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Metodologia, a arte <strong>de</strong> dirigir o espírito<br />

Outra preocupação se apresta <strong>da</strong> filosofia pareysoniana, que beira a<br />

complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Morin e que está incrusta<strong>da</strong> também em sua teoria estética, que é a<br />

compreensão que não se po<strong>de</strong> separar um pensamento do outro, sob pena <strong>de</strong> se ter<br />

conseqüências turvas sobre qualquer coisa. O exemplo utilizado é o <strong>da</strong> arte, mas que<br />

po<strong>de</strong> ser extrapolado para qualquer outra experiência humana:<br />

[...] como quando, no processo <strong>da</strong> produção artística, a obra <strong>de</strong><br />

arte age como formante antes mesmo <strong>de</strong> existir como forma<strong>da</strong>;<br />

ou como quando, na leitura <strong>de</strong> um livro, a compreensão <strong>da</strong>s<br />

partes só se torna possível pela idéia do todo que não se alcança<br />

nem mesmo no final <strong>da</strong> leitura, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> percorri<strong>da</strong>s to<strong>da</strong>s as<br />

partes, se já não tivesse sido adivinha<strong>da</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início [...]<br />

(PAREYSON, 2005, p. 21).<br />

Para Pareyson, no extremo do pensamento expressivo há a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> do<br />

racionalismo e tecnicismo exacerbados e que estes po<strong>de</strong>m ser os responsáveis pela<br />

crise <strong>da</strong> mo<strong>de</strong>rni<strong>da</strong><strong>de</strong>, já que no<br />

[...] radical humanismo do pensamento histórico, do discurso<br />

instrumental, <strong>da</strong> razão técnica, parece que o protagonista é o<br />

homem, já que se trata <strong>de</strong> pensamento ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iramente humano<br />

que renunciou à ver<strong>da</strong><strong>de</strong> absoluta, que exprime situações<br />

históricas, que age sobre condições <strong>de</strong> existência, que elabora<br />

técnicas racionais. [...] Mas ain<strong>da</strong>, apenas as idéias força, os<br />

produtos <strong>da</strong> razão histórica e técnica, po<strong>de</strong>m, propriamente, "ter<br />

sucesso"; e o têm, mas à custa <strong>de</strong> exercer um domínio que<br />

escraviza o homem. A ver<strong>da</strong><strong>de</strong> inspira os homens, as idéias<br />

apossam-se <strong>de</strong>les (PAREYSON, 2005, p. 27).<br />

Aqui fica bastante clarifica<strong>da</strong> a separação entre i<strong>de</strong>ologia e filosofia, em que a<br />

fronteira entre uma e outra se dá pela perspectiva <strong>de</strong> abertura, própria <strong>da</strong> filosofia, em<br />

contraponto ao aspecto rígido <strong>da</strong> i<strong>de</strong>ologia. Como exemplos <strong>de</strong> escravidão às idéias, há<br />

o “império <strong>da</strong> mo<strong>da</strong>, do lugar comum, do culto <strong>da</strong> atuali<strong>da</strong><strong>de</strong>, dos mais diversos<br />

conformismos e, sobretudo, na violência <strong>da</strong>s lutas i<strong>de</strong>ológicas, do fanatismo político e<br />

religioso [...]” (PAREYSON, 2005, p. 28).<br />

O conceito <strong>de</strong> pensamento revelativo é justamente baseado nas<br />

possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> ver<strong>da</strong><strong>de</strong> que po<strong>de</strong>m advir ao sujeito, ver<strong>da</strong><strong>de</strong> esta que é antes <strong>de</strong><br />

tudo histórica e pessoal, mas que <strong>de</strong>ve transpor pessoali<strong>da</strong><strong>de</strong> e historici<strong>da</strong><strong>de</strong> ou<br />

correrá o risco <strong>de</strong> ser apenas ver<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> um tempo ou <strong>de</strong> uma pessoa.<br />

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