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MEDIUNIDADE e DOUTRINA - GE Fabiano de Cristo

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CARLOS A. BACCELLI<br />

<strong>MEDIUNIDADE</strong> e<br />

<strong>DOUTRINA</strong><br />

Odilon Fernan<strong>de</strong>s (Espírito)<br />

INSTITUTO DE DIFUSÃO ESPÍRITA<br />

Av. Otto Barreto, 1067 - Caixa Postal 110 CEP 13602-970 - Araras - SP - Brasil<br />

Fone (19) 3541 -0077 - Fax (19) 3541 -0966 C.G.C. (MF) 44.220.101/0001-43 Inscrição Estadual 182.010.405.118<br />

IDE EDITORA E APENAS UM NOME FANTASIA UTILIZADO<br />

PELO INSTITUTO DE DIFUSÃO ESPÍRITA, O QUAL DETÉM OS DIREITOS AUTORAIS DESTA OBRA.<br />

www.i<strong>de</strong>.org.br lnfo@i<strong>de</strong>.org.br vendas@i<strong>de</strong>.org.br


ÍNDICE<br />

Mediunida<strong>de</strong> e Doutrina - Emmanuel<br />

Mediunida<strong>de</strong> e Nós - Odilon Fernan<strong>de</strong>s<br />

I - Mediunida<strong>de</strong><br />

II - Estudo<br />

III - Fé raciocinada<br />

IV - Espiritismo aplicado<br />

V - Evolução<br />

VI - Mediunida<strong>de</strong> inconsciente<br />

VII - Incredulida<strong>de</strong><br />

VIII - O crivo da razão<br />

IX - A finalida<strong>de</strong> da comunicação<br />

X - Sintonia<br />

XI - Espíritos e médiuns<br />

XII - Proselitismo<br />

XIII - Todos somos médiuns<br />

XIV - Vozes dos Espíritos<br />

XV - O grupo mediúnico<br />

XVI - O médium como instrumento<br />

XVII - Aptidão mediúnica<br />

XVIII - Os médiuns principiantes<br />

XIX - Psicografia<br />

XX - Mediunida<strong>de</strong> e missão<br />

Dr. Odilon Fernan<strong>de</strong>s


<strong>MEDIUNIDADE</strong> E <strong>DOUTRINA</strong><br />

Leitor amigo,<br />

A mediunida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o século passado, tem sido perquirição e tema para<br />

eminentes cientistas e escritores.<br />

Estudada, aprovada, combatida, escalpelada, incompreendida, caluniada,<br />

acolhida, rechaçada, <strong>de</strong>fendida, maltratada, abençoada ou esclarecida por dignas<br />

autorida<strong>de</strong>s científicas e filosóficas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Allan Kar<strong>de</strong>c que a <strong>de</strong>scortinou na<br />

condição <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> inerente à constituição <strong>de</strong> todas as criaturas, tem sido a via<br />

<strong>de</strong> comunicação entre o Plano Físico e o Mundo Espiritual, já que existe nas<br />

sendas humanas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> tempos imemoriais, <strong>de</strong> maneira primitiva ou<br />

<strong>de</strong>scontrolada, apresenta neste livro a face real que lhe compõe as características.<br />

Odilon Fernan<strong>de</strong>s, o legítimo expositor das realida<strong>de</strong>s espirituais, valendo-se das<br />

faculda<strong>de</strong>s mediúnicas do companheiro Carlos Antônio Baccelli, enfileira nestas<br />

páginas ensinamentos e informações corretos e completos, sobre essa oficina <strong>de</strong><br />

conhecimento e paz, esclarecimento e luz, que vem estabelecer um novo clima<br />

para a mediunida<strong>de</strong> e para os médiuns <strong>de</strong> todos os graus e procedências,<br />

traçando-lhes o caminho i<strong>de</strong>al, pavimentado no Evangelho <strong>de</strong> Jesus, para quantos<br />

se dispõem caminhar na estrada do serviço ao Bem, entre os Espíritos<br />

encarnados, que se <strong>de</strong>dicam ao i<strong>de</strong>al da Imortalida<strong>de</strong> para a sustentação e<br />

elevação das criaturas humanas.<br />

Estu<strong>de</strong>mos juntos, leitor amigo, este volume que nos expõe a verda<strong>de</strong> sobre as<br />

li<strong>de</strong>s e realizações mediúnicas, tais quais são, e estaremos buscando a frente, sem<br />

as soberbas ilusões do cientificismo, não só palmilhando as veredas <strong>de</strong> nosso<br />

aperfeiçoamento íntimo, mas também integrando-nos, cada vez mais nos<br />

ensinamentos <strong>de</strong> Jesus e nos <strong>de</strong>sígnios <strong>de</strong> Deus.<br />

Emmanuel<br />

Uberaba, 20 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1989.<br />

(Página recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier)


<strong>MEDIUNIDADE</strong> E NÓS<br />

Apresentando estas páginas aos nossos amigos, não tenho outra intenção que não<br />

seja a <strong>de</strong> estudarmos juntos os variados temas da mediunida<strong>de</strong>.<br />

Quando encarnado, militando na seara espírita, a mediunida<strong>de</strong> sempre mereceume<br />

observações continuadas e, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> muito, alimentava o propósito <strong>de</strong> alinhavar<br />

algumas notas em torno do assunto, a título <strong>de</strong> colaboração <strong>de</strong>spretensiosa.<br />

Durante anos, participei das inesquecíveis reuniões mediúnicas da "Casa do<br />

Cinza", em Uberaba, Minas Gerais, e tive oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> contatar com<br />

inúmeros médiuns, quase todos eles em tremenda luta consigo mesmos para<br />

perseverarem na tarefa encetada.<br />

Muitos me procuravam, atormentados por suas dúvidas; então, <strong>de</strong> imediato os<br />

convidava ao estudo <strong>de</strong> O Livro dos Médiuns, <strong>de</strong> Allan Kar<strong>de</strong>c; aí, ouvia-os<br />

respon<strong>de</strong>r-me que o tempo se lhes fazia escasso...<br />

Quantos passaram pela "Casa do Cinza" em busca <strong>de</strong> orientação, eu não saberia<br />

dizer... Sei apenas que vi muitas mediunida<strong>de</strong>s e médiuns promissores per<strong>de</strong>remse<br />

no vazio das horas inúteis.<br />

Quando a <strong>de</strong>sencarnação chegou, trouxe comigo para a Nova Vida o anseio <strong>de</strong>,<br />

quando possível, através <strong>de</strong> um médium amigo, fazer como Espírito o que não<br />

pu<strong>de</strong>ra fazer como homem comum, ou seja, con<strong>de</strong>nsar num pequeno volume<br />

algumas consi<strong>de</strong>rações práticas, especialmente <strong>de</strong>dicadas aos médiuns iniciantes.<br />

E é justamente por isto que aqui estou, ao mesmo tempo rogando <strong>de</strong>sculpas aos<br />

confra<strong>de</strong>s, se não consegui expressar melhor os meus pensamentos.<br />

Talvez as minhas palavras se choquem com as opiniões <strong>de</strong> muitos; todavia, não<br />

compareço aqui como o dono da verda<strong>de</strong> e sou o primeiro a reconhecer as<br />

limitações <strong>de</strong>ste trabalho.<br />

Que outros companheiros venham a campo para o diálogo que se faz necessário.<br />

O que não po<strong>de</strong>mos é cruzar os braços e silenciar, <strong>de</strong>ixando os nossos irmãos<br />

médiuns ao <strong>de</strong>samparo e tratando a mediunida<strong>de</strong> como se fosse um assunto tabu.<br />

Sempre fui e continuo sendo, com a graça <strong>de</strong> Deus, aberto ao diálogo fraterno a<br />

que, aliás, a própria Doutrina nos incentiva.<br />

A Codificação Kar<strong>de</strong>ciana estruturou-se através <strong>de</strong> perguntas e respostas, e os<br />

próprios Espíritos Superiores não tiveram a pretensão da última palavra.<br />

Tenho plena consciência <strong>de</strong> que os companheiros que me conheceram não terão<br />

qualquer dificulda<strong>de</strong> em i<strong>de</strong>ntificar-me nestas páginas.<br />

Esforcei-me ao máximo para sintetizar o resultado <strong>de</strong> meus estudos, os quais<br />

prosseguem na Vida Espiritual, na tentativa <strong>de</strong> resolver o problema da verda<strong>de</strong>ira


crise da "falta <strong>de</strong> tempo" que vem acometendo os homens, mormente neste final<br />

<strong>de</strong> milênio.<br />

Sei, repito, que as i<strong>de</strong>ias aqui apresentadas são passíveis <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento,<br />

mas não <strong>de</strong>sejo ser prolixo e, ao mesmo tempo, sintetizando, convido a todos<br />

para que não me <strong>de</strong>ixem falando, ou melhor, pensando sozinho...<br />

Agra<strong>de</strong>ço ao Senhor pela oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> servir e <strong>de</strong>ixo-lhes o meu abraço<br />

cordial.<br />

Odilon Fernan<strong>de</strong>s<br />

Uberaba, 25 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1989.


I- <strong>MEDIUNIDADE</strong><br />

"Por que o Espírito livre não po<strong>de</strong>ria se comunicar com o Espírito cativo, como<br />

o homem livre com o que está aprisionado?" (O Livro dos Médiuns - Allan<br />

Kar<strong>de</strong>c - IDE - Primeira Parte -Cap. I)<br />

Com a Codificação Espírita, efetuada por Allan Kar<strong>de</strong>c, a mediunida<strong>de</strong> passou a<br />

ser mais bem compreendida. Antes, os próprios médiuns não tinham<br />

esclarecimentos sobre o fenómeno em que se observavam envolvidos. Agiam<br />

como meros instrumentos, não raro tornando-se joguetes <strong>de</strong> Espíritos infelizes.<br />

A partir dos estudos <strong>de</strong> Kar<strong>de</strong>c, a compreensão da mediunida<strong>de</strong> tornou-se<br />

possível a todos os homens. Os médiuns passaram a atuar com conhecimento <strong>de</strong><br />

causa. As barreiras existentes entre os mundos visível e invisível transformaramse<br />

em pontes, interligando os dois planos da vida. Os Espíritos contavam agora<br />

com a parceria consciente dos sensitivos, superando enormes dificulda<strong>de</strong>s no<br />

intercâmbio.<br />

Com esse trabalho conjunto, o Espiritismo pô<strong>de</strong> expandir-se e houve, por assim<br />

dizer, uma maior integração entre a Terra e o Mundo Espiritual.<br />

Hoje, a mediunida<strong>de</strong> difundiu-se a tal ponto, que é impossível ao homem <strong>de</strong><br />

bom-senso duvidar da sobrevivência da alma após a morte.<br />

Ser médium não é privilégio dos espíritas, <strong>de</strong> vez que esse sentido psíquico é<br />

inerente a todos e encontramos a mediunida<strong>de</strong> na base <strong>de</strong> tudo. A Bíblia é um<br />

repositório <strong>de</strong> fatos mediúnicos incontestes. Os génios da Humanida<strong>de</strong> foram,<br />

antes <strong>de</strong> tudo, gran<strong>de</strong>s medianeiros.<br />

Todavia, a consciência espírita dota o médium <strong>de</strong> recursos mais amplos para o<br />

trabalho que lhe compete <strong>de</strong>senvolver para o bem comum. Eis a diferença<br />

fundamental entre um médium espírita e outro que não o seja. O médium espírita<br />

apren<strong>de</strong> a sintonizar com os Espíritos esclarecidos, evitando a problemática da<br />

obsessão, ao passo que o médium fora do conhecimento espírita atua sem o<br />

discernimento necessário, po<strong>de</strong>ndo tornar-se num foco <strong>de</strong> perturbação, conforme<br />

exemplos inumeráveis que a história registra .<br />

O médium espírita sabe que <strong>de</strong>ve esforçar-se pela renovação íntima, e a<br />

mediunida<strong>de</strong> lhe é prestimosa auxiliar na senda do progresso espiritual.<br />

O médium espírita sabe, ainda, que a mediunida<strong>de</strong> se <strong>de</strong>senvolve a cada dia com<br />

o <strong>de</strong>senvolvimento do Espírito e, por isso mesmo, procura cultivar a humilda<strong>de</strong> e<br />

a disciplina no clima da oração e do trabalho, do estudo e da vigilância.


Her<strong>de</strong>iro da Fé Raciocinada, o médium espírita procura ser fiel à Verda<strong>de</strong>,<br />

trazendo sempre direcionado para a Luz o espelho dos próprios sentimentos,<br />

através do qual os pensamentos divinos se refletirão em benefício <strong>de</strong> todos,<br />

iluminando os que se <strong>de</strong>moram nas sombras do fanatismo e da violência!<br />

A tendência da mediunida<strong>de</strong> é a <strong>de</strong> generalizar-se ainda mais, no entanto, a tarefa<br />

<strong>de</strong> evangelização das almas está apenas começando. Um gran<strong>de</strong> caminho está<br />

para ser percorrido.<br />

Que os médiuns presentemente a serviço na Doutrina Espírita não se distraiam,<br />

<strong>de</strong>ixando-se empolgar pelas novida<strong>de</strong>s parapsicológicas <strong>de</strong>ste final <strong>de</strong> século,<br />

mas apren<strong>de</strong>ndo, também na mediunida<strong>de</strong>, a "separar o joio do trigo". Não que<br />

nos posicionemos contra a Parapsicologia, ciência a cujo estudo procurei<br />

igualmente <strong>de</strong>dicar-me na Terra, mas porque o Espiritismo nos oferece um<br />

campo <strong>de</strong> trabalho vinculado ao <strong>Cristo</strong>, que nos recomenda "dar <strong>de</strong> graça o que<br />

<strong>de</strong> graça recebemos".


