24.04.2013 Views

Download da tese completa - Centro de Educação - Universidade ...

Download da tese completa - Centro de Educação - Universidade ...

Download da tese completa - Centro de Educação - Universidade ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

1.1 O sujeito simbiôntico<br />

Entre a construção do sujeito e do objeto<br />

Mas, o divórcio entre a revelação <strong>da</strong><br />

ver<strong>da</strong><strong>de</strong> e a expressão <strong>da</strong> pessoa, turvando a<br />

íntima constituição <strong>da</strong> palavra, produz uma<br />

<strong>de</strong>fasagem entre o discurso explícito e a<br />

expressão profun<strong>da</strong>: a palavra diz uma coisa<br />

mas significa outra.<br />

Luigi Pareyson<br />

Qual a razão <strong>de</strong> se falar do sujeito 3 ? Simplesmente pela impossibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

abstraí-lo <strong>de</strong> qualquer tentativa <strong>de</strong> busca <strong>da</strong> ver<strong>da</strong><strong>de</strong>. In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>da</strong><br />

objetivi<strong>da</strong><strong>de</strong> ou <strong>da</strong> in<strong>de</strong>pendência – sejam estas próprias ou <strong>de</strong> terceiros – a presença<br />

do sujeito observador sempre será ingrediente fun<strong>da</strong>mental para qualquer tipo <strong>de</strong><br />

pesquisa e/ou observação que venha a envolver o homem como espécie e em<br />

coletivi<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Tal impossibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> separação tornou-se evi<strong>de</strong>nte com as <strong>de</strong>scobertas <strong>da</strong><br />

física – em especial <strong>da</strong> física quântica –, na qual até então, acreditava-se na total<br />

in<strong>de</strong>pendência entre o objeto e o sujeito nas ciências. Em outras palavras: a<br />

objetivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> ciência acaba por ser uma espécie <strong>de</strong> "utopia" ou <strong>de</strong> "pureza"<br />

impossibilita<strong>da</strong> pela presença perene do observador. E o que dizer <strong>da</strong>s chama<strong>da</strong>s<br />

ciências humanas? Aqui o próprio objeto <strong>de</strong> pesquisa possui to<strong>da</strong> a subjetivi<strong>da</strong><strong>de</strong> do<br />

mundo, tendo o sujeito observador a quase obrigação <strong>de</strong> dissecá-lo – <strong>de</strong>ntro do que se<br />

propõe – com a máxima isenção; tarefa hercúlea e que po<strong>de</strong>rá até lograr êxito pela<br />

3 Muito embora nosso pensamento, bem como os dos teóricos aqui apresentados, seja o <strong>da</strong> não<br />

separação entre sujeito e objeto a existência <strong>de</strong> tais instâncias sempre foi apregoa<strong>da</strong>, tanto pela ciência<br />

clássica, quanto por algumas correntes filosóficas. Segundo Adorno (1995, p. 181), a separação entre<br />

sujeito e objeto é “real e aparente: ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira, porque no domínio do conhecimento <strong>da</strong> separação real<br />

consegue sempre expressar o cindido <strong>da</strong> condição humana, algo que surgiu pela força; falsa, porque a<br />

separação que veio a ocorrer não po<strong>de</strong> ser hipostasia<strong>da</strong> nem transforma<strong>da</strong> em invariante”.<br />

Assim, a nossa escolha por expor o sujeito e o objeto <strong>de</strong> maneira sistematiza<strong>da</strong>, não vem macular as<br />

idéias aqui apresenta<strong>da</strong>s <strong>de</strong> simbiose entre objeto e sujeito, já que há, concomitante a estes conceitos,<br />

uma mediação sem separação e sem absolutizar um em relação ao outro. Conforme explica Adorno: “É<br />

ver<strong>da</strong><strong>de</strong> que não se po<strong>de</strong> prescindir <strong>de</strong> pensá-los como separados; mas o psêvdos (a falsi<strong>da</strong><strong>de</strong>) <strong>da</strong><br />

separação manifesta-se em que ambos encontram-se mediados reciprocamente: o objeto, mediante o<br />

sujeito, e, mais ain<strong>da</strong> e <strong>de</strong> outro modo, o sujeito, mediante o objeto. A separação torna-se i<strong>de</strong>ologia,<br />

exatamente sua forma habitual, assim que é fixa<strong>da</strong> sem mediação. O espírito usurpa então o lugar do<br />

absolutamente subsistente em si, que ele não é: na pretensão <strong>de</strong> sua in<strong>de</strong>pendência anuncia-se o<br />

senhoril” (Ibid., p. 181).<br />

1-25

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!