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Estética filosófica como categoria e a fragmentação da arte
O comportamento da arte enquanto conhecimento do mundo, apesar de não
ser uma unanimidade 4 , está pari passu com filosofia e ciência. A razão para isso é que
a arte pode proporcionar certa imagem de mundo, certo revelar do mundo na arte;
assim como o artista que não existe isolado do mundo e com ele interage; assim como
a presença da arte em todos os campos da atividade humana, atestando, dessa forma,
a possibilidade da arte como conhecimento. Talvez uma das razões para a não
concordância unânime da arte como conhecimento seja o fato da mesma ser
freqüentemente separada da vida e entendida como atividade pós-necessidades
básicas humanas, pós-construção da civilização, “num supremo desinteresse e numa
pura inutilidade, como atividade absolutamente gratuita, um fim para si mesma, [...]
ao abrigo do tumulto e das lutas da vida” (PAREYSON, 2001, p. 39)
No mesmo caminho de contra-argumentar no sentido de uma arte isolada do
conhecimento do mundo, Mora comenta:
Por outro lado, dizer que a arte não é conhecimento é
insuficiente, pois tão pouco a religião também é, estritamente
falando, conhecimento (no sentido filosófico e científico do
termo), como, sem dúvida, não é arte. Dizer que é um fazer
também é insuficiente, pois há muitos tipos de fazer que não são
arte (1969a, p. 144, tradução nossa).
Entendo que existe arte em todas as atividades humanas, seja aquela
engajada, objetiva e funcional ou simplesmente baseada na arte pela arte e na
liberdade de criação; numa arte que, ao mesmo tempo em que livre e espontânea, é
nascida conjuntamente com a utilidade, a beleza e a funcionalidade; numa arte
nascida com o tempo, quase sempre atrelada a aspectos econômicos e sociais, mas ao
mesmo tempo independente. Por fim, entendo uma arte passível de reflexão e de
conhecimento e que é condição e possibilidade essencial para a educação e atuação do
diretor de arte e mídia, conforme será abordado no capítulo seguinte.
No aprofundamento de questões levantadas pelo estudo da arte, vem à tona
uma importante disciplina: a estética, entendida como reflexão filosófica sobre todas
4 Há os que dizem que a arte está apoiada em um fazer e por esta razão menos preocupada em dizer o
que algo é, ou como é ou por que é e sim que esse algo exista o que, por conseguinte, não
proporcionaria nenhum conhecimento da realidade, ao contrário da filosofia e da ciência (MORA, 1969a,
p. 144). Já outros dizem que a arte é uma forma de evasão ou apenas uma necessidade da vida humana,
o que não responde à questão da arte e do conhecimento.
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