II- ESTUDO<br />

"A explicação dos fatos admitidos pelo Espiritismo, suas causas e suas<br />

consequências morais, constituem toda uma ciência e toda uma filosofia, que<br />

requerem um estudo sério, perseverante e aprofundado." - (O Livro dos Médiuns<br />

-Primeira Parte - Cap. II)<br />

Mediunida<strong>de</strong> sem estudo po<strong>de</strong> ser comparável a uma locomotiva correndo fora<br />

dos trilhos.<br />

O primeiro e mais importante <strong>de</strong>ver do médium é, sem dúvida, o <strong>de</strong> estudar.<br />

Não basta ser médium para <strong>de</strong>ter o conhecimento espírita, assim como não basta<br />

ser espírito liberto da matéria para possuir toda a sabedoria acerca do Mundo<br />

Espiritual. Existem Espíritos tão ou mais ignorantes do que os médiuns dos quais<br />

se servem.<br />

Afora a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tomar parte nas reuniões <strong>de</strong> estudos do Centro Espírita a<br />

que esteja vinculado, o médium <strong>de</strong>ve estudar por conta própria, procurando<br />

ampliar os seus conhecimentos, permutando i<strong>de</strong>ias com os companheiros mais<br />

experientes da jornada humana.<br />

Mediunida<strong>de</strong> é intercâmbio, e o intermediário <strong>de</strong>ve aprimorar-se quanto possível,<br />

para não <strong>de</strong>turpar a mensagem <strong>de</strong> que <strong>de</strong>seje fazer-se o estafeta.<br />

Não raro, o que pertence ao Espírito comunicante são a i<strong>de</strong>ia e a emoção; ao<br />

medianeiro cabe materializá-las através <strong>de</strong> seus recursos intelectuais.<br />

Quanto mais consciente o médium, maior a sua participação na mensagem e,<br />

consequentemente, maior a sua responsabilida<strong>de</strong>.<br />

Os médiuns chamados mecânicos, ou inconscientes, são difíceis <strong>de</strong> encontrar. No<br />

caso <strong>de</strong>les, os Espíritos têm que, praticamente, fazer todo o trabalho; por isso,<br />

preferem trabalhar com os médiuns que, conscientemente, lhes secun<strong>de</strong>m os<br />

esforços. O exemplo que po<strong>de</strong>mos citar nesse sentido é o do próprio <strong>Cristo</strong>, que<br />

foi o Médium Consciente <strong>de</strong> Deus. Ele representa a Mediunida<strong>de</strong> no que ela tem<br />

<strong>de</strong> mais sublime. A sua i<strong>de</strong>ntificação com o Pai era <strong>de</strong> tal or<strong>de</strong>m, que disse: "Eu e<br />

o Pai somos um."<br />

Sendo um sentido psíquico, a mediunida<strong>de</strong> está sujeita à evolução, assim como<br />

os <strong>de</strong>mais sentidos do homem. À medida que evolui, ela caminha para o campo<br />

da intuição pura, que é o seu ápice. Por isso, não vemos motivo para que os<br />

médiuns <strong>de</strong>sejem operar na inconsciência, como se isso lhes fosse garantia contra<br />

o animismo ou problemas semelhantes.


Quando se trata do bem genuíno, não existe animismo e nem tampouco<br />

mistificação, no sentido literal da palavra.<br />

Quando enfatizamos a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estudo do médium, não estamos nos<br />

referindo apenas ao estudo <strong>de</strong> caráter doutrinário. Quanto mais o médium se<br />

forma e se informa, maior será a sua colaboração ao Espírito comunicante. Sim,<br />

porque muitos Espíritos precisam do médium, não apenas como uma ponte <strong>de</strong><br />

que se servem para atravessar o abismo dimensional que os separa da Terra, mas,<br />

igualmente, para suprir-lhes a falta <strong>de</strong> recursos intelectuais e a sua total<br />

inabilida<strong>de</strong> para lidarem com o intercâmbio em si.<br />

Portanto julgamos <strong>de</strong> bom alvitre que o médium se dispa <strong>de</strong> seus escrúpulos<br />

excessivos e procure estudar e estudar sempre.<br />

A mente mediúnica assemelha-se a um computador que precisa estar<br />

<strong>de</strong>vidamente programado, para funcionar a contento.<br />

O exercício da mediunida<strong>de</strong> não se compa<strong>de</strong>ce com a ignorância do instrumento.<br />

Aliás, a rigor, não há um só médium que não coloque algo <strong>de</strong> si mesmo na<br />

mensagem que transmite. Se assim é, que o médium participe positivamente e<br />

não negativamente.<br />

Que o médium seja sincero e bem intencionado e obterá o aval dos Espíritos<br />

Superiores; caso contrário, precipitar-se-á, mais cedo ou mais tar<strong>de</strong>, na vala<br />

escura do <strong>de</strong>sequilíbrio.


III- FÉ RACIOCINADA<br />

"Os meios <strong>de</strong> convicção variam extremamente segundo os indivíduos; o que<br />

persua<strong>de</strong> alguns, não produz nada nos outros; tal é convencido por certas<br />

manifestações materiais, tal outro por comunicações inteligentes, a maioria pelo<br />

raciocínio." (O Livro do Médiuns - Primeira Parte - Cap. III)<br />

Equivocam-se quantos acreditam que o fenômeno possa convencer mais do que o<br />

raciocínio.<br />

O fenómeno é um meio e não um fim em si mesmo.<br />

Os que se convencem pelo fenómeno po<strong>de</strong>rão vir a reconsi<strong>de</strong>rar a própria crença,<br />

ao passo que nada conseguirá abalar a convicção dos que se fundamentam nos<br />

alicerces inamovíveis da razão.<br />

()s fenômenos ditos mediúnicos são <strong>de</strong> todos os tempos. Manifestações <strong>de</strong><br />

Espíritos sempre ocorreram e nunca lograram mais do que convencer<br />

momentaneamente as pessoas. Passado o primeiro entusiasmo, a dúvida volta<br />

com todo o seu rigor.<br />

Por isso o Espiritismo dirige a sua mensagem aqueles que, antes <strong>de</strong> crer, <strong>de</strong>sejam<br />

compreen<strong>de</strong>r.<br />

Embora as manifestações <strong>de</strong> caráter ostensivo continuem tendo o seu lugar, hoje<br />

vivemos a fase das comunicações inteligentes, mesmo porque, em seu<br />

dinamismo natural, a Doutrina carece <strong>de</strong> estar acompanhando a marcha do<br />

progresso da Humanida<strong>de</strong>.<br />

O médium espírita não <strong>de</strong>ve preocupar-se em ser um instrumento <strong>de</strong> convicção<br />

para quem quer que seja.<br />

A fé é fruto que amadurece na época certa; acontece <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro para fora e não <strong>de</strong><br />

fora para <strong>de</strong>ntro.<br />

Os médiuns que <strong>de</strong>sejam fazer proselitismo acabam prestando um <strong>de</strong>sserviço ao<br />

Espiritismo. No fundo, é preciso que o médium pergunte a si mesmo qual e a sua<br />

verda<strong>de</strong>ira intenção na mediunida<strong>de</strong>, porque muitos <strong>de</strong>sejam simplesmente<br />

autopromover-se.<br />

Os médiuns levianos pululam na atualida<strong>de</strong> e, <strong>de</strong> certa forma, chegam a<br />

comprometer o trabalho dos médiuns sérios, fornecendo uma imagem distorcida<br />

da Doutrina para aqueles que ainda não possuem o <strong>de</strong>sejável discernimento.


Hoje, infelizmente, há uma preocupação muito gran<strong>de</strong> com a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

a<strong>de</strong>ptos e não com a qualida<strong>de</strong>. Mas perguntaríamos: todos os que são atraídos<br />

pelo fenómeno se tornarão espíritas? Todos os que recebem passes ou são<br />

beneficiados, <strong>de</strong> algum modo, no Centro Espírita <strong>de</strong> elevada frequência estarão<br />

sendo esclarecidos quanto aos reais objetivos da Terceira Revelação?<br />

Po<strong>de</strong>-se questionar o fenômeno, e até o próprio médium, o que ocorre até com<br />

certa frequência, mas a gran<strong>de</strong>za cristalina da filosofia espírita é inquestionável.<br />

Ao longo <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> um século, médiuns têm sido flagrados na má-fé, no<br />

entanto, o Espiritismo continua a sua trajetória, porque nem mesmo os espíritas<br />

invigilantes conseguem impedir o seu avanço, assim como os adulteradores do<br />

Evangelho não conseguiram obstruir a mensagem cristã!<br />

Que os médiuns cumpram, silenciosamente, o seu <strong>de</strong>ver, recordando-se das<br />

palavras <strong>de</strong> Paulo, em sua Primeira Carta aos Coríntios: "Eu plantei, Apolo<br />

regou; mas o crescimento veio <strong>de</strong> Deus."


IV- ESPIRITISMO APLICADO<br />

"Que o homem utilize o Espiritismo para o seu adiantamento moral, é o<br />

essencial; o resto não é senão curiosida<strong>de</strong> estéril e, frequentemente, orgulhosa,<br />

cuja satisfação não lhe fará dar nenhum passo à frente; o único meio <strong>de</strong> avançar<br />

é o <strong>de</strong> tornar-se melhor." - (O Livro dos Médiuns -Primeira Parte - Cap. IV)<br />

A finalida<strong>de</strong> precípua do Espiritismo é melhorar o homem.<br />

Todos os seus esforços <strong>de</strong>vem concentrar-se neste sentido.<br />

Aquele que <strong>de</strong>seje <strong>de</strong>senvolver as suas pontencialida<strong>de</strong>s medianímicas,<br />

canalizando-as para o bem, <strong>de</strong>ve aprimorar-se interiormente, aplicando o<br />

Espiritismo à sua própria vida.<br />

Mediunida<strong>de</strong> sem Doutrina é uma luz que <strong>de</strong>slumbra.<br />

Muitos ambicionam incursões pelo mundo da mediunida<strong>de</strong>, aspirando a<br />

revelações para as quais não se encontram preparados.<br />

A Revelação Espírita é gradativa e acompanha o progresso da Humanida<strong>de</strong>.<br />

Todavia existem Espíritos que, servindo-se <strong>de</strong> médiuns invigilantes, intentam<br />

anexar ao corpo doutrinário teorias esdrúxulas e absolutamente pessoais.<br />

Exercendo certo fascínio sobre os instrumentos que controlam, esses Espíritos<br />

pseudo-sábios não integram a Falange do Espírito Verda<strong>de</strong> e como que <strong>de</strong>sejam<br />

fragmentar opiniões, criando sistemas paralelos e semeando a discórdia entre os<br />

homens.<br />

Espelhemo-nos no que aconteceu com o Cristianismo e busquemos zelar pela<br />

Codificação, imitando o bom-senso do Codificador, o qual cumpriu com<br />

fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> a missão que lhe foi confiada diretamente pelo Senhor.<br />

Os espíritas têm, presentemente, material <strong>de</strong> reflexão para muito tempo.<br />

Consi<strong>de</strong>rar ultrapassadas e obsoletas as obras que mal saíram do prelo é, no<br />

mínimo, falta <strong>de</strong> discernimento. A Verda<strong>de</strong> será sempre a Verda<strong>de</strong>, em qualquer<br />

tempo e lugar.<br />

Muitos se têm embrenhado pelos atalhos da curiosida<strong>de</strong> estéril, comprometendose<br />

significativamente.<br />

É preciso ainda que o homem consi<strong>de</strong>re o seu próprio carma. Sem que se liberte<br />

do passado, pelas oportunida<strong>de</strong>s do presente, caminhará atabalhoadamente para o<br />

futuro...<br />

Nenhuma construção sólida se ergue em terreno arenoso.<br />

A estrada da evolução <strong>de</strong>ve ser percorrida passo a passo.


Passados vinte séculos, o Evangelho continua sendo a gran<strong>de</strong> "novida<strong>de</strong>" para o<br />

homem que não lhe vivência os preceitos divinos. Os exemplos dos primitivos<br />

cristãos parecem cada vez mais distantes da civilização atual. Mas a dor se<br />

encarregará <strong>de</strong> fazer com que o homem retorne às suas origens, compreen<strong>de</strong>ndo<br />

que <strong>de</strong> "nada lhe vale ganhar o mundo e per<strong>de</strong>r a alma"...<br />

O Espiritismo caminha com segurança, porque o Evangelho lhe tutela a marcha.<br />

Que os médiuns combatam o personalismo e não queiram forçar as portas da<br />

revelação espiritual.<br />

Recor<strong>de</strong>mo-nos da palavra do Mestre: "Procurai, pois, primeiramente o reino <strong>de</strong><br />

Deus e sua justiça, e todas essas coisas vos serão dadas por acréscimo."<br />

O melhoramento moral é tarefa inadiável e intransferível.<br />

À medida do merecimento, receberemos.<br />

Reconhecer as próprias limitações é sabedoria.<br />

Aquele que cogita <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver a mediunida<strong>de</strong> e servir <strong>de</strong>ntro do esquema<br />

traçado pelo Senhor <strong>de</strong> nossas vidas <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>spojar-se <strong>de</strong> ambições pessoais e,<br />

qual João Batista, o Precursor da Boa-Nova, repetir <strong>de</strong> si para consigo mesmo: "E<br />

necessário que Ele cresça e que eu diminua."


