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Metodologia, a arte <strong>de</strong> dirigir o espírito<br />
a consciência histórica anuncia” (GADAMER, 2007b, p. 139). Sobre consciência<br />
histórica e sua relação com a ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, Ga<strong>da</strong>mer diz também que esta não é a<br />
responsável por provocar um relativismo histórico, mas que isto acontece quando um<br />
<strong>de</strong>terminado ponto <strong>de</strong> vista é alçado ao status <strong>de</strong> visão absoluta.<br />
Esse historicismo era o <strong>de</strong>safio sob o domínio do qual se<br />
encontrava o filosofar em minha juventu<strong>de</strong>. As pessoas viam-se<br />
coloca<strong>da</strong>s diante do problema do relativismo histórico. Há pessoas<br />
que também me tomam hoje por um relativista. No entanto,<br />
Hei<strong>de</strong>gger mostrou que um tal relativismo só podia vigorar a<br />
partir do ponto <strong>de</strong> vista fictício <strong>de</strong> uma visão absoluta, na qual as<br />
pessoas se satisfazem em constatar a objetivi<strong>da</strong><strong>de</strong> e em tomar<br />
conhecimento <strong>da</strong>quilo que foi pensado nas diversas épocas <strong>da</strong><br />
história do pensamento oci<strong>de</strong>ntal (GADAMER, 2007a, p. 95).<br />
Ga<strong>da</strong>mer diz que o relativismo existe a partir <strong>da</strong> escolha <strong>de</strong> um ponto <strong>de</strong> vista<br />
que se eleva ao absoluto e não por haver outras possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Esta visão absoluta em<br />
relação ao objeto artístico torna simplesmente impossível a apreciação <strong>de</strong> obras <strong>de</strong><br />
arte do passado, ao mesmo tempo em que retira <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s elas a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
estarem sempre “vivas”, no sentido <strong>da</strong>s impressões que impõem ao sujeito. De modo<br />
que há aqui uma relação entre hermenêutica e estética, em especial pela possibili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
interpretativa que ambas possuem e que, para Ga<strong>da</strong>mer, é vista <strong>da</strong> seguinte forma,<br />
A reali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> obra <strong>de</strong> arte e sua força expressiva não po<strong>de</strong>m<br />
limitar-se ao horizonte histórico original no qual o espectador é<br />
contemporâneo do autor <strong>da</strong> obra. Mas parece ser próprio <strong>da</strong> arte<br />
o fato <strong>da</strong> obra artística sempre ter sua própria atuali<strong>da</strong><strong>de</strong>, que<br />
apenas muito limita<strong>da</strong>mente se <strong>de</strong>tém sobre seu horizonte<br />
histórico e que a expressão peculiar <strong>de</strong> uma ver<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> maneira<br />
alguma coinci<strong>de</strong> com aquilo que havia pensado o autor espiritual<br />
<strong>da</strong> obra 2 (GADAMER, 1996, p. 5).<br />
Evi<strong>de</strong>ncia-se aqui, portanto, uma consonância entre hermenêutica e estética,<br />
ambas tornam-se exemplos claros <strong>de</strong> relação entre interpretação, sujeito, objeto e<br />
ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, conforme <strong>de</strong>monstro a seguir, a partir <strong>da</strong> abor<strong>da</strong>gem pareysoniana <strong>de</strong><br />
hermenêutica.<br />
2 Título original: “Ästhetik und Hermenutik”, conferência pronuncia<strong>da</strong> no 5° Congresso Internacional <strong>de</strong><br />
Estética (Amster<strong>da</strong>m, 1964). Primeira impressão em ALgemeen Ne<strong>de</strong>rlands Tifdchrift voor Wisjbegeerte<br />
em Psychologie, 56 (1964), p. 240-246. Última impressão em Hans-Georg Ga<strong>da</strong>mer, Gesammelte Werke,<br />
vol. 8, Äathetic und Poetik, Tubinga: J. C. B. Mohr (Paul Siebeck), 1993, p 1-8. Tradução para o espanhol<br />
por José Francisco Zúñiga García.<br />
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