução da hipertensão glomerular, (2) redução da<br />
hiperpermeabilida<strong>de</strong> glomerular por inibição da formação <strong>de</strong> angiotensina II, (3) efeitos antiinflamatórios,<br />
ou (4) efeitos anti-plaquetários (Polzin et al., 2009c). Os efeitos do benazepril<br />
sobre a pressão arterial felina são ainda pouco <strong>de</strong>scritos na literatura actual. Os potenciais<br />
benefícios da intervenção em pacientes sem sinais clínicos <strong>de</strong> hipertensão arterial incluem a<br />
diminuição da progressão da doença renal, prolongando a sobrevivência do paciente, e a<br />
redução da incidência <strong>de</strong> complicações hipertensivas. Adicionalmente, os IECA’s promovem<br />
o aumento do apetite em gatos que apresentam proteinúria inicial igual ou superior a 1<br />
(Rou<strong>de</strong>bush et al., 2009). O benazepril foi utilizado na dose <strong>de</strong> 0,5 – 1,0 mg/kg SID.<br />
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