V- EVOLUÇÃO<br />

"(...) se negligenciaram as mesas girantes, foi para ocuparem-se das<br />

consequências muito mais importantes em seus resultados: trocaram o alfabeto<br />

pela ciência (...)" - (O Livro dos Médiuns - Segunda Parte - Cap. II)<br />

No princípio, os Espíritos se sujeitaram ao fenômeno das "mesas girantes",<br />

porque se fazia mister chamar a atenção dos homens para a realida<strong>de</strong> espiritual.<br />

Recor<strong>de</strong>mo-nos <strong>de</strong> que o Senhor iniciou a sua divina missão no mundo<br />

transformando a água em vinho, nas Bodas <strong>de</strong> Caná.<br />

Ainda hoje, esporadicamente, ocorrem manifestações físicas, no intuito <strong>de</strong><br />

manter acesa a crença <strong>de</strong> que existe algo além do túmulo, subtraindo a mente<br />

humana das ocupações materiais em que vive excessivamente mergulhada.<br />

De quando em quando, <strong>de</strong>spontam medianeiros realizando - digamos -<br />

verda<strong>de</strong>iros prodígios, no caso das cirurgias psíquicas, com ou sem uso <strong>de</strong><br />

instrumentos cortantes, e mobilizando a opinião pública. Esses companheiros,<br />

muitos <strong>de</strong>les autênticos mártires da mediunida<strong>de</strong>, trabalham num campo difícil e,<br />

quase sempre, quando não se valem do apoio da Doutrina, terminam os seus dias<br />

em situação lastimável!<br />

Mas compreen<strong>de</strong>mos que a comprovação científica da sobrevivência não é tarefa<br />

específica do Espiritismo. Caberá à ciência materialista proclamar a veracida<strong>de</strong><br />

das teses espíritas. Novos Williams Crookes haverão <strong>de</strong> surgir. Já não vemos, nos<br />

próprios países da "cortina <strong>de</strong> ferro", médiuns não-espíritas estudados<br />

exaustivamente nos laboratórios, como se fossem autênticas cobaias humanas?<br />

Os médiuns do Espiritismo são chamados a atuar num campo mais elevado, <strong>de</strong><br />

vez que lhes cabe, junto aos Espíritos Superiores, prosseguir na obra <strong>de</strong><br />

construção do imenso edifício doutrinário.<br />

Em vão, esperar-se-ão nos Centros Espíritas reuniões espetaculares quais as do<br />

século passado, nos salões <strong>de</strong> Paris.<br />

Se o homem não estiver preparado para receber mais do Alto, ao invés <strong>de</strong><br />

beneficiar-se, ele se comprometerá. Aqui, evocamos a imagem forte da palavra<br />

atribuída ao Senhor: "Não atireis pérolas aos porcos..."<br />

Porventura, não se exercitam, na atualida<strong>de</strong>, os po<strong>de</strong>res da mente para fins<br />

belicistas?


Se o homem, <strong>de</strong> uma maneira geral, ainda não crê ser ele mesmo um Espírito,<br />

atribuindo a sua inteligência a "uma espécie <strong>de</strong> secreção das células do cérebro",<br />

como acreditar que os outros o possuam?<br />

Todo o esforço da Espiritualida<strong>de</strong> Superior resume-se em orientar o homem para<br />

o autoconhecimento, ensinando-o a crescer interiormente a fim <strong>de</strong> que ele<br />

encontre <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> si as verda<strong>de</strong>s que anseia por <strong>de</strong>scobrir.<br />

No Espiritismo, o tempo do Pentecostes já passou... Já não há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ver<br />

para crer.<br />

Por outro lado, Espíritos preocupados com o atraso moral da Humanida<strong>de</strong> -<br />

Espíritos comprometidos com outras faixas do pensamento religioso - têm-se<br />

feito manifestar, ostensivamente, neste final <strong>de</strong> milênio, valendo-se da<br />

mediunida<strong>de</strong> latente dos profitentes das religiões <strong>de</strong> massa, numa tentativa <strong>de</strong><br />

arrancá-los do marasmo mental em que vivem, <strong>de</strong>spertando-os da hipnose secular<br />

a que foram submetidos. E muitos dos Espíritos que lhes "aparecem", tomando a<br />

forma <strong>de</strong> figuras veneráveis por todo o mundo cristão, são os mesmos que, no<br />

passado, se responsabilizaram por tal estado <strong>de</strong> coisas.<br />

Compreendamos tudo e sigamos adiante.<br />

Saibamos manter-nos em equilíbrio no <strong>de</strong>grau da escada da evolução em que nos<br />

encontramos, até o momento <strong>de</strong> dar o próximo passo acima...


VI- <strong>MEDIUNIDADE</strong> INCONSCIENTE<br />

"O Espírito po<strong>de</strong> agir sem o concurso <strong>de</strong> um médium?<br />

- Po<strong>de</strong> agir com <strong>de</strong>sconhecimento do médium; quer dizer que muitas pessoas<br />

servem <strong>de</strong> auxiliares dos Espíritos para certos fenômenos, sem disso<br />

<strong>de</strong>sconfiarem. O Espírito toma <strong>de</strong>las, como <strong>de</strong> uma fonte, o fluido animalizado<br />

<strong>de</strong> que tem necessida<strong>de</strong>; é assim que o concurso <strong>de</strong> um médium, tal como<br />

enten<strong>de</strong>is, não é necessário, e é o que tem lugar, sobretudo, nos fenómenos<br />

espontâneos." - (O Livro dos Médiuns - Segunda Parte - Cap. IV)<br />

Para manifestar-se aos homens, o Espírito não po<strong>de</strong> agir sem o concurso do<br />

médium, o qual lhe é imprescindível. Sejam manifestações físicas ou intelectuais,<br />

em suas variadas formas.<br />

Na maioria dos casos, há participação consciente do médium.<br />

A mediunida<strong>de</strong> inconsciente - repetimos - é rara, e preciso é que haja uma gran<strong>de</strong><br />

afinida<strong>de</strong> do médium com o Espírito, afinida<strong>de</strong> conquistada na convivência<br />

estreita, em vidas anteriores.<br />

Na mediunida<strong>de</strong> inconsciente, há como que uma acoplagem <strong>de</strong> mentes entre o<br />

Espírito comunicante e o médium. Referimo-nos às comunicações intelectuais,<br />

porque, nas físicas ou materiais, há apenas uma junção <strong>de</strong>finidos, para a<br />

produção do fenómeno.<br />

Verda<strong>de</strong>iramente, porém, enten<strong>de</strong>mos por mediunida<strong>de</strong> inconsciente a sintonia<br />

natural estabelecida entre os homens e os Espíritos no cotidiano da vida.<br />

Explicamo-nos.<br />

Quantos agem no mundo impulsionados pelos pensamentos dos Espíritos, sem o<br />

saberem?<br />

Quantos chegam a repetir frases inteiras que lhes são como que "sussurradas"<br />

pelos <strong>de</strong>sencarnados, sem que disso se dêem conta?<br />

Esse tipo <strong>de</strong> mediunida<strong>de</strong> inconsciente está bem próximo da intuição.<br />

Quantos não registram i<strong>de</strong>ias que lhes "brotam" aparentemente do nada, abrindolhes<br />

novas perspectivas?<br />

De on<strong>de</strong> fluiriam esses pensamentos? Do inconsciente? Mas, às vezes, as pessoas<br />

que os têm precisam valer-se <strong>de</strong> outras para as auxiliarem na <strong>de</strong>codificação da<br />

mensagem que recebem. E, não raro, têm que consultar livros que nunca<br />

manusearam.


O que se chama "presença <strong>de</strong> espírito", ante esta ou aquela situação embaraçosa,<br />

po<strong>de</strong> ser a presença <strong>de</strong> um Espírito Amigo agindo com presteza.<br />

Muitos querem a mediunida<strong>de</strong> inconsciente, mas não pensam nela por esse<br />

prisma que apresentamos. O curioso é que <strong>de</strong>sejam estar conscientes da própria<br />

inconsciência no ato do fenómeno.<br />

Não estamos fazendo jogo <strong>de</strong> palavras.<br />

Neste instante, o médium <strong>de</strong> que me sirvo para grafar estas linhas atua <strong>de</strong><br />

maneira consciente, todavia posso registrar-lhe a surpresa crescente à medida que<br />

vamos escrevendo. A i<strong>de</strong>ia, originariamente, flui do meu cérebro para o <strong>de</strong>le,<br />

mas acompanho-lhe o cuidado em escolher as palavras que as represente no<br />

papel com a maior fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> possível. E anoto-lhe a frustração, quando não<br />

consegue. E lamento quando precisamos parar, a fim <strong>de</strong> que o dicionário seja<br />

consultado, porque a mente mediúnica muitas vezes se me mostra refratária,<br />

principalmente quando <strong>de</strong>sejo empregar termos que lhe fogem ao domínio.<br />

Que os médiuns se conscientizem e estu<strong>de</strong>m.<br />

Assim, gran<strong>de</strong> parte dos obstáculos que nos separam serão removidos e os nossos<br />

caminhos aplainados, <strong>de</strong> modo que a nossa mensagem não chegue à Terra tão<br />

entrecortada e "cheia <strong>de</strong> ruídos", à semelhança da comunicação telefónica <strong>de</strong><br />

longa distância, efetuada sob tempesta<strong>de</strong>.<br />

Nota do Autor Espiritual - Como exemplo <strong>de</strong> mediunida<strong>de</strong> absolutamente<br />

inconsciente, temos os casos <strong>de</strong> obsessão, em que a "vítima", em avançado grau<br />

<strong>de</strong> fascinação ou, então, já subjugada, age sem nenhum controle sobre si mesma,<br />

sem reter, quando consegue tornar à realida<strong>de</strong>, nenhuma lembrança do que lhe<br />

ocorreu, ou se se recorda <strong>de</strong> alguma cousa, essa recordação, fixando-se em seu<br />

consciente, são "sequelas obsessivas" que somente o tempo po<strong>de</strong>rá afastar em<br />

<strong>de</strong>finitivo.


VII- INCREDULIDADE<br />

"Os ateus e os materialistas não são, a cada instante, testemunhas dos efeitos do<br />

po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> Deus e do pensamento? Isso não os impe<strong>de</strong> <strong>de</strong> negar a Deus e a alma.<br />

Os milagres <strong>de</strong> Jesus converteram todos os seus contemporâneos?"-(O Livro dos<br />

Médiuns - Segunda Parte - Cap. V)<br />

Muitos se aproximam do Espiritismo, pedindo provas.<br />

Querem tocar a realida<strong>de</strong>, como Tomé pediu para tocar as chagas do <strong>Cristo</strong>.<br />

Esquecem-se, no entanto, <strong>de</strong> que a convicção também é uma conquista.<br />

Os próprios médiuns, às vezes, oscilam entre a crença e a <strong>de</strong>scrença.<br />

Atribuem o que produzem mediunicamente a si mesmos.<br />

Isto acontece quando o medianeiro é pouco dado à reflexão e ao estudo.<br />

Se todo médium estudasse um pouco mais e refletisse sobre a vida, procurando<br />

orar para fugir à influência perniciosa daqueles Espíritos que <strong>de</strong>sejam vê-lo<br />

estacionar, não se transformaria ele mesmo num obstáculo para os Espíritos que<br />

estimariam vê-lo progredir.<br />

O Evangelho nos conta o caso do pai <strong>de</strong> um menino lunático a quem implacável<br />

obsessor perseguia. Nem os apóstolos pu<strong>de</strong>ram curá-lo. O pai, aflito, suplicava:<br />

"Senhor, eu creio; ajuda a minha incredulida<strong>de</strong>"...<br />

Dizem os evangelistas que, indo a Nazaré, cida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> fora criado, Jesus "não<br />

fez ali muitos milagres, por causa da incredulida<strong>de</strong> <strong>de</strong>les."<br />

Não encontramos uma só passagem em todo o Novo Testamento, on<strong>de</strong> o Mestre<br />

se tenha preocupado em convencer alguém pelo fenómeno, e o fariseus viviam<br />

pedindo-lhe "um sinal do Céu"... .<br />

Já em Cafarnaum, vemos o Senhor exaltando a fé do centurião que lhe rogava a<br />

cura <strong>de</strong> seu servo, dizendo pela boca dos amigos que ele enviara à divina<br />

presença: "Senhor, não te incomo<strong>de</strong>s, porque não sou digno <strong>de</strong> que entres em<br />

minha casa.<br />

"Por isso eu mesmo não me julguei digno <strong>de</strong> ir ter contigo; porém manda com<br />

uma palavra, e o meu rapaz será curado.<br />

"Porque também eu sou homem sujeito à autorida<strong>de</strong>, e tenho soldados às minhas<br />

or<strong>de</strong>ns, e digo a este: Vai, e ele vai; e a outro: Vem, e ele vem; e ao meu servo:<br />

Faze isto, e ele o faz."


