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2.3.1 Pensamento expressivo e pensamento revelativo<br />
Metodologia, a arte <strong>de</strong> dirigir o espírito<br />
Os dois conceitos que dão título a este tópico, pensamento expressivo e<br />
pensamento revelativo é o cerne <strong>da</strong>s idéias subseqüentes propostas por Pareyson e<br />
que irão permear gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong> sua obra filosófica 4 . São conceitos contrastantes e<br />
po<strong>de</strong>m ser resumidos <strong>da</strong> seguinte maneira: (i) pensamento expressivo, é aquele<br />
próprio do historicismo e muito próximo do racionalismo exacerbado com seus<br />
modismos e fanatismos e (ii) o pensamento revelativo, que está presente na relação<br />
entre indivíduo e ver<strong>da</strong><strong>de</strong> e que inspira a novas <strong>de</strong>scobertas, sem se achar ver<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
plena. Segundo Pareyson, é do pensamento expressivo que nascem as i<strong>de</strong>ologias que<br />
escravizam, colocando o homem como veículo e ator principal; cabendo ao<br />
pensamento revelativo colocar o homem como alvo <strong>da</strong> ver<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Para chegar nestas <strong>de</strong>finições, Pareyson parte <strong>de</strong> uma constatação que está<br />
intrinsecamente liga<strong>da</strong> a uma questão primordial <strong>da</strong> filosofia que, segundo ele, é “uma<br />
concepção genérica, mas integralmente historicista, pela qual ca<strong>da</strong> época tem a sua<br />
filosofia, e o significado <strong>de</strong> um pensamento filosófico resi<strong>de</strong> na sua a<strong>de</strong>rência ao<br />
próprio tempo” (PAREYSON, 2005, p. 7). Para Pareyson, essa postura relativista retira<br />
<strong>da</strong> filosofia a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> primordial <strong>de</strong>sta, <strong>de</strong> reflexão especulativa ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira, já<br />
que<br />
Há filosofias que, porquanto ambicionem alcançar, com seu<br />
<strong>de</strong>si<strong>de</strong>rato <strong>de</strong> formulação universal, um valor <strong>de</strong> ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, não<br />
conseguem outra coisa senão exprimir o seu tempo. Com elas,<br />
uma discussão especulativa é inútil e inoportuna: a única<br />
avaliação a que se prestam é a verificação <strong>da</strong> a<strong>de</strong>rência do seu<br />
pensamento à situação histórica (PAREYSON, 2005, p. 8).<br />
Por conseguinte, o dilema, entre aquilo que é simplesmente um produto<br />
histórico e aquilo que manifesta a ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, não está apenas restrito à filosofia, já que<br />
essa distinção po<strong>de</strong> ser encontra<strong>da</strong> em ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s humanas.<br />
De primeira vista po<strong>de</strong>-se pensar que a idéia até aqui exposta comporta uma<br />
incoerência que po<strong>de</strong> ser resumi<strong>da</strong> numa simples pergunta: como separar um<br />
pensamento do outro, quando um pensamento expressivo <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> sê-lo e passa a ser<br />
4 Embora os conceitos <strong>de</strong> pensamento expressivo e revelativo já tenham sido citados no início do<br />
capítulo um, retomo-os agora com mais robustez, juntamente com exemplos voltados à estética e, por<br />
conseguinte, com relação direta com a <strong>tese</strong> aqui <strong>de</strong>fendi<strong>da</strong>.<br />
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