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multimídia.<br />
Estética filosófica como categoria e a fragmentação <strong>da</strong> arte<br />
Em seu conceito <strong>de</strong> ecologia cognitiva, Lévy insiste nas idéias <strong>de</strong> dimensões<br />
coletivas, dinâmicas e sistêmicas entre cultura e tecnologias intelectuais, mas sem<br />
negar a pessoali<strong>da</strong><strong>de</strong> do sujeito no ato cognitivo, o que vem ao encontro do que expus<br />
sobre a estética filosófica. Para ele<br />
Há estruturas, sem dúvi<strong>da</strong>, mas é preciso <strong>de</strong>screvê-las como são:<br />
provisórias, flui<strong>da</strong>s, distribuí<strong>da</strong>s, moleculares, sem limites<br />
precisos. Elas não <strong>de</strong>scem do céu <strong>da</strong>s idéias, nem tampouco<br />
emanam dos misteriosos ‘envios’ do ser hei<strong>de</strong>ggeriano, mas antes<br />
resultam <strong>de</strong> dinâmicas ecológicas concretas (LÉVY, 1993, p. 148).<br />
Ecologia cognitiva então se harmoniza não apenas com o conceito <strong>de</strong> estética<br />
filosófica – que consi<strong>de</strong>ra conjuntamente pessoali<strong>da</strong><strong>de</strong> e historici<strong>da</strong><strong>de</strong> – mas a própria<br />
hermenêutica pareysoniana, em seu exemplo <strong>da</strong> interpretação <strong>de</strong> uma obra musical.<br />
Existem as estruturas, mas ao mesmo tempo certa “maleabili<strong>da</strong><strong>de</strong>” <strong>de</strong>stas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que<br />
sem ultrapassar o limite do que as fazem reconhecer, caso contrário <strong>de</strong>ixaria <strong>de</strong> ser<br />
uma para tornar-se outra. A contribuição <strong>de</strong> Lévy que se encaixa diretamente neste<br />
trabalho é a compreensão <strong>de</strong> interface como parte do sensível e em oposição a algo<br />
voltado a uma simples metafísica universal,<br />
Em oposição às metafísicas com espaços homogêneos e<br />
universais, a noção <strong>de</strong> interface nos força pelo contrário a<br />
reconhecer uma diversi<strong>da</strong><strong>de</strong>, uma heterogenei<strong>da</strong><strong>de</strong> do real<br />
perpetuamente reencontra<strong>da</strong>, produzi<strong>da</strong> e sublinha<strong>da</strong>, a ca<strong>da</strong><br />
passo e tão longe quanto se vá. Se todo processo é<br />
interfaceamento, e portanto tradução [como a interpretação na<br />
hermenêutica e estética pareysoniana] [...] é porque nenhuma<br />
mensagem se transmite tal e qual, em meio condutor neutro, mas<br />
antes <strong>de</strong>ve ultrapassar <strong>de</strong>scontinui<strong>da</strong><strong>de</strong> que a metamorfoseiam<br />
(LÉVY, 1993, p. 183)<br />
Adorno também vislumbra o universo <strong>da</strong> arte multimídia atual – mesmo não<br />
tendo feito parte <strong>de</strong>le – repleto <strong>de</strong> manifestações artísticas e <strong>de</strong> tecnologia sendo que<br />
esta última se configura como o aglutinante para as interações <strong>da</strong>s manifestações<br />
artísticas. Segundo Richter, é o Adorno maturado que se interessa pelo que ele chama<br />
<strong>de</strong> emaranhamento, como “estratégias mo<strong>de</strong>rnistas <strong>da</strong> arte, literatura, e música<br />
caracteriza<strong>da</strong>s por uma dissolução gradual dos limites genéricos e materiais” (RICHTER,<br />
2006, p. 120, tradução nossa).<br />
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