A incredulida<strong>de</strong> é uma prova que cada um <strong>de</strong>ve superar sozinho.<br />

O Espiritismo não se dirige aos olhos do corpo, mas aos da alma.<br />

Os que crerem nele o farão pelo raciocínio, <strong>de</strong> vez que o fenómeno em si estará<br />

sempre sujeito a questionamentos <strong>de</strong> toda or<strong>de</strong>m.<br />

Porventura, os soviéticos não criaram a chamada Parapsicologia sem Alma para<br />

explicar fenômenos que a escola norte-americana começa a admitir como sendo<br />

provocados por uma força extracorpórea? A Psicologia não atribui tudo à própria<br />

alma encarnada?<br />

Vejamos que, por muito tempo ainda, o homem lutará contra o cepticismo. É que<br />

a incredulida<strong>de</strong>, estando na raiz <strong>de</strong> todos os males que assolam a Humanida<strong>de</strong>,<br />

interessa sobremodo às inteligências encarnadas e <strong>de</strong>sencarnadas que pelejam por<br />

mantê-lo encarcerado à ignorância.<br />

Quando o homem vencer a barreira da incredulida<strong>de</strong>, nada mais o <strong>de</strong>terá na<br />

senda do progresso espiritual.<br />

A sua mente se abrirá para o Universo e ele resplan<strong>de</strong>cerá à feição <strong>de</strong> um sol<br />

imenso, brilhando na escuridão.<br />

O espírita, pois, po<strong>de</strong> ser comparado a alguém que se esforça diuturnamente para<br />

romper os últimos grilhões que o pren<strong>de</strong>m ao jugo da matéria.<br />

O espírita verda<strong>de</strong>iro não apenas crê: sabe; não apenas acredita: tem certeza.<br />

A razão é o invencível argumento. E o médium, quando sincero, tem, no mínimo,<br />

ao seu alcance, dois motivos para que a incredulida<strong>de</strong> não lhe embarace os<br />

passos: primeiro, porque é espírita; segundo, porque é médium.


VIII- O CRIVO DA RAZÃO<br />

"Recordai, espíritas, que se é absurdo repelir sistematicamente todos os<br />

fenómenos <strong>de</strong> além-túmulo, não é pru<strong>de</strong>nte aceitá-los cegamente." -(O Livro dos<br />

Médiuns - Segunda Parte - Cap. V)<br />

O próprio médium <strong>de</strong>ve submeter toda comunicação que receba ao crivo da<br />

razão, e isto porque ele precisa ser o principal interessado na autenticida<strong>de</strong> do<br />

fenómeno, evitando comprometer a Causa e expor-se ao ridículo.<br />

O médium que crê na sua infalibilida<strong>de</strong> ou na dos Espíritos torna-se presa fácil<br />

da obsessão.<br />

Cabe ao espírita zelar pelo patrimônio da Dou-nina, não aceitando a priori tudo<br />

que os Espíritos dizem, seja através <strong>de</strong>ste ou daquele médium, por mais idôneo<br />

lhe pareça.<br />

A mediunida<strong>de</strong> é exercida no dia-a-dia e, quando menos espera, o médium po<strong>de</strong><br />

tropeçar na invigilância.<br />

Para confiar-se no médium, <strong>de</strong>ve-se confiar em sua vida. Diríamos: tal o homem,<br />

tal o médium.<br />

Muitos médiuns, assim como muitos Espíritos, gostam <strong>de</strong> impor-se pela cultura<br />

que possuem, quando lhes escasseia o que seja talvez o bem mais precioso da<br />

mediunida<strong>de</strong>: o discernimento.<br />

E comum, nos dias atuais, encontrarem-se médiuns que se julgam aptos a<br />

resolver todo e qualquer tipo <strong>de</strong> problema para que são procurados. Com uma<br />

facilida<strong>de</strong> incrível, dispõem-se a revelar as vidas passadas <strong>de</strong> seus consulentes,<br />

<strong>de</strong>scendo a espantosos <strong>de</strong>talhes!<br />

Outro fato corriqueiro, no capítulo que estudamos, é o dos médiuns que afirmam<br />

ver Espíritos ao redor <strong>de</strong> todas as pessoas, cometendo, assim, os maiores<br />

disparates e <strong>de</strong>sacreditando a mediunida<strong>de</strong>!<br />

Vejamos o que nos diz o profeta Jeremias, no texto que Allan Kar<strong>de</strong>c transcreveu<br />

no capítulo XXI <strong>de</strong> O Evangelho Segundo o Espiritismo: "Eu não enviava esses<br />

profetas e eles corriam por si mesmos; eu não lhes falava e eles profetizavam <strong>de</strong><br />

sua cabeça.<br />

Eu ouvi o que disseram esses profetas que profetizaram a mentira em meu nome,<br />

dizendo: Sonhei, sonhei. Até quando essa imaginação estará no coração dos


profetas que profetizam a mentira e cujas profecias não passam <strong>de</strong> seduções <strong>de</strong><br />

seu corações?"<br />

O médium que merece credibilida<strong>de</strong> é simples e discreto. Não gosta <strong>de</strong> falar <strong>de</strong> si<br />

mesmo e age sem nenhum interesse pessoal, por menor que seja.<br />

Uma técnica que os Espíritos infelizes gostam <strong>de</strong> empregar, para conquistar a<br />

simpatia e a confiança dos que <strong>de</strong>sejam manipular, é a lisonja, o elogio fácil,<br />

incensando as pessoas, através dos médiuns que lhes servem aos inferiores<br />

propósitos, com o que lhes anulam a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> discernir, tornando-se-lhes<br />

<strong>de</strong>fensores incondicionais.<br />

O Espiritismo é uma doutrina livre. Não há cerceios ao pensamento e ao trabalho<br />

<strong>de</strong> nenhum médium, todavia nada nos impe<strong>de</strong>, na condição <strong>de</strong> espírita, <strong>de</strong><br />

discordar <strong>de</strong>ste ou daquele Espírito, <strong>de</strong>ste ou daquele médium.<br />

Allan Kar<strong>de</strong>c <strong>de</strong>ixou isto bem claro nas obras da Codificação.<br />

Existem Espíritos que, em conluio com os médiuns que lhes são afins, dominam<br />

a comunida<strong>de</strong> do Centro Espírita, não permitindo que se faça nada sem que<br />

sejam consultados. Quando contrariados em seus pontos <strong>de</strong> vista, eis que então se<br />

revelam com toda a arbitrarieda<strong>de</strong> que os caracteriza, chegando até ameaçar os<br />

que ousam enfrentá-los!<br />

Sintetizando, em louvor do fenómeno genuíno, <strong>de</strong>vemos submeter todos os<br />

comunicados <strong>de</strong> além-túmulo ao crivo da razão, sem, no entanto, exigir perfeição<br />

do Espírito ou do médium, <strong>de</strong> vez que tanto eles quanto nós somos Espíritos<br />

carregados <strong>de</strong> mazelas e estamos muito longe da Verda<strong>de</strong> Integral, que pertence a<br />

Deus.


IX- A FINALIDADE DA COMUNICAÇÃO<br />

"Qual é o objetivo dos Espíritos que vêm com uma boa intenção?<br />

Consolar as pessoas que os lamentam; provar que existem e que estão perto <strong>de</strong><br />

vós; dar conselhos e, algumas vezes, reclamar assistência para eles mesmos." -<br />

(O Livro dos Médiuns -Segunda Parte - Cap. VI)<br />

Os Espíritos formam a Humanida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sencarnada e habitam o mundo que lhes é<br />

próprio.<br />

Homens e mulheres <strong>de</strong>sencarnados, eles não se <strong>de</strong>svinculam, pela morte,<br />

daqueles que <strong>de</strong>ixaram na Terra.<br />

Embora continuem vivendo em outra dimensão, a maioria sabe que <strong>de</strong>verá tornar<br />

ao corpo <strong>de</strong> carne, porque, segundo a afirmativa evangélica, "tudo que ligarem na<br />

Terra será ligado no Céu e tudo que <strong>de</strong>sligarem na Terra será <strong>de</strong>sligado no Céu."<br />

A reencarnação é, portanto, indispensável ao progresso dos Espíritos. Em contato<br />

com a matéria <strong>de</strong>nsa é que se lhes <strong>de</strong>senvolvem as potencialida<strong>de</strong>s latentes,<br />

porque o corpo está para o Espírito como a terra está para a semente...<br />

Colaborar com os homens é, para nós, os <strong>de</strong>sencarnados, muito mais que uma<br />

tarefa <strong>de</strong> amor. E investir em nosso próprio futuro. Tanto a Terra quanto o<br />

Mundo Espiritual são, ao mesmo tempo, um campo <strong>de</strong> causas e efeitos. O que<br />

semeamos, na condição <strong>de</strong> <strong>de</strong>sencarnados, é o que colheremos, quando<br />

reencarnarmos, e vice-versa.<br />

Trabalhar por um mundo melhor hoje é criar condições mais favoráveis para o<br />

nosso retorno ao berço, amanhã.<br />

Como evoluímos em grupo, herdamos <strong>de</strong> nós mesmos e daqueles que se nos<br />

constituem a parentela corporal, <strong>de</strong> vez que nos responsabilizamos pelo tipo <strong>de</strong><br />

educação que transmitimos aos nossos <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes.<br />

Assim é que um Espírito po<strong>de</strong> vir a ser avô... <strong>de</strong> si mesmo, sendo filho <strong>de</strong> seu<br />

próprio filho. E, conforme a orientação que tiver dado ao filho, assim será<br />

orientado.<br />

Muitos Espíritos trabalham anos e anos, reaproximando <strong>de</strong>safetos a quem <strong>de</strong>vem<br />

auxiliar na reconciliação, renascendo no meio <strong>de</strong>les.<br />

A finalida<strong>de</strong> da comunicação dos Espíritos que os antece<strong>de</strong>ram na Gran<strong>de</strong><br />

Viagem não é apenas, portanto, <strong>de</strong> consolação, embora seja o que habitualmente<br />

acontece, <strong>de</strong>vido, principalmente, à incompreensão dos homens sobre o<br />

fenômeno da morte.<br />

Além <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejarem provar-lhes que estão vivos e dar-lhes bons conselhos, como<br />

na parábola do mendigo leproso Lázaro e o mau rico, os Espíritos que nos


comunicamos, logrando atravessar o abismo que nos separa, aspiramos<br />

transmitir-lhes a nossa experiência, agora que a nossa visão <strong>de</strong> vida se encontra<br />

ampliada.<br />

Por exemplo, não fosse a iniciativa dos Espíritos Superiores, em cumprimento às<br />

promessas <strong>de</strong> Jesus com referência ao Consolador, os homens não conheceriam o<br />

Espiritismo!<br />

A Doutrina Espírita é fruto da comunicação dos Espíritos com os homens.<br />

Enquanto o Cristianismo contou com os seus médiuns, a doutrina cristã<br />

permaneceu inalterável, mas, assim que as portas do intercâmbio mediúnico<br />

foram cerradas, os Espíritos tiveram que silenciar, limitando-se a contatos<br />

esporádicos, mesmo porque os médiuns que lhes escutavam as vozes eram<br />

con<strong>de</strong>nados às fogueiras!<br />

De quando em quando, chegam até nós rumores <strong>de</strong> que certa facção <strong>de</strong> espíritas<br />

se mostra contrária aos nossos comunicados e já se falou, inclusive, em extinção<br />

dos trabalhos mediúnicos <strong>de</strong>dicados à enfermagem espiritual...<br />

Fossem os homens abandonados à própria sorte, teríamos na Terra <strong>de</strong> agora um<br />

retorno à Ida<strong>de</strong> Média, quando os Espíritos infelizes, agindo a seu bel prazer,<br />

mergulhavam o mundo em completa escuridão. E chegamos a imaginar se não<br />

será o que <strong>de</strong>sejam novamente...<br />

Se as reuniões <strong>de</strong> <strong>de</strong>sobsessão nos Centros Espíritas fossem extintas, ter-se-ia<br />

que aumentar a capacida<strong>de</strong> dos sanatórios e o número <strong>de</strong> celas nas penitenciárias!<br />

Se fôssemos <strong>de</strong>screver a complexida<strong>de</strong> do trabalho dos Espíritos junto aos<br />

homens, seríamos igualmente acusados <strong>de</strong> criar obras <strong>de</strong> ficção.<br />

E, se os homens soubessem o que ocorre no Mundo Espiritual no momento do<br />

repouso físico, quando a nossa população se vê consi<strong>de</strong>ravelmente aumentada,<br />

talvez que não <strong>de</strong>sejassem abandonar o corpo. No que afirmamos, se baseia o<br />

medo inconsciente que muitos têm da morte, porque receiam o encontro consigo<br />

mesmos.


