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i<strong>de</strong>ologia.<br />

Metodologia, a arte <strong>de</strong> dirigir o espírito<br />

De fato, por um lado, as ver<strong>da</strong><strong>de</strong>s históricas não existiriam sem a<br />

ver<strong>da</strong><strong>de</strong> única <strong>da</strong> qual são interpretações. Sem ela, seriam apenas<br />

expressões do tempo, priva<strong>da</strong>s <strong>de</strong> valor revelativo, e, enquanto<br />

esvazia<strong>da</strong>s <strong>de</strong> função hermenêutica, priva<strong>da</strong>s até <strong>de</strong><br />

características especulativas. Seriam apenas pensamento<br />

meramente histórico, isto é, apenas i<strong>de</strong>ológico, técnico e<br />

instrumental (PAREYSON, 2005, p. 61).<br />

Por esta razão, para Pareyson, a interpretação não po<strong>de</strong> ser única, mas<br />

sempre múltipla. Ele faz a advertência para não confundir o que chama <strong>de</strong> ver<strong>da</strong><strong>de</strong> e<br />

as interpretações que <strong>de</strong>la se tem. Estas últimas são múltiplas, históricas, pessoais e<br />

por estas razões singulares, não po<strong>de</strong>ndo substituir a ver<strong>da</strong><strong>de</strong> “naquilo que ela tem <strong>de</strong><br />

próprio, isto é, a unici<strong>da</strong><strong>de</strong> e a intemporali<strong>da</strong><strong>de</strong>, já que a própria uni<strong>da</strong><strong>de</strong> e<br />

intemporali<strong>da</strong><strong>de</strong>, a ver<strong>da</strong><strong>de</strong> po<strong>de</strong> fazê-la valer unicamente no interior <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s<br />

singulares formulações que ela obtém e <strong>de</strong>sperta, melhor ain<strong>da</strong>, suscita e exige”<br />

(2005, p. 63).<br />

Pessoali<strong>da</strong><strong>de</strong> e historici<strong>da</strong><strong>de</strong> são vias <strong>de</strong> acesso à ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que não<br />

isola<strong>da</strong>s <strong>de</strong>libera<strong>da</strong>mente como únicas ou temporais, posto que assim passariam <strong>de</strong><br />

interpretação ao status <strong>de</strong> ver<strong>da</strong><strong>de</strong> em si o que as colocaria muito próximas do<br />

dogmatismo; por outro lado a exacerbação <strong>da</strong> historici<strong>da</strong><strong>de</strong> e/ou <strong>da</strong> pessoali<strong>da</strong><strong>de</strong> nas<br />

interpretações leva ao relativismo. Mesmo em sentidos opostos, tanto o dogmatismo<br />

quanto o relativismo acabam se encontrando, pois obscurecem a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

aproximação com a ver<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Há um caminho que não precisa, necessariamente, ir para um ou outro lado.<br />

Para tanto, Pareyson apresenta um exemplo especialmente pertinente para este<br />

trabalho e que coloca junto parte dos conceitos vistos até aqui,<br />

A experiência mais comum, entretanto, bastaria para pôr-nos em<br />

guar<strong>da</strong> contra posições do gênero, infelizmente <strong>de</strong>masiado<br />

difundi<strong>da</strong>s, porque oferece um exemplo evi<strong>de</strong>ntíssimo <strong>de</strong> relação<br />

interpretativa, que é a execução musical. Também na música a<br />

interpretação é revelativa e, ao mesmo tempo, plural; também na<br />

música, a obra só é acessível no interior <strong>de</strong> uma sua execução,<br />

também na música a multiplici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s execuções não<br />

compromete a unici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> obra, também na música a execução<br />

não é nem cópia nem reflexo, mas vi<strong>da</strong> e posse <strong>da</strong> obra, também<br />

na música a execução não é nem única nem arbitrária (PAREYSON,<br />

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