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Metodologia, a arte <strong>de</strong> dirigir o espírito<br />

O erro <strong>de</strong>stes prejuízos é o <strong>de</strong> conceber a precisão, a evidência, o<br />

acordo, as leis e os critérios <strong>de</strong> modo tão material e aparatoso, a<br />

ponto <strong>de</strong> neles não saber encontrar algum on<strong>de</strong> esteja vigente a<br />

varie<strong>da</strong><strong>de</strong> e a multiplici<strong>da</strong><strong>de</strong> do pensamento, e o <strong>de</strong> converter em<br />

<strong>de</strong>feito e <strong>de</strong>svantagem aquela que, ao contrário, é a condição feliz<br />

e a incomparável riqueza <strong>da</strong> interpretação [...] A interpretação<br />

ocorre quando se instaura uma simpatia, uma congeniali<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

uma sintonia, um encontro entre um dos infinitos aspectos <strong>da</strong><br />

forma e um dos infinitos pontos <strong>de</strong> vista <strong>da</strong> pessoa (2001, p. 225-<br />

226).<br />

O exemplo do entrelace entre arte e interpretação e sua transposição para<br />

outras áreas do conhecimento traz o “gancho” necessário para a compreensão <strong>da</strong><br />

quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> sua hermenêutica em consonância com sua teoria <strong>da</strong> formativi<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Mas o que dizer ain<strong>da</strong> mais <strong>da</strong> existência <strong>de</strong> múltiplas interpretações? Não<br />

haverá aqui o risco <strong>de</strong> uma anular outra ou <strong>de</strong> serem totalmente antagônicas? Como<br />

solucionar esta possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>? Pareyson compreen<strong>de</strong> que para uma <strong>de</strong>termina<strong>da</strong><br />

interpretação <strong>da</strong> ver<strong>da</strong><strong>de</strong> não há a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> complemento – pois caso houvesse,<br />

ela não seria total e <strong>completa</strong> em si mesma –, o que po<strong>de</strong>ria, além <strong>da</strong> possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

conflito, unicamente <strong>de</strong>monstrar a fragili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>sta. Entretanto, o único caminho<br />

vislumbrado aqui para a integração <strong>de</strong> múltiplas interpretações <strong>de</strong>ve “ser feito<br />

somente no interior <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> perspectiva singular, como experiência real do diálogo e<br />

concreto exercício <strong>de</strong> alteri<strong>da</strong><strong>de</strong>” (PAREYSON, 2005, p. 83). O diálogo aqui entendido<br />

por Pareyson é como um exercício <strong>de</strong> comunicação que não <strong>de</strong>seja a integralização <strong>de</strong><br />

to<strong>da</strong>s as interpretações a partir <strong>de</strong>le mesmo (o diálogo), mas que compreen<strong>de</strong> ca<strong>da</strong><br />

uma <strong>de</strong>las como posse do ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro e que busca ser simplesmente o interlocutor<br />

entre elas 5 . Por mais paradoxal que aparentemente seja, esta visão <strong>de</strong> mundo coloca<br />

<strong>de</strong> maneira bastante direta a ver<strong>da</strong><strong>de</strong> como fonte, as interpretações <strong>de</strong>sta como a<br />

maneira viável <strong>de</strong> posse, o diálogo – a partir <strong>de</strong> uma perspectiva – como colaborador<br />

e, em sín<strong>tese</strong>, a ver<strong>da</strong><strong>de</strong> como inesgotável.<br />

A relação entre a ver<strong>da</strong><strong>de</strong> e sua formulação é, portanto,<br />

interpretativa. A formulação do ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro é, por um lado, posse<br />

pessoal <strong>da</strong> ver<strong>da</strong><strong>de</strong> e, por outro lado, posse <strong>de</strong> um infinito. De um<br />

5 Sobre esta prática <strong>de</strong> alteri<strong>da</strong><strong>de</strong> e diálogo, Simão (2004) conceitua, <strong>de</strong> forma resumi<strong>da</strong>, dizendo que a<br />

alteri<strong>da</strong><strong>de</strong> se dá quando um ator toma a intervenção do outro como fronteira e como algo <strong>de</strong> on<strong>de</strong><br />

partir e para transpor, dizendo que a “fala do outro que, por exemplo, contra-argumenta uma<br />

proposição do ator, é indicativa <strong>de</strong> on<strong>de</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a perspectiva do outro, o ator encontra-se quanto ao<br />

conhecimento do tema do diálogo” (p. 34)<br />

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