X- SINTONIA<br />

"O melhor meio <strong>de</strong> afastar os maus Espíritos é atrair os bons." - (O Livro dos<br />

Médiuns -Segunda Parte - Cap. IX)<br />

Em mediunida<strong>de</strong>, a sintonia é tudo.<br />

O melhor médium é aquele que está em permanente contato com os Espíritos<br />

bons. Mas, para isto acontecer, ele precisa elevar o seu padrão vibratório,<br />

disciplinando o pensamento.<br />

A diferença entre mediunida<strong>de</strong> e obsessão é apenas uma questão <strong>de</strong> vida mental.<br />

Todo obsediado é um médium em potencial, mas nem todo médium é assediado<br />

pelos Espíritos obsessores. A obsessão é um estado doentio da mediunida<strong>de</strong>. O<br />

obsediado po<strong>de</strong> tornar-se um médium equilibrado e a mediunida<strong>de</strong>, quando<br />

exercida <strong>de</strong> forma irresponsável, po<strong>de</strong> <strong>de</strong>generar em obsessão.<br />

Para que o médium sintonize com os bons Espíritos, ele <strong>de</strong>ve vivenciar o bem,<br />

pois a prática do bem repele, naturalmente, a presença dos Espíritos infelizes.<br />

Os Espíritos votados ao mal tudo fazem para atrapalhar o medianeiro bem<br />

intencionado. Criam dificulda<strong>de</strong>s, armam ciladas, preparam obstáculos,<br />

interferem na sua vida profissional, favorecem situações embaraçosas...<br />

Há uma necessida<strong>de</strong> muito gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> vigilância diária.<br />

Mesmo o <strong>Cristo</strong>, antes <strong>de</strong> iniciar o seu ministério entre os homens, foi tentado<br />

pelos Espíritos que se sentiam importunados com a sua presença no mundo.<br />

Hero<strong>de</strong>s chegou a sonhar com Ele - o Rei que viria <strong>de</strong>stroná-lo, e mandou<br />

eliminar todas as crianças <strong>de</strong> até dois anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> que fossem encontradas na<br />

Palestina.<br />

O médium que <strong>de</strong>seje servir na seara espírita <strong>de</strong>ve fazer da oração o seu alimento<br />

diário, porque, quanto mais importante a tarefa que esteja executando, maior será<br />

o assédio que experimentará.<br />

A prece nascida do fundo d'alma, como que lhe será uma luz acesa <strong>de</strong>ntro da<br />

noite, facilitando o auxílio dos Espíritos que o assistem.<br />

Existem médiuns que nem sempre estão bem assistidos espiritualmente. Quando<br />

eles reconhecem esta verda<strong>de</strong>, já estarão criando as suas próprias <strong>de</strong>fesas,<br />

apren<strong>de</strong>ndo a combater por si mesmos a influência dos Espíritos infelizes.<br />

Mas, normalmente, quando o médium está <strong>de</strong>baixo <strong>de</strong> uma influência negativa,<br />

ele não consegue <strong>de</strong>tectá-la <strong>de</strong> imediato, a não ser que tenha bastante experiência<br />

e humilda<strong>de</strong>.


Sem querer julgar ninguém, apenas a título <strong>de</strong> aprendizado, quantos médiuns, em<br />

todo o mundo, já receberam obras similares àquela que conhecemos sob o título<br />

<strong>de</strong> A Vida <strong>de</strong> Jesus Ditada por Ele Mesmo?...<br />

Retomando a questão da sintonia mediúnica, vejamos o caso <strong>de</strong> Maria <strong>de</strong><br />

Magdala, a qual, segundo a narrativa evangélica, "era possuída por sete génios<br />

das sombras"... A partir do momento em que ela <strong>de</strong>cidiu mudar <strong>de</strong> vida, elegeu<br />

outros Espíritos para companhia e transformou-se num dos maiores exemplos <strong>de</strong><br />

renovação interior da História!<br />

Vivemos mergulhados num oceano <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias e emoções. Influenciamos e somos<br />

influenciados, mas "semelhante atrai semelhante."<br />

A vida exterior <strong>de</strong> cada um é o resultado <strong>de</strong> sua vida mental.<br />

O pensamento é um ímã.<br />

Se o bem ocupar a vida mental do médium, o mal não encontrará espaço para aí<br />

proliferar.<br />

Disciplinar a mente é também disciplinar os olhos, os ouvidos, a língua...<br />

Que o médium comece a fazer uma triagem nos assuntos que comenta ou que são<br />

comentados à sua volta, e estará caminhando a passos largos na conquista da<br />

serenida<strong>de</strong> mental, que o imunizará contra a obsessão, garantindo-lhe o exercício<br />

saudável da mediunida<strong>de</strong>.


XI- ESPÍRITOS E MÉDIUNS<br />

"Os Espíritos sérios não são todos igualmente esclarecidos; há muitas coisas<br />

que ignoram e sobre as quais po<strong>de</strong>m se enganar <strong>de</strong> boa-fé; é por isso que os<br />

Espíritos verda<strong>de</strong>iramente superiores nos recomendam, sem cessar, submeter<br />

todas as comunicações ao controle da razão e da mais severa lógica." - (O Livro<br />

dos Médiuns - Segunda Parte - Cap. X)<br />

O Espírito, quando bem intencionado, não luta para que o seu ponto <strong>de</strong> vista<br />

prevaleça sobre os <strong>de</strong>mais. Isto também vale para os médiuns.<br />

O Espírito esclarecido não <strong>de</strong>seja impor a sua opinião, pois sabe que não <strong>de</strong>tém a<br />

última palavra, com referência ao assunto ventilado.<br />

Os Espíritos Superiores que ditaram a Codificação orientaram Allan Kar<strong>de</strong>c a<br />

que submetesse os seus próprios comunicados "ao controle da razão e da mais<br />

severa lógica".<br />

Existem médiuns que se melindram, quando os comunicados que recebem são<br />

colocados em dúvida...<br />

Se um médium age com sincerida<strong>de</strong>, não <strong>de</strong>ve temer a crítica, porque o tempo se<br />

encarregará <strong>de</strong> <strong>de</strong>fendê-lo.<br />

Os Espíritos <strong>de</strong> uma evolução mediana falam do que sabem, mas, quando<br />

possuem bom-senso, fazem questão <strong>de</strong> dizer que seus conhecimentos são<br />

limitados. Assim, igualmente, <strong>de</strong>ve agir o médium.<br />

Somente os Espíritos <strong>de</strong> uma faixa superior têm opiniões mais ou menos estáveis,<br />

mas, mesmo assim, não gostam <strong>de</strong> ditar normas <strong>de</strong> conduta. Eles têm um respeito<br />

muito gran<strong>de</strong> pelo livre-arbítrio <strong>de</strong> cada um.<br />

Neste sentido, Kar<strong>de</strong>c foi admirável, ao escrever que o Espiritismo, em face do<br />

avanço da Ciência, estaria pronto a rever-se, se tal ou qual princípio lhe fosse<br />

ultrapassado.<br />

No atual estágio evolutivo do homem, a Verda<strong>de</strong> possui um dinamismo<br />

extraordinário. O que hoje se compreen<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma forma, amanhã se<br />

compreen<strong>de</strong>rá <strong>de</strong> outra. As i<strong>de</strong>ias vão-se aperfeiçoando.<br />

A única Verda<strong>de</strong> Imutável é Deus.<br />

Tanto os médiuns quanto os Espíritos têm a obrigação <strong>de</strong> estudar sempre!<br />

Aqui, no Mundo Espiritual, o nosso estudo é muito mais intenso do que na Terra;<br />

as nossas lições abrangem a Vida Universal. Apren<strong>de</strong>mos que todos os assuntos


estão relacionados uns com os outros e procuramos enten<strong>de</strong>r a vida como um<br />

todo, porque tudo está contido em tudo. Um átomo é um universo em miniatura e<br />

o homem é um <strong>de</strong>us em gestação.<br />

O Mundo Espiritual possui dimensões que mesmo nós, os <strong>de</strong>sencarnados,<br />

estamos longe <strong>de</strong> conhecer.<br />

Precisamos manter a mente receptiva à Excelsa Luz que se <strong>de</strong>rrama das Alturas.<br />

Os "donos da verda<strong>de</strong>" são os que mais sofrem quando retornam ao Além,<br />

porque constituem um tipo <strong>de</strong> "ignorantes intelectualizados", com os quais é<br />

difícil, também para nós, sustentar qualquer diálogo. Não raro, precisam<br />

reencarnar <strong>de</strong> imediato, para que, no período da infância, se tornem receptivos a<br />

novas i<strong>de</strong>ias.<br />

É triste observar os Espíritos que têm i<strong>de</strong>ias fixas. Enclausurados em si mesmos,<br />

julgam-se superiores aos outros e carecem ser tratados como doentes mentais,<br />

pois que realmente o são.<br />

Que os médiuns não se julguem investidos <strong>de</strong> altos mandatos, mas vacinem-se<br />

contra o orgulho e a vaida<strong>de</strong>! Que também, não se consi<strong>de</strong>rem incapazes <strong>de</strong><br />

servir, a pretexto <strong>de</strong> inferiorida<strong>de</strong>, porque diz a lógica que quem não caminha não<br />

chega ao objetivo a que se propõe alcançar!


XII- PROSELITISMO<br />

"Se nossa fé se consolidou dia a dia, foi porque compreen<strong>de</strong>mos; fazei, pois,<br />

compreen<strong>de</strong>r, se quereis arregimentar prosélitos sérios." -(O Livro dos Médiuns<br />

- Segunda Parte - Cap. XII)<br />

O Espiritismo, ao contrário <strong>de</strong> outras religiões, não faz proselitismo <strong>de</strong><br />

arrastamento, e os médiuns, que se lhe <strong>de</strong>dicam às fileiras, <strong>de</strong>vem adotar idêntico<br />

comportamento.<br />

Os Centros Espíritas estão <strong>de</strong> portas abertas para os que <strong>de</strong>sejem procurá-los e as<br />

lições ali ministradas são acessíveis a todos.<br />

Os que estiverem aptos para assimilarem a Doutrina, espontaneamente a<br />

procurarão.<br />

Muitos dos que, após o seu primeiro contato com a filosofia espírita, <strong>de</strong>la se<br />

distanciaram, é porque se sentiram "incomodados", a nível <strong>de</strong> consciência, <strong>de</strong> vez<br />

que, justamente por não exigir nada <strong>de</strong> ninguém, sentem-se na obrigação <strong>de</strong><br />

correspon<strong>de</strong>r-lhe <strong>de</strong> alguma forma.<br />

O comodismo é responsável pelo atraso espiritual <strong>de</strong> um sem-número <strong>de</strong> pessoas<br />

e, infelizmente, existem religiões que fomentam esse estado <strong>de</strong> coisas, já que lhes<br />

interessa a ingenuida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus profitentes.<br />

Habitualmente, diz-se que os espíritas trabalham muito. E que, ansiando por<br />

recuperar o tempo perdido, eles compreen<strong>de</strong>m o significado das palavras do<br />

Mestre Nazareno: "Pedi e se vos dará; buscai e achareis; batei à porta e se vos<br />

abrirá..."<br />

No Espiritismo não há lugar para a ociosida<strong>de</strong>.<br />

Compreen<strong>de</strong>-se a brevida<strong>de</strong> da vida física e procura-se fazer o que se po<strong>de</strong>. O<br />

espírita tem se<strong>de</strong> <strong>de</strong> progresso, e os Espíritos-espíritas (se é que nos po<strong>de</strong>mos<br />

rotular assim) também a temos.<br />

É por não fazer proselitismo que a Doutrina tem chamado a atenção <strong>de</strong> muita<br />

gente. Mas o espírita não faz proselitismo porque não <strong>de</strong>seja que as pessoas<br />

sejam espíritas... Evi<strong>de</strong>ntemente que <strong>de</strong>seja colocar a luz sobre o can<strong>de</strong>eiro e<br />

compartilhá-la com todos, mas sabe que não po<strong>de</strong> e não <strong>de</strong>ve obrigar ninguém a<br />

contemplá-la.


Paulo, que ansiava por espalhar a Boa-Nova, foi rejeitado exatamente pelo povo<br />

mais culto da época - o grego -, que, inclusive, no Areópago <strong>de</strong> Atenas, rendia<br />

culto ao Deus Desconhecido!<br />

O médium não <strong>de</strong>ve prevalecer-se <strong>de</strong> sua mediunida<strong>de</strong> para fazer proselitismo.<br />

Quando o fruto amadurece, ele <strong>de</strong>spenca da árvore, se bem que o vendaval das<br />

provas po<strong>de</strong> arremessá-lo ao chão, obrigando-o à maturação.<br />

O exemplo é o discurso mais convincente.<br />

A altercação religiosa <strong>de</strong>ve ser evitada, a todo custo, pelos espíritas idóneos.<br />

Dialogar, sim; polemizar, não.<br />

Se o próprio <strong>Cristo</strong> não polemizou sobre a Verda<strong>de</strong>, com Pilatos, por que<br />

haveríamos <strong>de</strong> nos arvorar em seus intransigentes <strong>de</strong>fensores?<br />

A discussão religiosa aumenta a distância entre Deus e os homens.<br />

Divulgar a Doutrina, através <strong>de</strong> todos os recursos lícitos, é <strong>de</strong>ver básico do<br />

espírita, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que não haja imposição.<br />

Que as sementes sejam lançadas e que germinem as que caírem em terreno fértil.<br />

Lembremo-nos <strong>de</strong> que, dos <strong>de</strong>z leprosos curados pelo Mestre, apenas um voltou<br />

para agra<strong>de</strong>cer-lhe...<br />

Silenciando, ainda, ante Pilatos, Jesus não o estaria convidando a <strong>de</strong>scobrir por si<br />

mesmo a resposta, como a dizer-nos que o conhecimento da Verda<strong>de</strong> é uma<br />

tarefa pessoal?!...


