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Metodologia, a arte <strong>de</strong> dirigir o espírito<br />

De um lado, o problema do Sujeito, do ego cogitans, do homem<br />

que por assim dizer reflete sobre si mesmo, e esse problema vai<br />

ser, <strong>de</strong>ve ser aquela <strong>da</strong> filosofia. De outro lado, o problema<br />

<strong>da</strong>quilo que ele chama <strong>de</strong> res extensa, quer dizer, dos objetos que<br />

se encontram num espaço, e o universo <strong>da</strong> extensão do espaço é<br />

aquele oferecido ao conhecimento científico (MORIN; LE MOIGNE,<br />

2000, p. 27, grifos do autor).<br />

Essa espécie <strong>de</strong> divisão, por conseguinte <strong>de</strong> fragmentação, acabou por<br />

penalizar diretamente as ciências humanas. Segundo Boaventura <strong>de</strong> Sousa Santos, o<br />

resultado foi a criação <strong>de</strong> uma relação <strong>de</strong> superiori<strong>da</strong><strong>de</strong> do que ele chama <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo<br />

global <strong>de</strong> uma nova racionali<strong>da</strong><strong>de</strong> científica que é, para ele, um mo<strong>de</strong>lo totalitário e<br />

que nega to<strong>da</strong>s as formas <strong>de</strong> conhecimento que não estejam arrola<strong>da</strong>s em seus<br />

princípios epistemológicos e suas regras metodológicas. Para este autor há,<br />

explicitamente, um ponto divisório entre dois tipos <strong>de</strong> ciências,<br />

O rigor científico afere-se pelo rigor <strong>da</strong>s medições. As quali<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

intrínsecas do objeto são, por assim dizer, <strong>de</strong>squalifica<strong>da</strong>s e em<br />

seu lugar passam a imperar as quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s em que<br />

eventualmente se po<strong>de</strong>m traduzir. O que não é quantificável é<br />

cientificamente irrelevante. Em segundo lugar, o método<br />

científico assenta na redução <strong>da</strong> complexi<strong>da</strong><strong>de</strong>. O mundo é<br />

complicado e a mente humana não o po<strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r<br />

<strong>completa</strong>mente. Conhecer significa dividir e classificar para <strong>de</strong>pois<br />

po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>terminar relações sistemáticas entre o que se separou<br />

(1995, p. 15).<br />

E aqui, mais uma vez, é <strong>de</strong>monstrado como as ciências humanas são<br />

coloca<strong>da</strong>s em segundo plano, a partir <strong>da</strong> impossibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> uso do método científico<br />

em sua plenitu<strong>de</strong>. Como saí<strong>da</strong>s para esse impasse, continua Santos, surgem dois<br />

caminhos: (i) um que privilegia certa “física social”, portanto igualando alguns<br />

fenômenos <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> a fenômenos naturais e outro que (ii) busca um estatuto<br />

epistemológico e metodológico próprio, com base no ser humano. Na busca por uma<br />

metodologia própria, o primeiro caminho perpassará inevitavelmente pelo<br />

positivismo, enquanto à segun<strong>da</strong> opção suce<strong>de</strong>rá o surgimento <strong>de</strong> uma<br />

vocação anti-positivista, cal<strong>de</strong>a<strong>da</strong> numa tradição filosófica<br />

complexa, fenomenológica, interaccionista, mito-simbólica,<br />

hermenêutica, existencialista, pragmática, reivindicando a<br />

especifici<strong>da</strong><strong>de</strong> do estudo <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> mas tendo <strong>de</strong>, para isso,<br />

pressupor uma concepção mecanicista <strong>da</strong> natureza (SANTOS,<br />

1995, p. 42).<br />

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