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2005, p. 69).<br />
Metodologia, a arte <strong>de</strong> dirigir o espírito<br />
Com este exemplo na arte e na estética, não se trata simplesmente <strong>de</strong> querer<br />
generalizar para outras áreas do conhecimento, mas <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong><br />
relação hermenêutica entre sujeito e objeto e entre valores permanentes e processos<br />
históricos. Para Pareyson, a relação entre ver<strong>da</strong><strong>de</strong> e suas formulações é interpretativa,<br />
<strong>da</strong> mesma maneira que no exemplo <strong>da</strong> execução musical, em que ca<strong>da</strong> execução é<br />
singular, pessoal, histórica e formulação <strong>da</strong> ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, mas <strong>de</strong> maneira alguma única e<br />
<strong>de</strong>finitiva, estabelecendo por hipó<strong>tese</strong> a sua unici<strong>da</strong><strong>de</strong> e intemporali<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Ain<strong>da</strong> no exemplo acima, po<strong>de</strong>-se perceber o quão perigoso é a separação<br />
rigorosa entre sujeito, objeto e ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, já que<br />
De um intérprete, ator ou músico, não esperamos nem que se<br />
<strong>de</strong>ixe guiar unicamente pelo critério <strong>da</strong> originali<strong>da</strong><strong>de</strong>, como se a<br />
sua execução tivesse um interesse maior do aquele <strong>da</strong> própria<br />
obra, nem que vise à impessoali<strong>da</strong><strong>de</strong>, como se <strong>da</strong>quela obra não<br />
nos interessasse, precisamente, a sua execução. Não preten<strong>de</strong>mos<br />
que ele <strong>de</strong>va renunciar a si próprio, nem permitimos que ele<br />
queira exprimir a si mesmo. Nós <strong>de</strong>sejamos que seja ele a<br />
interpretar aquela obra, <strong>de</strong> modo que a sua execução seja, ao<br />
mesmo tempo, a obra e a sua interpretação <strong>de</strong>la (PAREYSON,<br />
2005, p. 72).<br />
Assim, afirma-se que a ver<strong>da</strong><strong>de</strong> não po<strong>de</strong> ser um objeto, mas está imbricado<br />
com o sujeito, não permitindo que este se afaste para que tenha uma visão plena<br />
<strong>da</strong>quela, que somente através <strong>de</strong> uma perspectiva pessoal é que se tem acesso à<br />
ver<strong>da</strong><strong>de</strong> e, por fim, “que a ver<strong>da</strong><strong>de</strong> é inobjetivável, antes <strong>de</strong> tudo, no sentido <strong>de</strong> que<br />
ela é inseparável <strong>da</strong> interpretação que <strong>de</strong>la se dá e inconfrontável com a formulação<br />
que a enuncia” (PAREYSON, 2005, p. 75).<br />
Aos que ain<strong>da</strong> imputam à interpretação adjetivos tais como imprecisa,<br />
arbitrária, mutável e relativa, o fazem por atribuir ao conhecimento duas concepções<br />
que, com o exemplo acima, po<strong>de</strong>m ser facilmente dirimi<strong>da</strong>s: (i) que o conhecimento<br />
para ser ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro <strong>de</strong>ve ser único; caso contrário será sempre aproximativo e (ii) e<br />
que esta natureza pessoal <strong>da</strong> interpretação é uma condição inevitável, intransponível e<br />
fatalmente subjetiva (PAREYSON, 2001, p. 225). Sobre estas concepções Pareyson nos<br />
diz que,<br />
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