XIII- TODOS SOMOS MÉDIUNS<br />

"Toda pessoa que sente, em um grau qualquer, a influência dos Espíritos, por<br />

isso mesmo, é médium." (O Livro dos Médiuns Segunda Parte Cap. XIV)<br />

Todos são médiuns - uns mais, outros menos.<br />

Mas nem todos renascem para uma tarefa específica na mediunida<strong>de</strong>.<br />

A mediunida<strong>de</strong> é exercitada no dia-a-dia, das mais variadas formas.<br />

Como o tato e a visão, que foram <strong>de</strong>senvolvendo-se no curso dos milénios, a<br />

mediunida<strong>de</strong> vem-se <strong>de</strong>senvolvendo na criatura, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> tempos remotos.<br />

Em algumas pessoas, a mediunida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> quando em quando, dá sinal <strong>de</strong> sua<br />

presença, através <strong>de</strong> pressentimentos, visões, sonhos reveladores.<br />

Outras po<strong>de</strong>m atravessar a experiência física, sem perceberem em si nenhuma<br />

manifestação medinanímica digna <strong>de</strong> nota.<br />

A telepatia entre os homens, ou a chamada "telegrafia humana", é uma das<br />

nuances da mediunida<strong>de</strong>. Atentassem os encarnados para o referido fenómeno, e<br />

a mediunida<strong>de</strong> se lhes <strong>de</strong>senvolveria <strong>de</strong> forma mais completa.<br />

Existem pessoas que, seja pelo seu débito cármico, seja pelo seu merecimento,<br />

trazem a mediunida<strong>de</strong> "à flor da pele"... Elas tiveram no passado um tipo <strong>de</strong> vida<br />

que lhes possibilitou o progresso nesse sentido. Apren<strong>de</strong>ram a exercitar a mente,<br />

viveram <strong>de</strong> forma solitária, foram vampirizados por entida<strong>de</strong>s espirituais que lhes<br />

"precipitaram" as forças <strong>de</strong> natureza psíquica.<br />

Esses irmãos a que nos referimos - pelo menos a gran<strong>de</strong> maioria - são os que<br />

trabalham como médiuns nos Centros Espíritas, no exercício da carida<strong>de</strong><br />

legítima. Às vezes, enfrentam dificulda<strong>de</strong>s no que tange à disciplina e à<br />

perseverança, já que a mediunida<strong>de</strong>, embora seja uma conquista, não significa,<br />

em si mesma, atestado <strong>de</strong> evolução moral.<br />

Raros medianeiros reencarnaram investidos <strong>de</strong> mandato mediúnico, ou seja, raros<br />

têm uma missão especial a <strong>de</strong>sempenhar na mediunida<strong>de</strong>.<br />

Ter mediunida<strong>de</strong> a <strong>de</strong>senvolver não significa que a pessoa esteja preparada para<br />

ser médium na atual encarnação.<br />

O dirigente espírita, ou o responsável pela orientação mediúnica no Centro<br />

Espírita, <strong>de</strong>ve abster-se <strong>de</strong> dizer a qualquer um que precisa <strong>de</strong>senvolver a<br />

mediunida<strong>de</strong>, nos termos pelos quais a maioria enten<strong>de</strong> esse <strong>de</strong>senvolvimento. E<br />

preciso que ele tenha um conhecimento razoável da Doutrina e esteja sintonizado<br />

com os bons Espíritos, para que, através da intuição, possa promover uma


espécie <strong>de</strong> triagem nos inúmeros candidatos que se apresentam para sentarem-se<br />

ao redor <strong>de</strong> uma mesa.<br />

É necessário explicar-se que nem todos os médiuns têm a obrigação <strong>de</strong> "receber<br />

Espíritos". Po<strong>de</strong>rão trabalhar no passe, na visita aos enfermos, nas diferentes<br />

áreas <strong>de</strong> serviço <strong>de</strong> assistência, na oratória...<br />

Afirmou Paulo <strong>de</strong> Tarso que há diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dons espirituais e, parafraseandoo,<br />

diríamos que há infinitas maneiras <strong>de</strong> exercer-se a mediunida<strong>de</strong>.<br />

Po<strong>de</strong> acontecer que seja mais médium quem não recebe Espíritos do que quem<br />

recebe.<br />

Quantos não são convidados para uma reunião mediúnica e <strong>de</strong>sistem, logo nos<br />

primeiros dias? Quantos não pensam que a mediunida<strong>de</strong> lhes substituirá o<br />

esforço que cada um <strong>de</strong>ve fazer por si mesmo para progredir? Quantos não são<br />

atraídos pelo maravilhoso, pelo sobrenatural, achando que a mediunida<strong>de</strong> seja<br />

um parque <strong>de</strong> diversões?!...<br />

Convidamos os companheiros espíritas a refletirmos juntos sobre o assunto, já<br />

que observamos muitos amigos que, mal batendo às portas do Centro Espírita,<br />

vão logo escutando: - "Você tem que <strong>de</strong>senvolver a mediunida<strong>de</strong>..." E a pessoa<br />

fica <strong>de</strong>snorteada ou traumatizada, quando não incrédula.


XIV- VOZES DOS ESPÍRITOS<br />

"Eles ouvem a voz dos Espíritos; como dissemos, falando da pneumatofonia,<br />

algumas vezes é uma voz íntima que se faz ouvir no foro interior; <strong>de</strong> outras vezes<br />

é uma voz exterior, clara e distinta como a <strong>de</strong> uma pessoa viva." - (O Livro dos<br />

Médiuns - Segunda Parte - Cap. XIV)<br />

Raros são os médiuns auditivos que escutam a voz dos Espíritos, <strong>de</strong> forma "clara<br />

e distinta como a <strong>de</strong> uma pessoa viva." Esse fenómeno, quando acontece,<br />

assemelha-se ao da voz direta e, portanto, quase estaria nos domínios das<br />

manifestações físicas, embora a voz do Espírito seja modulada, para que apenas o<br />

médium a registre. Explica-se por que a sensibilida<strong>de</strong> auditiva <strong>de</strong>sses médiuns é<br />

maior do que nas <strong>de</strong>mais pessoas.<br />

Dificilmente se encontrará alguém que ainda não captou uma voz como que<br />

"saída do nada", mormente quando se <strong>de</strong>sperta no meio <strong>de</strong> um sonho. Por vezes,<br />

têm-se a nítida impressão <strong>de</strong> estar-se ouvindo conversar no quarto <strong>de</strong> dormir, ao<br />

lado da cama.<br />

De outras vezes, andando-se nas ruas, ouve-se ser chamado pelo nome e não se<br />

sabe por quem, ou batidas insólitas na porta da casa em que se mora, a qual, uma<br />

vez <strong>de</strong>scerrada, não revela nenhuma presença física...<br />

Encontraremos, porém, um maior contingente <strong>de</strong> médiuns auditivos que<br />

registram, intimamente, as vozes dos Espíritos. Esses medianeiros,<br />

habitualmente, julgam ouvir a voz da consciência.<br />

O fenómeno é tão sutil, que passa <strong>de</strong>spercebido.<br />

Para que as pessoas portadoras <strong>de</strong>sse género <strong>de</strong> mediunida<strong>de</strong> possam ouvir a voz<br />

dos Espíritos, <strong>de</strong>vem apren<strong>de</strong>r a distingui-la <strong>de</strong> seus próprios pensamentos, o que<br />

se consegue com o tempo.<br />

A tentação, por exemplo, po<strong>de</strong> manifestar-se pela audição <strong>de</strong> forma sub-reptícia.<br />

É comum o homem ouvir como que uma voz imperiosa or<strong>de</strong>nando-lhe cometer<br />

certos <strong>de</strong>satinos. Os internos dos hospitais psiquiátricos chegam a tapar os<br />

ouvidos com as mãos (ou os olhos, no caso da obsessão visual), mas isso seria<br />

como que tentar agarrar uma sombra...<br />

Quantos não são induzidos ao suicídio <strong>de</strong>ssa maneira?


Para distinguir os seus pensamentos dos pensamentos dos Espíritos, o médium<br />

precisa calar-se interiormente, apren<strong>de</strong>r a silenciar.<br />

Para melhor entendimento, po<strong>de</strong>ríamos figurar o pensamento dos Espíritos como<br />

sendo uma i<strong>de</strong>ia que, paulatinamente, viesse à tona do cérebro do médium,<br />

emergindo <strong>de</strong> seus próprios pensamentos, semelhante ao nadador que se<br />

impulsiona para a superfície da água, procurando oxigénio puro, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>morado mergulho...<br />

Sócrates ouvia <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> si mesmo uma voz que ele atribuía ao seu génio, ou<br />

seja, ao Espírito que os gregos acreditavam guiar os passos do seu protegido na<br />

Terra.<br />

Joana d'Arc foi con<strong>de</strong>nada à fogueira por testemunhar as vozes dos Espíritos que<br />

nunca a abandonaram.<br />

O rei Saul, das páginas do Antigo Testamento, era atormentado por vozes que<br />

apenas se calavam quando Davi fazia soar a harpa.<br />

Os Espíritos conversam com os homens mais do que os homens com os próprios<br />

homens, mas a verda<strong>de</strong> é que os homens, <strong>de</strong> maneira geral, não estão preparados<br />

para ouvi-los.<br />

Para o pensamento, não existem fronteiras.<br />

Se a Ciência já admite a telepatia entre os encarnados, por que ela não seria<br />

possível entre os homens e os Espíritos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que se creia na sobrevivência da<br />

alma?<br />

O barulho interior, mais do que o barulho exterior, é que impe<strong>de</strong> as pessoas <strong>de</strong><br />

ouvir as vozes <strong>de</strong> além-túmulo...


XV- O GRUPO MEDIÚNICO<br />

"A prece e o recolhimento são condições essenciais; por isso, po<strong>de</strong>-se esperar<br />

como impossível a obtenção <strong>de</strong> alguma coisa em uma reunião <strong>de</strong> pessoas pouco<br />

sérias, ou que não estejam animadas <strong>de</strong> sentimentos simpáticos e benevolentes."<br />

- (O Livro dos Médiuns - Segunda Parte - Cap. XIV)<br />

O dirigente espírita <strong>de</strong>ve utilizar-se da maior circunspecção possível na formação<br />

do grupo mediúnico.<br />

Sabemos o quanto a influência do meio po<strong>de</strong> interferir nas comunicações<br />

mediúnicas.<br />

Os componentes do grupo mediúnico <strong>de</strong>vem estar animados <strong>de</strong> sentimentos<br />

simpáticos e benévolos, conforme os Espíritos Superiores disseram a Allan<br />

Kar<strong>de</strong>c.<br />

A princípio, as reuniões mediúnicas eram realizadas publicamente. Elas tiveram<br />

a sua razão <strong>de</strong> ser. Agora, porém, que existe um esclarecimento mais amplo<br />

sobre a Doutrina, é <strong>de</strong> bom alvitre que essas reuniões tenham um caráter <strong>de</strong><br />

intimida<strong>de</strong>, notadamente as consagradas ao socorro espiritual.<br />

Não nos referimos aqui àquelas reuniões em que, durante a sua realização ou<br />

sempre ao final, os médiuns recebem mensagens doutrinárias <strong>de</strong> interesse geral.<br />

Os companheiros do grupo mediúnico <strong>de</strong>vem ser pessoas integradas no Centro<br />

Espírita, afeitas ao estudo e ao trabalho.<br />

Como todos ainda lidamos com a imperfeição, não se <strong>de</strong>ve exigir perfeição <strong>de</strong><br />

ninguém, mas não se po<strong>de</strong> olvidar a colocação <strong>de</strong> Kar<strong>de</strong>c: "Reconhece-se o<br />

verda<strong>de</strong>iro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que empreen<strong>de</strong><br />

para domar as suas más inclinações."<br />

Os integrantes do grupo <strong>de</strong>vem cultivar a disciplina e não faltar às reuniões, a<br />

não ser por motivo reconhecidamente justo.<br />

Os médiuns psicofônicos, ou <strong>de</strong> incorporação, <strong>de</strong>vem ter em mente que os<br />

Espíritos os aguardam necessitados que se encontram <strong>de</strong> se expressarem, e<br />

constitui uma gran<strong>de</strong> frustração para eles quando isso não se faz possível, pela<br />

ausência do irmão que lhes serviria <strong>de</strong> intérprete.<br />

Aos médiuns doutrinadores cabe a elevada função, junto aos Espíritos<br />

comunicantes, da terapia espiritual pela palavra e carecem, portanto, <strong>de</strong> dosar a<br />

verda<strong>de</strong> em amor. Nunca <strong>de</strong>vem per<strong>de</strong>r a simplicida<strong>de</strong> ou exaltar-se na<br />

argumentação, por mais provocados que sejam.


Os médiuns ditos <strong>de</strong> sustentação são aqueles que se especializam no sentido <strong>de</strong><br />

manterem o bom padrão vibratório da reunião, através da prece silenciosa e dos<br />

pensamentos fraternos que emitem em auxílio aos companheiros encarnados e<br />

<strong>de</strong>sencarnados. Têm uma importância muito maior do que comumente se pensa.<br />

Sendo cada Espírito um mundo por si, a doutrinação <strong>de</strong>ve ser conduzida<br />

naturalmente, não exce<strong>de</strong>ndo do prazo <strong>de</strong> <strong>de</strong>z minutos, para não cansar o<br />

médium e tomar o lugar <strong>de</strong> outra entida<strong>de</strong> que precise externar-se.<br />

O médium doutrinador não <strong>de</strong>ve esperar que o Espírito modifique o seu modo <strong>de</strong><br />

pensar num diálogo rápido. A sua função básica é fornecer a ele um novo acervo<br />

<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias para as suas conclusões pessoais. Jamais se esqueça que o Espírito é<br />

apenas uma pessoa <strong>de</strong>sencarnada.<br />

Evi<strong>de</strong>ntemente, cada reunião mediúnica tem a sua característica própria.<br />

Grupos existem que se comprometeram, por exemplo, a trabalhar com "Espíritos<br />

suicidas". Encontramos médiuns que têm maior facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sintonizarem-se<br />

com Espíritos endurecidos, do ponto <strong>de</strong> vista religioso.<br />

O assunto da mediunida<strong>de</strong> é tão vasto quanto complexo, mas, quando se tem<br />

discernimento, tudo fica mais fácil, porque o que ainda não se sabe, po<strong>de</strong>-se<br />

intuir...<br />

A indisciplina e a falta <strong>de</strong> sincerida<strong>de</strong> são dos maiores entraves à sobrevivência<br />

do grupo mediúnico.<br />

O médium <strong>de</strong>ve procurar compreen<strong>de</strong>r que ele é uma peça importante na<br />

engrenagem, mas não a mais importante e nem imprescindível.<br />

O ve<strong>de</strong>tismo mediúnico arrasa com qualquer médium e com qualquer grupo.<br />

A reunião mediúnica dispensa qualquer aparato e formalismo, que não tem lugar<br />

<strong>de</strong>ntro do Espiritismo, mas, a título <strong>de</strong> espontaneida<strong>de</strong>, não se <strong>de</strong>ve faltar com o<br />

respeito que as coisas sérias reclamam.


XVI- O MÉDIUM COMO INSTRUMENTO<br />

"Para que uma comunicação seja boa, é necessário que emane <strong>de</strong> um Espírito<br />

bom; para que esse Espírito bom POSSA transmiti-la, lhe é necessário um bom<br />

instrumento; para que QUEI¬RA transmiti-la, é preciso que o objetivo lhe<br />

convenha." - (O Livro dos Médiuns - Segunda Parte - Cap. XVI)<br />

O bom médium é aquele que procura aprimorar-se sempre, sendo um verda<strong>de</strong>iro<br />

coadjuvante dos Espíritos que se manifestam por seu intermédio.<br />

Não raro, cabe também ao médium suprir nos Espíritos a falta <strong>de</strong> recursos<br />

intelectuais, para que a comunicação se efetue. Em muitos <strong>de</strong>les, inclusive,<br />

há total <strong>de</strong>sconhecimento sobre o intercâmbio mediúnico.<br />

Gran<strong>de</strong> parcela dos Espíritos que se comunicam nos Centros Espíritas,<br />

consolando os familiares, são substituídos, no ato da mensagem, por Espíritos<br />

esclarecidos que lhes tomam o lugar, já que, por si mesmos, não estariam em<br />

condições <strong>de</strong> fazê-lo.<br />

A carida<strong>de</strong> cristã impõe-se aos que <strong>de</strong>sejam ser úteis e, entre os Espíritos, não<br />

existe preconceito <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>.<br />

Des<strong>de</strong> que a mensagem chegue ao <strong>de</strong>stinatário, refletindo a essência do<br />

pensamento do Espírito que <strong>de</strong>seja transmiti-la, não importa quem se lhe faça o<br />

intérprete.<br />

Entre os Espíritos existem também os que são médiuns e se especializam nesse<br />

setor.<br />

O bom médium conhece esse mecanismo e não se sente mistificado ou<br />

mistificando; age com a discrição possível, reconhecendo que nem todas as<br />

pessoas conseguem penetrar os meandros da mediunida<strong>de</strong>.<br />

Por agora, as dificulda<strong>de</strong>s do intercâmbio entre os dois planos da vida são<br />

imensas. Dificilmente se encontra um médium disposto a colaborar e que não<br />

queira ser apenas um instrumento passivo nas mãos dos Espíritos.<br />

Por mais exímio seja o violinista, ele pouco po<strong>de</strong>rá fazer com um violino<br />

<strong>de</strong>safinado.<br />

É preciso que o médium esteja afinado com os propósitos dos Espíritos e lhes<br />

estenda as mãos para a travessia do abismo a que se convencionou chamar<br />

"morte".<br />

Todavia, repetimos, o médium, além <strong>de</strong> boa vonta<strong>de</strong>, precisa possuir<br />

discernimento, a fim <strong>de</strong> não cair no ridículo e comprometer a i<strong>de</strong>ia espírita.


O médium idóneo em hipótese alguma aceita ser idolatrado. Conhece as suas<br />

limitações, sabe <strong>de</strong> suas inferiorida<strong>de</strong>s, e a sua única recompensa é a alegria que<br />

nasce do <strong>de</strong>ver retamente cumprido!<br />

O médium que é espírita convicto coloca o i<strong>de</strong>al acima <strong>de</strong> tudo e é justamente<br />

isto que lhe garante a credibilida<strong>de</strong>.<br />

Se o médium não é sincero, os bons Espíritos o abandonam e ele se torna presa<br />

fácil <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s obsessoras. Muitos médiuns só acreditam que são médiuns<br />

quando caem na obsessão e percebem que nada são sem o amparo dos bons<br />

Espíritos.<br />

Talvez muitos estranhem estas nossas colocações, mas convidamos a todos para<br />

que meditem conosco.<br />

O bom médium não "inventa" mensagem, no entanto, sentindo a presença <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sencarnados que anseiam em comunicar-se por seu intermédio, vê-se na<br />

obrigação <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenhar o seu papel da melhor forma possível, indo ao seu<br />

encontro e auxiliando essas mesmas entida<strong>de</strong>s no que <strong>de</strong>ve ser feito.


XVII- APTIDÃO MEDIÚNICA<br />

"Concebe-se que <strong>de</strong>ve ser bastante raro que a faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> um médium seja<br />

rigorosamente circunscrita a um só género; o mesmo médium po<strong>de</strong>, sem dúvida,<br />

ter aptidões, mas há sempre uma que domina e é a que <strong>de</strong>ve se interessar em<br />

cultivar, se for útil." - (O Livro dos Médiuns - Segunda Parte - Cap. XVI)<br />

É comum ouvir-se a pergunta: "Que tipo <strong>de</strong> mediunida<strong>de</strong> tenho?"<br />

A mediunida<strong>de</strong> <strong>de</strong>fine-se por si mesma. O companheiro mais experiente nas li<strong>de</strong>s<br />

da Doutrina po<strong>de</strong>rá orientar o candidato ao exercício da mediunida<strong>de</strong>, abstendose,<br />

porém, <strong>de</strong> conclusões precipitadas.<br />

De fato, todos têm um género <strong>de</strong> mediunida<strong>de</strong> que se <strong>de</strong>staca mais. Em alguns, é<br />

a psicografia, noutros é a psicofonia e assim, sucessivamente.<br />

Quase sempre, o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um tipo <strong>de</strong> mediunida<strong>de</strong> acarreta o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento simultâneo <strong>de</strong> outro. Encontramos médiuns que são<br />

psicofônicos e vi<strong>de</strong>ntes ou psicógrafos e clariaudientes.<br />

Todas as mediunida<strong>de</strong>s têm a mesma origem.<br />

Naturalmente, todas as pessoas são médiuns passistas em potencial. Em algumas,<br />

isto é mais patente, <strong>de</strong> vez que chegam a sentir certas manifestações físicas,<br />

como a sensação <strong>de</strong> filamentos fluídicos saindo-lhes das pontas dos <strong>de</strong>dos e das<br />

palmas das mãos.<br />

Todas as pessoas, quando se predispõem, po<strong>de</strong>m doar <strong>de</strong> si mesmas às outras.<br />

Qualquer um que elevar o pensamento a Deus e esten<strong>de</strong>r as mãos em nome da<br />

carida<strong>de</strong>, será auxiliado pelos Espíritos amigos.<br />

Mas a mediunida<strong>de</strong>, com o passar do tempo, começa a <strong>de</strong>finir sua área <strong>de</strong><br />

atuação. Aqui se faz necessário o bom-senso do médium.<br />

Atuar em todas as áreas da mediunida<strong>de</strong> é contraproducente. Possuir todos os<br />

géneros <strong>de</strong> mediunida<strong>de</strong> não significa, por si só, elevação espiritual.<br />

O homem levou milénios para apren<strong>de</strong>r a utilizar todos os seus sentidos físicos,<br />

sincronizadamente. No que tange aos sentidos psíquicos, não será diferente.<br />

O médium, através do estudo, do trabalho e da meditação, contando sempre com<br />

a inspiração dos Benfeitores Espirituais, <strong>de</strong>ve observar qual o tipo <strong>de</strong><br />

mediunida<strong>de</strong> que nele predomina e em que setor conseguirá ser mais útil aos<br />

semelhantes.


Existem notáveis médiuns psicofônicos que, por <strong>de</strong>sejarem ser também médiuns<br />

psicógrafos, não conseguem ser uma coisa nem outra. Acabam se per<strong>de</strong>ndo.<br />

O género <strong>de</strong> mediunida<strong>de</strong> que convive bem com as <strong>de</strong>mais é, sem dúvida, o<br />

passista. Pelo seu exercício é que os médiuns novatos <strong>de</strong>vem começar, a fim <strong>de</strong><br />

lograrem o equilíbrio das forças mediúnicas que estão apenas <strong>de</strong>spertando.<br />

Pela transmissão simples do passe aos necessitados, o médium vai conseguindo a<br />

simpatia dos bons Espíritos, os quais passarão a assessorá-lo em seu<br />

<strong>de</strong>senvolvimento, agindo sobre o seu psiquismo.<br />

A cabine <strong>de</strong> passes <strong>de</strong>ve ser o estágio inicial <strong>de</strong> quantos aspiram ao<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> suas faculda<strong>de</strong>s noutro setor, porque aquele que não<br />

conseguir dar <strong>de</strong> si aos outros, no ato do passe, dificilmente conseguirá dar-se aos<br />

Espíritos para um trabalho que, por vezes, lhe exigirá maior <strong>de</strong>sprendimento e<br />

cooperação.<br />

Definido o género <strong>de</strong> mediunida<strong>de</strong>, o médium <strong>de</strong>ve esforçar-se para cultivá-lo e<br />

obter os melhores resultados.<br />

Todos os médiuns estão em constante <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

Os Espíritos exercitam o médium; o médium <strong>de</strong>ve exercitar a mediunida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

que se reconhece portador.<br />

Ser médium não significa estar apto para a mediunida<strong>de</strong>.<br />

A aptidão mediúnica é fruto do esforço, do estudo e da perseverança do médium!


XVIII- OS MÉDIUNS PRINCIPIANTES<br />

"A fé no médium novato não é uma condição rigorosa; sem contradita, ela<br />

secunda os esforços mas não é indispensável: a pureza <strong>de</strong> intenção, o <strong>de</strong>sejo e a<br />

boa vonta<strong>de</strong> bastam." - (O Livro dos Médiuns - Segunda Parte - Cap. XVII)<br />

No início do seu <strong>de</strong>senvolvimento, os médiuns enfrentam muitos conflitos. As<br />

vezes, não têm o menor conhecimento da Doutrina e nunca sequer transpuseram<br />

as portas <strong>de</strong> um Centro.<br />

Depois <strong>de</strong> tentarem solucionar os seus problemas pelos métodos convencionais<br />

(porque os sintomas da mediunida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m camuflar-se, levando a pessoa a<br />

imaginar que esteja doente), eis que recorrem, em última instância, ao<br />

Espiritismo.<br />

Quando acontece assim, esses irmãos chegam completamente <strong>de</strong>snorteados à<br />

casa espírita, ainda sob o guante dos preconceitos religiosos que alimentaram por<br />

muito tempo.<br />

Devidamente orientados para um tratamento espiritual através <strong>de</strong> passes e<br />

reuniões <strong>de</strong> estudos evangélicos, revelam-se incrédulos, exigindo que o<br />

Espiritismo lhes resolva as dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> um instante para outro!<br />

Perguntam por um Centro que seja mais "forte"...<br />

Dizem não acreditar na influência dos Espíritos...<br />

Afirmam que não querem ser médiuns...<br />

É natural que seja assim, porque se encontram em <strong>de</strong>sequilíbrio psicológico.<br />

O dirigente espírita, ou aquele a quem couber a tarefa, necessita ter paciência e<br />

conquistar-lhes a confiança.<br />

Não é <strong>de</strong> bom alvitre exigir-lhes muitos esforços, no princípio, mas <strong>de</strong>ve-se<br />

solicitar a colaboração dos familiares interessados no sentido <strong>de</strong> não os <strong>de</strong>ixarem<br />

faltar às reuniões a que possam comparecer.<br />

A pouco e pouco, eles irão afinizando-se com a instituição espírita e com os seus<br />

frequentadores, ampliando as suas relações <strong>de</strong> amiza<strong>de</strong>.<br />

Assim fica mais fácil.<br />

Vencidos os primeiros obstáculos, os médiuns principiantes, numa segunda<br />

etapa, duvidarão <strong>de</strong> si mesmos, atribuindo tudo a um produto da mente.<br />

Começa outra luta, assaz mais difícil que a primeira.


E necessário, então, se lhes esclareça que a fé é uma conquista individual, lenta,<br />

difícil, mas não impossível.<br />

É importante dizer-lhes que na mediunida<strong>de</strong>, a fé não é uma "condição rigorosa",<br />

conforme afirma Allan Kar<strong>de</strong>c; que ela se lhes <strong>de</strong>senvolverá naturalmente, à<br />

medida que perseverarem; e que eles próprios, com o correr do tempo, terão<br />

oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> testemunhar a in<strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> seus pensamentos sobre os<br />

pensamentos dos Espíritos que vierem a comunicar-se por seu intermédio.<br />

Outro recurso <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> valia para os médiuns iniciantes é conhecer os casos dos<br />

médiuns mais antigos que lutaram com as mesmas dificulda<strong>de</strong>s e hoje são figuras<br />

<strong>de</strong> respeito no movimento espírita.<br />

Os médiuns principiantes assemelham-se a frágeis sementes que não dispensam o<br />

carinho do jardineiro para florescerem. Todavia é preciso auxiliá-los <strong>de</strong> tal forma<br />

que, mais tar<strong>de</strong>, possam caminhar com os próprios pés, evitando uma<br />

<strong>de</strong>pendência psicológica nociva em todos os sentidos.<br />

Os que aparecem no Centro Espírita com sintomas <strong>de</strong> mediunida<strong>de</strong>, não <strong>de</strong>vem<br />

ser convidados, <strong>de</strong> imediato, para essa ou aquela reunião mediúnica. Primeiro,<br />

faz-se indispensável certo período preparatório, cuja duração <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá <strong>de</strong><br />

inúmeros fatores, mas, basicamente, do próprio aproveitamento do interessado.


XIX- PSICOGRAFIA<br />

"Se não é dado ao médium ser exclusivamente mecânico, todas as tentativas<br />

para obter esse resultado serão infrutíferas, e estaria errado em se crer<br />

<strong>de</strong>serdado por isso; se não está dotado senão da mediunida<strong>de</strong> intuitiva, é preciso<br />

que com ela se contente, e não <strong>de</strong>ixará <strong>de</strong> propiciar-lhe gran<strong>de</strong>s serviços, se<br />

sabe aproveitá-la, e se não a repele." - (O Livro dos Médiuns - Segunda Parte -<br />

Cap. XVII)<br />

A mediunida<strong>de</strong> mecânica, ou inconsciente, é rara.<br />

De maneira geral, os médiuns <strong>de</strong> psicografia têm consciência do que escrevem.<br />

A mediunida<strong>de</strong> consciente confun<strong>de</strong>-se com a intuição.<br />

A falta <strong>de</strong> compreensão da mediunida<strong>de</strong> leva muita gente a <strong>de</strong>sistir do seu<br />

exercício.<br />

Não vamos, aqui, alongar-nos em consi<strong>de</strong>rações que já tivemos oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

tecer nos capítulos prece<strong>de</strong>ntes, mas repetimos com Kar<strong>de</strong>c que "não <strong>de</strong>ve o<br />

médium hesitar em escrever o primeiro pensamento que lhe for sugerido, sem se<br />

importar se lhe vem <strong>de</strong>le próprio ou <strong>de</strong> uma fonte estranha..."<br />

A orientação acima é válida também para os médiuns <strong>de</strong> psicofonia.<br />

Um exemplo patente <strong>de</strong> mediunida<strong>de</strong> consciente, no campo da psicografia, é o<br />

dos poetas, mesmo quando eles se mostram agnósticos, o que vem provar que "a<br />

fé do médium novato não é uma condição rigorosa..."<br />

Um dos mais célebres poetas da língua portuguesa, Fernando Pessoa, era<br />

claramente médium. Ele próprio acreditava nisto, embora não tenha assumido a<br />

mediunida<strong>de</strong> e consi<strong>de</strong>rasse as entida<strong>de</strong>s comunicantes como simples<br />

heterônimos seus, isto é, diferentes nomes seus...<br />

Ser médium não exclui o valor pessoal <strong>de</strong> ninguém que seja médium. Não tivesse<br />

Fernando Pessoa a bagagem literária que possuía, os Espíritos buscariam inspirálo<br />

em vão. Aliás, ser médium, é até mais difícil do que ser Espírito mensageiro...<br />

Quase sempre, o médium tem que ser um instrumento maleável para os mais<br />

diferentes tipos <strong>de</strong> comunicados. Não existem os que recebem os músicos, os<br />

pintores, os filósofos, os poetas?<br />

O médium que questiona em excesso a autenticida<strong>de</strong> da mensagem acaba por<br />

anular-se. Se as i<strong>de</strong>ias que grafa no papel são elevadas, <strong>de</strong>ve seguir em frente.<br />

Todo o Bem verte, originariamente, <strong>de</strong> Deus. Nós próprios, os Espíritos<br />

comunicantes, por nossa vez, assimilamos as correntes <strong>de</strong> pensamento daquelas<br />

entida<strong>de</strong>s que habitam planos superiores aos nossos.


Se pudéssemos colocar a mediunida<strong>de</strong> numa equação matemática, teríamos:<br />

Pensamento do Espírito manifestante + Pensamento do médium = Mensagem.<br />

Evi<strong>de</strong>ntemente que tanto no pensamento do Espírito manifestante, quanto no<br />

pensamento do médium, existem um sem-número <strong>de</strong> outros pensamentos<br />

interferindo. Um livro ou um autor que o médium tenha lido po<strong>de</strong> interferir no<br />

contexto da mensagem que recebe. Um diálogo que tenha tido, uma conversa<br />

familiar, uma preocupação com <strong>de</strong>terminado assunto e assim por diante. Esperar<br />

do médium que ele se subtraia totalmente do meio em que vive é esperar o<br />

impossível!<br />

O médium psicógrafo consciente, ou semiconsciente não <strong>de</strong>ve permitir que a<br />

dúvida lhe prejudique o trabalho. Decida entre querer ser médium ou não ser. É<br />

<strong>de</strong>snecessário que se atormente a vida inteira, como existem médiuns que vivem<br />

mergulhados numa eterna luta contra si mesmos. Se não confiam na própria<br />

mediunida<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>m trabalhar noutro campo; a seara é imensa e po<strong>de</strong>m dar-se ao<br />

luxo <strong>de</strong> escolher...<br />

Agora, o médium disciplinado precisa ter controle sobre as comunicações que<br />

recebe. Pior do que <strong>de</strong>screr é acreditar cegamente em tudo! Falar, no caso da<br />

psicofonia, ou escrever, no caso da psicografia, o primeiro pensamento que<br />

aparece, mesmo por mais absurdo e incoerente que seja, é colaborar com a<br />

obsessão. Não se tome a palavra <strong>de</strong> Kar<strong>de</strong>c no sentido literal.<br />

Por isso o médium que se preza <strong>de</strong>ve estudar a Doutrina, para apren<strong>de</strong>r a<br />

discernir.


XX- <strong>MEDIUNIDADE</strong> E MISSÃO<br />

"Com qual finalida<strong>de</strong> a Providência dotou certos indivíduos da mediunida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

uma maneira especial?<br />

E uma missão da qual estão encarregados e que os tornam felizes; são os<br />

intérpretes entre o Espíritos e os homens." - (O Livro dos Médiuns -Segunda<br />

Parte - Cap. XVII)<br />

Todos os médiuns têm uma missão a cumprir e toda missão é importante.<br />

A missão do médium, seja qual for o seu grau <strong>de</strong> mediunida<strong>de</strong>, é a <strong>de</strong> ser<br />

intérprete dos Espíritos, mantendo acesa a chama da fé na Imortalida<strong>de</strong>.<br />

Ninguém se habilita a uma tarefa - digamos - maior, se não <strong>de</strong>sempenha com<br />

<strong>de</strong>dicação os encargos consi<strong>de</strong>rados menores.<br />

Os médiuns investidos <strong>de</strong> missão especial, geralmente não têm consciência<br />

<strong>de</strong>finida sobre o trabalho que lhes cumpre <strong>de</strong>sempenhar.<br />

Os que se crêem médiuns missionários estão fascinados. E uma tática que os<br />

Espíritos obsessores costumam empregar para arrasarem com muitas<br />

mediunida<strong>de</strong>s promissoras.<br />

Os verda<strong>de</strong>iros missionários fogem ao elogio e reconhecem a sua pequenez ante<br />

a magnitu<strong>de</strong> da causa a que servem.<br />

Quando se tem o exemplo <strong>de</strong> Jesus <strong>Cristo</strong> lavando os pés dos discípulos,<br />

cingindo-se com uma toalha à maneira dos antigos escravos e esclarecendo que o<br />

Filho do Homem não viera para ser servido, mas para servir, qualquer tipo <strong>de</strong><br />

pretensão à superiorida<strong>de</strong> é loucura.<br />

O homem sabe tão pouco da vida e <strong>de</strong> si mesmo!...<br />

Os médiuns <strong>de</strong>vem limitar-se a cumprir o seu papel, empenhando nisso o melhor<br />

<strong>de</strong> seus esforços, conscientes <strong>de</strong> que estarão sendo os maiores beneficiados,<br />

consoante a máxima evangélica: "É mais bem-aventurado dar que receber."<br />

Ninguém se queixe <strong>de</strong> suas lutas.<br />

A mediunida<strong>de</strong> é um caminho para os Cimos, mas não é o único.<br />

Outros companheiros, noutros setores das ativida<strong>de</strong>s humanas, estão fazendo<br />

mais e melhor, sem serem médiuns...<br />

O que <strong>de</strong>staca a mediunida<strong>de</strong> é a direção que se lhe dá.<br />

Os alicerces <strong>de</strong> uma casa, embora estejam enterrados, é que lhe garantem as<br />

estruturas.


Médiuns existem que passam pela Terra quase que em completo anonimato, mas<br />

ante os olhos <strong>de</strong> Deus são verda<strong>de</strong>iros missionários do Bem.<br />

Outros estão sempre em evidência, todavia assemelham-se, infelizmente, às<br />

flores artificiais: são belas, enfeitam o ambiente, mas não têm perfume...


DR. ODILON FERNANDES<br />

Dr. Odilon Fernan<strong>de</strong>s, cirurgião-<strong>de</strong>ntista, professor universitário, comerciante,<br />

nascido a 10 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1907, em S. João <strong>de</strong> Capivari, Estado <strong>de</strong> S. Paulo, e<br />

falecido em 13 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1973, em Guarulhos, Estado <strong>de</strong> S. Paulo, era o<br />

segundo filho do Dr. Ludovice José Fernan<strong>de</strong>s, também cirurgião-<strong>de</strong>ntista, na<br />

cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Uberaba e <strong>de</strong> Felicida<strong>de</strong> Fernan<strong>de</strong>s.<br />

Casado com D. Dalva Guido Fernan<strong>de</strong>s em 1934, <strong>de</strong>ixou quatro filhos.<br />

Professor da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Odontologia do Triângulo Mineiro <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sua<br />

fundação, lecionou Clínica Odontológica e, mais tar<strong>de</strong>, Dentística Operatória.<br />

Aposentado, após um profícuo magistério, <strong>de</strong>dicou-se às pesquisas sobre<br />

Hipnodontia, isto é, as aplicações da hipnose e das técnicas <strong>de</strong> condicionamento<br />

mental no alívio das dores do paciente na rotina do trabalho odontológico.<br />

Presi<strong>de</strong>nte da Subsecção da A. B. O. em Uberaba, recebeu honrarias variadas em<br />

sua profissão, bem como o reconhecimento dos seus alunos, em títulos<br />

honoríficos das suas agremiações académicas.


No caminho do serviço à comunida<strong>de</strong>, recebeu a presidência da Associação <strong>de</strong><br />

Cegos da cida<strong>de</strong>, em 1946, e transformou-a no Instituto dos Cegos do Brasil<br />

Central, no ano <strong>de</strong> 1947, permanecendo nesse cargo até sua morte, em 1973.<br />

Construiu, para essa agremiação, a se<strong>de</strong> própria dando-lhe características <strong>de</strong><br />

escola para a recuperação <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficientes visuais e não mais apenas as <strong>de</strong> abrigo<br />

<strong>de</strong> incapacitados.<br />

Durante suas gestões, foi fundado, anexo ao I.C.B.C., o Hospital Oftalmológico<br />

para atendimento aos cegos da região.<br />

Foi um dos fundadores e incentivadores do Banco <strong>de</strong> Sangue, ligado ao Hospital<br />

da Criança, <strong>de</strong> cuja construção participou em campanhas e trabalhos pessoais.<br />

Criou a primeira Guarda Mirim <strong>de</strong> Uberaba, que teve duração aproximadamente<br />

<strong>de</strong> quatro anos. Para isto, inspirou-se em experiência anterior, quando criara e<br />

tentara manter, durante algum tempo, um grupo <strong>de</strong> escoteiros. Também <strong>de</strong><br />

duração efémera foi a Socieda<strong>de</strong> dos Amigos da Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Uberaba, por ele<br />

fundada, juntamente com pessoas gradas da mesma comunida<strong>de</strong>.<br />

Espírito aberto, nunca se negou a proteger, amparar, socorrer os necessitados ou<br />

quem quer que fosse.<br />

Orador brilhante, sempre procurou abraçar as causas justas, lutando pelo<br />

<strong>de</strong>senvolvimento da sua terra <strong>de</strong> adoção, trazendo o seu concurso a <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong><br />

agremiações sociais, esportivas e culturais.<br />

Espírita por religião e pesquisador por convicção, aprofundou-se nas diversas<br />

áreas do conhecimento da mente humana, interessando-se pela Parapsicologia,<br />

Psicologia Experimental e Vida Extracorpórea. Para tanto, fundou e presidiu, até<br />

à morte, a "Casa do Cinza", templo espírita-cristão.<br />

"Casa", porque representaria um lar para aqueles que precisassem <strong>de</strong> religião, e<br />

"do Cinza", por ser este o apelido <strong>de</strong> seu pai, Dr. Ludovice Fernan<strong>de</strong>s, também<br />

espírita, a cuja memória a casa foi organizada.<br />

Sua vida se resumiu, em poucas palavras, no amor ao próximo, na persistência do<br />

trabalho útil, na fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> aos seus princípios, na <strong>de</strong>dicação completa à<br />

comunida<strong>de</strong> em que viveu. Por estas razões, a Câmara Municipal <strong>de</strong> Uberaba<br />

houve por bem chamar Dr. Odilon Fernan<strong>de</strong>s, à avenida on<strong>de</strong> um dia ele havia<br />

projetado construir a se<strong>de</strong> própria grandiosa do Hospital Oftalmológico.<br />

(Extraído do livro Espiritismo em Uberaba)

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